No jogo da bolsa, Benfica é o campeão nacional… e o vice da Europa

O Benfica fecha 2018 com uma valorização de quase 45% no mercado de capitais, a maior subida entre os três clubes nacionais que negoceiam em bolsa. Na Europa, só o Ajax supera esta marca.

O Futebol Clube do Porto (FCP) chegou ao fim deste ano a ocupar o primeiro lugar da primeira liga do campeonato de futebol, mas, na bolsa, o resultado é outro. O Benfica fecha 2018 com uma valorização de quase 45% no mercado de capitais, a maior subida entre os três clubes nacionais que negoceiam em bolsa e a segunda mais elevada entre os clubes europeus. Este ano, só o Ajax ficou à frente das águias.

Apesar da pouca liquidez dos títulos dos três grandes na bolsa nacional, todos registaram uma valorização no acumulado do ano. O Benfica disparou 44,78% desde o início do ano e negoceia agora na casa dos 1,66 euros por ação, com uma capitalização bolsista de 15,2 milhões. A sessão que se seguiu à vitória do Benfica em Salónica, contra o PAOK, que lhe valeu a entrada na Liga dos Campeões, foi das mais positivas para o clube da Luz. Nesse dia, chegou a valorizar mais de 22%.

Já o Sporting acumulou uma valorização de 8,96% desde o início do ano, estando agora nos 73 cêntimos por ação, enquanto o Porto regista uma valorização anual de pouco mais de 6%, negociando agora nos 70 cêntimos por ação.

Ajax tem a maior subida, Besiktas a queda mais acentuada

No Stoxx Europe Football Index, índice que reúne os clubes de futebol listados nas bolsas europeias, só o Ajax conseguiu uma valorização superior à do Benfica, de 44,86%.

Por fim, a Juventus, que chegou a duplicar o seu valor em bolsa com a chegada de Cristiano Ronaldo neste verão, fecha o top 3 dos clubes europeus que mais valorizaram. Contudo, a crise em Itália e as acusações de violação que foram feitas ao jogador português pressionaram as ações da Juventus, anulando alguns dos ganhos registados antes.

Na base deste ranking estão três clubes turcos, que registaram as maiores desvalorizações em bolsa este ano. O Besiktas derrapou 60,6% no acumulado de 2018, o Fenerbahçe perdeu 57,9% e o Galatasaray desvalorizou 41,3%.

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Estes foram os cinco artigos mais lidos no ECO em 2018 (e o que aconteceu depois)

O ECO revela os artigos mais lidos em 2018 e o que aconteceu após a publicação dos mesmos. Do RGPD às tabelas de retenção na fonte, estes foram os temas mais relevantes para os leitores.

O fim de um ano é sempre altura para balanços. Por isso, abrimos o baú e recuperámos os cinco artigos mais lidos no ECO ao longo dos últimos 365 dias. Depois, fomos ao arquivo e recordámos os principais desenvolvimentos que surgiram desde a publicação de cada um.

1 – “Vêm aí as novas regras de proteção de dados. Está preparado?”

O Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD) entra em vigor a 25 de maio e abrange todas as empresas e organizações. A três meses das novas regras, saiba o que tem de fazer para evitar as multas.

Data de publicação: 13 de fevereiro

O RGPD já está em vigor, mas ainda não se conhecem multas pesadas.Pixabay

O dia 25 de maio de 2018 chegou e o muito antecipado RGPD lá entrou finalmente em vigor na União Europeia. Seguiram-se vários dias em que as nossas caixas de correio eletrónico foram inundadas de mensagens em que empresas pediam consentimento para tratarem e armazenarem os nossos dados pessoais.

Não passámos a receber menos spam por causa da nova lei e ainda não surgiram multas elevadas por parte de reguladores europeus ao abrigo da nova legislação. O Facebook, que esteve debaixo de fogo ao longo de todo o ano de 2018 por falhar na proteção dos dados pessoais dos utilizadores, foi multado no Reino Unido com a pena máxima de… 565 mil euros. Um valor que fica muito aquém das pesadas multas que eram prometidas.

Mas isso não quer dizer que os reguladores europeus estejam adormecidos. Existe um percurso de adaptação a ser feito. Em Portugal, a situação é relativamente diferente: a Comissão Nacional de Proteção de Dados não tem meios, como tem vindo a alertar a presidente da instituição, Filipa Calvão. Além disso, o ECO tem questionado a CNPD sobre os dados relativos à fiscalização do RGPD, mas ainda não obteve resposta.

2 – “Lei da Uber já está em vigor. Saiba tudo o que vai mudar para plataformas, motoristas e utilizadores”

É motorista da Uber, Cabify ou Taxify? Ou parceiro de uma destas plataformas? Ou é passageiro? Saiba o que terá de fazer para se preparar para a nova legislação que entra em vigor a 1 de novembro.

Data de publicação: 24 de março (republicado)

A “lei da Uber” legalizou uma atividade económica que funcionou durante anos sem regulamentação específica.Paula Nunes/ECO

A chamada “lei da Uber” entrou oficialmente em vigor a 1 de novembro, mas ainda decorre o período de adaptação para que os vários players do setor se adaptem ao regulamento. Veio legalizar uma atividade económica de transporte de passageiros que, sendo inovadora, operava à margem da lei. Representou também, pelo menos nos termos atuais, a derrota da classe trabalhadora dos taxistas, que há muito reivindicavam a criação de contingentes municipais para uma atividade que sempre consideraram ser concorrência desleal.

O certo é que, para os motoristas, empresas de frotas e para as próprias plataformas, o novo regulamento tem um sabor agridoce. Para os primeiros, obriga à realização de uma formação que pode custar várias centenas de euros. Para os segundos, obriga a que sejam firmados autênticos contratos de trabalho com os motoristas. Para os terceiros, prevê uma contribuição para o Estado de 5% sobre as receitas obtidas com cada viagem.

Os próximos meses mostrarão como vai funcionar o setor já com as novas regras, e não está totalmente afastada a hipótese de a “lei da Uber” vir a sofrer alterações se se mostrar ineficaz. Existem atualmente quatro plataformas eletrónicas de transporte a operar em Portugal: Uber, Cabify, Taxify e Chauffeur Privé.

3 – “Já foram publicadas as tabelas de retenção na fonte do IRS”

Taxas aplicam-se aos salários de trabalho dependente e pensões.

Data de publicação: 3 de janeiro

As novas tabelas de retenção na fonte relativas aos rendimentos de 2019 ainda não foram publicadas. Poderão sê-lo já em janeiro, mas isso não é garantido.Pixabay

As tabelas de retenção na fonte relativas aos rendimentos de 2019 ainda não são conhecidas. Terão de ser publicadas em Diário da República para que trabalhadores e pensionistas possam fazer contas e perceber quanto vão receber em termos líquidos no final do mês. As tabelas, normalmente, são publicadas no início de janeiro, mas já houve casos em que as Finanças só divulgaram essa informação no mês seguinte. Nesses casos há depois lugar a acertos de contas quando necessário.

O Orçamento do Estado para 2019 não introduziu grandes mudanças em sede de IRS. A começar pelos escalões que não foram atualizados à taxa de inflação e que resultam, em alguns casos, num agravamento de tributação. Assim, os contribuintes que virem os seus salários serem atualizados no próximo ano — nem que seja ao valor da inflação prevista (1,3%) — e que venham a saltar de escalão, terão um agravamento de impostos.

Apesar de, na especialidade, os partidos terem tentado que houvesse uma atualização dos escalões, a verdade é que acabou por ficar tudo exatamente igual. De acordo com o Executivo, a opção foi dar um alívio de mil milhões de euros às famílias de rendimentos mais baixos. Mas também porque as alterações introduzidas em 2017, em termos de escalões, não foram totalmente refletidas nas tabelas de retenção na fonte ao longo de 2018.

4 – “Quanto custa comprar casa em Lisboa ou Porto?”

Os preços das casas chegaram a aumentar mais de 30%, no espaço de um ano, em algumas zonas de Lisboa e Porto. Freguesia a freguesia, saiba quanto custa comprar casa nestas cidades.

Data de publicação: 4 de novembro

Em novembro, a avaliação bancária das casas era de, em média, 1.215 euros por metro quadrado.Paula Nunes / ECO

Não há dúvidas de que o mercado imobiliário em Portugal está ao rubro, e já há quem levante a pergunta: é uma bolha? Dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) na última sexta-feira mostram que o preço por metro quadrado atribuído pela banca para a concessão de crédito à habitação está em máximos de, pelo menos, uma década: era de 1.215 euros em novembro, valor que sobe há já 20 meses consecutivos.

É esperado que o boom continue em 2019, mas os partidos da esquerda estão a preparar medidas para dar mais segurança a quem decide comprar um imóvel. Por exemplo, o Bloco de Esquerda propõe que a entrega da casa ao banco seja suficiente para liquidar o empréstimo, uma medida que é contestada pelos bancos, que consideram que deve ser feita uma nova avaliação e que o titular do empréstimo tenha de reembolsar o banco se o valor do imóvel for inferior ao que era no momento da compra.

No âmbito da revisão da Lei de Bases da Habitação, é ainda proposto o fim do regime dos “vistos gold, que é muitas vezes associado à especulação imobiliária e subida dos preços dos imóveis.

5 – “IRS: Estes são os prazos a que tem de estar atento”

Confirmar faturas, atualizar dados do agregado familiar, entregar declaração. Estas são as datas importantes no âmbito do IRS.

Data de publicação: 30 de janeiro

O Fisco devolveu aos contribuintes mais de 2.616 milhões de euros este ano.Paula Nunes/ECO

O IRS de 2018, relativo aos rendimentos de 2017, começou a ser liquidado em abril. Segundo dados da Direção-Geral do Orçamento, o pico de reembolsos foi atingido em abril, tendo sido devolvidos até novembro cerca de 2.616,8 milhões de euros aos contribuintes, mais 43,3 milhões de euros do que em 2007, de acordo com a última atualização da Síntese de Execução Orçamental.

