Like & Dislike: um bancário sindicalista

Não é banqueiro, nem é anarquista. É bancário e sindicalista. Carlos Silva da UGT diz que o aumento do salário mínimo deve responder à realidade da economia.

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Não é comum ouvir um líder de um sindicato a fazer-se esquisito quando se fala em aumentar salários ou a chamar a atenção para o facto de o aumento da remuneração mínima nacional ter de ter em conta a realidade económica do país.

Foi o que fez o bancário do Novo Banco de Avelar de seu nome Carlos Silva. Em entrevista ao jornal Público, o agora secretário-geral da UGT não garante o aumento do salário mínimo nacional no próximo ano. Porquê? Porque “é naturalmente uma decisão política que terá de responder à realidade da economia. Isso só vamos ver no final do ano”.

Não é muito normal um sindicalista torcer o nariz a um aumento salarial dado de bandeja e a preocupar-se com a sustentabilidade e com o impacto que esse aumento terá nas empresas.

Carlos Silva já não é sindicalista?

“Fui e sou. Não mudei a esse respeito. Sou anarquista”, dizia o banqueiro anarquista de Fernando Pessoa.

“Fui e sou. Não mudei a esse respeito. Sou sindicalista”, poderia ter dito Carlos Silva.

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Só que o líder da UGT é um sindicalista responsável, que procura consensos e que não defende um aumento dos salários a qualquer preço e que possa rebentar com a economia e com as empresas.

Ainda esta quinta-feira, o Fórum para a Competitividade veio dizer que a subida do salário mínimo em termos reais na última década foi de 21%, muito superior ao aumento acumulado da produtividade, de apenas 7%.

A posição de Carlos Silva é tanto mais sensata sobretudo numa altura em que a posição do próprio Governo sobre o tema é tudo menos sensata. O PS, sem saber como estará a economia no dia de amanhã (e muito menos daqui a dois anos), inscreveu no seu programa de Governo e acordou com o Bloco de Esquerda aumentos do salário mínimo até 2019, de 20 a 27 euros. Este ritmo de subida que se verifica desde 2015 é sustentável? O próprio Vieira da Silva diz que não.

No Parlamento, na semana passada, Vieira da Silva declarou: “Naturalmente nós não defendemos, nem ninguém defende, penso eu, que este ritmo de crescimento do salário mínimo seja um ritmo sustentável no longo prazo. Trata-se, como muitos disseram, de uma opção política, económica e social de realizar um aumento extraordinário, que serve Portugal, serve os trabalhadores portugueses e não prejudica a economia portuguesa.”

O ministro do Trabalho diz que o ritmo de aumento do salário mínimo não é sustentável e mesmo assim vai manter esse ritmo? Sim, é o que se chama de governação anarquista.

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