Clima extremo é ilusão? Não para os mais pobres

Há quem não acredite no fenómeno das intensas e mais recentes alterações climáticas, mas as ações da Natureza -- segundo o Banco Mundial -- trazem prejuízo anuais de 300 mil milhões de dólares.

Os países pobres são os mais afetados pelas alterações climáticas. Esta é a conclusão de um estudo do Banco Mundial sobre a relação entre o clima extremo e a pobreza extrema. O relatório foi lançado esta semana, altura em que está a decorrer a Cimeira do Clima COP22 em Marrocos, que sucede à COP21 de Paris.

As chuvas torrenciais que se abateram, hoje, sobre a República Dominicana e que deixaram milhares de famílias desalojadas — em oito províncias já foi declarado o estado de emergência — são um exemplo concreto destas condições extremas.

Inundações, terramotos, secas, tsunamis, tempestades… a lista podia continuar, mas são estes os principais eventos meteorológicos que afetam governos, economias e cidadãos. Há quem não acredite no fenómeno das intensas e mais recentes alterações climáticas, mas as ações da Natureza — segundo o Banco Mundial — trazem prejuízo anuais de 300 mil milhões de dólares, por ano. Ou seja, cerca de 280 mil milhões de euros, mais do que o PIB português (que ronda os 230 mil milhões de euros).

A denúncia do relatório, realizado em parceria com o Global Facility for Disaster Reduction and Recovery (GFDRR), é que as catástrofes naturais estão a agravar as dificuldades da luta contra a pobreza. Chamado “Unbreakable”, este estudo “adverte que as catástrofes naturais são um impedimento maior para acabar com a pobreza global do que previsto anteriormente”, escreve o Presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.

Mas porquê? O estudo aponta duas razões essenciais. Primeiro, os mais pobres trabalham e estão dependentes de setores mais expostos às alterações climáticas como é o exemplo da agricultura. Em segundo lugar, as suas casas são de pior qualidade e, por isso, mais vulneráveis a eventos climáticos severos.

O problema agrava-se em locais remotos ou com Governos com recursos limitados. Nestas zonas as consequências do clima extremo são mais intensas uma vez que a ajuda e a recuperação económica demora a chegar e, por isso, a ter efeitos concretos na vida dos cidadãos afetados.

Para compensar essas dificuldades, o Banco Mundial sugere soluções aos Governos. Primeiro, é necessário criar sistemas de alerta prévia às populações que diminuam o impacto humano e económico das catástrofes.

O passo seguinte é criar apoios monetários que ajudem as comunidades a reconstruir infraestruturas ou serviços. Além disso, é crucial ter uma rede de ajuda extra para os mais pobres.

Os números da pobreza provocada pelo clima extremo

  • 300 mil milhões de dólares. Valor estimado dos prejuízos causados por catástrofes naturais anualmente
  • 520 mil milhões de dólares. Este é o impacto económico para os mais pobres, de acordo com um estudo do Banco Mundial
  • 26 milhões de pessoas. Número de cidadãos que caem, anualmente, numa situação de pobreza, por causa de desastres naturais
  • Um dólar são quatro. Como? Em 11 países, um dólar investido no alívio dos estragos converteu-se em quatro dólares para a economia nacional
  • 100 mil milhões de dólares. É o valor poupado pelos países que adotarem medidas preventivas segundo a estimativa do estudo do Banco Mundial

Editado por Mónica Silvares

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Clima extremo é ilusão? Não para os mais pobres

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião