Sonae aumenta receitas, mas lucros afundam no trimestre

Em causa está um efeito de comparação com 2016 em que a empresa encaixou montantes elevados com a venda de shoppings. Além disso, a Sonae pagou mais impostos este ano.

A Sonae aumentou as suas receitas, mas isso não foi suficiente para tapar a queda em mais de 70% dos lucros. A Sonae registou oito milhões de euros de lucros no primeiro trimestre de 2017, menos de 22 milhões de euros face ao mesmo período de 2016. Os resultados do primeiro trimestre justificam-se por dois motivos: primeiro porque em 2016 a Sonae teve um benefício fiscal de 11 milhões de euros e neste trimestre teve de pagar dois milhões de euros; e em segundo porque no ano passado vendeu vários centros comerciais, uma efeito extraordinário que dificulta a comparação.

Essa rubrica teve um impacto positivo de 62 milhões de euros no início de 2016. “No primeiro trimestre de 2016, em particular, a Sonae RP concluiu três transações de sale and leaseback no montante de 230 milhões, que se traduziram num ganho de capital de 64 milhões (com um impacto positivo na rubrica de itens não recorrentes)”, explica a empresa em comunicando, referindo que no primeiro trimestre deste ano a Sonae RP — a unidade de negócio responsável pela gestão do portefólio de imobiliário de retalho da Sonae — não efetuou qualquer transação desse tipo.

Assim, se fossem excluídas essas operações extraordinários, os lucros da Sonae tinham aumentado, argumenta a empresa em comunicado de imprensa: “Excluindo os ganhos de capital não recorrentes registados no primeiro trimestre de 2016, fruto essencialmente das operações de sale and lease back, a evolução do resultado líquido da Sonae teria sido positiva“. O EBITDA (lucros antes de impostos, juros, depreciação e amortização) recorrente — ou seja, o que exclui os efeitos extraordinários — aumentou 12,7% para os 49 milhões de euros.

Nestes primeiros três meses, as vendas cresceram “em todos os negócios”, houve uma melhoria da rentabilidade operacional e menores custos financeiros. O volume de negócios consolidado da Sonae aumentou 6% para os 1.278 milhões de euros. “Num trimestre desafiante no comparativo com o período homólogo, crescemos em todos os negócios assegurando rentabilidade em linha com as nossas expectativas”, afirma o vice-presidente-executivo da Sonae, Ângelo Paupério, no comunicado.

Num trimestre desafiante no comparativo com o período homólogo, crescemos em todos os negócios assegurando rentabilidade em linha com as nossas expectativas.

Ângelo Paupério

Vice-presidente-executivo da Sonae

O capital próprio da Sonae foi reforçado em 177 milhões de euros para os 1.995 milhões de euros. O rácio da dívida líquida fixou-se nos 40,9%. No total, a empresa investiu 54 milhões de euros no primeiro trimestre, principalmente no lançamento de novas unidades, novos negócios, reforço da internacionalização e no serviço ao cliente. A maior parte do investimento foi para a Sonae MC (retalho alimentar, onde se inclui o Continente e a Wells), 28 milhões de euros no total. A Worten investiu seis milhões de euros.

Já em abril a empresa revelou que adquiriu a totalidade do capital da Brio. Esta operação surgiu poucos meses depois de a Sonae ter adquirido, em dezembro, 51% do capital da Go Well. A empresa opera, através da marca “Go Natural”, em 22 restaurantes igualmente especializados em alimentação saudável no país, localizados normalmente em centros comerciais.

Em comparação com o mesmo período de 2016, a Sonae empregou mais 1.500 pessoas. “Esta criação de emprego traduz o crescimento das várias áreas de negócios da Sonae, que conseguiram reforçar a ligação aos seus clientes e expandir as suas atividades em Portugal e a nível internacional”, refere o comunicado.

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