Este foi o primeiro ano em que o IRS passou a ser entregue exclusivamente pela internet, e o segundo ano em que esteve em vigor o prazo único, num processo que decorreu até 1 de junho. Quanto ao ano que agora se inicia, ainda não se conhece o calendário para a entrega das declarações de IRS relativas aos rendimentos gerados em 2018.

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ECO e FAPPC desmistificam Paralisia Cerebral no Mercado Laboral

  • ECO + FAPPC
  • 31 Dezembro 2018

Existem muitos mitos em relação à Paralisia Cerebral em contexto laboral. Vamos apresentar casos reais que mostram outra realidade.

O ECO e a Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral estabeleceram uma parceria que visa desmistificar, junto dos gestores e responsáveis de recursos humanos do tecido empresarial português, muitos dos mitos que existem em relação à Paralisia Cerebral em contexto laboral.

Ao longo do mês de janeiro, serão apresentados exemplos reais de portugueses que, independentemente da Paralisia Cerebral, construíram carreiras de sucesso, quer em empresas privadas nacionais, quer no Estado, quer mesmo em grandes multinacionais – onde ocupam muitas vezes funções de elevada responsabilidade.

Nas nossas colunas de opinião, será também dado espaço – pela primeira vez – a pessoas com Paralisia Cerebral, que nos vão escrever sobre a forma como enfrentam esta condição no seu dia-a-dia, e como conseguem dar a volta aos problemas com que são diariamente confrontados.

Durante este período, iremos ainda demonstrar que a Paralisia Cerebral – embora tenha este nome – não é um problema mental, e que é perfeitamente possível às empresas integrarem estas pessoas, usufruindo inclusive de vários benefícios de reputação, mas também em sede fiscal.

Por fim, serão apresentados os números preocupantes quanto ao desemprego que as pessoas com Paralisia Cerebral enfrentam, em grande parte devido à pouca informação que existe sobre o tema e derivado também aos vários mitos que foram sido construídos ao longo de vários anos em torno deste tema.

Sabemos que infelizmente uma só campanha não conseguirá alterar drasticamente esta realidade do dia para a noite. Mas estamos bem cientes que este pode ser um primeiro passo para que mais empregadores estejam motivados a contratar pessoas com Paralisia Cerebral.

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PIB cresce 2,2%? Costa vence eleições? E há mesmo Brexit? 19 questões para 2019

Quando soarem as doze badaladas começa um novo ano. O ECO juntou as 19 perguntas difíceis a que 2019 vai dar uma resposta.

Todos os anos são de teste. Mas as provas não são sempre as mesmas. O ECO reuniu as perguntas a que 2019 vai dar uma resposta. Costa vai vencer as eleições legislativas? E terá maioria absoluta? Os juros vão subir no próximo ano? As trotinetas de Lisboa vão sobreviver? O Reino Unido vai mesmo sair da União Europeia? Estes são algumas das 19 questões a que a equipa do ECO tentou dar resposta.

O secretário-geral do PS no início do 22º Congresso Nacional do partido.PAULO CUNHA/LUSA

1. António Costa vai ter maioria absoluta?

As últimas sondagens indicam que o PS vence as eleições, mas sem maioria absoluta. Isto apesar de ter uma diferença de mais de 10 pontos percentuais nas intenções de voto face ao PSD de Rui Rio. Os portugueses só vão às urnas escolher o próximo primeiro-ministro a 6 de outubro, mas o clima de campanha eleitoral já arrancou. A reta final deste ano foi marcada por várias greves, com diversos grupos profissionais do setor público a reclamarem mais direitos.

No Parlamento, aprovado o último Orçamento do Estado da legislatura, os parceiros políticos tentam vincar diferenças face ao PS, e à direita, PSD e CDS ensaiam a tese de que Costa vive num mundo cor-de-rosa. Marcelo também não facilita. O Presidente da República chamou a atenção para o cenário macroeconómico “mais generoso” que o Executivo colocou no OE2019 e lembrou que com uma previsão de crescimento do PIB de 2,3% devia apontar para um saldo orçamental nulo ou mesmo um excedente em 2019.

Mas o primeiro-ministro já começou a preparar-se para as eleições: exibe contas certas para entrar no terreno do centro-direita e não tira os temas sociais da agenda para jogar também no tabuleiro da esquerda. Tudo sem pedir “maioria absoluta”. Pelo menos para já. A única vez que o PS a conseguiu foi em 2005 com José Sócrates. Mais um dado que mostra a dificuldade deste objetivo. Se Costa não o conseguir poderá tentar repetir a geringonça. Por agora é a solução que diz que mais o agrada. O primeiro teste à força do PS acontece a 26 de maio, quando forem as eleições europeias, que servem de antecâmara às legislativas de outubro.

Rui Rio no 37.º Congresso do PSD no início de 2018.Paula Nunes/ECO 16 de fevereiro, 2018

2. Rui Rio vai sobreviver como líder do PSD?

Rio foi consagrado líder do PSD em fevereiro de 2018 com o slogan “É hora de agir”. Desde o início que a tarefa se adivinhava difícil. O presidente do PSD tem de fazer oposição a um Governo que chegou depois da troika, com a economia em alta e a taxa de desemprego a baixar. Mas não se tem conseguido afirmar nem fora nem dentro do partido. O PSD está abaixo dos 30% e, se as atuais intenções de voto se materializarem a 6 de outubro, arrisca-se a dar ao partido um dos piores resultados de sempre. Não se afirma como oposição a Costa (com quem fez até dois acordos) e não consegue passar a mensagem de alternativa. Internamente, os problemas parecem cogumelos e foi o PSD que se viu envolvido mais diretamente com a polémica das falsas presenças na Assembleia. No congresso de fevereiro, Rio viu os opositores darem-lhe tempo: Santana disse que não tinha gostado de ver a tentativa de condicionamento ao líder eleito e Luís Montenegro anunciou o seu afastamento da vida parlamentar. Mas a paz foi sol de pouca dura. Há notícias de reuniões difíceis no grupo parlamentar e há possíveis futuros líderes a posicionarem-se. “O PSD deve mudar de estratégia e de líder. Estou disponível”, disse Pedro Duarte ao Expresso em agosto.

Linha de montagem da fábrica Volkswagen em Palmela.Volkswagen Autoeuropa Media Kit

3. O PIB vai crescer 2,2% e o défice vai baixar para 0,2%?

Só em final de fevereiro de 2020 se saberá quanto a economia cresceu em 2019. No entanto, são cada vez mais as instituições a lançar dúvidas sobre se a economia vai crescer tanto quanto o Executivo prevê. A maior parte das entidades acredita que Portugal crescerá 1,8%. A estas dúvidas juntou-se mais recentemente o Presidente da República que na promulgação do Orçamento do Estado para 2019 chamou a atenção para o cenário macroeconómico “mais generoso” do Governo. Quanto ao défice, as probabilidades de sucesso parecem ser maiores. Já em 2018, o défice deverá ficar abaixo do previsto no OE (0,7%), admite o ministro das Finanças, o que terá um efeito positivo para 2019. Além disso, há o histórico de anos anteriores em que Mário Centeno conseguiu apresentar bons resultados na frente orçamental. Resta saber se, no caso do crescimento económico ser menor, que impacto terá no saldo orçamental.

O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira (E), é um dos protagonistas da contestação dos professores.

4. A contestação social contra o Governo vai agravar-se?

Provavelmente, sim. O final de 2018 ficou marcado por mais de uma dezena de greves, dos enfermeiros aos guardas prisionais. Em 2019, à boleia dos últimos meses da legislatura de António Costa e das eleições marcadas para outubro, os movimentos reivindicativos devem multiplicar-se.

Prova dessa tendência são os protestos dos professores. Em janeiro, os educadores de infância, bem como os docentes do ensino básico e secundário prosseguem a greve ao trabalho suplementar. A este protesto — que teve início a 29 de outubro e ainda não tem fim à vista — poderá, depois, juntar-se um outro a favor da contabilização integral do tempo de serviço cumprido pelos professores durante os períodos de congelamento. Os sindicatos defendem a recuperação dos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço, enquanto o Governo tem insistido no registo de apenas dois anos, nove meses e 18 dias. Falhadas as negociações, a Federação Nacional dos Professores disse já que irá discutir a marcação de greves, a realizar até ao fim do ano letivo, ameaçando um “bloqueio” às aulas.

Além destes trabalhadores, também estarão em greve, em 2019, os funcionários dos registos e notariado, os funcionários judiciais e os enfermeiros. A estes juntam-se também os oficiais de justiça, cuja paralisação deverá ter início no quarto dia do ano e terminar apenas dois dias antes da ida às urnas. “É um momento de reflexão, não de luta”, explicou ao ECO o presidente do Sindicato dos Oficiais de Justiça, referindo que, depois das eleições, irá de “boa-fé” para as negociações com qualquer Governo. “Ganhe o partido que ganhar, vai haver uma mudança de intervenientes e de políticas. Há um novo programa”, defendeu Carlos Almeida, garantindo que até a António Costa dará o “benefício da dúvida”.

5. O Estado terá de injetar mais dinheiro no Novo Banco?

A venda de 75% do Novo Banco ao fundo Lone Star em outubro de 2017 incluiu a criação de um mecanismo de capitalização contingente, com um valor máximo de 3.890 milhões de euros, com o qual o Fundo de Resolução (financiado pelos bancos do sistema) se compromete a injetar capital no banco se se materializarem riscos para a estabilidade financeira da instituição. Neste âmbito, o Estado pode conceder empréstimos ao Fundo de Resolução no montante máximo anual de 850 milhões de euros caso este não tenha o dinheiro necessário para acudir a instituição. O Estado já emprestou este ano cerca de 430 milhões ao Fundo de Resolução, elevando para 792 milhões o montante que entrou no banco liderado por António Ramalho, e deverá ter de voltar a fazê-lo em 2019.

