Banca nacional foi a terceira que mais funcionários cortou na Europa

O rácio de trabalhadores da banca portuguesa por 10 mil habitantes caiu 20% entre 2011 e 2016. Apenas a Espanha e a Grécia sofreram quebras maiores, revela estudo da Oliver Wyman.

A crise financeira teve um impacto devastador sobre a banca nacional e Europeia e obrigou a uma reestruturação do setor como um todo. A diminuição do número de trabalhadores e de balcões é um dos espelhos mais visíveis dessa reestruturação. Portugal, foi um dos países mais penalizados neste âmbito a nível europeu. Entre 2011 e 2016, a banca nacional registou a terceira maior quebra no número de trabalhadores, sendo que à sua frente apenas aparecem a Espanha e a Grécia. Ainda assim, Portugal foi o quinto país que mais balcões fechou nesse intervalo de tempo.

De acordo com o estudo, em 2011, por cada dez mil habitantes existiam 56,7 trabalhadores aos balcões da banca nacional. Este número caiu para 45,1 trabalhadores em 2016. Ou seja, trata-se de um quebra de 20%, a terceira maior a nível europeu, tendo em conta um universo de nove países, revela o estudo da Oliver Wyman. Em termos absolutos, isto representa uma diminuição de cerca de 11,6 trabalhadores por cada dez mil habitantes.

Portugal aparece assim em linha com a Holanda, que sofreu a mesma percentagem de perda de funcionários. Naquele país, o rácio caiu dos 63,1 trabalhadores por cada dez mil habitantes para 50,4. Ou seja, menos 12,7 trabalhadores no intervalo de cinco anos.

Apenas a Espanha e a Grécia ficam pior na fotografia. A Grécia figura no topo do ranking de perda de trabalhadores durante o período considerado. O seu rácio de trabalhadores por cada dez mil habitantes era de 50 em 2011, número que baixou para 39,7 em 2016. Ou seja, uma quebra de 27%, correspondente a uma diminuição de 14,3 trabalhadores por cada dez mil habitantes. No caso de Espanha, a redução no rácio ficou na ordem dos 23%, com o rácio a cair de 52,6 para 40,3, entre 2011 e 2016.

O corte no número de trabalhadores foi acompanhado por uma redução do número de balcões sendo que, neste âmbito, Portugal surge um pouco melhor. No conjunto de nove países europeus considerados — Portugal, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Holanda, Chipre, Espanha e Grécia –, Portugal apenas aparece em quinto lugar no ranking de maior perda de balcões.

Evolução do número de trabalhadores e balcões

Fonte: Oliver Wyman | Nota: Os dados do Reino Unido são referentes apenas ao período entre 2012 e 2014, e a nota apresentada para Portugal é um erro gráfico.

O número de balcões bancários existentes em Portugal caiu 21%, entre 2012 e 2016, sendo que o Chipre — o país com maior perda — a quebra foi de 40%. Pior do que Portugal estão ainda a Grécia (-39%), a Holanda (-37%) e a Espanha (-28%).

“No caso português, as medidas foram fortemente influenciadas pelos compromissos assumidos no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira e dos processos de recapitalização pública, refere a Oliver Wyman, para justificar a quebra do número de trabalhadores e de balcões.

Só no ano passado, a banca portuguesa quase duplicou o corte no número de trabalhadores. No total foram mais de dois mil o número de funcionários que saíram da banca nacional em 2016, apenas considerando os cinco principais bancos a operar em Portugal.

Perante este cenário, Rodrigo Pinto Ribeiro, partner da Oliver Wyman afirma que em Portugal, o desafio para o sistema bancário “passa por gerir a conclusão do processo de reestruturação, ao mesmo tempo que são dados passos decisivos para transformar o modelo de negócio e requalificar a própria força de trabalho”. Segundo o partner da Oliver Wyman, esta será a forma de “dar resposta aos desafios colocados pelas expectativas dos clientes e pela evolução tecnológica”.

(Notícia atualizada às 12h10 com mais informação)

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