Milhares nas ruas, 950 detidos, estradas cortadas. “Coletes amarelos” gritam pela demissão de Macron

A maioria dos manifestantes concentra-se em Paris, mas percorrem todo o país e chegam também à Bélgica e a Espanha. Só em França, há 31 mil manifestantes.

Ainda a manifestação deste sábado não tinha começado e já as autoridades francesas tinham detido perto de 300 pessoas para interrogatório, em Paris. Por esta altura, já foram detidas perto de mil pessoas e há autoestradas cortadas, incluindo algumas que fazem ligações entre fronteiras, num protesto que percorre toda a França e chega ainda a Espanha e à Bélgica. Na quarta marcha dos chamados “coletes amarelos”, a polícia reforçou os meios para responder aos cerca de 31 mil manifestantes que pedem a demissão de Emmanuel Macron.

Os dados são avançados pela agência noticiosa francesa AFP, que indica que, até às 16h00 deste sábado (hora de França), foram detidas para interrogatório 05′ pessoas, das quais 673 só em Paris. Do total, 551 foram mantidas sob custódia policial. Contam-se ainda 55 feridos, dos quais três são membros das forças policiais.

A maioria dos manifestantes concentra-se em Paris, onde a polícia vai dispersando as marchas com o lançamento de gás lacrimogéneo. Mas as manifestações percorrem todo o país e chegam também a cidades como Bruxelas, onde já há mais de uma centena de detidos. Em Espanha, um grupo independentista catalão cortou uma autoestrada em Tarragona, na Catalunha.

O protesto faz-se também em autoestradas, que os manifestantes estão a bloquear. O El País dá conta de que as principais ligações entre França e Espanha estão cortadas pelos coletes amarelos. O Centro Nacional de Informação Rodoviária espanhol indica que a manifestação cortou, pelo menos, três autoestradas que ligam os dois países.

Em todos os pontos do protesto, os manifestantes exigem a demissão do Presidente francês. “Estamos aqui para que nos oiçam. A violência não vai resolver nada, mas têm de compreender que estamos fartos”, diz uma manifestante na Bretanha, em declarações ao El País. “Ficar em casa ajuda Macron”, gritam outros nos arredores de Paris.

A manifestação dos “coletes amarelos” começou em protesto contra o aumento dos impostos sobre os combustíveis, uma medida que já foi anulada pelo Presidente francês, mas tomou já dimensões muito superiores. No início desta semana, 800 técnicos de ambulância recorreram a 600 veículos para bloquearem a ponte que liga a Assembleia Nacional à Place de La Concore, em Paris, exigindo o fim da reforma de Emmanuel Macron que visa estabelecer que os hospitais e clínicas privadas escolham as ambulâncias por concurso.

Já esta quinta-feira, os estudantes encerraram centenas de escolas em França, em luta contra a reforma que Macron pretende levar a cabo no ensino secundário e superior. Entretanto, o maior sindicato do setor agrícola também já anunciou uma mobilização na próxima semana e dois sindicatos do transporte rodoviário convocaram uma greve, a partir de domingo, por tempo indeterminado.

Perante este cenário, o Governo francês destacou 89 mil polícias para as ruas onde os protestos estão a realizar-se este sábado, deixando parte do país a meio gás: Torre Eiffel e Louvre encerrados, caminha pelo clima afastada de Paris, vários estabelecimentos comerciais encerrados e jogos de futebol adiados.

Notícia atualizada às 16h50 com o novo número de pessoas detidas.

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