Bolsa desperta sem grandes sobressaltos

Num arranque de sessão tranquilo em Lisboa, os ganhos da EDP Renováveis e da Corticeira Amorim eram insuficientes para um despertar mais animado entre os investidores do PSI-20.

EDP Renováveis e Corticeira Amorim estavam entre as cotadas em terreno positivo no arranque da sessão esta manhã, depois de ambas terem sido incluídas no lote de preferidas para o BPI este ano. Ainda assim, o desempenho das duas empresas que também fazem parte do conjunto das eleitas para o CaixaBI é insuficiente para animar a bolsa de Lisboa, que acordou sem grande sobressaltos esta terça-feira.

O PSI-20, o principal índice português, perde ligeiros 0,09% para 4.555,83 pontos. A maior queda pertencia à Semapa, cujos títulos descem mais de 1% para 12,72 euros. Também a Navigator via os seus papéis desvalorizarem 0,9%, ao mesmo tempo que a Mota-Engil cede 0,8%.

Do lado positivo, a EDP Renováveis soma 0,1% para 5,72 euros. E a Corticeira Amorim também seguia entre os destaques positivos: as ações da produtora de rolhas de cortiça avança 0,66%.

“A performance do mercado nacional deverá ser influenciada pelos diferentes eventos previstos para o dia de hoje no cenário internacional, para além do comportamento de algumas ações mais específicas”, referiram os analistas do BPI no seu Diário de Bolsa, destacando a Corticeira Amorim e a EDP Renováveis, cotadas que entraram no lote das favoritas para o BPI Equity Research após revisão em alta das estimativas para ambas as empresas.

Com o aumento de capital em curso, o BCP mantém-se debaixo de olho dos investidores. No início do próximo mês serão lançadas no mercado mais 14 mil milhões de novas ações para concluir o reforço de capitais que poderá contar com a participação de um acionista histórico, Joe Berardo, que considerou ao ECO que a operação é “um bom negócio”. Ainda assim, as ações do banco liderado por Nuno Amado descem mais de 1%. E os direitos que conferem 15 novas ações cedem 2,6%.

Lá por fora, o tom é diferente. Há algum otimismo entre os investidores, à espera da divulgação de importantes indicadores macroeconómicos. Este sentimento positivo tinha reflexo nos ganhos de 1,3% em Milão ou 0,2% em Madrid e Frankfurt.

Dizem os analistas do BPI: “Em termos macroeconómicos, para além dos indicadores agendados (índices PMI na Zona Euro), os dois eventos marcados para hoje têm contornos mais políticos, mas que terão certamente um impacto indireto nos mercados financeiros”. E lembram ainda a decisão que o Supremo Tribunal britânico irá anunciar esta manhã acerca da decisão, em dezembro, de um Tribunal de Londres que determinou que o Governo não poderia ativar o artigo 50 e pedir a saída da União Europeia sem consultar previamente o Parlamento.

(Notícia atualizada às 8h23)

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Responsável do Tesouro americano: “Dólar excessivamente forte” afeta economia

Novo responsável pela pasta do Tesouro reforça especulação de que a Administração Trump deverá retirar o apoio à divisa norte-americana perante a valorização acentuada do dólar desde as eleições.

Com a nota verde em máximos de mais de uma década face ao euro, o novo responsável do Tesouro norte-americano considerou que um “dólar excessivamente forte” poderá ter um efeito de curto prazo negativo na economia.

“A força do dólar tem estado historicamente ligada à força da economia norte-americana e à crença dos investidores na capacidade de fazer negócios nos EUA”, referiu Steven Mnuchin, o secretário de Estado do Tesouro nomeado por Donald Trump, numa resposta por escrito a um senador quando questionado sobre as implicações de uma eventual valorização de 25% do dólar. “De tempos a tempos, um dólar excessivamente forte poderá ter implicações de curto prazo negativas na economia”, frisou Mnuchin, citado pela agência Bloomberg.

