Revolução digital: será o futuro mais humano?

O que há de radicalmente diferente na revolução digital é o ritmo de mudança, alimentado por uma rede de comunicação global. É isso que discutimos no EY Beyond.

As discussões sobre revolução digital incluem normalmente alertas para os riscos de desemprego massivo provocado pela automação de processos, para a perda de privacidade associada à dependência da internet ou para as consequências da inteligência artificial.

A EY considera urgente a discussão aberta dos riscos e oportunidades associados à revolução digital. É por isso que a iniciativa Beyond vai já na terceira edição em igual número de anos, fomentando a análise dos impactos do digital nas empresas, na economia e na sociedade.

O último século foi fértil na descoberta e aplicação de novas tecnologias, muitas delas acompanhadas de cenários apocalípticos que não se concretizaram. O que há de radicalmente diferente na revolução digital é o ritmo de mudança, alimentado por uma rede de comunicação global em que a velocidade e a capacidade de processamento de dados permitem ciclos muito curtos de inovação e de adoção massiva de novas tecnologias. Daqui resulta que o principal risco da revolução digital pode ser a eventual falta de capacidade das empresas, da sociedade e das políticas públicas para lidar rapidamente com as incertezas criadas.

É verdade que a capacidade de automatizar tarefas, seja pela utilização de robôs ou de software, vai dispensar a intervenção humana em muitas atividades. No entanto, e apesar de a revolução digital ocorrer numa época sem precedentes históricos quanto ao ritmo de criação de qualificações e de investimento em investigação aplicada, este fenómeno é acompanhado por uma escassez global de talento qualificado. Esta dificuldade está a resultar na relocalização de empresas, ou das suas atividades mais exigentes em qualificações, bem como em processos de migração de mão-de-obra altamente qualificada.

As ondas de choque serão muito elevadas, tanto para as pessoas com competências limitadas a áreas automatizáveis, como para empresas que não consigam competir por recursos ou para as economias que não consigam produzir ou atrair talento. Mas o saldo final, medido pelo valor gerado, pelo aumento do número de pessoas em ocupações que as realizam e pela diminuição de trabalho repetitivo, perigoso ou pouco estimulante, ainda será certamente largamente favorável para os humanos. Qualquer que seja o resultado final, o importante para a EY é a adoção de estratégias de resposta.

Para as pessoas, é importante a aposta nas competências interpessoais e na formação contínua, com destaque para as ferramentas digitais.

Para as empresas, é crítica a incorporação do digital na estratégia, não pela mera adesão a novas tecnologias, mas pela reavaliação contínua do modelo de negócio face a clientes e a concorrentes cada vez mais digitais. A passagem da estratégia à prática pode ser acelerada pelo recurso a competências externas, começando pelo outsourcing, passando por open innovation e progredindo até às parcerias estratégicas, entre outros.

Para as regiões e os Estados, é essencial a implementação atempada de políticas que promovam a geração e a atração de talento, sem perder de vista a proteção dos cidadãos mais vulneráveis à revolução digital mas nunca esquecendo que é essencial não limitar a capacidade de as empresas criarem valor.

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