Lucros da Associação Mutualista Montepio afundam em 2018. Passam de 587 milhões para 1,7 milhões

Mutualista liderada por Tomás Correia conta com reversão de imparidade com o Banco Montepio para se manter lucrativa em 2018, isto após os lucros de 587 milhões em 2017 por causa dos créditos fiscais.

Tomás Correia lidera a Associação Mutualista Montepio.Hugo Amaral / ECO 7 dezembro 2018

Depois de ter registado lucros de 587 milhões de euros em 2017, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) prepara-se para lucrar apenas 1,7 milhões este ano, prevê a instituição no programa de ação e orçamento para 2019 a que o ECO teve acesso. Mas os ganhos deverão acelerar novamente no próximo ano, com a mutualista liderada por Tomás Correia a apontar para um lucro de 44 milhões.

Vários fatores vão manter a AMMG a lucrar em 2018, isto após os resultados históricos do ano passado terem sido insuflados pelo apuramento de ativos por impostos diferidos no valor de 800 milhões de euros.

Entre esses fatores está a expectativa de reversão de 42 milhões de euros da imparidade constituída em 2015 e 2017, no montante de 498 milhões de euros, para o Banco Montepio, devido à melhoria do desempenho do banco, assim como do contexto do mercado. Até setembro deste ano, o banco liderado por Carlos Tavares acumulava lucros de 22 milhões de euros e apresentava uma melhor situação financeira, razão pela qual a AMMG poderá agora reverter uma parte do dinheiro que tinha colocado de lado para fazer face à desvalorização do banco em relação ao valor a que ele está registado no balanço da mutualista.

Além da reversão da imparidade com o banco, a AMMG destaca ainda o contributo positivo de várias rubricas nas suas contas individuais: dos resultados inerentes a associados, por via da relação entre a margem associativa e a variação das provisões técnicas; dos resultados financeiros, em juros e rendimentos dos depósitos e da carteira de títulos, que deverão atingir os 20 milhões de euros; e ainda rendimentos de 5,8 milhões das propriedades de investimento, que incluem as residências seniores e de estudantes.

A impactar negativamente nas contas estão os gastos administrativos, que vão ascender a 30,8 milhões de euros, e ainda a eliminação de ativos por impostos diferidos no valor de 16,5 milhões.

AMMG paga 17,8 milhões em impostos em 2019

De acordo com o programa de ação e orçamento para 2019, a AMMG aponta para lucros de 43,84 milhões de euros no próximo ano. A redução de imparidade com o Banco Montepio vai continuar a ajudar as contas: a mutualista deverá reverter outros 55,5 milhões de euros de imparidade associada ao banco, detalha a demonstração de resultados previsional que consta no documento.

A fiscalidade voltará a ter impacto nos resultados, um cenário que não se verificava até há pouco tempo tendo em conta que a AMMG gozava de benefício fiscal que a lei prevê para as IPSS. Mas o estatuto fiscal da instituição alterou-se no início deste ano, quando perdeu isenção em sede de IRC e passou a pagar impostos. Em contrapartida, a AMMG passou a poder tirar partido do regime de ativos por impostos diferidos, que permite transformar contabilisticamente prejuízos em créditos fiscais a haver no futuro.

Assim, face à previsão de lucros em 2019, a AMMG estima vir a pagar 17,8 milhões de euros em impostos. Por outro lado, vai voltar a registar ativos por impostos diferidos no valor de 22,9 milhões.

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