O dólar caiu para um mínimo de mais de seis semanas após as declarações de Mnuchin, seguindo a negociar acima dos 0,93 euros, quando muitos analistas apontam para uma paridade entre as duas moedas a acontecer este ano em virtude dos ciclos monetários divergentes nos dois blocos e do plano orçamental prometido por Trump. As declarações do próximo titular da pasta do Tesouro americano — o equivalente ao ministro das Finanças — constavam das respostas de Mnuchin a perguntas colocadas pelos senadores na semana passada.

"A força do dólar tem estado historicamente ligada à força da economia norte-americana e à crença dos investidores na capacidade de fazer negócios nos EUA.”

Steven Mnuchin

Secretário de Estado do Tesouro dos EUA

O comentário do secretário de Estado vai ao encontro da preocupação de Trump, que também já declarou que a divisa norte-americana se encontra num nível muito elevado face a outras moedas, intensificando a especulação de que a nova administração poderá reverter a política cambial de suporte à nota verde.

O antigo banqueiro do Goldman Sachs adiantou ainda que “um dólar forte aumenta o poder de compra do consumidor norte-americano”. Além disso, “na medida que o dólar ganha terreno face a outras moedas, os ativos negociados em outras divisas seriam mais baratos na perspetiva do dólar”.

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Acionista chinês da TAP compra posição maioritária em fundo criado por assessor de Trump

  • Lusa
  • 24 Janeiro 2017

O grupo chinês HNA, acionista da TAP, acordou comprar uma participação maioritária num fundo de investimento fundado por um dos assessores de Trump.

O grupo chinês HNA, acionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul, acordou comprar uma participação maioritária num fundo de investimento fundado por um dos assessores do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Segundo o jornal oficial China Daily, o fundo SkyBridge Capital, que detém uma carteira de ativos avaliada em 12.000 milhões de dólares, anunciou que venderá a maioria das suas ações à subsidiária da HNA nos Estados Unidos e ao conglomerado RON Transatlantic.

O acordo prevê que Anthony Scaramucci, que representou a equipa de transição de Trump no Fórum Económico Mundial de Davos, na semana passada, deixará a empresa, enquanto a sua equipa será mantida.

Anthony Scaramucci, SkyBridge Capital Founder and aide to U.S. President-elect Donald Trump, gestures as he speaks during a panel session at the World Economic Forum (WEF) in Davos, Switzerland, on Tuesday, Jan. 17, 2017. World leaders, influential executives, bankers and policy makers attend the 47th annual meeting of the World Economic Forum in Davos from Jan. 17 - 20. Photographer: Jason Alden/Bloomberg
Anthony Scaramucci, fundador da SkyBridge Capital Founder e assessor do Presidente Donald Trump, durante uma painel no Fórum Económico Mundial de Davos. Jason Alden/Bloomberg

“O nosso investimento na SkyBridge é um importante passo na estratégia da HNA Capital para construir um negócio global de gestão de ativos”, assinalou o conselheiro delegado da HNA Capital, Yang Guang, citado pelo China Daily.

A HNA detém indiretamente cerca de 20% do capital da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e de 7% na Atlantic Gateway.

Em fevereiro, a firma chinesa comprou a distribuidora de tecnologia norte-americana Ingram Micro, por 6.000 milhões de dólares, e acordou pagar 1,3 mil milhões de euros pela Gategroup, a segunda maior empresa de “catering” de aviões do mundo.

O grupo, que atua nas áreas de turismo, aviação, imobiliário e logística, acordou ainda, em outubro passado, pagar 6.500 milhões de dólares ao fundo Blackstone por 25% do capital da cadeia hoteleira norte-americana Hilton.

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Chumbo da TSU: Fundo de despedimentos pode ser alternativa para o patronato

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 24 Janeiro 2017

Se a descida da TSU for chumbada, como tudo indica, os patrões vão querer pensar em alternativas. Fundos destinados a pagar parte das compensações por despedimento podem estar na mesa.

A descida da Taxa Social Única (TSU) para empresas com salários mínimos ainda nem chegou ao terreno mas tudo indica que ficará pelo caminho já na quarta-feira, a avaliar pela posição assumida pelos partidos mais à esquerda e pelo PSD. Para já, os patrões não assumem um plano B, mas há algumas medidas que podem vir a ser consideradas se aquele cenário se concretizar.