Isto porque o Novo Banco vai continuar a limpeza do seu balanço através da venda de crédito malparado e isso deverá representar perdas que o Fundo de Resolução terá de cobrir. O banco liderado por António Ramalho já previa em meados deste ano vir a pedir ao Fundo de Resolução mais 726 milhões de euros. No entanto, o ministro das Finanças antecipa não ir além dos 400 milhões e pede “parcimónia” no recurso ao mecanismo de capital contingente. Ou seja, é quase certo que haja nova injeção no Novo Banco. Só não se sabe de quanto.

Há mais bancos na órbita do dinheiro público além do Novo Banco. No Orçamento do Estado para 2019, o Governo prevê que a despesa orçamental com os veículos criados para ficarem com os ativos problemáticos do Banif e do BPN ascenda a 886 milhões de euros.

Mário Centeno é presidente do Eurogrupo desde 12 de janeiro de 2018.

6. Mário Centeno vai ser comissário europeu?

Esta é a pergunta para um milhão de dólares… ou euros (no caso). O ministro das Finanças tem um défice a caminho de zero, o rácio da dívida pública a baixar e as devoluções de rendimentos previstas no Programa de Governo estão cumpridas. Ou seja, o trabalho de casa está feito. Em abril, Marques Mendes colocou este cenário em cima da mesa e o Expresso noticiou que Centeno preparava a sua ida para comissário europeu. Mas as contas certas que Centeno deu a António Costa são um trunfo eleitoral que o líder socialista pode querer levar até às legislativas. E com isto arrastar Mário Centeno. Julho de 2019 será o mês do tira-teimas. É nessa altura que deverão ser indicados os comissários europeus.

7. As novas leis vão resolver a crise na habitação?

Em abril deste ano, o Governo lançou a Nova Geração de Políticas de Habitação, um pacote legislativo com várias medidas para melhorar as condições do mercado da habitação e, em particular, do arrendamento. Neste pacote, definiu como objetivo baixar, num prazo de oito anos, a percentagem de famílias que têm uma sobrecarga de custos com habitação (isto é, que gastam com a habitação mais de 40% do seu rendimento disponível), para 27%, dos atuais 35%.

Depois de seis meses de discussão no Parlamento, o pacote legislativo da habitação foi aprovado. O objetivo era reforçar a proteção dos inquilinos e, ao mesmo tempo, oferecer incentivos fiscais aos proprietários para aumentar a oferta disponível. Há dois tipos de incentivos fiscais: os senhorios que celebrem contratos de arrendamento com um prazo mínimo de dois anos terão direito a uma redução da tributação sobre os rendimentos prediais, atualmente de 28%. A taxa será tanto menor quanto mais longo for o prazo do contrato, não havendo qualquer limite às rendas que podem ser praticadas. O segundo incentivo é o programa de arrendamento acessível, que oferece a isenção de IRS ou de IRC sobre os rendimentos prediais dos senhorios que cobrem rendas 20% abaixo do que é praticado no mercado e celebrarem contratos com, pelo menos, três anos.

As dúvidas sobre a eficácia destas medidas, contudo, são muitas. Desde logo, porque, mesmo com isenções fiscais, facilmente um proprietário encontra soluções mais rentáveis do que colocar a casa no arrendamento habitacional – o arrendamento de curto prazo a turistas tem sido a opção de muitos. Ao mesmo tempo, com um mercado inflacionado e com cada vez mais estrangeiros com um poder de compra mais elevado do que o nacional, também não é difícil encontrar quem tenha disponibilidade para pagar rendas muito acima daquela que deveria ser a taxa de esforço de uma família com o rendimento médio português. Para além disso, como têm avisado as associações de proprietários, as regras mais apertadas que se criaram para dificultar os despejos de inquilinos poderão demover muitos proprietários de colocarem a casa a arrendar.

Também para o lado dos inquilinos as medidas poderão ser insuficientes. Quanto aos incentivos ao arrendamento de longa duração, a discussão começa logo no que se entende por longa duração. A proposta original do Governo previa que só teria direito a um desconto fiscal quem celebrasse contratos com um mínimo de dez anos. Mas o diploma que acabou por ser aprovado, da autoria do PSD e com a aprovação do PS, prevê descontos para contratos com um mínimo de dois anos, um prazo que fica muito longe do objetivo inicial. Já o programa de arrendamento acessível procura oferecer casas com rendas 20% abaixo do que é praticado no mercado; acontece que o mercado está de tal forma inflacionado que, mesmo com uma redução de 20%, em algumas zonas do país os preços continuam a ser incomportáveis para grande parte da classe média, a quem este programa, supostamente, se destina.

Resta saber duas coisas. Primeiro, se o próprio mercado vai, de forma orgânica, ajudar a cumprir os objetivos do Governo. As últimas estatísticas oficiais têm dado conta de que os preços das casas continuam a subir ininterruptamente, mas a um ritmo mais lento, o que poderá indicar que há, finalmente, um arrefecimento do mercado. Quanto às rendas, os únicos dados oficiais disponíveis são relativos a 2017, que não só não permitem conhecer a evolução dos preços como são já desatualizados. Já quanto aos preços de vendas, os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que os preços da habitação cresceram 8,5% no terceiro trimestre deste ano, sendo este o segundo trimestre consecutivo em que é registada uma desaceleração dos preços. Este abrandamento do valor de venda das casas poderá influenciar as rendas praticadas.

Segundo, se as alterações que foram feitas ao regime do alojamento local vão demover os proprietários de colocarem as casas neste mercado e, ao mesmo tempo, desviá-los para o arrendamento habitacional. O objetivo das novas regras do alojamento local era não só aumentar a regulação deste tipo de atividade – com limites, por exemplo, ao número de unidades que um proprietário pode explorar –, mas, também, proteger a habitação – com a possibilidade de as câmaras municipais definirem áreas de contenção onde haverá quotas máximas de alojamentos locais. Lisboa e Mafra são as únicas autarquias que definiram áreas onde está suspensa a atribuição de novas licenças de alojamento local, pelo prazo de um ano, até que fique definido o novo regulamento municipal para esta atividade. O efeito das novas regras é, para já, reduzido. Desde que a nova lei do alojamento local entrou em vigor, em outubro, foram registados 1.973 novos alojamentos locais por todo o país. No mesmo período do ano passado, tinham sido registados 2.330 novos alojamentos. No município de Lisboa, que definiu cinco bairros históricos onde está suspensa a atribuição de novas licenças, o resultado pretendido também não está a ser alcançado. Os proprietários afastam-se pouco das zonas proibidas e continuam a registar alojamentos locais noutros bairros históricos da cidade, que, embora não estejam suspensos, estão a ser monitorizados pela câmara por terem um rácio de casas utilizadas para alojar turistas já bastante elevado.

8. Os juros vão começar a subir?

Os juros de referência da Zona Euro estão em mínimos históricos e não deverão sofrer grandes alterações, no próximo ano. O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, tem afirmado que apenas depois do verão poderão haver mexidas aos níveis atuais, sendo que a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento está em 0%, as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez nos 0,25% e à facilidade permanente de depósito em -0,40%.

Os futuros do mercado monetário apontam para uma probabilidade inferior a 50% de o BCE subir os juros de referência já no próximo ano, segundo a agência Reuters. Os analistas estimam que haja uma subida da taxa de depósito, mas não da taxa de juro de referência, ou seja, a aplicável às operações principais de refinanciamento. Já os futuros para a Euribor a três meses colocam atualmente o indexante em terreno negativo até setembro de 2020, sendo que apenas em junho de 2022 o mercado aponta para que seja atingida a fasquia dos 0,5%.

O rumo dos juros na Zona Euro irá depender do curso de normalização da política monetária — numa altura em que o programa de compra de ativos chega ao fim –, tal como da desaceleração do crescimento económico e da resistência da inflação. Há ainda outro fator de incerteza: com Mario Draghi a abandonar o cargo em outubro, o novo presidente do BCE poderá trazer uma abordagem mais agressiva na subida dos juros.

9. A China Three Gorges vai controlar a maioria do capital da EDP?

É a questão dos nove mil milhões de euros. A China Three Gorges lançou em maio uma oferta pública de aquisição para comprar a EDP. Os chineses oferecem uma contrapartida de 3,26 euros para comprar as ações que ainda não detêm na elétrica portuguesa. Mas operação está longe de ficar fechada. O negócio até tem o aval do Governo português, mas as autoridades regulatórias na Europa e nos EUA deverão colocar tantos obstáculos à China Three Gorges que a operação acabará por “morrer de morte natural”, como já se diz no mercado. Um parecer recente da ERSE sobre outro negócio semelhante – da compra da Generg pela estatal chinesa – poderá ter sido o último prego no caixão da OPA. As regras europeias impedem que um mesmo acionista controle as atividades de produção e de distribuição. Ou seja, para ficar com a EDP, o Governo chinês terá de abdicar da REN, onde já lá está a State Grid. E não é essa a prioridade de Pequim.

10. O preço do petróleo vai continuar a cair?

O novo ano ficará marcado no mercado petrolífero pelo acordo de cortes de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros produtores como a Rússia, tal como aconteceu em 2018. O grupo conhecido como OPEP+ decidiu, em novembro, que irá renovar os cortes em 2019, o que os analistas consideram que irá estimular os preços a curto prazo.

Se atualmente o barril de petróleo está a ser negociado a 45 dólares nos EUA, a previsão é de que possa encerrar o novo ano nos 65 dólares, um aumento de quase 45%. Contudo, tendo em conta que a utilização de crude está intimamente relacionada com a atividade económica, a diminuição da procura global poderá travar um maior impulso nos preços. E levar mesmo a uma correção, após o ímpeto inicial.

