Transformative beauty. Já ouviu falar?

Conversámos com a Fashion Futurist e Forecaster Geraldine Wharry, em Londres.

Marcamos encontro via instagram. Eu em Lisboa, ela em Londres. Encontramo-nos dias depois num café num dos seus bairros preferidos, Notting Hill. Há tempos que acompanho o seu trabalho enquanto Futurist e Forecaster, primeiro em agências como a WGSN e hoje a solo com a publicação de artigos e relatórios sobre tendências.

O nosso encontro acontece precisamente no dia em que a Dazed publicava um artigo seu, “2019 is the year of transformative beauty”, e, naturalmente, a conversa começou por aí.

“Surge um pouco no seguimento do trabalho que já tinha feito no lançamento da Dazed Beauty sobre como a nossa aparência irá mudar ao longo dos próximos 100 anos. Adoro trabalhar temas ligados à beleza porque é um dos setores com maior inovação na atualidade, há muita coisa a acontecer e muito interessante, muitos movimentos de self-expression, especialmente se estivermos atentos ao Instagram”, explica.

A imprevisibilidade do mundo parece influenciar a necessidade de as marcas trabalharem com profissionais como Geraldine. “Cada vez mais vemos agências a fazer trendsforcasting e trends research porque perceberam que é a única maneira de conseguirem acompanhar o que está a mudar. Fico impressionada com o número de profissionais de marketing que seguem o meu blogue”.

E se Londres é uma fonte inesgotável de inspiração no seu trabalho, a especialista diz que cada vez mais é difícil detetar novas tendências. Os tempos são de “last longer trends”. “Acho que o paradigma mudou. Para clientes que me pedem tendências novas todos os meses é cada vez mais difícil dar algo novo e interessante especialmente na área do têxtil, da moda. Já a beleza está constantemente a surpreender-me, há algo tão teatral hoje em dia, há movimentos underground a crescer, toda uma comunidade de influencers que estão a experimentar desde o bodypaint, o assumir os pelos, as próteses de joalharia facial. 2019 anuncia o crescimento do movimento anti-beleza. Tornar o feio em bonito, inclusivo, numa altura em que estamos todos mais tolerantes em relação às diferenças uns dos outros”.

Mas, será este movimento capaz de influenciar a indústria da beleza, as grandes companhias? “Penso que sim, que acaba por dizer alguma coisa às grandes empresas. Por exemplo, quando se fala de body painting, pode ser reinterpretado usando apenas um eyeliner, é possível simplificar as tendências”.

De momento, Geraldine está dedicada a um novo relatórioThe Future of Influence, que só irá apresentar na Pure London. “É desenhado para responsáveis de marketing e comunicação, e a ideia é entender o que influência significa nos dias de hoje, quando vemos os valores a mudar, quando os bloggers se tornaram influencers no Instagram. Vou falar de ativismo, da questão do género e de dark social, desde o Messenger ao WhatsApp. Mais ou menos 80% das referências vêm de mensagens encriptadas, de conversas privadas entre amigos sobre os produtos que compram e as marcas querem lá chegar”, avança.

E, no seu papel de Futurist, deixa algumas ideias para este ano. “A sustentabilidade será um grande tema, a inclusão também com diferentes tipos de corpo, pessoas com deficiência vão aparecer mais em campanhas — veja-se o exemplo do que a Teen Vogue fez recentemente numa capa. Vejo a inovação a chegar mais através de novos materiais e a tendência da moda digital vai crescer: vamos ver cada vez mais avatares influencers em lojas online. Por exemplo, a Balenciaga tem estado a fazer experiências interessantes. Se eu hoje voltasse a estudar seria nessa área, acho muito cool e tal como a beleza também acho muito teatral”.

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