Uma delas tem a ver com os fundos destinados a pagar parte das compensações por despedimento, apurou o ECO. O Fundo de Compensação do Trabalho (FCT) obriga as empresas a descontar 0,925% do vencimento base e diuturnidades dos trabalhadores contratados a partir de outubro de 2013 (excluindo vínculos inferiores a dois meses). Acresce um desconto de 0,075% para o Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho (FGCT), de cariz mutualista.

O próprio acordo tripartido que prevê o aumento do salário mínimo de 530 para 557 euros — e a baixa da TSU para empresas que suportam esta subida — também admite “apreciar, com base numa proposta do Governo, uma revisão do enquadramento normativo e do funcionamento do Fundo de Compensação do Trabalho, visando uma melhor adequação aos objetivos que presidiram à sua criação”.

A capitalização deste instrumento é muito superior ao seu histórico de utilização e, portanto, há medidas que podem ser equacionadas, justifica o patronato. Entre elas está a possibilidade de as empresas suspenderem as entregas ou até de verem devolvidos os montantes pagos, por exemplo.

Em dezembro, o valor de mercado do FCT ascendia a 106,3 milhões de euros. Mas em setembro do ano passado a dívida ao fundo também se aproximava dos seis milhões de euros, conforme noticiou o Correio da Manhã.

Os patrões também já defenderam a estabilidade da legislação laboral e, entretanto, surgiram outras medidas no debate público.

PCP e Bloco já defenderam uma descida do Pagamento Especial por Conta ou dos custos de contexto, por exemplo, mas rejeitam que esteja em causa uma contrapartida ao aumento do salário mínimo. O CDS também apresentou medidas, nomeadamente a redução da TSU em 0,75 pontos percentuais para empresas com salários mínimos, prolongando a medida temporária que ainda vigora.

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Receitas da venda da Comporta arrestadas em Portugal

  • ECO
  • 24 Janeiro 2017

Os bens do Grupo Espírito Santo podem ser vendidos mas as receitas têm de ficar em Portugal. O mesmo se aplica à alienação de propriedades no Brasil.

As receitas da venda da Herdade da Comporta vão ser alvo de arresto de forma a permanecerem em Portugal, escreve esta terça-feira o Jornal de Negócios. O dinheiro da venda do fundo de investimento vai ser “depositado numa conta bloqueada pelas autoridades portuguesas”, lê-se no relatório dos curadores de insolvência da sociedade Rioforte, citado pelo Negócios — condição obrigatória para a alienação da herdade do Grupo Espírito Santo (GES).

O fundo de investimento da Herdade da Comporta gere os projetos turísticos e imobiliários, e era controlado pela Rioforte, pertencente ao GES. A sua alienação começou em setembro, quando se soube que as propostas de aquisição da posição da Rioforte na Comporta tinham o prazo de novembro para serem entregues, sem que tenha havido novidades no processo de venda entretanto.

Também vai ser realizado o arresto das receitas das vendas das ações da Herdade da Comporta – Atividades Agrosilvícolas e Turísticas, que gere os arrozais, venda essa que está a ser preparada, assim como a da ES Property, cuja alienação está “suspensa”.

No Brasil, a alienação da Companhia Brasileira de Agropecuária – Cobrape tinha sido suspensa no ano passado, mas com o relatório dos curadores de insolvência pôde retomar sob as condições de as receitas serem igualmente arrestadas e regressarem às autoridades portuguesas.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

O Supremo Tribunal britânico decide hoje se Theresa May pode, ou não, avançar com o processo do Brexit sem a aprovação do Parlamento. Os EUA ficam a conhecer novas previsões para a economia.

O Reino Unido — e a União Europeia — ficam hoje a saber se Theresa May pode ou não avançar com o processo do Brexit sem a autorização do Parlamento. Nos Estados Unidos, serão divulgadas as mais recentes previsões para a economia norte-americana e, por cá, será divulgado o último índice PMI, que mede a saúde da economia da Zona Euro.

