Portugueses beberam 25% menos cerveja nos últimos 10 anos

  • Ana Luísa Alves
  • 31 Outubro 2016

Sabe quantos litros de cerveja bebeu no ano passado? Foi menos do que há 10 anos, garante a Associação Portuguesa de Produtores de Cerveja.

O consumo de cerveja em Portugal caiu 25% nos últimos dez ano. Os dados são da Associação Portuguesa de Produtores de Cerveja (APCV) que, citada pelo Público, refere que cada português bebeu 46 litros de cerveja em 2015, e que este é um valor ligeiramente acima dos anos anteriores, que tinham preocupado a indústria nacional.

Nos últimos 10 anos, o consumo de cerveja por pessoa não tem parado de cair dos 61 litros registados em 2005. Rui Lopes Ferreira, presidente de APCV, refere que as sucessivas quebras de consumo estão relacionadas com o corte nos gastos que se verificou desde 2010. Para o presidente, os portugueses deixaram de ir a restaurantes e optaram mais vezes por comer em casa, e é nos cafés e bares que se vende a grande maioria da cerveja no país.

Face a estes fatores, o impacto nas vendas foi notório. Acrescenta-se ainda o aumento do IVA na restauração para 23% em 2012. “O consumo de cerveja por habitante caiu 22% de 2010 a 2015. Era de 59 litros per capita e em 2015 foi de 46 litros. Em consequência, a produção de cerveja no mercado interno caiu 11% no mesmo período. Todavia, a contribuição fiscal do setor nestes cinco anos aumentou 28%”, acrescentou o presidente da APCV, referindo-se ao Imposto Especial sobre o Consumo (IEC) que incide sobre a cerveja.

Menos consumo

A recessão económica ajuda a explicar o recuo no consumo da cerveja. Nuno Pinto de Magalhães, diretor de comunicação e relações institucionais da Sociedade Central de Cervejas (SCC, dona da Sagres e 100% detida pela Heineken), destaca que, em 2015, segundo a consultora norte-americana Nielsen, o mercado nacional “teve um ligeiro comportamento positivo em volume de cerca de 1%, refletindo as boas condições climatéricas do ano, o incremento do turismo e alguns sinais de recuperação económica”. Ao mesmo tempo, outros produtos parecem estar a marcar terreno: as sidras registaram crescimentos significativos em volume de vendas. As inovações lançadas nos últimos três anos (como novos sabores da Sagres Radler) pesaram perto de 7% nas vendas globais da empresa, por exemplo.

João Duarte Rodrigues, diretor de marketing da Empresa de Cervejas da Madeira, dona da Coral, refere que o “aumento de impostos e a perda de poder de compra” são as principais causas para o recuo do mercado. Mas garante que, apesar da popularidade das sidras, “não existiu transferência para outras bebidas”.

Uma das maiores produtoras do país, a Unicer (dona da Super Bock), acredita que as cervejas enquanto produto de grande consumo têm conseguido mostrar “resiliência à conjuntura” e que é na restauração que a prova de fogo se faz, um “canal muito importante para as vendas da empresa e onde os nossos consumidores convivem com aquela que é a maior experiência cervejeira: uma boa cerveja à pressão” refere fonte da Unicer.

No capítulo das exportações, a indústria está em recuperação. Angola era o principal cliente da cerveja portuguesa mas a crise das divisas mudou os planos à indústria. A Sociedade Central de Cervejas registou uma quebra das vendas para o país superior a 50% em 2015. Já a Unicer, que tem há muito um projeto de produção local, focou-se nas geografias onde tem “presença consolidada, sobretudo na Europa”. Moçambique e China são vistos como mercados promissores, que podem “ajudar a compensar a quebra em Angola”.

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