TSU vai morrer. Qual o plano B de cada partido

Marcelo quer plano B, mas Governo diz que não tem um. BE e PCP apontam para uma redução do pagamento especial por conta, mas rejeitam falar em "compensação". Os ministros reúnem-se na quinta-feira.

Uma redução ainda superior do Pagamento Especial por Conta é a medida apoiada à esquerda para compensar as empresas. A palavra “compensação” é proibida no discurso do PCP e BE, mas esta é uma alternativa que isoladamente poderia passar no Parlamento. Sem a ajuda do PSD e o CDS com propostas próprias, o PS tem mesmo de garantir a coesão da gerigonça. Este domingo o Presidente da República avisou que “ainda a procissão vai no adro”.

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O Partido Social Democrata entrou em 2017 recusando-se ser novamente a “muleta” do Governo, ajudando o PS a passar certas medidas que não agradam ao PCP e BE, mas às quais o PSD se abstém ou aprova, como foi o caso do Banif, logo no início do mandato. Com o grupo parlamentar social-democrata a votar contra — “O PSD é contra que o aumento do salário mínimo seja subsidiado pelo Estado”, afirmou Luís Montenegro na semana passada –, a esperança do Governo é tentar encontrar um plano B que possa salvar o acordo de concertação social e que no Parlamento tenha o respaldo dos comunistas e bloquistas.

Ontem, em entrevista à SIC, Marcelo Rebelo de Sousa deu a entender que poderia existir uma alternativa à baixa da TSU: “Está por provar que o efeito útil não pode ser atingido por outra via”, afirmou. Ou seja, para o Presidente da República é claro que existe outra compensação possível para além da TSU. “Esperar para ver. Ainda a procissão vai no adro”, acautelou Marcelo, podendo estar para breve a revelação do plano B do Governo.

As hipóteses do Governo à esquerda

Jerónimo de Sousa chegou-se à frente este domingo. “Se querem fazer bem às micro, pequenas e médias empresas reduzam mais o PEC e eliminem-no no ano que vem”, afirmou o líder do PCP. O desafio dos comunistas ao Governo vai mais longe: querem a eliminação do Pagamento Especial por Conta (PEC) em 2018.

O secretário-geral do PCP sugeriu “que se avance mais na redução do PEC e que se tomem novas medidas para tornar essa redução mais significativa”, não a fazendo depender do aumento do salário mínimo. “Esse seria certamente um contributo positivo para responder aos problemas das micro, pequenas e médias empresas, sem desvalorizar o aumento do salário mínimo social”, sublinhou, recusando que esta fosse uma benesse para as empresas.

Na sexta-feira, tanto o BE como o PCP rejeitaram a viabilização de medidas que compensem o aumento do salário mínimo nacional. A palavra “compensação” é, por isso, proibida. Ao ECO, a deputada comunista Rita Rato explica que a posição de princípio é rejeitar “medidas que representem uma contrapartida à subida do salário mínimo”. “É óbvio que o PCP — na forma como encara a política económica em relação às micro, pequenas e médias empresas — tem ao longo dos anos apresentado medidas nesse sentido”, ou seja, para a proteção desse universo de empresas.

A posição de princípio é rejeitar “medidas que representem uma contrapartida à subida do salário mínimo”.

Rita Rato

Deputada do PCP

Para além do Pagamento Especial por Conta, o PCP já apresentou propostas para reduzir os custos de produção, nomeadamente com a energia (gás), os custos administrativos fiscais com a certificação de contas e até para aliviar a carga fiscal no IVA de caixa. Contudo, Rita Rato referiu ao ECO que não houve nenhuma reunião especificamente sobre esta questão, só sobre a análise regular entre o Governo e o PCP sobre questões laborais.

Do lado do Bloco de Esquerda, a líder bloquista também falou na passada sexta-feira: “Baixar custos de energia? Com certeza. Resolver problemas no acesso a financiamento? Precisamos disso. Diminuir os juros que as empresas pagam? Com certeza. Resolver problemas como o pagamento especial por conta, que é alto demais para as pequenas empresas? Aqui estamos para isso. Descapitalizar a Segurança Social? Isso não pode ser”. “Outra coisa diferente é perceber que as empresas precisam de outras diminuições noutros custos”, reconheceu Catarina Martins, referindo novamente a fatura energética e os custos de financiamento das empresas.