May pode ou não avançar com o Brexit?

É um dia chave para o desenrolar do processo de saída do Reino Unido da União Europeia. O Supremo Tribunal britânico decide hoje se a primeira-ministra, Theresa May, pode, legalmente, avançar com o processo do Brexit sem a aprovação do Parlamento. A decisão surge numa altura em que já todos estão a preparar-se para a saída dos britânicos. Na semana passada, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, referiu que a prioridade agora é minimizar o impacto do Brexit.

Economia da Zona Euro continua a recuperar?

A economia da zona euro terminou 2016 com a expansão mais acelerada em cinco anos, segundo o índice de compra de gestores (PMI, na sigla em inglês). A IHS Markit divulga hoje o índice de janeiro e, segundo os analistas consultados pela Bloomberg, deverá haver nova subida, mas o mais importante será haver sinais de que a inflação está a subir. A inflação da Zona Euro fixou-se em 1,1% em dezembro, sendo que o objetivo do Banco Central Europeu (BCE) é chegar aos 2%. Um aumento do preço de produção poderá ser um indicador de que a região está a aproximar deste objetivo, e será isso que o BCE vai procurar.

EUA divulgam previsões para a economia

O Departamento de Orçamento do Congresso norte-americano divulga hoje o seu relatório anual, com as previsões para o crescimento da economia até 2027. O relatório sai na primeira semana da nova administração Trump, numa altura em que o 45.º presidente dos Estados Unidos começa a avançar com as primeiras (e polémicas) medidas, como a saída dos EUA do Tratado Transpacífico ou a renegociação do acordo de comércio livre assinado entre os EUA, Canadá e México (o chamado NAFTA).

Samsung resiste às baterias?

A Samsung divulga os resultados financeiros do ano passado, marcado pelo fiasco do Galaxy Note 7. A tecnológica sul-coreana foi forçada a terminar a produção do último smartphone depois dos vários casos em que as baterias sobreaqueciam e pegavam fogo. O incidente custou à empresa mais de seis mil milhões de euros, mas, ainda assim, a empresa apresentou resultados preliminares superiores a 7 mil milhões de euros no último trimestre do ano, fazendo antever mais um ano de crescimento para a Samsung.

Faria de Oliveira responde aos deputados

Continua a saga da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Desta vez, o auditado é Fernando Faria de Oliveira, antigo presidente do banco público e atual presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB). A sessão de hoje da CPI vai ainda abordar um ponto que poderá mudar o rumo dos próximos inquéritos: vai ser conhecido o Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, que determinou o levantamento do sigilo bancário dos antigos responsáveis da CGD, e que os obriga a entregarem todos os documentos solicitados pelos deputados. Neste âmbito, os deputados vão ainda discutir a recusa de António Domingues em entregar os emails trocados com o Ministério das Finanças.

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Sobreendividamento: Pedidos de ajuda à Deco atingem recorde à custa da precariedade

O gabinete de apoio ao sobreendividado da Deco recebeu 29.530 pedidos de ajuda. Trata-se do número mais elevado desde a chegada da troika a Portugal, em 2011.

Os sinais de melhoria da situação económica do país não estão a ser suficientes para travar os problemas de sobre-endividamento de muitas famílias portuguesas. Dados facultados ao ECO pela Deco, indicam que o Gabinete de Apoio ao Sobreendividado (GAS) da associação de consumidores recebeu, em 2016, um total de 29.530 pedidos de ajuda por parte de famílias em situação económica difícil. Este número é o mais elevado desde que a troika chegou a Portugal, em 2011. A culpa é da precariedade.

Foram mais 474 pessoas que recorreram ao apoio do GAS, face ao total de 29.056 famílias que o tinham feito em 2015. Natália Nunes não se mostra surpreendida com o número recorde de pessoas que pediram ajuda ao gabinete que lidera no ano passado. A coordenadora do GAS atribui esse acréscimo ao facto de haver muitas famílias que não viram ainda a sua situação financeira melhorar. “Verdadeiramente, a situação financeira de muitas famílias ainda não se alterou apesar das melhorias das condições de vida e de emprego no país”, diz Natália Nunes.

