Como os locais: Pretoria como destino

Há dois anos em Pretoria, a estudante portuguesa mudou-se do Kuwait para a África do Sul por ter 'todos os encantos do continente' e boas condições de saúde, ensino e circulação.

Catarina mudou-se há dois anos para Pretória, na África do Sul.D.R.

Depois de quatro anos a viver no Kuwait, a África do Sul e, Pretória em concreto, foi o “destino-compromisso” a que chegaram a advogada portuguesa Catarina Pires e o marido, diplomata belga. “Não queríamos voltar para a Europa. O meu marido queria muito ser colocado em África, tentou convencer-me a mudarmo-nos para Kigali, no Ruanda, mas eu tinha algum receio. África do Sul foi o compromisso: tem todos os encantos do resto do continente (natureza, animais, safaris) mas, ao mesmo tempo, tem bons cuidados de saúde, boas escolas, boas estradas, supermercados com o que se precisa…”, conta ao ECO, por email.

Catarina Vieira Pires, 31 anos, advogada e estudante de doutoramento, mudou-se há dois com o marido para Pretoria, capital executiva da África do Sul, a norte de Joanesburgo. Depois de quatro anos a viver no Golfo, a portuguesa e o belga estavam “cheios de vontade” de mudar. “Queríamos viver num sítio com espaços verdes e com temperaturas mais moderadas. Sabíamos que na África do Sul íamos poder viajar. Visitar reservas naturais, safaris, fazer a rota dos vinhos — de que também tínhamos saudades no Kuwait, aonde o álcool é proibido –, praias… Sabíamos que a Cidade do Cabo é uma cidade maravilhosa”, confidencia. A expectativa confirmou-se depressa. “O país é de uma grande beleza natural e fizemos viagens inesquecíveis”.

No dia em que chegaram, no início de agosto de 2015, conheceram Pretoria com dois ou três graus, inverno em pleno, “e o ar extremamente seco”. “Durante mais de um mês não vi uma nuvem no céu. Logo no trajeto de carro entre o aeroporto em Joanesburgo e Pretória, que dura cerca de 45 minutos, vimos zebras nos parques ao longo da estrada”.

Mas a primeira impressão rapidamente deu lugar a receios: em Pretória, as casas nas zonas ricas da cidade pareceram demasiado “protegidas” a Catarina. “Muros de ferro altíssimos com lâminas afiadas para ninguém tentar trepar, complicados sistemas de videovigilância, arames que dão choques elétricos, cartazes colocados nas casas com a mensagem ‘armed response’, ou seja, os seguranças aparecem com armas se alguém tentar assaltar”. Além das casas, também as ruas estavam “constantemente patrulhadas por seguranças privados de capacete e coletes anti-bala”, conta.

“A violência ou ameaça de violência é uma constante e algo a que nos temos de habituar imediatamente. Mal chegámos, deram-nos logo um conjunto de recomendações para evitar que fossemos vítimas de roubos, assaltos, raptos e afins. Infelizmente as pessoas vivem em constante ansiedade e ninguém sai à rua depois de anoitecer. Acabámos por viver muito fechados”, refere.

A África do Sul é também um país com uma história pesada. Ainda se sente bem as sequelas do “apartheid”. Em Pretória talvez mais do que na Cidade do Cabo e Joanesburgo.

Catarina Pires

Advogada portuguesa, a viver em Pretória

Talvez por isso, Catarina conte que nunca se sente completamente em casa na cidade. Ainda que dos traços fundamentais dos sul-africanos destaque a descontração, o gosto pelo ar livre e a prática de desporto. “As crianças são bem-vindas em todos os locais. São madrugadores, começa tudo cedíssimo. A escola do meu filho começa às 7:30 da manhã e, quando realiza eventos para os pais, marca-os para antes de as aulas começarem. Penso muitas vezes que, se fosse em Portugal, não apareceria pai nenhum”, conta, a rir. Outro dos programas muito comuns entre os sul-africanos são os barbecues — a que chama braai, que dizem ser a única palavra igual nas onze línguas oficiais do país.

“É o passatempo nacional. Estes braai começam pelo meio da manhã e duram até ao final da tarde. Passa-se o dia na conversa enquanto se grelha carne e bebem-se cervejas”, descreve. Estes programas estão entre os que mais gosta de fazer, assim como aproveitar a natureza e o verde da cidade. “Pretória é famosa pela quantidade de jacarandás, que dão flores lilases durante os meses de setembro e outubro. A cidade fica coberta destas flores, é maravilhoso!” Agora, se é ficar para sempre? Catarina diz que não. A falta de proximidade com o mar e a vontade de andar a pé à vontade podem ditar o regresso ou uma nova partida, mais cedo ou mais tarde.

Sítios a não perder

  • Pretória tem excelentes restaurantes com uma relação qualidade preço fantástica: Kream, Signature, La Madeleine são exemplos para quem estiver com saudades da velha Europa.
  • A visita ao Freedom Park é imperdível. “Para quem gosta de safaris, recomendo a visita a Pilanesberg, que fica muito perto de Pretória, ainda que não substitua a visita ao famoso Kruger”.
  • Recomenda-se também uma visita a Drakensberg, uma região montanhosa magnífica.
  • Não se pode passar na África do Sul sem visitar a Cidade do Cabo e a Garden Route. “Como portuguesa, achei interessantíssimo a visita ao Cabo da Boa Esperança”.
  • Viagem inesquecível? Lesotho. “O Reino do Lesotho é uma enclave na África do Sul. É de uma beleza natural imensa e o turismo é quase inexistente”.

 

 

 

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