Também esta segunda-feira, à margem de uma visita à urgência do Hospital de S. João da Madeira, Catarina Martins reforçou que nas empresas “pesa muito mais a fatura da energia, os juros do financiamento bancário e, nas empresas muito pequenas, o pagamento especial por conta”, cita a Lusa. A líder do Bloco de Esquerda desafia o Governo a mexer na energia e na política fiscal: “As grandes energéticas exigem rendas abusivas e com isso estão a prejudicar o todo da economia, e podemos seguramente mexer na política fiscal, porque permitimos o planeamento fiscal abusivo – ou seja, a fuga de impostos das grandes empresas – ao mesmo tempo que exigimos de mais das pequenas empresas, com o pagamento especial por conta”.

Governo à espera

Confirmando-se o chumbo da TSU na quarta-feira, resta ao Governo apresentar um plano B ou optar por uma das propostas já apresentadas pelo BE e PCP em matéria de apoios às empresas. Ao ECO, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, recusou comentar possíveis alternativas, indicando que “neste momento o que há é uma apreciação parlamentar na quarta-feira. Até ver há um decreto-lei em vigor”.

O problema coloca-se já depois desta quarta-feira, dia em que às 15h00 a redução da TSU vai ser parada pelo PSD, PCP e BE. Na quinta-feira o Governo reúne-se em Conselho de Ministros e, segundo a SIC Notícias, os ministros poderão aprovar as alternativas à descida da Taxa Social Única. O plano alternativo para compensar os patrões, segundo a estação de televisão, pode passar pela aprovação de créditos fiscais, pela baixa de preços da energia para as empresas ou pela redução do Pagamento Especial por Conta, que no Orçamento do Estado para 2017 já tinha passado de 1000 euros para 850 euros. Este é um pagamento obrigatório que não supõe reembolso, servindo de antecipação ao pagamento do IRC.

Esta medida do PEC parece até agora ser aquela que tem reunido mais consenso à esquerda do PS. Mas para avançar, o Governo terá de apresentar um novo decreto-lei que seja apoiado por uma maioria no Parlamento.

Esta quarta-feira, em Bruxelas, Vieira da Silva repetiu o aviso que Pedro Nuno Santos tinha feito, no ECO, na quinta-feira em que o PSD anunciou o seu sentido de voto. “Cada grupo parlamentar assume as suas responsabilidades perante o país“, argumentou o ministro do Trabalho, recusando a existência de um plano B. Além disso, Vieira da Silva voltou a explicar que a descida da TSU “não põe em causa a Segurança Social”, uma vez que “há a garantia de uma transferência equivalente para a Segurança Social”, cita a Lusa.

 

PSD não fala, CDS tem propostas na manga

À direita, o PSD recusa-se a falar sobre alternativas antes da votação de quarta-feira. Questionado pelo ECO, o deputado Hugo Soares foi direto a referir que o partido não se vai pronunciar sobre as medidas que estão a ser faladas. “Não peçam o nosso apoio para isso. Se dentro da maioria não se entendem para resolver este problema e forem os próprios partidos da maioria a levar a questão à Assembleia da República, o nosso voto não têm. Isso que fique claro”, tinha afirmado Pedro Passos Coelho na semana passada.

Já a presidente do CDS, Assunção Cristas, desafiou na passada sexta-feira António Costa a “procurar alternativas”, acusando o primeiro-ministro de não cumprir com a sua palavra. “O Governo comprometeu-se com algo que não tinha poder político para cumprir e, portanto, incumpre o acordo de concertação social. Certamente que agora também tratará de encontrar alternativas e é bom que as arranje”, pressionou a líder do CDS. Em alternativa, os centristas já indicaram a vontade de avançar com quatro propostas (serão discutidas no Parlamento no dia 9):

  1. A extensão da medida que existe atualmente de redução de 0,75 [pontos percentuais da taxa contributiva para a Segurança Social] na TSU;
  2. Compensar as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) em relação ao que vão ter de acréscimos com o aumento do salário mínimo;
  3. O pagamento especial por conta, pensada especialmente para as pequenas e micro empresas;
  4. Uma diminuição do IRC, “que é mais transversal”.

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UGT: Governo tem de garantir viabilização de novas medidas no Parlamento

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 23 Janeiro 2017

Central sindical foi recebida por Marcelo Rebelo de Sousa e garante que está empenhada no acordo de concertação social.

A UGT diz que tem disponibilidade “total” para discutir alternativas à redução da TSU mas avisa que o Governo tem de garantir “a sua viabilização” no Parlamento.

A disponibilidade da UGT “é total desde que o Governo faça as propostas, os patrões aceitem e o Governo consiga garantir no Parlamento a sua viabilização“, afirmou Carlos Silva.