Perante a quebra recente do petróleo, os consumidores portugueses têm visto tanto o preço do gasóleo como da gasolina recuar, fixando mínimos que chegam a ser de quase dois anos. Esta tendência poderá inverter-se a prazo, mas a compensar uma eventual subida por força da recuperação do petróleo estará o facto de o Governo baixar em três cêntimos por litro a taxa do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e energéticos (ISP) aplicado a este combustível. Tendo em conta que sobre o ISP recai ainda o IVA, há margem para uma descida de 3,7 cêntimos no valor a pagar pelos consumidores. Contudo, entra também em vigor a 1 de janeiro um agravamento da Taxa de Carbono que deverá ditar um aumento de cerca de um cêntimo por litro tanto na gasolina como no gasóleo, atenuando a descida na primeira.

A Procuradoria-Geral da República é liderada por Lucília Gago.António Cotrim / Lusa

11. O caso dos CMEC vai ter responsáveis?

É um dos maiores casos que a justiça portuguesa tem em mãos atualmente. Os custos de manutenção do equilíbrio contratual (os chamados CMEC) foram desenhados pelo Governo de Pedro Santana Lopes, em 2004, como forma de compensar as produtoras de eletricidade com quem o Estado cessou antecipadamente os contratos de aquisição de energia (CAE), na sequência da liberalização do mercado da eletricidade. Entraram em vigor em 2007, por despacho de Manuel Pinho, então ministro da Economia do Governo de José Sócrates, altura em que António Mexia já era o presidente executivo da EDP (contudo, quando o diploma dos CMEC foi aprovado, em 2004, era ministro do Governo de Santana Lopes).

Em 2012, o Ministério Público começou a investigar os CMEC, por suspeitas de que este regime de rendas aos produtores de eletricidade terá sido uma forma de beneficiar a EDP. A 2 de junho de 2017, António Mexia, João Manso Neto (CEO da EDP Renováveis e também administrador da EDP), os gestores da REN João Conceição e Pedro Furtado, o antigo diretor-geral de Energia Miguel Barreto e Pedro Rezende, antigo administrador da EDP, foram constituídos arguidos, suspeitos de corrupção ativa e passiva e de participação económica em negócio. Também Manuel Pinho chegou a ser constituído arguido, uma medida que veio a ser anulada, embora o Ministério Público tenha recorrido dessa anulação.

Já passaram mais de seis anos desde que as investigações começaram e mais de um ano desde que foram constituídos arguidos. O Ministério Público é claro na sua tese: a EDP foi favorecida por mais do que um Governo. Poderá, até, haver ligações do caso EDP ao caso Banco Espírito Santo (BES), que chegou a ser acionista da elétrica e que, por isso, indiretamente, também beneficiaria com estes favorecimentos. Mas, para já, não há respostas claras. Os protagonistas deste caso, onde se incluem António Mexia, João Manso Neto e Manuel Pinho, ainda não prestaram depoimentos ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), que, ainda assim, já ouviu vários intervenientes.

Segundo o Expresso, os procuradores já inquiriram Paulo Pinho, antigo administrador da REN, Ana Maria Fernandes, ex-presidente da EDP Renováveis, Duarte Bello, ex-chefe de gabinete de António Mexia e que esteve diretamente envolvido na negociação do patrocínio da EDP à Universidade de Columbia (onde Manuel Pinho deu aulas), a administradora da EDP Maria Teresa Pereira, Ana Rita Côrte-Real, secretária da sociedade do grupo EDP, e António Castro Guerra, secretário de Estado da Indústria a quem Manuel Pinho atribuiu a responsabilidade pelo processo dos CMEC. Os procuradores têm apertado a investigação em torno de Manuel Pinho — que, neste momento, não é arguido, mas é um dos principais suspeitos. Contudo, não há qualquer previsão de quando as investigações estarão terminadas e as acusações serão feitas.

12. Operação Marquês. Sócrates vai mesmo a julgamento em 2019?

Os tempos da Justiça e dos tribunais são uma incógnita. Para já, certo é que, na última semana de janeiro, a fase de instrução da Operação Marquês começa a avançar, já que nos últimos três dias de cada mês estão já marcadas audiências com os arguidos que pediram instrução. Que são todos, menos Ricardo Salgado. Tendo em conta que, no total, este processo conta com 28 arguidos, incluindo 19 pessoas singulares, não será nunca uma fase de instrução célere. E só depois do despacho desta fase é que se saberá se os arguidos — incluindo o ex-primeiro ministro José Sócrates — irão mesmo a julgamento

Para já, questões como o porquê deste processo não ter sido sorteado eletronicamente logo em 2014, tendo sido à data atribuído a Carlos Alexandre, na altura do inquérito, podem vir a pôr em causa algumas das decisões tomadas, incluindo a acusação. O que já foi, aliás, alegado pela defesa de Armando Vara.

13. As trotinetas elétricas em Lisboa vão sobreviver?

Em 2018, as trotinetas elétricas conquistaram um lugar especial entre as soluções de mobilidade nesta nova economia da partilha. Mas 2019 será determinante para perceber se esta moda vai sobreviver — e em que moldes. Madrid foi notícia no início de dezembro por ter banido três empresas que já partilhavam trotinetas na capital espanhola. Em Lisboa, existem pelo menos quatro empresas a prestar o mesmo serviço e mais de uma dezena de outras interessadas.

É impossível prever o futuro e saber o que vai ou não fazer a Câmara Municipal de Lisboa a este nível. Mas é possível observar os sinais que foram sendo dados pelo executivo ao longo dos últimos meses e que foram apontando para uma maior abertura da autarquia a estas soluções. No final de novembro, o vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar, considerou que o fenómeno estava “controlado” e que era “suportável”. E reiterou que as empresas de trotinetas têm trabalhado em coordenação com as autoridades para prestarem um serviço que realmente vá ao encontro dos interesses dos cidadãos.

A própria autarquia tem um serviço de bicicletas partilhadas, algumas elétricas, e até “comprou” uma pequena guerra com a PSP, por considerar que o capacete não é obrigatório para quem usa estes veículos (batalha essa que conseguiu ganhar, levando a PSP a ter de devolver o valor das coimas que estava a cobrar aos lisboetas apanhados sem capacete). Mas a entidade reguladora que lhe deu a vitória também lembrou que é preciso apertar a fiscalização às bicicletas e trotinetas que circulam a grande velocidade nos passeios — colocando os peões e os próprios utilizadores em sério risco.

Assim, face à informação atual, é pouco provável que o executivo de Fernando Medina vá banir totalmente as trotinetas elétricas (mas não impossível). A autarquia tem encarado estas empresas como parceiras de mobilidade. Além disso, estes operadores (Lime, Hive, Voi e Tier) só entraram no mercado lisboeta com o compromisso de que as trotinetas são recolhidas no final de cada dia e reposicionadas nos locais destinados para o efeito. Mas não está descartada a hipótese de surgirem fortes limitações à circulação à margem das ciclovias e no passeio, bem como a proibição de estacionamento fora dos sítios próprios.

14. Quantos unicórnios vão nascer em 2019?

Depois da Farfetch, em 2015, da Outsystems e da Talkdesk em 2018, trará o ano novo mais unicórnios com DNA português? O crescimento do ecossistema mas, sobretudo, rondas de financiamento de largos milhões, fizeram com que a avaliação destas empresas superasse os mil milhões de dólares.

No campo das previsões, a Feedzai é já há algum tempo uma das favoritas dos mais atentos ao mercado. A startup, fundada no Instituto Pedro Nunes e que se dedica à deteção e combate de fraudes no sistema bancário, mantém a sede em Coimbra mas há muito que trabalha a partir de São Francisco, nos EUA. A empresa duplicou, em 2018, o número de trabalhadores e anunciou que vai prevenir fraudes no CitiBank. O banco vai juntar-se à já grande carteira de clientes que trabalham as soluções de inteligência artificial da startup.

No entanto, segundo Pedro Rocha Vieira, diretor da Beta-i, mais importante do que a avaliação são os exits (quando a empresa é comprada). E nesse critério, Portugal “ainda está bem abaixo da média europeia”. “2018 foi um ano incrível, logo difícil de superar em termos de unicórnios. No entanto, é possível ter ainda algumas surpresas, nomeadamente a Feedzai, que poderá chegar alcançar este estatuto num futuro próximo… Apesar de ser difícil de prever o aparecimento de mais unicórnios, existem alguns centauros (empresas com avaliação superior a 100 milhões de euros) potenciais, como os casos da SkyHour, DashDash, Science4You, Storio, Defined Crowd, JScramler, Muse.ai, Omniflow, ou mesmo a BioSurfit”, explica.

Estádio do Dragão, sede do Futebol Clube do Porto.

15. O FC Porto vai ser campeão nacional de futebol?

Os dragões procuram conquistar bicampeonato e estão bem colocados nesse sentido: lideram a Liga Nos com 36 pontos, enquanto o rival Benfica surge imediatamente atrás com 32 pontos.

As apostas também dão favoritismo ao FC Porto. Na bet.pt, por exemplo, apostar um euro na vitória portista no campeonato dá um retorno líquido de apenas 0,47 euros, sinalizando uma maior probabilidade de os azuis e brancos chegarem ao fim da época no primeiro lugar. O Benfica dá um retorno superior, de 2,95 euros — ou seja, os apostadores atribuem menos favoritismo aos encarnados. O Sporting, que surge na terceira posição com 31 pontos, apresentam uma odd ainda maior: 4,85 euros.

16. Vai ser possível fechar as perspetivas financeiras para 2021-2028 antes das europeias?

É nesse cenário que os Chefes de Estado e de Governo estão a trabalhar. Mas não está a ser fácil tendo em conta as propostas sobre a mesa e o cenário em que a negociação decorre — em simultâneo com as negociações do Brexit. A saída do Reino Unido da União Europeia, um dos principais contribuintes líquidos do Orçamento comunitário, e a falta de disponibilidade dos Estados membros para aumentarem a sua contribuição, levou a Comissão a propor cortes significativos. A Política de Coesão poderá sofrer um corte de 7% e a Política Agrícola Comum de 15% na vertente do desenvolvimento rural (PDR). Além disso, as taxas de comparticipação também vão baixar para os níveis anteriores à crise, o que exigirá um esforço maior dos Orçamentos do Estado para fazer face aos investimentos públicos financiados com apoios comunitários.

