E agora? Saiba onde pôr o dinheiro

Depois do Brexit, Trump veio dar um novo choque aos mercados financeiros. Está a agitar todos os ativos, com as ações a serem mais penalizadas. Saiba onde encontrar refúgio para o seu dinheiro.

Donald Trump venceu. Será o 45º presidente da maior economia do mundo. Uma surpresa desagradável para os investidores, refletida nos bruscos movimentos nos mercados internacionais. Registam-se fortes quedas especialmente nos mercados acionistas, mas não em todos com a mesma expressão. Na dívida, há rumos também distintos, assim como no cambial. E nas matérias-primas, o ouro é rei.

Ações? Europeias, mas não todas

Apesar de o contexto ser negativo para os ativos de risco, os analistas acreditam que os investidores poderão estar a exagerar na dimensão das quedas registadas nos mercados acionistas. As ações continuam a ser um investimento atrativo, num contexto de manutenção de juros em mínimos históricos, mas a aposta deverá recair sobre títulos de países mais fortes. EUA ou Europa? Perante receios sobre o impacto das políticas económicas de Trump, manter-se-á alguma pressão sobre as bolsas americanas, pelo que a Europa pode ser um porto de abrigo.

Mas mesmo no Velho Continente, a aposta recai nos mercados do centro da Europa, com os mercados da periferia a serem penalizados pelos receios dos investidores quanto às fracas economias onde estão as empresas. Mas os investidores devem evitar comprar ações europeias neste contexto de quedas, alerta o Market Securities. Não haverá uma recuperação imediata como após o Brexit já que aumentarão as preocupações com resultados idênticos nas eleições na Europa em 2017.

Treasuries talvez não. Bunds, sim

A dívida soberana é sempre um destino para momentos de maior tensão nos mercados, como aquele que se vive atualmente. E as Treasuries, a dívida dos EUA, costumam ser um dos portos de abrigo, mas com os EUA a serem, neste momento, o foco da tensão, os analistas recomendam aos investidores que mantenham cautela. As taxas estão a subir.

A aposta deve recair na dívida europeia. Os títulos europeus “podem, ironicamente, tornar-se um bastião de estabilidade, quando comparados com os EUA”. “No curto prazo, espera-se um ambiente de risco na dívida, taxas de rentabilidade mais baixas e uma curva mais plana”, diz a Allianz GI. A dívida alemã, as bunds, é a eleita. E a periferia? Não venda. “Deixem passar qualquer venda indiscriminada dos títulos de dívida da periferia”, diz o RBS. Isto porque a vitória de Trump poderá levar a um aumento das compras de dívida por parte do Banco Central Europeu.

Moedas. Euro e iene. Fuja dos emergentes

Trump está a mexer com os mercados de ações e obrigações, mas a maior volatilidade está a ser sentida no cambial. O dólar não está a ser muito pressionado, mas deverá vir a ser fruto das políticas defendidas pelo republicano. Maior pressão haverá nas divisas dos emergentes, especialmente se Trump levar à frente as suas ideias em termos de política comercial dos EUA. O peso mexicano já está a sentir o efeito.

A aposta, dizem os analistas, deverão recair no euro, no franco suíço e no iene. “São as moedas de refúgio”, diz o Macquarie. O Société Générale também vê oportunidade no euro e no iene.

Ouro, ouro, ouro

A Allianz GI diz que os “mercados dos EUA devem entrar num ambiente de risco marcado por maior volatilidade”. Neste sentido, antecipa uma maior procura por ouro, o ativo-refúgio por excelência. A recomendação já não é de agora. O HSBC já sustentava a aposta no ouro, independentemente do vencedor, sendo que com Trump na Casa Branca, o metal poderá atingir os 1.500 dólares por onça. E o ouro já está a disparar. O metal chegou a ganhar quase 5%, passando largamente da fasquia dos 1.300 dólares.

Mineiras, farmacêuticas… E que mais?

Nem todos os setores sentem o aumento da aversão ao risco da mesma forma. E mesmo no mercado acionista, mais arriscado, há setores que podem brilhar. O das mineiras é um deles, tendo em conta a perspetiva de valorização do metal precioso neste contexto mais conturbado. E as petrolíferas também têm potencial já que é conhecido o apoio de Trump à utilização de combustíveis fósseis como fonte de energia — em oposição às energias renováveis.

Mas há mais setores. Trump prometeu revogar a lei dos cuidados de saúde de Barack Obama, conhecida por Obamacare, que diminuiu as margens das seguradoras privadas. A BS Wealth Management aconselha os investidores a comprarem ações no setor farmacêutico norte-americano.

Além disso, também o setor do armamento vale a aposta. “Trump manifestou a sua intenção de reduzir as restrições que o setor [do armamento] enfrenta”, diz a XTB, que usa o lema da campanha do candidato republicano para assumir um maior investimento público no setor da defesa. Neste sentido, vale a pena olhar para cotadas como a Lockheed Marteen e Boeing.

 

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