Já depois de ter recebido as quatro confederações patronais, o Presidente da República reuniu-se hoje com a única central sindical a assinar o acordo tripartido que resultou no aumento do salário mínimo de 530 para 557 euros. O mesmo acordo admitia a redução das contribuições das empresas que são abrangidas por este aumento. Mas esta medida deverá ser travada pelos partidos mais à esquerda e pelo PSD, na sequência da apreciação parlamentar agendada para quarta-feira.

No final do encontro, Carlos Silva mostrou-se convicto de que há um “apoio forte” em Belém na valorização da concertação social. E acrescentou que “não será por parte da UGT” que o acordo de concertação social “não será cumprido”. O líder da UGT entende que o acordo deve manter-se, ainda que com algum aditamento.

Questionado sobre as medidas defendidas pelo Bloco de Esquerda e PCP, o secretário-geral da UGT afirmou que estes não são parceiros sociais e afirmou que quer discutir com o Governo e os parceiros de concertação social quaisquer eventuais iniciativas. Agora é o Governo que tem de mostrar a “vontade política” e a margem orçamental que tem, disse.

O secretário-geral da UGT indicou ainda que Marcelo Rebelo de Sousa aceitou presidir à sessão de abertura do congresso da UGT, o que acontecerá pela primeira vez.

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Apple processa Qualcomm e reclama mil milhões de dólares

É mais uma ação judicial contra a Qualcomm. A Apple acusa a fabricante de processadores de cobrar royalties por tecnologias com as quais "não tem nada a ver". Empresa contrapõem: "Não tem fundamento".

A Apple processou a Qualcomm, uma das principais fornecedoras da fabricante do iPhone. Sim, mesmo a sério: a corda partiu e a marca diz que já não aguenta que a fabricante de processadores cobre royalties “por tecnologias com as quais não tem nada a ver”, indicou em comunicado. Agora, a Apple reclama mil milhões de euros por isso, avançou a CNBC este sábado.

A empresa de Tim Cook garante que, “apesar de ser uma de mais de uma dezena de empresas que contribuíram” para o desenvolvimento básico dos telemóveis, “a Qualcomm insiste em cobrar à Apple pelo menos cinco vezes mais em pagamentos do que todos as outras” empresas patenteadas juntas e com os quais a marca tem acordos.

A notícia surge menos de uma semana depois de os comissários da Federal Trade Comission terem instaurado outro processo à Qualcomm devido à forma como a empresa licenceia tecnologia para telemóveis. Mais propriamente, as autoridades norte-americanas acusam a fabricante de processadores de ter recorrido a práticas ilegais para garantir um monopólio no setor.

A fabricante tem enfrentado ainda as autoridades da Coreia do Sul pelos mesmos motivos, que admitem multá-la em 854 milhões de dólares. A Apple terá sido chamada para colaborar com as autoridades, e fê-lo, garante no comunicado. Decisão que terá caído mal junto da Qualcomm, que, acusa a Apple, está a “reter cerca de mil milhões de dólares da Apple em pagamentos como retaliação”.

A Qualcomm reagiu num comunicado, dizendo que as acusações da Apple “não têm fundamento”: “A Apple, intencionalmente, caracterizou mal os nossos acordos e negociações, tal como a grandeza e valor da tecnologia que inventámos e que contribuímos e partilhámos com todos os fabricantes de dispositivos através do nosso programa de licenciamento”, acrescentou.

À agência Bloomberg, Mike Walkley, analista da Canaccord Genuity, disse esta segunda-feira que “este parece ser mais um ataque coordenado contra a Qualcomm”, numa altura em que o mercado dos telemóveis já é uma “indústria madura” onde se tenta “obter margens mais altas”. Face a estas informações, as ações da Qualcomm chegaram a cair 14,49% na sessão desta segunda-feira. Agora, os títulos estão a perder 11,37% em Wall Street e a negociar-se a 55,73 dólares cada.

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Receitas turísticas perto dos 12 mil milhões de euros

Os turistas estrangeiros deixaram, em média, mais de 32 milhões de euros por dia em Portugal, entre janeiro e novembro do ano passado.

Portugal prepara-se para fechar novo ano de recordes no turismo. Entre janeiro e novembro do ano passado, as receitas turísticas totalizaram 11,8 mil milhões de euros, um aumento de 1,2 mil milhões de euros (ou 5,5%) face a igual período de 2015.

Os turistas estrangeiros deixaram, assim, uma média de 32,2 milhões de euros por dia em Portugal, entre janeiro e dezembro de 2016, mostram os dados mais recentes do Boletim Estatístico do Banco de Portugal.

Ao mesmo tempo, os gastos turísticos dos portugueses no estrangeiro também estão a aumentar. Nos primeiros onze meses do ano passado, os portugueses gastaram 3,5 mil milhões de euros, um aumento de 5,8% face aos 3,3 mil milhões registados no mesmo período de 2015.