O Parlamento europeu definiu como prioridade, em novembro, que o Orçamento da UE para 2021-2027 — incluindo o nível de financiamento para cada política e programa da UE — seja inscrito no topo da agenda do Conselho para que seja ainda possível alcançar um acordo antes das eleições europeias de maio de 2019. O objetivo é “evitar graves reveses para o lançamento dos novos programas devido à adoção tardia do quadro financeiro, como aconteceu no passado”. O próprio primeiro-ministro, António Costa, no final do Conselho Europeu de dezembro, reiterou essa meta e lamentou que não estejam a ser feitos avanços suficientes a esse nível. Parlamento e comissão já aprovaram as respetivas posições, falta agora o Conselho Europeu. E a janela de oportunidade começa a fechar-se.

O período de janeiro a março seria o ideal para aprovar as perspetivas financeiras, porque a partir de março o Parlamento desaparece da mesa das negociações porque se inicia a campanha eleitoral. Além disso, há o risco é que o Parlamento Europeu eleito em maio de 2019 ser ainda mais fragmentado e eurocético, o que tornará ainda mais difícil a obtenção de consensos. Por outro lado, em novembro é a vez da Comissão Europeia sair de funções. É o segundo interlocutor que muda a meio do jogo. Neste cenário, só em janeiro de 2020 é expectável que todos estejam prontos para retomar as negociações.

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, cumprimenta o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

17. O Reino Unido vai sair mesmo da União Europeia?

Brexit ou Bremain? O voto em 2016 foi pela saída, o artigo 50 do Tratado de Lisboa está acionado e o tempo até 29 de março, dia em que o Reino Unido abandona o bloco europeu, escasseia. O acordo entre o Governo de May e Bruxelas até já está selado, mas é na Câmara dos Comuns que o Brexit pode esbarrar.

A votação estava para ser feita ainda este mês de dezembro, mas a primeira-ministra pressentiu o cheiro a derrota e reagendou a votação para 14 de janeiro. Quis ganhar tempo para voltar a Bruxelas e implorar aos 27 concessões que lhe permitissem o aval em Londres. Mas voltou à capital britânica de mãos a abanar. “Este acordo é o melhor e único possível”, não havendo margem de negociação, disse a Comissão Europeia, através da porta-voz Mina Andreeva.

A fronteira da Irlanda continua a dividir britânicos, europeus, unionistas e republicanos da Irlanda do Norte. Todos defendem uma solução que não leve à criação de uma fronteira física, mas o backstop — mecanismo de salvaguarda — presente no acordo não está a agradar aos eurocéticos britânicos que consideram que o país, na verdade, ia continuar dentro do mercado único.

Entretanto, a falta de tempo e a turbulência política em Londres está a levar um lado e outro do Canal da Mancha a preparam-se para um ‘hard Brexit’. Do lado britânico cidadãos e empresas vão começar a receber indicações, enquanto os Ministérios vão ser dotados de um fundo de emergência. Os 27 apresentam medidas para salvaguardar perigos em áreas como a segurança social, transportes e alfândegas.

Resta saber se a primeira-ministra vai conseguir o apoio necessário para pôr um ponto final no Brexit, ou se acaba derrotada. Nesse caso, a voz poderá mesmo vir a ser dada de novo aos britânicos através de um segundo referendo. Pelo menos é o que pedem destacadas figuras políticas do país como o antigo primeiro-ministro Tony Blair ou a atual ministra de May, Amber Rudd.

29 de março está cada vez mais perto, mas continua uma miragem. Certo é que o país já anunciou para esse dia o lançamento de uma nova moeda de 50 pence para festejar a saída do Reino Unido da União Europeia.

Trump e Xi durante a a viagem do presidente norte-americano à Ásia.The White House

18. A guerra comercial entre os EUA e a China vai acabar?

Foi um dos temas que marcou 2018. A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, Estados Unidos da América (EUA) e China, deixou muitas empresas à beira de um ataque de nervos, preocupadas com as taxas que os dois países foram impondo às importações. E os setores afetados foram vários, começando no automóvel e terminando no tecnológico.

Por agora, a guerra comercial está suspensa por um período de 90 dias (que começou a contar a partir do jantar dos líderes), graças ao acordo de tréguas entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o Presidente chinês, Xi Jinping. Os dois chegaram a um entendimento temporário no final da cimeira do G20, num momento em que os Estados Unidos registaram recordes negativos no défice comercial e a China apresentou uma desaceleração da economia. As tréguas terminam no próximo dia 1 de março, que é o dia D para a guerra comercial. Espera-se que os Estados Unidos e a China cheguem, finalmente, a um consenso. Caso contrário, é provável que novas tarifas sejam impostas.

19. A bolha da bitcoin rebentou mesmo?

O disparo no valor da bitcoin no final de 2017 catapultou a criptomoeda para próximo de 20 mil dólares, mas no início de 2018 o percurso inverteu-se. Um ataque cibernético que roubou 500 milhões de dólares em criptomoedas, em janeiro, acabou por ser o primeiro de uma série de eventos destrutivos de valor e reputação. Este ano, o mercado cripto (incluindo a bitcoin, mas também as outras mais de duas mil moedas) perdeu mais de 700 mil milhões de dólares em capitalização e a bitcoin aproxima-se atualmente dos quatro mil dólares.

O percurso do valor da criptomoeda assemelha-se ao das dotcom ou da túlipa. Em 2019, poderá haver uma recuperação do valor do ativo. A ajudar, estará a entrada de capital institucional, de que são exemplo os futuros da bitcoin que o Nasdaq irá lança no início de 2019. Por outro lado, as guerras internas, os problemas de escala na primeira e maior criptomoeda e a incerteza em relação à regulação levantam dúvidas sobre a eventual retoma.

(Com Alberto Teixeira, Filipa Ambrósio de Sousa, Flávio Nunes, Guilherme Monteiro, Isabel Patrício, Joana Nabais Ferreira, Leonor Mateus Ferreira, Mariana Araújo Barbosa, Mónica Silvares, Paulo Moutinho e Rafaela Burd Relvas)

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Brexit faz disparar procura por passaportes irlandeses

Em 2018, o número de cidadãos britânicos que solicitaram passaportes irlandeses disparou 22%. Isto com a concretização do Brexit no horizonte.

Com a saída do Reino Unido da União Europeia à porta, o número de cidadãos britânicos que solicitaram passaportes irlandeses disparou 22%, avança, esta segunda-feira, o The Guardian. Em 2018, quase 100 mil britânicos tomaram, assim, esta decisão, valor que compara com os 81 mil de 2017 e como os 46 mil registados no ano do referendo que daria início ao divórcio mais badalado dos últimos tempos (2016).

Pode conseguir um passaporte irlandês qualquer pessoa nascida na República da Irlanda ou na Irlanda do Norte, bem como qualquer cidadão com ascendentes dessa nacionalidade. Deste modo, cerca de seis milhões de britânicos estão em condições de solicitar dupla nacionalidade.

Este disparo dos pedidos de passaportes irlandeses coincide com a aproximação de um dos dias que deverá ser mais marcante em 2019: está marcada para 29 de março a saída do Reino Unido na União Europeia. Para os britânicos que serão alvo das barreiras decorrentes dessa saída, o passaporte irlandês representa um atalho para a retoma dos direitos perdidos.

A três meses desse momento decisivo, ainda não está fechado o plano de ação, isto é, apesar de Londres e Bruxelas terem chegado a acordo, os termos serão ainda votados, no próximo mês, pelo Parlamento britânico.

Além disso, em entrevista ao Sunday Times, o ministro do Comércio Internacional britânicos estimou que, se o Parlamento chumbar esse acordo, as hipóteses do Reino Unido sair da União Europeia são “50-50”. “Se não aprovarmos o acordo, não arrisco dar [à concretização do Brexit] hipóteses superiores a 50-50”, disse.

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Revista de imprensa internacional

Kim Jong Un enviou carta de "paz" a Trump e Musk planeia visita à China. Bolsonaro prepara tomada de posse e Brexit fez disparar pedidos de passaporte irlandês.

Enquanto Elon Musk prepara a sua visita à China para dar início à construção da primeira fábrica da Tesla fora dos Estados Unidos, Kim e Trump trocam mensagens de “paz”. O último dia do ano fica ainda marcado pela preparação da tomada de posse do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e pelas negociações que estão a decorrer no sentido de acabar com a paralisação parcial do Governo norte-americano. O divórcio mais badalado dos últimos anos está a fazer disparar o número de britânicos a querer ter passaporte irlandês.

Reuters

Trump aberto a negociar para acabar com o shutdown

O senador republicano, Lindsey Graham, apresentou uma proposta que visa autorizar migrantes ilegais a trabalharem no país, desde que tenham entrado nos Estados Unidos enquanto crianças. Segundo o senador, a proposta que visa acabar com a paralisação do governo norte-americano foi bem recebida por Donald Trump. Democratas e republicanos ainda não chegaram a um consenso para o desbloqueio de verbas com vista à construção de um muro na fronteira com o México.

Leia a notícia completa na Reuters (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

The Straits Times

Líder da Coreia do Norte envia carta de paz a Trump

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, enviou uma carta ao presidente norte-americano, Donald Trump. Não são revelados pormenores acerca da missiva, mas segundo a imprensa internacional, tem em vista a “conciliação” entre os dois países. Em junho, Kim Jong Un comprometeu-se a avançar com a desnuclearização da Coreia do Norte, depois de um encontro com Donald Trump. No entanto, o processo está neste momento parado e os dois chefes de Estado estão ainda por marcar um novo encontro.

Leia a notícia completa no The Straits Times (acesso livre, conteúdo em inglês).