Apesar da queda do desemprego, muitas pessoas que regressam ao trabalho estão a fazê-lo em situações muito precárias, o que acaba por ser gerador de novas situações de sobre-endividamento.

Natália Nunes

Coordenadora do GAS da Deco

De salientar que a taxa de desemprego tem vindo a cair. Os últimos dados disponibilizados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) nesta segunda-feira, indicam que em dezembro, o número de desempregados inscritos nos centros de emprego manteve a tendência de queda, baixando 13,1% em termos homólogos, para 482.556 pessoas, com 2016 a terminar com menos 87.824 desempregados face a janeiro do mesmo ano.

Os números do GAS parecem também contrariar os dados que apontam uma quebra do número de famílias em incumprimento registada no ano passado. Os últimos dados disponíveis na Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal, indicam que no final do terceiro trimestre de 2016, havia pouco mais de 613 mil famílias com pelo menos uma prestação em atraso perante as instituições financeiras, o que representa o nível mais baixo desde antes da crise que atirou o país para o resgate.

Pedidos de ajuda e processos abertos em 2016

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GAS| Deco

Natália Nunes salienta, contudo, que “apesar da queda do desemprego, muitas pessoas que regressam ao trabalho estão a fazê-lo em situações muito precárias, o que acaba por ser gerador de novas situações de sobre-endividamento”, o que suporta o aumento do número de pedidos de ajuda registado em 2016. A coordenadora do GAS lembra que são precisamente as situações de desemprego e de deterioração das condições laborais, as que mais pesam no total de pedidos de ajuda que recebe, representando respetivamente 29% e 22% das situações. Ou seja, estiveram na base de mais de metade dos pedidos de ajuda. Seguem-se as penhoras, com 14%, e as situações de alteração do agregado familiar e o divórcio, cada uma contribuindo com 11% das situações reportadas à Deco.

Causas para os pedidos de ajuda

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GAS|Deco

Deco consegue ajudar cada vez menos famílias

O aumento dos pedidos de ajuda por parte de famílias ensombradas pelo fantasma do sobre-endividamento, não está contudo a ser correspondido, na mesma medida, no que respeita ao número de agregados que a associação de consumidores consegue apoiar. Em 2016, o GAS apenas conseguiu abrir 2.715 processos de sobre-endividamento. Ou seja, apenas em 9,2% do total de 29.530 pedidos de ajuda, o gabinete liderado por Natália Nunes considerou haver condições para encontrar um desfecho positivo. Aquilo que o GAS faz é identificar as situações onde ainda considera existirem condições de renegociação de dívidas e apoiá-las no processo negocial com as instituições financeiras, que permita atingir um desfecho positivo.

"A situação financeira das famílias não é a melhor. A maior parte das situações que nos chegam não apresentam viabilidade. É cada vez maior a diferença entre o número de pedidos de ajuda e aqueles que conseguimos dar seguimento.”

Natália Nunes

Coordenadora do GAS da Deco

A proporção de processos abertos em 2016 (9,2%), face ao total de pedidos de ajuda, é o mais baixo desde 2013, ano em que a Deco conseguiu que 13,8% dos pedidos de ajuda fossem correspondidos. “Este indicador é mais uma indicação que mostra que a situação financeira das famílias não é a melhor. A maior parte das situações que nos chegam não apresentam viabilidade. É cada vez maior a diferença entre o número de pedidos de ajuda e aqueles que conseguimos dar seguimento”, justifica Natália Nunes.

Os baixos salários são, segundo a especialista da Deco, uma das principais razões de preocupação. “Tratam-se de rendimentos muito baixos — salários mínimos ou pouco mais do que isso — que não permitem fazer face aos compromissos”, diz a responsável do GAS. Os dados deste gabinete indicam que 60% dos sobre-endividados que procuram a Deco têm um rendimento mensal inferior a 1.060 euros, sendo que para 17% das famílias o rendimento do agregado não atinge sequer os 530 euros.