Feitas as contas, a balança de viagens e turismo apresentou um saldo de 8,2 mil milhões de euros nesse período, um aumento de 13,9% relativamente ao período homólogo e o equivalente a 68,9% do saldo total da balança de serviços, que ultrapassou ligeiramente os 12 mil milhões de euros.

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Subsídio de desemprego: BE quer acabar com corte de 10%

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 23 Janeiro 2017

Governo já admitiu mudar a lei para desempregados que recebem o valor mínimo do subsídio, que também são afetados pelo corte de 10% ao fim de seis meses. BE quer revogar a redução em todos os casos.

O Bloco de Esquerda apresentou um projeto de lei para revogar o corte de 10% que se aplica aos subsídios de desemprego após seis meses de atribuição. O Governo já se mostrou disponível para alterar a legislação, mas apontou apenas para as prestações de valor mínimo, que também são afetadas pela redução.

Em nota de imprensa, o Bloco de Esquerda aponta para a “degradação da proteção no desemprego” e critica as medidas tomadas pelo anterior Executivo PSD/CDS-PP. O corte de 10% nos subsídios de desemprego, que abrange as prestações atribuídas há mais de seis meses, vigora desde 2012. O Executivo anterior apresentou “perversamente” essa redução como um “incentivo à procura ativa de emprego por parte dos beneficiários”, indica o Bloco.

“A esmagadora maioria dos beneficiários termina o subsídio de desemprego não porque tenha encontrado uma alternativa, mas porque esgota o prazo de concessão da prestação. Por outro lado, entre 2009 e 2015, o montante médio do subsídio de desemprego diminuiu de 570 para 477 euros para os homens e de 510 para 440 euros para as mulheres“, diz a exposição de motivos do projeto de lei.

Os bloquistas querem revogar o corte de 10%, protegendo assim todas as prestações pagas há mais de meio ano, mas, para já, o Governo tem centrado o discurso nos subsídios de valor mínimo (em regra, correspondente ao Indexante dos Apoios Sociais), que são igualmente afetados. A medida em vigor, aliás, já mereceu reparos do Provedor de Justiça.

Perante os deputados da comissão do Trabalho, Vieira da Silva garantiu já que “o Governo tomará iniciativas nomeadamente tendo em conta a necessidade de dar resposta ao facto de existirem hoje pessoas que têm uma proteção no desemprego inferior ao IAS”. “Isso julgo que contraria a natureza da própria legislação, a natureza da proteção social e é um efeito perverso negativo de outras alterações que foram produzidas”, disse, depois, na apresentação do relatório da OCDE sobre as reformas do mercado de trabalho entre 2011 e 2015

Porém, fonte oficial do Ministério do Trabalho já referiu que estas mudanças só podem ter lugar no quadro do próximo Orçamento do Estado, ou seja, em 2018. O Bloco de Esquerda assume o mesmo no seu projeto de lei, quando diz que o diploma “entra em vigor com o Orçamento do Estado subsequente à sua publicação”.

 

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EDP: Corte de luz na bolsa de Lisboa

Embora os juros da dívida portuguesa tenham aliviado, as perdas no setor energético pressionaram a bolsa nacional. A EDP caiu mais de 2%, mas a Galp Energia também contribuiu para o mau desempenho.

A bolsa nacional começou a semana sem energia, acompanhando a tendência europeia. Apesar de o dia ter sido de alívio dos juros da dívida portugueses, as perdas do setor energético arrastaram a bolsa nacional para o vermelho. Na banca, o BCP também se deixou contagiar, contrariando a subida de mais de 7% dos direitos do aumento de capital.

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Grécia: Zona Euro desbloqueia medidas de alívio da dívida

  • Lusa
  • 23 Janeiro 2017

Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), organismo da zona euro que controla a dívida grega, anunciou em comunicado que deu 'luz verde' a medidas "de curto prazo".

A Zona euro anunciou hoje a decisão de desbloquear um ligeiro alívio da dívida grega, depois de ter suspendido esta medida sob pressão da Alemanha, na sequência de um aumento da despesa social anunciado por Atenas em dezembro.

O Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), organismo da zona euro que controla a dívida grega, anunciou em comunicado que deu ‘luz verde’ a medidas “de curto prazo” destinadas a aliviar os encargos com a dívida da Grécia.

Esta decisão formal avaliza o que foi anunciado em 24 de dezembro pelo presidente do Eurogrupo.

Jeroen Dijsselbloem indicou, nessa ocasião, que a Grécia tinha dado garantias de continuar com determinação na via das reformas, abrindo caminho à aplicação das medidas de alívio que tinham sido aprovadas pelos ministros das Finanças da zona euro.