Bloomberg

Musk vai à China colocar primeira pedra da nova fábrica da Tesla

Elon Musk vai à China para estar presente no início da construção da nova fábrica da Tesla. No Twitter, o empresário anunciou a visita, dizendo-se “entusiasmado”. “Obrigada aos proprietários chineses de automóveis Tesla. Estou ansioso para visitar o país para o início da construção da Gigafactory em Xangai”, escreveu o CEO. Esta fábrica (a primeira da Tesla fora dos Estados Unidos) representa o maior investimento estrangeiro de sempre na maior cidade da República Popular da China e um importante passo da fabricante automóvel norte-americana no sentido da sua expansão internacional.

Leia a notícia completa na Bloomberg (acesso condicionado / conteúdo em inglês).

The Guardian

Com o Brexit no horizonte, procura por passaportes irlandeses explode

Com a concretização do Brexit à porta, o número de cidadãos britânicos que solicitaram passaportes irlandeses disparou 22%. Em 2018, quase cem mil britânicos tomaram esta decisão, valor que compara com os 81 mil candidatos registados em 2017. No ano anterior ao referendo que determinaria a saída do Reino Unido da União Europeia (em 2016), apenas 46 mil cidadãos britânicos pediram passaporte irlandês. De notar que qualquer pessoa nascida na República Irlandesa ou na Irlanda do Norte pode fazê-lo, bem como qualquer cidadão com ascendentes dessa nacionalidade, ou seja, cerca de seis milhões de cidadãos britânicos estão em condições de solicitarem o documento referido.

Leia a notícia completa no The Guardian (acesso livre / conteúdo em inglês).

Valor Econômico

“Posse de arma assemelha-se à posse de automóvel”

O futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional do Governo de Jair Bolsonaro defende que ter posse de uma arma é semelhante a ser dono de um automóvel, já que, diz, as estatísticas revelam que, no Brasil, o número de vítimas de homicídio por arma de fogo é aproximado daquele de vítimas de acidentes rodoviários. Estas declarações antecedem a entrada em vigor do decreto de lei que concretiza a promessa de campanha de Bolsonaro ao permitir que qualquer cidadão sem antecedentes criminais possa deter uma arma. O novo Presidente brasileiro toma posse no primeiro dia de 2019.

Leia a notícia completa no Valor Econômico (acesos livre / conteúdo em português).

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Há ainda mais de 96 milhões de euros em notas de escudo por trocar

  • Lusa
  • 31 Dezembro 2018

A poucos dias de se assinalarem os 20 anos da criação do euro, mais de 96 milhões de euros em notas de escudo estão ainda nas mãos dos cidadãos, o equivalente a 11,5 milhões de notas.

Mais de 96 milhões de euros em notas de escudo estão ainda nas mãos dos cidadãos, o equivalente a 11,5 milhões de notas, segundo valores indicados à Lusa pelo Banco de Portugal. Isto a poucos dias de se assinalarem os 20 anos da criação do euro, no próximo dia 1 de janeiro de 2019.

Considerando apenas as notas de escudo não prescritas, ou seja, as que ainda são suscetíveis de troca nas tesourarias do Banco de Portugal (BdP), “estarão ainda em poder dos cidadãos (portugueses ou não) notas de escudo de valor equivalente a 96,3 milhões de euros”, disse o Banco de Portugal.

A mesma fonte frisou que, “ao longo dos tempos, foram prescrevendo notas de escudo (isto é, deixaram de poder ser trocadas), pelo que o valor efetivamente em posse dos cidadãos será superior”.

No total, e tendo em consideração as notas de escudo que ainda não prescreveram, “estarão ainda em poder dos cidadãos (portugueses ou não), em 26 de dezembro de 2018, um total de 11.508.683 notas de escudo”, adiantou.

A nota de 500 escudos chapa 13 é aquela que os cidadãos ainda têm em maior quantidade, num total de 4,38 milhões, correspondentes a 10,9 milhões de euros, seguindo-se a nota de 1.000 escudos, também chapa 13, num total de 3,75 milhões de notas, equivalentes a 18,7 milhões de euros.

Já em relação à nota de 2.000 escudos chapa 2, estarão ainda nas mãos dos cidadãos 1,7 milhões de exemplares, num total de 17,12 milhões de euros.

Cabe à nota de 5.000 escudos chapa 3 o maior contravalor em euros ainda em poder dos cidadãos, num total de 33,48 milhões de euros, correspondente a 1,34 milhões de notas.

Da nota de 10.000 escudos chapa 2 estarão na posse dos cidadãos apenas 322 mil notas, num total de 16,06 milhões de euros.

De salientar que o Banco de Portugal apenas divulga o número e o contravalor em euros das notas de escudo ainda não prescritas, com referência ao final de cada ano, assim como o número e o contravalor em euros das notas de escudo que foram trocadas nesse ano nas suas tesourarias.

Até ao final de 2002, quando terminou o prazo para trocar moedas de escudo, tinham entrado no Banco de Portugal 284 milhões de notas de escudo, quer via depósitos (281 milhões), quer através da troca direta ao público (3 milhões), correspondentes a um total de 5,3 mil milhões de euros.

Desde então e até 26 de dezembro de 2018, foram trocadas nas tesourarias do Banco de Portugal 5,5 milhões de notas de escudo, no valor de 78,3 milhões de euros, segundo dados do regulador.

“As notas de escudo recolhidas são destruídas (granuladas e compactadas formando briquetes) no Complexo do Carregado e, posteriormente, enviadas para incineração com valorização energética”, explicou a mesma fonte.

O prazo para entregar as notas de escudo ainda suscetíveis de troca nas tesourarias do Banco de Portugal prolonga-se até ao dia 28 de fevereiro de 2022, inclusive. Já o prazo para trocar moedas de escudo por euros terminou em 31 de dezembro de 2002, ficando por trocar o equivalente a 184,2 milhões de euros em moedas de escudo (correntes e de coleção), segundo dados do Banco de Portugal.

Questionado sobre se terá sido saudosismo, descuido ou a perspetiva de um potencial investimento alternativo a motivar “a retenção de moedas e notas de escudo”, o Banco de Portugal admite que será “provavelmente um pouco de tudo isso” não tendo, contudo, “dados concretos”.

Mas ainda há esperança e o regulador indica algumas alternativas para quem deixou as moedas de escudo no esquecimento. “Podem tentar perceber sobre as mesmas se têm algum valor numismático, contactando, por exemplo, casas/clubes/fóruns de numismática”, indicou o Banco de Portugal, acrescentando que, “dependendo da moeda em questão (denominação, data, emissão, entre outros) e do seu estado de conservação, pode haver interessados na compra”.

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Parlamento italiano aprova em definitivo Orçamento do Estado para 2019

  • Lusa
  • 31 Dezembro 2018

O Movimento 5 Estrelas e a Liga, com maioria, votaram isolados um texto que recebeu o “não” da oposição em bloco: desde a conservadora Força Itália até à esquerda do Partido Democrata.

A Câmara dos deputados de Itália aprovou este domingo a lei do Orçamento do Estado para 2019 da coligação governamental, que integra a Liga (extrema-direita) e o Movimento 5 Estrelas (antissistema), que conta com o aval da Comissão Europeia. As contas receberam 313 votos a favor e 70 contra na Câmara dos Deputados, concluindo assim o processo parlamentar, depois de o orçamento ter passado pelo Senado, a 23 de dezembro.

O Movimento 5 Estrelas e a Liga, com maioria, votaram isolados um texto que recebeu o “não” da oposição em bloco: desde a conservadora Força Itália até à esquerda do Partido Democrata.

O Orçamento para 2019 já conta com o aval da Comissão Europeia, depois de o Governo italiano ter cedido nas suas pretensões e proposto a redução do seu défice público de 2,4% para 2,04% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019.

O Senado italiano tinha já aprovado o Orçamento do Estado para 2019, negociado com a União Europeia. A sua aprovação estava dada por garantida, depois de a coligação governamental ter submetido, no sábado, a proposta a um voto de confiança, um método ao qual se recorre com frequência em Itália quando se quer acelerar a tramitação de uma lei, já que desse modo se evita a discussão parlamentar, com votações de emendas.

Isto suscitou a ira da oposição em bloco, que denunciou a impossibilidade de propor emendas ao texto, de analisar e de proceder ao debate parlamentar, pelo que o Partido Democrata recorreu ao Tribunal Constitucional.

O Governo “populista” de Giuseppe Conte justifica-se alegando que as contas deveriam chegar antes do fim do ano, e hoje foram finalmente aprovadas no seu conjunto, depois de os legisladores reverem durante quase nove horas outras 244 ordens do dia.

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Espumante? Caves Transmontanas diz que falta glamour ao nome para conquistar a Europa

Apesar de o espumante ser uma bebida cada vez menos sazonal, as maiores vendas ainda se realizam nesta época do ano. Celso Pereira, do Vértice, diz que faz dos melhores espumantes nacionais.

Celso Pereira, enólogo e responsável pelas Caves Transmontanas.

No Douro, as vinhas cultivadas em terrenos graníticos e xistosos, sujeitas a verões muito quentes e secos e a invernos rudes e prolongados com muita geada e neve, produzem vinhos únicos. Assumidamente terra do vinho do Porto, a paisagem reconhecida pela UNESCO como património da Humanidade em 2001, dá também alguns dos melhores espumantes nacionais.

Criada em 1989, as Caves Transmontanas, dona do espumante Vértice, e que hoje em dia pertence ao universo da Têxtil Manuel Gonçalves, nasceu precisamente para produzir… espumantes de setor premium.

Celso Pereira, enólogo e um dos responsáveis do Vértice, conta a história, desta empresa nascida em 1989, pela mão dos americanos da Schramsberg. “Esta sociedade é a primeira que nasce com o foco de produzir espumantes e plantar videiras para produzir vinho baço para espumante”, diz o enólogo.

“Nós nascemos para produzir espumante, temos esse vínculo muito arreigado e por isso é que continuamos a ser considerados os melhores produtores de espumantes em Portugal, porque nascemos assim, fomos criados com essa identidade”.

No final da década de 80, pouco tempo depois de Portugal ter aderido à Comunidade Económica Europeia (CEE), os americanos detinham 60% das Caves Transmontanas e as adegas cooperativas detinham os restantes 40%.

