BCE pode anunciar o fim dos estímulos já este mês

Comunicações oficiais do banco central deverão registar mudanças agora no início do ano, sugerindo que Mario Draghi se prepara para anunciar aos investidores o fim do programa de compras de dívida.

O Banco Central Europeu (BCE) deverá mudar o seu discurso já no início deste ano, de acordo com as atas da última reunião do Conselho de Governadores. Isto sugere que a instituição se prepara para comunicar em breve aos mercados o fim do programa de compra de dívida pública, que tem ajudado a estimular a economia na região e a conter o risco.

“O ponto de vista foi amplamente partilhado, na medida em que… a comunicação do Conselho de Governadores do BCE precisa de evoluir de forma gradual, à medida que a economia continua a expandir e a inflação a ir de encontro ao objetivo do Conselho“, revelam as atas da reunião de 13 e 14 de dezembro. “A linguagem usada remete para as várias dimensões da política monetária e no futuro poderá ser revista mais cedo”.

No encontro do mês passado, o BCE deixou a taxa de juro de referência na zona euro nos 0% e manteve a decisão de baixar o ritmo mensal de compras de Obrigações do Tesouro na região dos 60 mil milhões de euros para os 30 mil milhões de euros a partir de janeiro deste ano até setembro, quando está previsto o fim do programa.

Segundo as atas publicadas esta quinta-feira, enquanto os membros sugeriram mudanças cuidadas e graduais na comunicação do BCE aos investidores, eles deixaram ainda a indicação de que o guidance (orientações) do banco central devia passar a dar uma maior ênfase à política monetária como um todo, o que neste caso reduziria a importância dada às compras de dívida e que seria visto já como o início do fim dos estímulos.

Com o progresso rumo a um ajustamento sustentável na inflação, a importância relativa do guidance sobre as taxas de juro deveria aumentar“, disseram os responsáveis do BCE.

O presidente do BCE, Mario Draghi, prometeu no passado mês de dezembro continuar a injetar dinheiro na economia da zona euro durante o tempo que fosse preciso, independentemente das melhorias das perspetivas do crescimento e da inflação. Na mesma ata, o BCE mostrou-se “claramente” confiante numa aproximação da inflação da meta definida pela instituição. A solidez do crescimento económico na zona euro e a significativa redução do défice permitem “uma crescente confiança” na subida da inflação, assinalam as atas da reunião realizada no dia 14 de dezembro. Ao mesmo tempo, a evolução da inflação subjacente (sem os preços da energia e dos alimentos) continua a ser fraca e “deve mostrar ainda sinais convincentes de uma tendência ascendente sustentada”, segundo o BCE.

Na reunião de dezembro, o BCE divulgou uma previsão de crescimento para 2017 de 2,4% (mais duas décimas) e deixou inalterada a de inflação (1,5%). Já para 2018 antecipa um crescimento de 2,3% (1,8% em setembro), com uma inflação de 1,4% (1,2% na previsão anterior) e para 2019 foi apontado um crescimento de 1,9% (mais duas décimas) e uma inflação de 1,5% (sem alterações). Foram também divulgadas as previsões iniciais para 2020, com o BCE a antecipar um crescimento de 1,7% com uma inflação de 1,7%.

A moeda única valorizou quase 0,5% em relação ao dólar americano, acelerando para máximos de três anos, com os investidores a assumirem uma posição mais conservadora, um sinal de que o BCE irá reduzir o seu programa de compra de dívida de 2,55 biliões de euros este ano se a economia continuar a crescer.

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