As medidas destinam-se a aliviar a dívida grega, designadamente a nível dos prazos de pagamentos dos empréstimos dos parceiros europeus e taxas de juro aplicadas.

Os ministros tinham chegado a acordo em 5 de dezembro, mas nove dias depois, a 14 de dezembro, as medidas de alívio foram suspensas, sob pressão da Alemanha, que contestava o facto de o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, ter anunciado uma série de medidas sociais abrangendo pessoas com reformas mais baixas e um adiamento da subida de impostos nas ilhas gregas que recebem refugiados.

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Veja as novas avaliações do BPI para Lisboa

O BPI reviu as avaliações para a grande maioria das cotadas da bolsa nacional. Cortou os preços-alvo para oito, mas há uma cotada que viu o "target" aumentar em 36%.

Ano novo, novas avaliações. O BPI reviu as avaliações de grande parte das empresas cotadas na bolsa nacional, sendo a maior parte delas viu os seus preços-alvo revistos em baixa. Houve cortes até quase 60% nos “targets”, mas também há revisões em alta de quase 40%. Contudo, para a generalidade dos títulos a recomendação é de “neutral”.

Entre as cotadas do PSI-20, Semapa, Mota-Engil, Nos, EDP, Jerónimo Martins e REN viram os seus preços-alvo encolherem entre os 18% da “holding” de Pedro Queiroz Pereira e os 2% da REN. Mas fora do índice principal houve cortes bem mais expressivos: a Impresa viu a avaliação encolher em 59%, para 0,28 euros, já a Cofina perdeu um terço do seu “target”.

Nem tudo foram, contudo, cortes. Cinto títulos viram as suas avaliações subirem: Altri e Sonae Capital beneficiaram de uma revisão em alta de 11%, seguidas da Galp Energia e da EDP Renováveis (que é uma das eleitas do banco de investimento). Contudo, foi a Novabase que teve o maior aumento de preço-alvo: 36%, de 2,20 para 3,00 euros.

Apesar de contar agora com uma avaliação mais elevada, a tecnológica só recebe uma recomendação de “neutral”, tendo em conta o potencial limitado das ações face ao novo preço-alvo do BPI. Esta recomendação é, de resto, a mais comum entre as atribuídas pelo banco de investimento. Só sete títulos recebem a recomendação de “comprar”: EDP Renováveis, EDP, Sonae, Sonae Capital e Corticeira Amorim, além da Impresa e Cofina fora do PSI-20.

Veja as novas avaliações do BPI:

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Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Trump assina acordo de saída do Tratado Transpacífico

  • Juliana Nogueira Santos
  • 23 Janeiro 2017

Já é oficial: o novo presidente assinou a ordem para a saída imediata do seu país do Tratado Transpacífico.

Após todas as promessas, veio a confirmação: Donald Trump assinou hoje a ordem executiva para a saída dos Estados Unidos do Tratado Transpacífico (TPP). Uma assinatura seguida de uma afirmação “A coisa certa para o trabalhador americano”.

Já era sabido que Trump ia fazer uma revisão total aos acordos comerciais, mas ninguém previa que fosse uma decisão tomada logo no primeiro dia. Antes de assinar o documento, fez questão de confirmar se o assunto era conhecido de todos: “Toda a gente sabe o que isto quer dizer. Há muito tempo que andamos a falar disto.

Este acordo comercial que foi feito na administração Obama, agrega 11 países da região, mas nunca foi ratificado pelo Congresso, diz uma fonte da Casa Branca.

Nesta sessão, o novo presidente dos Estados Unidos assinou mais duas ordens, uma que acaba com o financiamento do aborto fora de fronteiras — lei que costuma mudar sempre que a Casa Branca troca de mãos — e outra que proíbe a prática de lóbi durante cinco anos para quem trabalha diretamente na administração.

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Yahoo sob investigação da polícia dos mercados

A SEC, o regulador norte-americano dos mercados, terá aberto uma investigação a Yahoo. Atrasos na divulgação de informação sobre os ataques informáticos de que foi alvo poderão ter violado a lei.

O cerco aperta-se para a Yahoo. A Securities and Exchange Comission (SEC), o regulador norte-americano dos mercados, está a investigar até que ponto a tecnológica deveria ter revelado mais cedo os dois ataques informáticos de que foi alvo, avançou esta segunda-feira o The Wall Street Journal (acesso pago). Recorde-se que, no ano passado, a empresa divulgou duas fugas de informação massivas que puseram em risco os dados pessoais de largos milhões de utilizadores.