Esta sociedade é a primeira que nasce com o foco de produzir espumantes e plantar videiras para produzir vinho baço para espumante

Os tempos eram outros, e em Alijó, terra-mãe do Vértice, começavam-se a fazer os primeiros estudos. Foram entre quatro a cinco anos a estudar a melhor maneira de dar à luz… um espumante de qualidade.

Celso Pereira sublinha a riqueza do património vitivinícola nacional. “Temos cerca de 250 castas e a identidade do Douro passa por ter as castas todas misturadas, os vintages e os LBV estão misturados, mas nós queríamos perceber a identidade de cada uma dessas castas e o seu potencial. Dessas 250 castas escolhemos 25″.

Escolhidas as castas era preciso passar a uma segunda fase. Os solos não podiam de ser de xisto, o que excluía as empresas de vinho do Porto que estavam localizadas em zonas baixas, mais perto do Douro. Era preciso trabalhar com uma quota mínima de 500 metros.

“Isto foi um trabalho meritório, íamos às vinhas, com os classificadores da Casa do Douro, e com fitas de diferentes cores, marcávamos as castas. Identificadas as castas passamos a fazer o controlo de maturação e depois fazíamos vinificações, em pequena escala, em garrafões de 20 litros onde as castas eram verificadas per si“, relata o enólogo.

“Tínhamos um tanque com água e controlo de temperatura e púnhamos lá os garrafões a fermentar. Foi um trabalho revolucionário, em finais dos anos 80. Conhecer as castas a este ponto com o intuito de produzir espumante foi uma lança em África”.

O processo era longo e feito com uma equipa de enologia que vinha dos Estados Unidos. Ao fim dos tais quatro a cinco anos, estavam por fim selecionadas quatro variedades: Códega, Gouveio, Malvasia fina e Touriga Franca.

O próximo passo passava por distribuir em bloco, todas as castas, pelos produtores que queriam produzir. “Este processo contrariava tudo o que existia até então no Douro”, afirma Celso Pereira.

O enólogo explica ainda que “os americanos defendiam que não se devia ter produção própria e que se devia apenas trabalhar com castas portuguesas e foi assim que nasceram os contratos verbais — que ainda hoje se mantém — com cerca de 40 a 45 lavradores do Douro”.

“Não há um contrato, nada… o que há é a palavra de cada um de nós. Eles tratam-me pelo nome, conheço-os a todos e conheço as videiras como as palmas das minhas mãos”, sublinha orgulhoso, para acrescentar: “perdemos dois produtores porque morreram. Isto demonstra bem o grau de confiança que existe entre nós e os lavradores”.

As Caves Transmontanas pagam acima da média do setor, e sobretudo, pagam a 100% até dezembro. Também aqui foram revolucionários com o que se passava no setor.

“Quem está num projeto como o nosso não pode ter a pretensão que vai fazer o melhor vinho do mundo, fazer vinho é uma coisa que demora muito tempo”.

Passados seis a sete anos desde a criação, a TMG foi investindo no projeto, até que se dá a saída dos americanos e o capital passou a ser maioritariamente português. Mas a génese do projeto e a filosofia mantém-se.

“Agora estamos a surfar a onda de todo o esforço feito no passado, das videiras que plantamos há 30 anos, se bem que agora temos outras castas, até porque em enologia não há verdades absolutas“, destaca.

Para confirmar esta teoria, o enólogo conta uma pequena história: “nunca gostei da casta malvasia fina, gosto mais de outras castas, e agora vamos lançar um espumante, que envelheceu 20 anos em barricas, em que a maioria é malvasia fina e que é uma coisa… é para me calar a mim próprio, ou para confirmar que de facto não há verdades absolutas”.

As Caves Transmontanas produzem 100 mil garrafas ao ano e faturam 750 mil euros. Mas hoje assumem-se como uma empresa lucrativa.

“Tivemos as nossas dificuldades, mas agora estamos a surfar a onda, fazer espumante é capital intensivo, isto é como o negócio do vinho do Porto, é preciso dar o tiro de partida e esperar cerca de seis a sete anos para ver os frutos do investimento”.

“Somos muito pequeninos, muito por causa desta condicionante, a de produzir com qualidade, dentro de determinado target, mais alto do que médio”, diz o homem do Douro. “Mas poderemos passar confortavelmente para uma produção de 150 mil garrafas“.

Para isso acrescenta o enólogo, “precisamos de um mercado externo mais ágil”. Celso Pereira admite que o “mercado externo é muito difícil”. O vinho português “começa agora a ser reconhecido, mas tem ainda algumas dificuldades, logo o espumante tem ainda mais dificuldade”.

Falta glamour ao nome espumante

Se o champanhe tem associada atrás de si uma certa dose de glamour, o espumante está noutro patamar. Celso Pereira considera que o espumante tem ainda uma dificuldade acrescida para se impor a nível externo e que passa precisamente pelo… nome.

“Os franceses têm o champanhe, os espanhóis criaram o cava, os italianos o prosecco, e em Portugal temos o espumante… Não tem carisma. Não temos nada, temos uma coisa que se chama espumante e que é pejorativo. Defendo, como aliás, que tive oportunidade de dizer, que devia ser criada uma designação própria. Só assim nos poderíamos afirmar, até porque nós temos um preço alto, e a Europa é um mercado conservador”.

Os espumantes começaram a expandir-se no século XVII a partir da região de champagne, em França, tomando-lhe o nome.

Os franceses têm o champanhe, os espanhóis criaram o cava, os italianos o prosecco, e em Portugal temos o espumante… Não tem carisma

Apesar das dificuldades, as Caves Transmontanas exportam 25% da produção, mas ainda em nichos muito pequenos. Norte da Europa, Alemanha, Estados Unidos, Estónia e Brasil são alguns dos mercados onde é possível encontrar o Vértice.

Entre os maiores concorrentes do Vértice estão a Murganheira e a Raposeira, ambas com uma dimensão bem maior do que a empresa com sede em Alijó.

“Quer a Murganheira, quer a Raposeira têm uma dimensão dez vezes maior que a nossa, nós estamos é num posicionamento diferente e conseguimos com esta pequena quantidade comunicar de forma completamente diferente“, assume Celso Pereira.

A pequena dimensão das Caves Transmontanas é bem notória também ao nível do número de trabalhadores: quatro pessoas compõem o quadro de pessoal. “Faço um pouco de tudo, desde vinho, à parte comercial, às vendas, depois tenho um braço direito — Pedro Guedes — a que se juntam dois operacionais. Claro que depois na vindima contratamos pessoal e quando temos pico de trabalho também contratamos, mas o grosso do trabalho é assegurado por nós os quatro”, afirma.

“Bolhinhas” inundam passagem de ano

Apesar de o espumante estar a perder o caráter sazonal que sempre o caracterizou, fruto de um aumento do consumo, a verdade é que na passagem de ano… não há festa, nem celebração sem as “bolhinhas”. É assim em Portugal e um pouco por todo o mundo ao soar da meia noite, champanhe e espumante fazem as delícias de quase todos.

“Bebo espumante todos os dias, mas é verdade é que nesta época do ano [passagem de ano] continua a ser a época alta. As pessoas ainda associam muito o espumante à festa. De resto, associa-se muito o espumante a bolo, o que é a pior maridagem de que há memória”.

Bebo espumante todos os dias, mas é verdade é que nesta época do ano [passagem de ano] continua a ser a época alta. As pessoas ainda associam muito o espumante à festa. De resto, associa-se muito o espumante a bolo, o que é a pior maridagem de que há memória

O vinho — Tinto Vértice e Branco Vértice — surgiu para tentar reverter a “sazonalidade” do espumante. Nos dias de hoje as Caves Transmontanas produzem seis gamas de Espumante e duas de Vinho.

Produzimos vinho branco e vinho tinto, mas 95% da nossa produção é espumante. O nosso core é espumante, nascemos para o espumante e o vinho de mesa apareceu com o objetivo de reverter um pouco a sazonalidade. Se fizemos o vinho tinto e branco podíamos ter mais entrada de dinheiro ao longo do ano e não estarmos sempre à espera do Merry Christmas. Agora tem vindo a diluir-se, mas o Natal chegou a pesar mais de 60% das nossas vendas”, confessa o responsável pela Caves Transmontanas.

Celso Pereira admite que o consumo do espumante “tem vindo a aumentar”, mas adianta que a “questão é saber quem continua a ser diferenciador, e quem continua a fazer as coisas de forma diferente, porque cada vez há mais gente a fazer espumante e aparecem espumantes a dois euros nas prateleiras do supermercado”.

O enólogo diz que “isso não assusta, até porque é uma maneira e mais pessoas saberem o que é o espumante, mas as pessoas têm que perceber que o nosso espumante de entrada no supermercado tem um custo de 14 euros”. A diferença, justifica Celso Pereira, é que “os espumantes de dois euros são feitos em 15 dias, e o espumante Vértice, gama de entrada, demora quatro anos a estagiar em garrafa antes de entrar no mercado“.

Celso Pereira garante que não vai “inverter esta tendência até porque temos que nos fazer distinguir no mercado pela qualidade, e não pelo preço”.

“Temos espumantes que estão ao preço dos champanhes, temos o nosso Pinot Noir que custa 50 euros, e que também aparece como um dos três melhores espumantes. É neste patamar que queremos estar e é neste patamar que procuramos desenvolver as nossas exportações”.

Na questão da afirmação internacional, Celso Pereira diz que já existem apoios públicos porém reconhece que “podem não cobrir o target em que me quero afirmar”. E adianta: “eu não gosto do mercado da saudade, tenho que ir à procura do meu mercado e, geralmente, quando mostro o meu espumante, as pessoas dizem ‘Uau, isto é português? Como é que isto é português?'”.

Isto só é possível, acrescenta, porque “a empresa nasce apoiada neste espírito de estudo, de investigação e de envelhecimentos muito longos em garrafa”.

