Famílias em incumprimento tocam mínimos. Mas ainda são 446 mil

Cerca de 78 mil famílias deixaram de estar em incumprimento com os créditos, em 2018. É quase o dobro das saídas registadas em 2017, com o número de incumpridores a cair para mínimos históricos.

À medida que a economia e as perspetivas das famílias melhoram, diminuem as situações de incumprimento com o crédito. Cerca de 78 mil famílias deixaram de estar em falta com o pagamento das prestações dos seus empréstimos no ano passado, mostram dados do Banco de Portugal. Em resultado disso, o número de famílias em incumprimento caiu para um novo mínimo. Ainda assim são cerca de 446 mil, as famílias que não conseguem assegurar o pagamento das prestações.

As estatísticas trimestrais da Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) divulgadas pelo Banco de Portugal, nesta terça-feira, mostram 446.070 famílias estavam em situação de incumprimento com os créditos no final de 2018. Este número corresponde a 10% do total de 4,461 milhões de agregados que nessa altura tinham créditos. Em média, tal significa que por cada 100 devedores, dez estavam em falta com as prestações no final do ano passado.

Constata-se que este número é o mais baixo do histórico da entidade liderada por Carlos Costa, cujo início remonta a 2009, resultando de seis anos consecutivos de alívio no número de incumpridores. Desde 2013, que tem sido essa a tendência. Só no ano passado, 78.098 famílias viraram costas ao incumprimento, a maior saída do histórico do Banco de Portugal.

Número de devedores em queda

Fonte: Banco de Portugal

Esta situação acontece num contexto em que a crise financeira parece estar ultrapassada, a economia recuperou e os rendimentos das famílias também, em paralelo com a queda do desemprego, que se encontra em mínimos de 14 anos.

A quebra do número de devedores em incumprimento é transversal às diferentes finalidades de crédito, mas é mais notória na finalidade de consumo. No ano passado, 65.787 famílias deixaram de ter prestações do crédito ao consumo em atraso, com o número total a cair abaixo da fasquia dos 400 mil, atingindo um mínimo histórico de 399.211.

Tratando-se de créditos mais rápidos quando comparados com a habitação, tal ajuda a explicar o facto de o consumo ser a finalidade em que o número de incumpridores mais se reduziu.

No final do ano passado, este segmento era responsável por 1.983 milhões de euros de crédito malparado, 7,6% face ao total de empréstimos ao consumo. Seria necessário recuar até março de 2009 para ver um montante do incumprimento mais baixo, e até março de 2010 para ver um rácio de malparado semelhante.

Isto apesar de o stock de empréstimos para consumo manter uma tendência crescente, assente no aumento da nova concessão. Em dezembro do ano passado, os bancos detinham um total de 26.121 milhões de euros em créditos com esse fim.

Também no crédito à habitação foi atingido um novo mínimo histórico no número de incumpridores, que pela primeira vez caíram abaixo dos 100 mil. Em 2018, 23.465 agregados deixaram de estar em incumprimento com os créditos, colocando o número total de incumpridores em 88.240, o mais baixo do histórico do Banco de Portugal.

Em dezembro, este segmento era responsável por 2.161 milhões de euros de malparado, 2,2% face ao total do crédito à habitação. Ou seja, níveis mínimos de março de 2010 e setembro de 2012, respetivamente. Em dezembro, o stock do crédito à habitação ascendia a 97.423 milhões de euros.

Apesar dos sinais positivos que estes números denotam também deve ser tido em conta que, para além da melhoria da situação das famílias que as leva a serem mais cumpridoras dos seus compromissos financeiros perante a banca, a venda de carteiras e malparado também ajudará a explicar pelo menos em parte a redução do número de devedores em incumprimento que surgem na CRC do Banco de Portugal.

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