Segundo o jornal, o primeiro ataque, que terá acontecido em 2014, foi oficialmente revelado aos mercados em setembro de 2016 e abrangeu dados de pelo menos 500 milhões de utilizadores dos serviços da empresa. Até ao momento, a Yahoo ainda não explicou porque demorou dois anos a prestar essa informação aos investidores embora, no passado, já tivesse sugerido que o ataque teria sido perpetrado por um Estado.

Mais tarde, em meados de dezembro de 2016, a Yahoo revelou outra fuga de informação ainda maior, que terá resultado de um ataque informático em agosto de 2013. A confirmar-se, é uma das maiores brechas de que há registo. Mas, ainda assim, a investigação da SEC deverá focar-se na brecha de segurança anterior.

As autoridades abriram uma investigação e, em dezembro, apresentaram um requerimento para obter documentos para o processo, indica o jornal, citando fontes familiarizadas com o assunto. A lei obriga as empresas a divulgarem estes problemas assim que se determine que isso possa ter um efeito nas decisões dos investidores. A investigação da SEC deverá ir no sentido de perceber se a Yahoo violou a lei ao não revelar de imediato aos mercados os problemas de que terá sido alvo.

O processo ainda estará numa fase muito inicial, garante o The Wall Street Journal. No entanto, os ataques informáticos à Yahoo têm-se revelado um enorme problema nas mãos da gigante tecnológica e surgiram num momento particularmente sensível, em que a companhia se preparava para, finalmente, fechar um acordo multimilionário de compra com a Verizon, no valor inicialmente proposto de 4,83 mil milhões de dólares.

Na altura, a notícia levantou questões sobre se a operadora iria deixar cair o negócio ou oferecer um montante menor pela compra da Yahoo. A Verizon prefere não comentar, mas já tinha apontado estar a estudar o impacto negativo dos ataques informáticos na empresa antes de tomar uma decisão final. Já em janeiro soube-se que, quando (e se) o negócio avançar, a maioria dos administradores da Yahoo deverá abandonar a empresa.

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BPI: EDP Renováveis e Corticeira são aposta em Lisboa

Entre várias dezenas de cotadas ibéricas, o banco elegeu duas empresas portuguesas como as suas preferidas. De um lado está a EDP Renováveis, do outro a Corticeira Amorim. EDP e Sonae ficaram à porta.

O BPI elegeu oito cotadas ibéricas que podem brilhar este ano. Destas, seis são espanholas, mas há duas portuguesas. A Corticeira Amorim é uma delas, mas o destaque vai para a EDP Renováveis que é a empresa que apresenta o maior potencial de valorização entre todas as selecionadas pelo banco de investimento.

“A EDP Renováveis é uma proposta de valor e crescimento”, diz o banco de investimento, que avalia as ações em 8,15 euros, um aumento de 4% face ao anterior preço-alvo. Nesta base, os títulos da empresa liderada por Manso Neto têm potencial de valorização de 42%, o mais elevado entre as cotadas preferidas do BPI.

Apesar do otimismo com a EDP Renováveis, o banco alerta que “há riscos em torno dos próximos negócios de venda de ativos. O ambiente de taxas de juro mais elevadas poderá colocar riscos de avaliação”, alerta. Quem não quiser estar exposto a este risco, apesar do retorno potencial elevado, tem na Corticeira Amorim uma alternativa.

“A Corticeira Amorim beneficia das perspetivas positivas para a indústria do vinho (o aumento do consumo de vinhos premium) e da melhoria no mix de vendas alavancado nas rolhas com novas tecnologias”, diz o BPI, que avalia as ações da empresa liderada por António Rios de Amorim em 10,20 euros, 19% acima do valor atual.

Contudo, entre as eleitas do BPI, só a Repsol e a Ferrovial têm uma margem de progressão inferior à da Corticeira Amorim. Tanto a Grifols, a DIA, a NH Hotel e o Banco Sabadell, que completam a lista de oito cotadas eleitas pelo banco de investimento, apresentam potencial de subida em torno dos 30%.

Fora deste lote há mais seis empresas destacadas pelo BPI, cotadas que ficam “à porta” do cabaz das preferidas do banco de investimento. Nestas seis, há quatro espanholas: Fluidra, Cellnex, Liberbank e Telepizza, mas também há duas cotadas nacionais. O BPI está atento tanto às ações da EDP como às da Sonae.

A EDP merece destaque pelo potencial de valorização de 25% face à avaliação de 3,25 euros atribuída pelo banco, mas também pela perspetiva de “bons resultados” por parte de uma empresa que continua a apresentar um dividendo atrativo. Já a Sonae destaca-se pelas perspetivas de que o aumento do poder de compra em Portugal possa dar um maior impulso aos resultados. O BPI avalia as ações em 1,15 euros.

