Receitas fiscais angolanas caíram seis mil milhões de dólares

  • Marta Santos Silva
  • 17 Outubro 2016

José Eduardo dos Santos disse que a queda do preço do petróleo obrigou a rever em baixa todas as previsões para 2016. A indústria transformadora encolheu 4%.

O crescimento da economia angolana sofreu uma quebra dramática com a queda do preço do petróleo em 2015, assumiu esta segunda-feira o Presidente José Eduardo dos Santos no seu discurso do Estado da Nação, falando à Assembleia Nacional de Angola. As receitas fiscais de 2015 estiveram seis mil milhões de dólares abaixo dos valores do ano anterior.

“A economia angolana cresceu a uma taxa média anual considerável até 2014. Em 2015, essa evolução foi fortemente limitada pela brusca queda do preço do petróleo no mercado internacional”, afirmou o Chefe de Estado angolano, avançando que o Orçamento Geral do Estado para 2016 previa um preço médio de 80 dólares por barril quando este, na realidade, cairia até aos 30 dólares por barril.

A maior quebra foi sentida no setor petrolífero. A indústria transformadora encolheu 4%. “O choque sistémico da queda do preço foi muito forte nas receitas públicas”, afirmou o Presidente angolano, acrescentando que “só em 2015, a redução do preço do petróleo terá provocado uma queda de quase seis mil milhões de dólares na receita fiscal”. 95% das exportações de Angola são petróleo e metade das receitas fiscais também estão ligadas a essas vendas, o que deixa o país muito exposto a uma quebra como a que se registou este ano.

Já o setor não-petrolífero da economia passou de um crescimento de 8,2%, em 2014, para 1,3%, em 2015. “A previsão é de 1,2% para o corrente ano”, disse José Eduardo dos Santos. Nesta área, os setores que mais se ressentiram, embora tendo visto crescimento positivo, foram os da agricultura, das pescas, da construção civil e dos serviços mercantis.

Em agosto deste ano, a taxa de inflação angolana estava a 4%, acrescentou o Chefe de Estado que lidera Angola desde 1979, tendo descido para 3% em setembro e 2% em outubro. O objetivo, afirmou, é chegar a uma inflação mensal de 1%.

A agência de notação financeira Fitch cortou no mês passado o rating da economia angolana para “B” com perspetiva negativa, ao prever que a economia do país tenha um crescimento de 0% em 2016. A estagnação de Angola representa “o pior desempenho em 14 anos”, desde o final da guerra civil em 2002.

Editado por Mónica Silvares.

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