Deutsche Bank alvo de multa recorde nos EUA

As autoridades dos EUA exigem 12,5 mil milhões de euros (14 mil milhões de dólares) para encerrar um processo ligado aos créditos imobiliários de baixa qualidade que provocaram a crise do subprime.

Os fantasmas do subprime regressaram para ensombrar o Deutsche Bank. O Departamento de Justiça dos EUA pretende exigir ao banco germânico 12,5 mil milhões de dólares (14 mil milhões de dólares) como contrapartida para o encerramento de um processo relacionado com os créditos imobiliários de baixa qualidade (subprime), que conduziram à crise financeira de 2008.

O valor avançado pelo The Wall Street Journal esta quinta-feira foi confirmado esta sexta-feira pelo Deutsche Bank que, contudo, declarou não pretender pagá-lo. “O Deutsche Bank não tem a intenção de saldar esses potenciais processos civis em montante próximo do número citado”, declarou fonte do principal banco alemão, numa comunicação através de correio eletrónico citada pela Bloomberg, sublinhando que as negociações “acabaram de começar”. No mesmo comunicado o banco diz ainda esperar que as negociações “conduzam a um resultado semelhante ao alcançado por bancos pares que se materializaram em montantes mais baixos”.

O valor da multa que as autoridades norte-americanas pretendem impor ao Deutsche Bank é o mais elevado de sempre sobre um banco estrangeiro, bem acima dos 8,9 mil milhões de dólares aplicados em 2014 ao francês BNP Paribas, por violação de embargos aplicados pelos EUA.

O Deutsche Bank, à semelhança de outros grandes bancos, está a ser acusado de ter vendido entre 2005 e 2007, antes de rebentar a crise financeira, créditos imobiliários convertidos em produtos financeiros complexos, batizados de RMBS, a investidores, apesar de saberem que estes eram ‘tóxicos’. O Bank of America desembolsou 17 mil milhões de dólares para chegar a acordo num caso similar em 2014, o maior até à data. Já o Goldman Sachs acordou pagar 5,1 mil milhões de dólares num acordo realizado no início deste ano.

Ações tombam com ameaça à saúde do banco

O valor da multa exigida pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos fica bastante acima daquilo que eram as expectativas dos mercados, o que está a ter um impacto muito negativo sobre o desempenho bolsista do Deutsche Bank na sessão de hoje. As suas ações tombam 7,33%, para mínimos de cerca de um mês nos 12,14 euros, liderando as perdas do índice DAX. No arranque da sessão, as perdas chegaram aos 8,21%.

Os analistas do JPMorgan escreveram numa nota enviada a clientes esta quinta-feira, citada pela Bloomberg, que um acordo de 2,4 mil milhões de dólares “seria assumido como muito positivo” e que um que exceda os quatro mil milhões iria colocar questões de posições de capital ao banco e forçá-lo a “construir reservas de litígio adicionais”. No final de junho, o Deutsche Bank fez provisões de 5,5 mil milhões de euros para fazer face a processos e multas. Um gestor de ativos do Old Mutual Global Investors salienta que perdas que excedam esse montante podem conduzir a dificuldades no cumprimento de compromissos com a dívida da instituição financeira alemã.

O montante reclamado será provavelmente negociado ao longo de vários meses de conversações entre o banco e as autoridades norte-americanas. Contudo, caso o montante definido fique em torno dos 14 mil milhões de dólares reclamados, tratar-se-á de um rude golpe face à já frágil saúde financeira do Deutsche Bank.

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