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Spread mínimo da casa. Como é que se chega lá?

Os bancos estão a baixar as margens mínimas exigidas no crédito à habitação e a acenar com a bandeira das facilidades no seu acesso. Mas será mesmo assim? O ECO foi testar. Veja os resultados.

Após a tempestade, veio alguma bonança no mercado de crédito à habitação em Portugal. Não só os bancos estão a abrir com folga a torneira do crédito à habitação, em resultado da política de juros historicamente baixos por parte do BCE, como estão a oferecer os spreads mais baixo desde a crise financeira. É raro o mês em que não há pelo menos uma instituição financeira a rever em baixa a margem mínima a exigir aos clientes para lhes emprestar dinheiro para adquirir casa.

Entre um conjunto de dez bancos a operar em Portugal, todos oferecem spreads a partir de valores inferiores a 2%. Uma realidade bastante distinta face a margens mínimas que chegaram a rondar os 4% durante o pico da crise. Mas aquilo que os bancos colocam no papel como sendo o valor mais baixo que estão dispostos a cobrar aos clientes para lhes emprestar dinheiro para adquirir casa é alcançável? E se sim, até que ponto é fácil e o resultado razoável? A resposta a estas questões é: nem sempre é possível, e quando o é, não se trata de uma tarefa fácil.

Spreads mínimos dos bancos

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Fonte: Preçários dos bancos

Antes de mais, neste trabalho, começamos por simular um pedido de empréstimo típico. Foi considerado como cenário base, o exemplo de dois clientes com 30 anos de idade, que procuravam financiamento de 150 mil euros, por um prazo de 40 anos, para adquirir um imóvel avaliado em 187,5 mil euros (rácio entre financiamento e avaliação de 80%). Em termos de condições para aceder ao crédito foram assumidas nos diferentes bancos simulados, aquelas que são as mais habituais. Mais em concreto, a adesão a conta ordenado, pagamentos periódico de contas através de débito direto, seguros multirriscos e de vida. Uma avaliação que foi feita nos simuladores de nove bancos: CGD, BCP, Novo Banco, Santander Totta, BPI, Montepio Geral, Bankinter, Crédito Agrícola e BIC. O Popular não foi considerado, já que o simulador não estava disponível.

Dessas simulações, o Bankinter, o BIC e o Montepio Geral, foi onde o spread alcançado no cenário base ficou menos distante face à margem mínima publicitada. No caso do Bankinter, este ficou a apenas 0,1 pontos percentuais da margem mínima em vigor no banco que ficou com os ativos de retalho do Barclays, em Portugal. No caso do BIC e do Montepio, o diferencial foi de 0,25 e 0,35 pontos percentuais, respetivamente. Já o BCP, Santander Totta e a CGD ficaram mais de 1 ponto percentual acima da margem mínima: 1, 1,75 e 1,25 pontos percentuais, respetivamente.

Spreads oferecidos no cenário base

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Fonte: Simuladores dos bancos

O passo seguinte foi utilizar os mesmos simuladores para procurar a fórmula certa para alcançar os spreads mínimos publicitados nos preçários dos bancos. Em apenas três dos nove bancos analisados, não foi possível atingir a margem mínima – na CGD, BCP, e Novo Banco -, apesar de ao balcão até poder ser possível. Nos restantes seis bancos, conseguiu-se chegar ao spread mínimo. Mais em concreto, no Santander Totta, BPI, Montepio Geral, Bankinter, Crédito Agrícola e BIC. Na maioria das instituições financeiras onde foi possível chegar ao spread mínimo, para além da subscrição de produtos do banco, tal só aconteceu com quantias de financiamento elevadas e montantes de avaliação altos.

De salientar que o rácio entre o valor do financiamento face à avaliação da casa historicamente é um dos elementos que mais impacto tem nos spreads propostos pelos bancos aos seus clientes. Se 80%, era um rácio considerado normal, nos casos simulados para este trabalho foi exigido que este indicador assumisse valores entre 50% a 65%, na melhor das hipóteses. Apenas no caso do Bankinter, o rácio não foi determinante para que a margem mínima fosse alcançada. Em alguns casos foi necessário que a avaliação do imóvel chegasse aos 500 mil euros. Também foi necessário aumentar o valor do financiamento em duas situações, para 200 mil ou 250 mil euros. Bastante acima do previsto no cenário base construído nesta análise.

