S&P: Situação em Portugal ainda é “muito frágil”

Um dos principais responsáveis da Standard & Poor's elogiou os progressos feitos em Portugal, mas alertou que a situação ainda é "muito frágil".

Foi com surpresa que Portugal viu a sua dívida ser retirada do lixo a 15 de setembro. A S&P atalhou o caminho, não subiu o outlook antes de melhorar o rating e surpreendeu os mercados, o que levou os juros da dívida nacional a atingirem mínimos. Esta segunda-feira, em entrevista à Bloomberg, um dos principais responsáveis da agência de notação financeira deu nota positiva ao progresso feito por Portugal.

O chefe do departamento de ratings soberanos garantiu que a subida de Portugal se deveu à ação das autoridades nacionais. “Quando subimos o rating de Portugal de volta para o grau de investimento, [essa decisão] não estava relacionada com a expectativa de haver o apoio de terceiros, outros países ou da União Europeia… Foi o reflexo do progresso que as autoridades fizeram para virar o barco” da economia, explicou Moritz Kraemer, que também já foi analista da economia portuguesa.

Contudo, ao mesmo tempo que deixa elogios, Kraemer também faz um alerta: “A situação continua a ser muito frágil dado que a classificação de Portugal ainda é BBB-, que é o grau de investimento mais baixo”.

A situação continua a ser muito frágil dado que a classificação de Portugal ainda é BBB-, que é o grau de investimento mais baixo.

Moritz Kraemer

Analista da S&P

O analista da S&P prevê que, caso haja mutualização da dívida na zona euro, isso pode vir a ter um reflexo positivo nos ratings dos países da moeda única, inclusive Portugal. No entanto, para Moritz Kraemer, tudo vai depender da forma como essa mutualização avançar.

Há dez dias, a agência de notação financeira tornou-se a primeira, entre as principais, a subir o rating de Portugal, cinco anos após a decisão de colocar a dívida da República no “lixo”. A Standard & Poor’s juntou-se assim à DBRS, até agora a única outra agência de notação financeira reconhecida pela Comissão Europeia que considerava a dívida portuguesa investment grade.

Em declarações ao ECO depois da decisão, o analista da S&P responsável pelo relatório de Portugal, Marko Mrsnik, reconhecia que “é pouco habitual” subir o rating sem mudar o outlook primeiro. Mas também não é algo raro. “Acreditamos que os riscos de uma deterioração significativa das condições de financiamento externo diminuíram. E que o BCE vai garantir uma transição suave para uma política monetária menos acomodatícia”, argumentou Mrsnik.

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