Pedidos de ajuda por patamares de rendimento

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GAS|Deco

Natália Nunes considera que os sinais não são muito favoráveis a um recuo do sobre-endividamento. “A situação das famílias não está melhor, sendo a questão das penhoras da primeira morada das famílias um dos aspetos que continua a ser preocupante”, diz Natália Nunes, acrescentando que os dados com que se tem confrontado já em 2017 não são muito animadores. “Tomando apenas o mês de janeiro, a verdade é que continuamos a ver um número muito grande de famílias a pedir-nos ajuda e com situações idênticas às que já se verificavam em 2016. E tendo como base precisamente o que se passava em 2016, não cremos para já que vá diminuir o número de famílias em dificuldade“, remata Natália Nunes.

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Domingos Pereira baralha geringonça de Costa

  • ECO
  • 23 Janeiro 2017

O deputado vai demitir-se do Partido Socialista. Mantém-se no Parlamento, mas como independente. Em caso de abstenção do PCP, o Governo fica sem maioria para aprovar leis.

António Costa pode vir a ter mais uma dor de cabeça. É que Domingos Pereira, socialista eleito pelo círculo eleitoral de Braga, vai abandonar o partido. Vai entregar o cartão de militante do PS, mas fica no Parlamento. Dessa forma, complica as contas da geringonça na aprovação de legislação sempre que o PCP tenha uma posição diferente.

De acordo com a SIC, Domingos Pereira vai demitir-se do Partido Socialista e entregar o cartão de militante. Na base desta decisão está, avança a estação de Carnaxide, está o facto de o deputado se ter desentendido com a direção nacional do partido que não apoiou a sua candidatura à Câmara Municipal de Barcelos.

A saída é relevante porque vem pôr em causa a força da geringonça no Parlamento. Até agora, numa situação em que o PCP votasse contra ou se abstivesse, o Governo conseguia fazer passar as suas propostas com uma maioria por um voto, contando para tal com o apoio do Bloco de Esquerda, Os Verdes e o deputado do PAN. Vencia por 108 contra 107 deputados.

Ao abandonar o PS, mantendo-se como independente na Assembleia da República, Domingos Pereira deixa de estar obrigado à disciplina partidária. Assim, com uma abstenção do PCP, por exemplo, o Governo corre o risco de ficar dependente da posição do deputado para conseguir aprovar as medidas pretendidas.

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PS: Se TSU chumbar, Governo procurará alternativa

  • Lusa
  • 23 Janeiro 2017

Carlos César assumiu esta posição perante os jornalistas, no final de uma reunião com o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, na Assembleia da República.

O líder parlamentar socialista afirmou esta segunda-feira que se a descida da Taxa Social Única (TSU) for chumbada na quarta-feira, o Governo procurará uma alternativa com os parceiros políticos da esquerda e com os parceiros sociais.

Em relação à possibilidade de a medida acordada pelo Governo de descer a TSU dos empregadores em 1,25 pontos percentuais cair na quarta-feira, no parlamento, o presidente do PS admitiu que, se esse cenário se confirmar, cabe ao executivo respeitar a decisão maioritária da Assembleia da República.

“Se a decisão for a de terminar a solução adotada de diminuir a TSU, o Governo certamente, em diálogo com os parceiros parlamentares que o apoiam e com os parceiros sociais, encontrará uma solução que dê também aos nossos empresários confiança e estímulo para a sua dinamização económica”, respondeu o presidente do grupo parlamentar do PS.

Confrontado com as propostas alternativas apresentadas pelo Bloco de Esquerda para compensar sobretudo as pequenas e médias empresas pela não aplicação da descida da TSU, como a redução dos custos da energia para as empresas ou uma diminuição dos pagamentos especiais por conta, Carlos César não se vinculou a qualquer uma delas e até admitiu dificuldades no que respeita a uma maior redução da fatura energética.

Carlos César começou por admitir que “há áreas em que é possível avançar mais nesta fase e outras em que não é possível avançar tanto”. “Talvez no caso da fatura energética não seja possível agora dar um passo significativo. Vamos aguardar a decisão da Assembleia da República e, depois, o Governo assumirá as suas responsabilidades”, insistiu.