 

Spreads mínimos esticados aos máximo

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Uma das principais questões que se coloca é até que ponto compensará recorrer às bonificações que são permitidas pela via da subscrição de produtos, tendo em conta os custos que lhe podem estar associados? Nas simulações realizadas, são valorizadas em muitos casos, não só as poupanças (especialmente as mais elevadas), como a posse e também utilização do cartão de crédito, ou o recurso a outro tipo de créditos, ou a subscrição de seguros de saúde ou automóvel.

Muitas vezes, aumentar o grau de envolvimento com o banco, só para conseguir um spread mais baixo não compensa. Uma forma de avaliar se as condições oferecidas no empréstimo são vantajosas implica analisar a TAER. Trata-se da Taxa Anual Efetiva Revista, que considera todos os custos associados ao empréstimo. Tomando como referência, por exemplo, o BPI. Na simulação base, a TAER do empréstimo é de 3,631%, valor que sobe para 3,89%, na simulação que foi efetuada para conseguir chegar à margem mínima exigida pelo banco no financiamento para a compra de casa. Esta é, assim, a taxa que deve ser utilizada na comparação das condições de cada produto não só no mesmo banco como entre bancos diferentes. Quando mais baixo esse valor menos “caro” é o empréstimo.

O que exige cada banco para chegar à margem mínima?

  • Caixa Geral de Depósitos

No banco público não foi possível chegar ao spread mínimo de 1,75%, mas sim aos 1,85%. Para atingir esse valor, foi necessário subscrever todos os produtos em venda associada, bem como pelo menos um dos proponentes ser cliente Caixazul. Para além disso, era necessário que o valor do imóvel fosse de pelo menos de 250 mil euros, o que pressuponha um rácio LTV de 60%. Sem estratégias adicionais, para o cenário base era oferecido um spread de 2,75%.

  • BCP

No banco liderado por Nuno Amado também não foi possível atingir o spread mínimo de 1,5%, mas sim de 1,75%. E para tal, era necessário passar a ter um estatuto de cliente Casa Prestige, o que implicava a domiciliação de um ordenado a partir de 2.500 euros, por exemplo, o que não é acessível a muitos clientes. Para além disso, o valor do imóvel tinha de ser no mínimo 230,8 mil euros, o que corresponde a um rácio LTV de 65%. No cenário base, o spread era de 3,25%.

  • Novo Banco

No Novo Banco na melhor das hipóteses foi possível fixar um spread de 1,95%, o que supera a margem mínima de 1,75% publicitada no preçário. E para conseguir baixar até esse valor era necessário que o imóvel a adquirir fosse da carteira do banco. A simulação oferecia um spread de 2,55%, tendo em conta o cenário base.

  • Santander Totta

Para o cenário base a simulação resultou num spread de 2,75%. Para conseguir fazer baixar esse valor até à margem mínima oferecida pelo banco — 1,5% — era necessário que, para além de todas as bonificações associadas a venda cruzada, o financiamento fosse de 200 mil euros e a avaliação se situasse nos 308 mil euros. (rácio LTV de 65%).

  • BPI

No BPI foi possível fazer baixar o spread de 2,75% determinado no cenário base, até à margem mínima de 1,95% em vigor. Contudo, para lá chegar era preciso que a avaliação do imóvel fosse de no mínimo 250 mil euros (LTV de 60%), bem como a consideração de todas as bonificações possíveis através da subscrição de produtos do BPI.

  • Montepio Geral

No cenário base considerado foi possível chegar a um spread de 1,9%. Para conseguir baixá-lo até à margem mínima de 1,55% publicitada no preçário do banco, o cliente precisava que o valor da avaliação do imóvel fosse no mínimo de 300 mil euros (LTV de 50%).

  • Bankinter

Para quem peça um empréstimo de pelo menos 150 mil euros, o banco aplica um spread de 1,25%. No nossa simulação foi possível atingir esse valor com a subscrição de um seguro de proteção ao crédito hipotecário. Era o suficiente para o fazer baixar dos 1,35% que se aplicavam no cenário base considerado.

  • Crédito Agrícola

No cenário base considerado foi possível chegar a um spread de 2,07%. Para conseguir baixá-lo até à margem mínima de 1,60% publicitada no preçário do banco, o cliente precisava que o valor da avaliação do imóvel fosse no mínimo de 271 mil euros (LTV de 55%), para além de ter de subscrever todos os produtos necessários para atingir a bonificação máxima.

  • BIC

Conseguir fazer baixar o spread de 1,9% conseguido na simulação inicial até aos 1,65% que corresponde à margem mínima em vigor no BIC, é preciso subscrever todos os produtos, que o financiamento seja no mínimo de 250 mil euros e a avaliação de 500 mil euros (LTV de 50%).

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