Temos espumantes que estão ao preço dos champanhes, temos o nosso pinot noir que custa 50 euros, e que também aparece como um dos três melhores espumantes. É neste patamar que queremos estar e é neste patamar que procuramos desenvolver as nossas exportações

O responsável pela Caves Transmontanas diz mesmo que “o segmento nacional está a crescer mas no segmento do preço”.

Prémios internacionais

É de resto, no âmbito dessa comunicação que os espumantes Vértice tem vindo a ser reconhecidos nas revistas da especialidade. O Vértice Pinot Noir 2007 foi considerado pela revista inglesa Decanter uma das surpresas do ano. Mais de dez anos após a colheita, este vinho, conseguiu um total de 94 pontos e faz capa de revista em janeiro de 2019. Também Mark Squires, crítico norte-americano e provador oficial da publicação eRobert Parker/Wine Advocate destaca os espumante Vértice.

Mark Squires define o vinho como “elegante e complexo”, classificando a bebida como um espumante “delicioso e muito sério”.

Celso Pereira sublinha que “fazemos cerca de três mil garrafas Pinot Noir e esta é, se calhar, a forma mais rápida de comunicar, ou seja, com castas estrangeiras”.

Do Douro para o mundo é assim que Celso Pereira idealiza a empresa, a mesma que diz “vai continuar a crescer pela qualidade, sempre muito sustentada”.

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Das horas extra às faturas, até às tabelas de retenção. Isto é tudo o que vai mudar no IRS

  • Lusa
  • 31 Dezembro 2018

O novo ano traz alterações no IRS que vão ter impacto na vida dos contribuintes. Conheça as principais mudanças.

Os limites máximos dos sete escalões do IRS não vão ser atualizados em 2019 em linha com a inflação, mas há alterações no imposto com impacto na vida dos contribuintes.

Eis as mudanças para 2019:

Mínimo de existência

À “boleia” do Indexante de Apoios Sociais (IAS), cujo valor é atualizado para os 435,76 euros a partir de janeiro, o mínimo de existência (limite de rendimento até ao qual os contribuintes estão isentos de IRS) vai avançar para os 9 150,96 euros.

Na prática, isto significa que as pessoas com rendimentos de pensões ou de trabalho dependente até cerca de 654 euros mensais não pagam imposto.

Desde 2018 que o mínimo de existência (1,5 IAS considerando 14 meses) passou também a abranger os trabalhadores independentes ainda que, para estes, o efeito da medida apenas seja considerado quando fazem a entrega anual da declaração do IRS.

Escalões

Em 2019 os limites máximos dos sete escalões de rendimentos coletável do IRS não terão qualquer atualização face aos valores em vigor em 2018. Ainda assim, é de esperar que parte do efeito da reorganização dos escalões operada no ano passado apenas em 2019 seja sentida pelos contribuintes através das tabelas de retenção na fonte.

Despesas de educação

O valor e leque de despesas que as famílias podem usar para reduzir o seu IRS quase não sofre alterações em 2019, mas quem tem filhos a estudar em estabelecimentos do ensino superior localizados no interior do país vai ter mais benefícios.

Nesta situação, o limite de 30% dos gastos com educação é majorado em 10 pontos percentuais. Ao mesmo tempo, o limite global deste tipo de dedução avança de 800 para mil euros, caso o acréscimo seja relativo a estas despesas.

Encargos com rendas

As famílias que se mudem para as zonas do interior do país e paguem renda têm direito, durante um período de três anos, a abater no seu IRS esta despesa até a um máximo de mil euros.

Recorde-se que a dedução à coleta com rendas (de habitação própria e permanente) está balizada nos 502 euros.

Programa Regressar

2019 será o ano de estreia do “Programa Regressar”, desenhado pelo Governo para atrair pessoas que tenham emigrado de Portugal durante o período em que o país cumpriu o programa de ajuda financeira internacional.

Quem regresse, pagará IRS apenas sobre 50% dos rendimentos de trabalho, empresariais e profissionais.

Este benefício é atribuído no ano em que se torne residente em Portugal e nos quatro anos seguintes, sendo necessário que o regresso aconteça em 2019 ou 2020.

Para se usufruir deste programa é necessário cumprir ainda os seguintes requisitos: não ter sido residente fiscal em Portugal nos três anos anteriores ao regresso; ter sido residente fiscal até 31 de dezembro de 2015; ter a situação tributária regularizada; e não ter solicitado a adesão ao regime do Residentes Não Habitual (RNH).

Retenção na fonte das horas extra

As remunerações relativas a trabalho suplementar (horas extraordinárias ou feriados, por exemplo) e as remunerações relativas a anos anteriores vão deixar de ser somadas ao salário mensal no momento de aplicação da taxa de retenção na fonte do IRS.

Esta nova regra entra em vigor no início de 2019 e impedirá que a taxa do imposto aumente nos meses em que o trabalhador tenha a receber valores de trabalho extraordinário.

Esta mesma lógica será aplicada ao pagamento de subsídios de férias e de Natal referentes a anos anteriores.

Taxas de retenção na fonte

Todos os anos, na segunda quinzena de janeiro, o Ministério das Finanças publica uma portaria onde define as taxas de retenção na fonte que as empresas e as entidades responsáveis pelo processamento de pensões devem aplicar.

As novas tabelas permitem ajustar o pagamento do imposto ao novo valor do salário mínimo nacional (que sobe em 2019 para os 600 euros) e fazer outros ajustamentos que se revelem necessário à luz de mudanças nas regras do imposto.

Faturas

O prazo para a AT apurar o montante de deduções à coleta de cada contribuinte com base nas faturas que lhe foram comunicadas passa a ser 25 de fevereiro (até agora era 15 de fevereiro) e a data limite para que o montante das deduções seja disponibilizado no Portal da AT também desliza do final de fevereiro para o dia 15 de março.

O contribuinte passa a poder reclamar dos valores apurados até ao final de março, quando antes tinha de o fazer até ao dia 15 desse mês.

Despesas preenchidas à mão

Tal como sucede desde 2016 (primeiro ano em que as deduções à coleta passaram a estar associadas às faturas com NIF) em 2019 continuará a ser possível aos contribuintes recusar os valores apurados pela AT relativamente às despesas com saúde, educação, lares e habitação, podendo estas ser preenchidas à mão.

Entrega da declaração

Os contribuintes vão passar a dispor de mais um mês para entregarem a declaração anual do IRS.

O início deste acerto de contas com o fisco continua a ser a 01 de abril, prolongando-se o prazo até ao final de junho.

Atualmente, os contribuintes particulares tinham de cumprir esta obrigação declarativa entre 1 de abril e 31 de maio.

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EDP Renováveis vende ativos eólicos nos EUA e Canadá

  • Guilherme Monteiro
  • 31 Dezembro 2018

Empresa liderada por João Manso Neto vende 80% de um portefólio nos EUA que envolve três parques eólicos. Negócio avalia a carteira em 860 milhões de dólares, mas valor do encaixe não é revelado.

A EDP Renováveis chegou a acordo com a Axium Infrastructure para a “para a venda de uma participação acionista representativa de 80% do capital social relativo a um portefólio, detido na sua totalidade pela EDPR, de ativos eólicos onshore nos EUA e Canadá“, revelou a elétrica num comunicado divulgado na CMVM.

O acordo envolve um portefólio de 499 MW e corresponde a três parques eólicos:

  • Meadow Lake VI de 200 MW, localizado no estado de Indiana, nos EUA, e que está em operação desde dezembro de 2018;
  • Prairie Queen, de 199 MW, localizado no Kansas e que se prevê entrar em operação no primeiro semestre de 2019;
  • Nation Rise, de 100 MW, localizado em Ontário, no Canadá, e que também deverá entrar em operação no próximo ano.

A empresa liderada por João Manso Neto adianta ainda, no mesmo comunicado, que o negócio avalia a totalidade da carteira de ativos em 860 milhões de dólares. O encaixe não é, contudo, revelado.

O negócio anunciado neste último dia do ano integra-se na “estratégia de sell down da EDPR pela qual a empresa vende participações maioritárias em projetos em operação ou em desenvolvimento”.

Esta estratégia permite “reciclar capital, com cristalização antecipada do fluxo de caixa, e criar valor reinvestindo os lucros em crescimento adicional, continuando a prestar serviços operacionais e de manutenção”, pode ler-se no comunicado.

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Fisco penhora menos casas. Mesmo assim, foram 48 por dia

  • ECO
  • 31 Dezembro 2018

A Autoridade Tributária penhorou 16.073 imóveis por dívidas fiscais até novembro. Ações de penhora incidem sobre casas de morada de família, lojas, armazéns, quintas e até terrenos.

A Autoridade Tributária penhorou menos casas durante este ano. Ainda assim, foram 16.073 os imóveis alvo do Fisco, até novembro. É uma média de 48 casas por dia, de acordo com os dados obtidos pelo Correio da Manhã (acesso pago).

Enquanto no ano passado foram realizadas 16.166 penhoras nos primeiros 11 meses, este ano o número de execuções encolheu ligeiramente, para 16.073 revela o Ministério das Finanças ao diário.

Estas ações de penhora incidem não só sobre casas de morada de família, mas também sobre lojas, armazéns, quintas e até terrenos para construção. No entanto, a maioria das penhoras realizadas durante este ano correspondem efetivamente a casas de morada de família.

O Correio da Manhã nota que as execuções têm cumprido escrupulosamente as limitações definidas pela Lei 13/2016 de 23 de maio (aprovada com votos de todos os partidos de esquerda e do PAN) que protege a casa de morada de família no âmbito de processos de execução fiscal.

A lei não proíbe que a casa de morada de família seja penhorada pelo Fisco. O que impede é que essa casa seja vendida em hasta pública com o consequente despejo dos seus ocupantes.

No portal de venda eletrónica de bens penhorados da Autoridade Tributária encontram-se atualmente em venda cerca de 4.000 imóveis que podem ser adquiridos através de leilão eletrónico, ou por proposta em carta fechada.

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