Perante os jornalistas, o presidente do PS defendeu a tese de que só há polémica em torno da descida da TSU para os empregadores “por uma boa razão para centenas de milhares de portugueses”.

“Estamos aqui a falar porque o Governo do PS aumentou o salário mínimo nacional [para 557 euros], porque fizemos algo que não aconteceria se tivéssemos um executivo do PSD e do CDS-PP. Portanto, o que de bom resulta deste processo é a decisão do Governo do PS de aumentar o salário mínimo, melhorando a vida de milhares e milhares de famílias em Portugal”, alegou o líder da bancada socialista.

Em relação à descida da TSU como compensação pelo aumento do salário mínimo, o presidente do grupo parlamentar do PS considerou que “é importante mobilizar os empregadores e as empresas para as suas responsabilidades sociais”. “É importante transmitir aos nossos empresários, sobretudo aos das pequenas empresas com maiores dificuldades na sua adequação a um novo nível de despesa salarial, a confiança do Estado nessa sua nova conduta em termos de responsabilidade social”, alegou também Carlos César.

O presidente do PS advogou ainda que se verifica neste momento uma fase de “alguma densidade” por parte da comunicação social e de algum “alarido” por parte dos partidos políticos, com “extrapolações para a situação de estabilidade política em Portugal”. “Uma situação de estabilidade política sucessivamente confirmada. Mas, a verdade, é que só estamos aqui a discutir tudo isto por uma excelente e belíssima razão, que foi a decisão do Governo de aumentar salário mínimo nacional”, frisou o líder da bancada socialista.

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Betfair perde 5 milhões com a vitória da Trump

É consensual que a vitoria de Trump, vista da Europa, foi inesperada. Uma casa de apostas irlandesa acreditava tanto que esse cenário não se ia realizar que deu dinheiro a quem apostava em Clinton.

Estava convencido que Hillary Clinton ia ganhar as eleições norte-americanas? A Betfair também, mas perdeu cinco milhões de libras por causa disso, o que a levou a cortar a perspetiva de lucros para o ano de 2016. O resultado das eleições não só baralhou a política internacional como estragou as contas da empresa irlandesa.

A vitória do já empossado presidente dos Estados Unidos da América causou problemas à Paddy Power Betfair. A empresa de apostas culpou o “pouco expectável resultado das eleições nos EUA” custou à empresa cerca de 5,78 milhões de euros com as despesas que teve com quem apostou na vitória de Donald Trump, explica o comunicado da empresa.

O problema agravou-se porque a empresa decidiu pagar aos apostadores em Hillary Clinton antes de as urnas fecharem, assumindo que a candidata democrata iria vencer. No total foram 800 mil libras. Ainda assim, “o impacto na rentabilidade destes resultado foi parcialmente compensada por custos com staff e marketing mais baixos do que o previsto”, escreve a Paddy Power Betfair.

Um mês antes das eleições, Trump tinha 14% de hipóteses de ganhar, dizia a Betfair. Porquê? A data coincidia com a divulgação de uma gravação em que o então candidato às eleições denegria a imagem das mulheres e na qual se ouviu a frase “Grab them by the pussy”. Mesmo com a reabertura da investigação do FBI aos servidores dos emails privados, Hillary Clinton aparecia com 74% de hipóteses de vencer, relembra o The Guardian.

Uma vitória improvável acaba por beneficiar muito poucas pessoas. Se existirem muitas apostas num resultado improvável, como era o caso de Trump, um “outsider”, então a empresa costuma limitar os ganhos potenciais dessa aposta. No caso de Trump, as casas de apostar não acreditaram nas probabilidades do candidato republicano ganhar e não fizeram o ajuste.

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Saída do Tratado Transatlântico assusta Wall Street

As bolsas norte-americanas caíram no dia em que Donald Trump ordenou a saída do Estados Unidos do Tratado Transatlântico. Preço do petróleo, em queda, também pesou na sessão.

