E se o seu dinheiro fosse gerido por elas?

Não há muitas empresas com mulheres na liderança, mas por norma geram melhores resultados e há fundos que tentam replicar esse sucesso. A Euronext celebra hoje o Dia da Mulher após a saída de Carioca.

Empresas geridas por mulheres alcançam geralmente um melhor retorno para os seus acionistas do que aquelas onde dominam os homens, dizem alguns estudos. Aproveitando-se desta circunstância, fundos que apostam em cotadas onde a voz de comando é feminina conseguem muitas vezes superar o desempenho do mercado. Em Portugal, esta estratégia ainda está por explorar.

Celebra-se esta quarta-feira o Dia Internacional da Mulher.

No âmbito de uma iniciativa a nível mundial, a Euronext celebra a data com uma cerimónia do toque do sino pela igualdade de género, algo que acontece poucos dias depois de Maria João Carioca, a primeira mulher presidente na história da Euronext, ter saído da liderança da gestora da bolsa portuguesa para a administração da Caixa Geral de Depósitos. O sino será tocado pela secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, seguindo-se depois um debate sobre a igualdade de género nas organizações. Uma igualdade que poderá dar valor aos acionistas.

Uma investigação levada a cabo pela consultora McKinsey deixou claro como uma empresa pode beneficiar de uma liderança no feminino. No estudo “Women as a Valuable Asset”, aquela consultora salienta que “há uma correlação positiva entre a proporção de mulheres em altos cargos da direção e o desempenho organizacional e financeiro das empresas”. Concluiu que as empresas com uma percentagem relativamente elevada de mulheres no poder tiveram um desempenho melhor do que aquelas dominadas pelos homens. “Exemplo”, “desenvolvimento das pessoas” e “expectativas e recompensas” foram amplamente citados como fatores que as distinguem deles.

É com base em estudos como estes que fundos de investimento adotam uma estratégia de aposta em companhias lideradas por mulheres. Tentam aproveitar as valências delas na gestão das empresas para ganhar com isso, como o Valeurs Feminines, o primeiro fundo focado nas mulheres, criado em 2005 pela francesa Conseil Plus Gestion. Este ano não tem conseguido grandes resultados, mas desde a sua criação que tem dado mais motivos para sorrir do que o contrário.

Dois fundos direcionados às mulheres superam mercado

Fonte: Bloomberg (Valores em %)

Um dos fundos mais bem-sucedidos este ano tem sido o UBS Hana She&Style. Mais do que investir em empresas lideradas por mulheres, este fundo sul coreano foca-se sobretudo em empresas cujos produtos são altamente apelativos junto do público feminino, incluindo telemóveis e produtos de beleza. E essa estratégia tem dados resultados, já que tem conseguido ganhos num ano francamente negativo para o mercado acionista do país.

No caso do Barclays Women in Leadership, a abordagem é um pouco diferente. O índice acompanha empresas com 25% de administração feminina ou com uma CEO mulher. Este ano, o índice replica o desempenho destas empresas com um resultado pior do que o índice de referência S&P 500.

Sem opções em Portugal

Os millennials estão a ajudar a alimentar esta tendência. Um estudo da Schroders mostrou que os mais jovens dão tanta importância ao retorno do investimento como às questões sociais, nomeadamente a igualdade de género.

Ainda assim, em Portugal, esta estratégia continua claramente por explorar. A Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) adianta que não há fundos que invistam exclusivamente em ações de empresas lideradas por mulheres. De resto, se quer investir diretamente em cotadas nacionais cuja voz da liderança é feita no feminino também não tem muitas opções. A Sonae Capital tem como presidente executiva Cláudia Azevedo. Isabel Vaz lidera a Luz Saúde. E acabou. Nas últimas 52 semanas, a Sonae Capital valorizou mais de 30%, enquanto a Luz Saúde caiu tanto quanto o PSI-20, cerca de 6%.

Alternativamente, empresas como a Corticeira Amorim ou a Sonae destacam-se no PSI-20 por serem as que mais mulheres integram nos respetivos conselhos de administração: mais de 30%. Ainda assim, mesmo estas cotadas, onde as mulheres assumem maior representatividade face às restantes, ficam aquém daquilo que será exigido a partir de 1 de janeiro de 2019, igual ou superior a 40%.

Apenas a título de curiosidade: a líder da polícia dos mercados nacional é uma mulher, Gabriela Figueiredo Dias.

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