“Aqui cada um de nós tem de ser um homem de negócios”

Carlos Figueiredo esteve durante 29 anos na Jerónimo Martins. Este ano bateu à porta das três maiores sociedades de advogados e foi a PLMJ que o escolheu.

Em abril de 2008, Carlos Figueiredo ocupava o cargo de diretor jurídico da Jerónimo Martins. José Soares dos Santos, um dos filhos de Alexandre Soares dos Santos, chama-o ao gabinete e anuncia que o diretor de recursos humanos vai sair para a TAP. “Nunca fui uma pessoa ponderada. Ali, em 15 minutos, decidi: posso e vou acumular as funções”. Esta foi uma das inúmeras decisões que tomou sem pensar mas de que nunca se arrependeu. Licenciado em direito, foi jornalista, diretor do departamento jurídico ou ainda diretor de recursos humanos. Este ano saiu fora da caixa. Bateu à porta das três maiores sociedades de advogados e foi a PLMJ que o escolheu para consultor.

A Advocatus foi conhecer o homem que, em maio deste ano, foi contratado pelo maior escritório de advogados – a PLMJ – como consultor. “Fui diretor de recursos humanos, diretor da área jurídica, membro de comissão executiva, secretário da sociedade, diretor de comunicação, conselheiro da administração, estive no estrangeiro e sobretudo em Portugal”, explica quase sem fôlego Carlos Figueiredo, que durante 29 anos esteve vinculado à Jerónimo Martins.

Privou com Alexandre Soares dos Santos e trabalhou lado a lado com o filho, José Soares dos Santos. O advogado decidiu, no ano passado, que estava na altura de sair da caixa e mudar de vida. Embora, formalmente, só se desvincule da empresa em janeiro de 2018. “Não que não estivesse confortável na Jerónimo Martins mas achei que este era o momento”. Passo seguinte? Bater, literalmente, à porta das três maiores sociedades de advogados. Ninguém o conhecia assim tão bem, tinham apenas contatos profissionais pontuais. Carlos Figueiredo falou com Luís Pais Antunes, da PLMJ, com João Vieira de Almeida (da Vieira de Almeida & Associados) e com Carlos Botelho Moniz (da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados).

Foi ao que chamou de verdadeiras “entrevistas de trabalho”. E depois acabou por ser o maior escritório de advogados – fundado por José Miguel Júdice há quase 50 anos -que o ‘acolheu’ e aceitou o desafio. “Com a PLMJ tive algumas conversas durante praticamente mês e meio. E foi a sociedade de advogados que mais rapidamente me disse: temos interesse em enquadrá-lo como off counsel”. O advogado achou “perfeito” porque na verdade não tinha como objetivo tornar-se sócio.

A energia de Carlos Figueiredo é revelada não só pelo extenso currículo (como profissional multi task) mas também logo nos primeiros cinco minutos de conversa com a Advocatus. Assume ter “jeito para lidar com pessoas” e sente-se inspirado e motivado pela família: a mulher e os seus quatro filhos (cujas idades vão dos seis meses aos 18 anos). E revela que a “a sua vida não piorou em termos de ritmo” mas faz uma crítica implícita aos advogados e à sua forma de trabalhar: “o ambiente é bom, a forma de trabalhar é completamente diferente. Daquilo que me foi dado a ver, a forma de trabalhar das sociedades de advogados é diferente. A forma de processar o trabalho é muito mais individual. É muito menos coletivo.

Nas empresas temos muito mais contactos, muito mais informação”. O advogado acrescenta ainda que “a tomada de decisão em si é mais coletiva”. Fazendo um pouco de futurologia, acredita que “o futuro vai ser mais próximo daquilo que as empresas hoje fazem”. Mas foi precisamente isso – “essa transição, essa transformação” – que é um desafio para Carlos Figueiredo. Sem qualquer preconceito assume adorar “cash” e diz que essa é uma das motivações do trabalho que faz. “Gosto de estar numa empresa que dá lucro, em que há retorno!”. Quanto à PLMJ admite que o seduziu “a sua dimensão, a sua perspetiva e filosofia de trabalho e o ter uma perspetiva e modelo de gestão de cliente”.

Cujo lema é: “aqui, cada um de nós tem de ser um homem de negócios”. Business development foi também o que o trouxe ao escritório onde já está atualmente. Ou seja: “pensar o negócio, soluções de negócio que funcionem para darem resultados, é convencer, é vender, é ganhar a confiança dos clientes. Vender é um tema muito forte. Aqui ninguém gosta mas eu gosto!”. Admite que ficou surpreendido quando Luís Pais Antunes lhe deu o ok: “por nós está feito! Vou apenas levar ao Conselho de Administração”. Carlos Figueiredo: “é normal porque não é muito óbvio que uma sociedade com 300 advogados e com 58 sócios me quisesse”. Até porque, com toda a humildade, sublinha que não levou nenhum cliente para a PLMJ. Trago ‘apenas’ a minha cabeça e a minha experiência empresarial”. E que não é pouco.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

“Aqui cada um de nós tem de ser um homem de negócios”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião