Raspadinha Super Pé-de-Meia deu 330 milhões em cinco anos

  • Lusa
  • 18 Agosto 2017

Há cinco anos que os portugueses se habituaram a raspar o Super Pé-de-Meia. Raspadinha já deu prémios de 330 milhões de euros desde 2012. É um dos jogos mais populares da Santa Casa.

A Raspadinha Super Pé-de-Meia distribuiu, em cinco anos de existência, mais de 329 milhões de euros em prémios, havendo 57 apostadores a receber a bonificação máxima deste jogo: dois mil euros por mês durante 12 anos.

Lançada a 20 de agosto de 2012, a Super Pé-de-Meia rapidamente conquistou os apostadores da Raspadinha, o jogo “mais vendido” da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com um volume total de vendas de 1,35 milhões de euros em 2016.

A primeira emissão desta raspadinha foi de 4.004.000 bilhetes e, desde então, já foram vendidos cerca de 102 milhões, segundo dados avançados à agência Lusa pelo Departamento de Jogos da Santa Casa.

Raspadinha Super Pé-de-Meia.Jogos Santa Casa

A “grande aceitação” deste jogo por parte dos apostadores refletiu-se no número de vendas, que cresceu 60% entre 2013 e 2016, e nas emissões de bilhetes, que aumentaram de 12.012.000, em 2013, para 16.816.800 este ano.

Desde que foi lançada até ao final junho foram pagos mais de 28 milhões de prémios, correspondentes a um valor superior a 329,8 milhões de euros.

Acordar a pensar na raspadinha

É atrás destes prémios que correm sobretudo os idosos que chegam a fazer fila à porta dos locais de venda logo pela manhã, como contou Conceição Pereira, funcionária de uma tabacaria na Estrada de Benfica, em Lisboa. “Quando abro a papelaria, há filas muitas vezes só para raspadinhas. Parece que as pessoas acordam já a pensar nas raspadinhas”, disse Conceição Pereira.

Mas a compra de raspadinhas não acontece apenas de manhã: “Vêm durante o dia todo, não há hora certa para as pessoas jogarem e joga-se muito”, comentou, com um sorriso.

Os maiores apostadores, segundo Conceição Pereira, são as “pessoas mais idosas”, que procuram “um prémio grande” para ajudar nas despesas do dia-a-dia.

Esta realidade também é observada diariamente por Maria da Conceição, funcionária de uma pequena tabacaria num centro comercial de Lisboa, onde o entra-e-sai de apostadores de vários jogos da Santa Casa é constante.

Maria da Conceição contou que os idosos apostam mais na Super Pé-de-Meia (cinco euros), com a esperança de que lhes saia o “ordenado de 2.000 euros”, do que “os mais novos”, que preferem as raspadinhas de um, dois e três euros.

Quanto ao comportamento dos jogadores quando lhes sai um prémio, as duas lojistas disseram que normalmente apostam o que ganham e dizem mal quando o bilhete está vazio. “Se for uma importância maior é que recebem, mas, mesmo assim, apostam uma parte, mas se for uma pessoa mais idosa com alguma dificuldade, se lhe sair uma importância de 20 euros, fica com o dinheiro”, contou Maria da Conceição.

"Se for uma importância maior é que recebem, mas, mesmo assim, apostam uma parte, mas se for uma pessoa mais idosa com alguma dificuldade, se lhe sair uma importância de 20 euros, fica com o dinheiro.”

Maria da Conceição

Funcionária de uma tabacaria na Estrada de Benfica

Sonho de ganhar um ordenado extra

Apostador habitual da Raspadinha, Valdemar Brito confessou que muitas vezes aposta parte do prémio que ganhou. “Quase sempre a Santa Casa fica lá com o troco”, afirmou Valdemar Brito, depois de comprar uma raspadinha na Casa da Sorte, em Benfica, onde a fila de apostadores chegava à rua.

Disse que costuma apostar na raspadinha de três euros e que não se tem “dado muito mal”, mas desabafou que a Santa Casa fica sempre a ganhar. “Quando me sai 80 ou 100 euros as coisas funcionam de outra maneira, mas depois, como durante um período de tempo não sai nada” e vou apostando, “acaba por se perder mais do que ganhar”, vincou.

"Quando me sai 80 ou 100 euros as coisas funcionam de outra maneira, mas depois, como durante um período de tempo não sai nada e vou apostando, acaba por se perder mais do que ganhar.”

Valdemar Brito

Apostador

Mas, para Valdemar Brito, “a Santa Casa está a prestar um bom serviço porque as pessoas arriscam para ver se conseguem alguma coisa”. A questão é a pessoa “não gastar mais do que aquilo que tem”, porque, se isso acontecer, “as coisas podem complicar-se”, aconselhou o apostador.

O sonho de poder ajudar os filhos e o neto aliado ao gosto de jogar é o que motiva Fátima Furtado na hora de comprar uma raspadinha. “Gosto de jogar e já apanhei três vezes 500 euros”, disse Fátima Furtado à saída da Casa da Sorte, contando que aposta mais nas raspadinhas de dois e cinco euros, com o sonho de ganhar um ordenado extra.

“Gostava de apanhar isso, já era uma ajuda para mim, espero que seja a próxima” premiada, disse, com um grande sorriso.

Os estudos sobre a Raspadinha apontam para “a transversalidade dos jogadores da Raspadinha”, embora comparativamente com outros jogos da Santa Casa, possa ser considerada um jogo preferido pelas mulheres.

O número de apostadores tem vindo a crescer e Conceição Pereira não tem dúvidas de que “a raspadinha foi uma moda que pegou e que está para ficar”.

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