Risco de pobreza caiu em 2015, mas manteve-se igual para quem trabalha

  • Margarida Peixoto e Cristina Oliveira da Silva
  • 15 Dezembro 2016

O risco de pobreza baixou em 2015, mas entre a população idosa está mais alto. E continua a haver 10,9% de trabalhadores ameaçados pela pobreza.

O risco de pobreza baixou em 2015 para 19%, dos anteriores 19,5%, revelou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Contudo, entre os idosos o risco de pobreza aumentou e continua a haver quase 11% da população trabalhadora que se enquadra neste indicador.

Segundo o INE, a taxa de pobreza em 2015 correspondia à proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos inferiores a 5.268 por ano, o equivalente a 439 euros por mês. Desta vez, ao contrário do que aconteceu em 2014, a linha de pobreza subiu.

O organismo explica que as fatias da população mais vulneráveis em 2015 foram, uma vez mais, as famílias compostas por dois adultos e pelo menos três crianças, e as famílias só com um adulto e pelo menos uma criança dependente.

Entre as crianças, (população com menos de 18 anos), o risco de pobreza baixou 2,4 pontos percentuais, para 22,4%. Contudo, entre os idosos houve um movimento oposto, com um aumento dos anteriores 17% para 18,3%. Os reformados sentiram esta subida: de 14,4% para 16%.

Risco de pobreza só subiu entre os idosos (%)

Fonte: INE
Fonte: INE

Também a população trabalhadora continua ameaçada pela pobreza. Tal como em 2014, continuou a verificar-se risco de pobreza em 10,9% dos empregados. Entre quem está desempregado, este risco sobe para 42%, um número igual ao registado em 2014.

A taxa de intensidade de pobreza, que mede a insuficiência de recursos da população em risco de pobreza, caiu 2,4 pontos percentuais face a 2014, para 26,6%.

Sem transferências sociais, 46,3% estaria em risco da pobreza

Se as famílias contassem apenas com rendimentos de trabalho e transferências privadas, 46,3% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza em 2015, ainda assim abaixo do valor do ano anterior (47,8%).

Só os rendimentos de pensões de reforma e sobrevivência contribuíram para uma redução de 21,2 pontos percentuais do risco de pobreza, “resultando assim numa taxa de risco de pobreza após pensões e antes de transferências sociais de 25,1%”, revela o INE.

Já as transferências sociais relacionadas com doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social contribuíram para uma redução em 6,1 pontos percentuais, menos do que no ano anterior. É depois de todas estas transferências que a taxa de risco de pobreza atinge os 19%.

Desigualdade na distribuição de rendimentos

Em 2015, o rendimento líquido dos 10% mais ricos era 10,1 vezes superior ao rendimento dos 10% mais pobres. Ainda assim, a distância reduziu-se (10,6 em 2014).

O coeficiente de Gini, que leva em conta a diferença de rendimentos entre toda a população, caiu ligeiramente para 33,9%.

Os dados do INE, neste caso já para 2016, indicam também que há menos pessoas (21,6%) em situação de privação material, ou seja, que não têm acesso a pelo menos três de nove itens relacionados com as necessidades económicas e de bens duráveis das famílias. A taxa de privação material severa (nos casos em que não há acesso a quatro itens) também caiu de 9,6% em 2015 para 8,4% em 2016.

Se, por exemplo, 51,3% das pessoas viviam, em 2015, em agregados sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa, em 2016 esta percentagem baixa para 47,2%.

Por fim, o INE indica ainda que, em 2015, 9,1% da população com menos de 60 anos vivia em agregados com intensidade laboral per capita muito reduzida (ou seja, em agregados em que a população entre 18 e 59 anos, excluindo estudantes, trabalhou em média menos de 20% do tempo possível).

(Notícia atualizada às 12h35 com mais informação)

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