As bolsas norte-americanas estão a corrigir dos máximos históricos atingidos após a eleição de Donald Trump. O magnata tomou posse na última sexta-feira e já começou a trabalhar, assinando uma ordem que imediatamente desvinculou os Estados Unidos do Tratado Transpacífico. Políticas que começam a pesar junto dos investidores, tal como declarações recentes de Trump sobre a implementação de um “enorme” imposto aduaneiro e da renegociação do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio.

Neste contexto, o S&P 500 fechou a perder 0,26% para 2.265,31 pontos e, dos três principais índices, foi o que mais caiu na sessão desta segunda-feira. O industrial Dow Jones encerrou nos 19.789,71 pontos com uma queda de 0,19% e o tecnológico Nasdaq caiu 0,05% para 5.552,47 pontos.

O dia foi de perdas sobretudo para o setor industrial e para as energéticas, estas últimas pressionadas por uma nova derrapagem no preço do petróleo e acompanhando a tendência das homólogas deste lado do Atlântico. Em causa, a incerteza quanto ao cumprimento do acordo alcançado pela OPEP para cortar na produção da matéria-prima. O barril negoceia-se em Nova Iorque a 52,82 dólares, uma queda intradiária de 0,75%.

No campo das tecnológicas, destaque para as ações da Yahoo que, no dia em que se soube que o regulador norte-americano dos mercados abriu uma investigação para apurar se a empresa violou ou não a lei relativamente à divulgação de informação sobre os ataques informáticos de que foi alvo, conseguiram fechar no verde. Os títulos da empresa valorizaram 0,87% para 42,42 dólares.

Em contrapartida, destaque negativo para as ações da Qualcomm, que está a ser alvo de três ações judiciais por alegadas ilegalidades na forma como licenceia tecnologia para as fabricantes de telemóveis. No sábado, foi a vez de a Apple se juntar às autoridades sul-coreanas e estadunidenses, ambas a investigar a fabricante de processadores pelos mesmos motivos. Os títulos da empresa derraparam 12,56% para 54,98 dólares.

Por fim, o dia também ficou marcado pela apresentação de resultados pouco animadores por parte da McDonald’s, cujas ações derraparam 0,75% para 121,36 dólares nesta primeira sessão da semana. As vendas da conhecida cadeia de restauração caíram pela primeira vez em seis trimestres.

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Ecclestone anuncia ter sido afastado de funções na Fórmula 1

  • Lusa
  • 23 Janeiro 2017

“Hoje fui destituído. É oficial. As minhas funções foram assumidas por Chase Carey”, disse o antigo homem forte da prova rainha do desporto automóvel.

O britânico Bernie Ecclestone anunciou hoje ter sido afastado das funções de diretor-executivo da Fórmula 1, sendo substituído no cargo por Case Carey, um norte-americano que liderava a produtora de filmes 21st Century Fox.

“Hoje fui destituído. É oficial. As minhas funções foram assumidas por Chase Carey”, indicou Ecclestone em declarações à publicação “Auto Motor und Sport”.

Ecclestone já tinha admitido em setembro do ano passado abandonar a Fórmula 1 devido a problemas com a Liberty Media, empresa do magnata norte-americano John Malone que comprou os direitos do Campeonato do Mundo da modalidade rainha do desporto automóvel por oito mil milhões de dólares (cerca de sete mil milhões de euros).

A venda da Fórmula 1 à Liberty Media foi oficialmente aprovada na semana passada pela Federação Internacional do Automóvel (FIA).

O empresário britânico, de 85 anos, mostrou-se então desagradado com algumas das decisões de Malone, sobretudo por ter nomeado Chase Carey como presidente – passando Ecclestone, até então ‘patrão’ da Fórmula 1, a diretor-executivo.

“Graças a Deus que não preciso do dinheiro, não preciso de um emprego e, se eu achar que as decisões que estão a ser tomadas não são as corretas, desapareço de certeza”, afirmou então Ecclestone.

Em declarações à “Auto Motor und Sport”, Ecclestone indicou, no entanto, que se manterá ligado à Fórmula 1 como “presidente honorário”.

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