João Bento vai ser o novo presidente dos CTT. Estas são as três prioridades

João Bento deverá ser o senhor que se segue nos CTT e, pela frente, tem três grandes desafios: plano de reestruturação, contrato de concessão e Banco CTT.

Os CTT vão ter um novo presidente executivo. O nome que se segue a Francisco Lacerda, que, como o ECO revelou em primeira mão, apresentou esta sexta-feira a demissão, deverá ser o de João Bento, atualmente administrador não executivo, indicado precisamente pelo maior acionista individual, Manuel Champalimaud.

O senhor que se na à frente dos destinos dos CTT tem três grandes desafios: acelerar o processo de reestruturação em curso; renegociar o contrato de concessão de serviço público postal com o Estado e, não menos importante, pôr o Banco CTT a dar dinheiro.

No comunicado divulgado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os CTT apontam mesmo que a saída de Francisco Lacerda permitirá à nova gestão “focar-se na preparação dos desafios que os CTT enfrentarão no mandato de 2020-2022”, nomeadamente “o quadro contratual regulatório da concessão do Serviço Postal Universal”.

Enfrentar a negociação com o Governo do contrato de concessão

Até ao verão, os CTT vão iniciar com o Governo o processo formal de negociação do novo contrato de concessão do serviço público postal. Com Francisco Lacerda a antecipar a sua saída da empresa, as negociações deverão iniciar-se já com a nova equipa de gestão. Sobre isto, são conhecidas as declarações públicas do ministro Pedro Nuno Santos, que tutela o setor, e que não afasta a possibilidade de vir a reverter a privatização.

A renegociação do contrato de concessão com os CTT deverá implicar, por exemplo, a existência de uma estação de correios em cada concelho do país. Francisco Lacerda, por sua vez, defendia que bastava um posto de correio, uma operação menos pesada para a empresa. O Governo “não aceitará uma renegociação do contrato de concessão que não passe pela abertura de uma estação de correios em cada um dos concelhos do território nacional”, disse Pedro Nuno Santos, no Parlamento, no final do passado mês de abril.

Recorde-se, ainda, que a decisão sobre a renegociação do contrato de concessão dos correios será feita pelo Executivo que se formar a partir das eleições legislativas de 6 de outubro. Mas, se as negociações entre CTT e Governo podem ser “duras”, não menos desafiante será, provavelmente, o negócio do banco.

Fazer o Banco CTT crescer

Ciente das dificuldades de um banco recente, sobretudo comparativamente a bancos com mais músculo financeiro, o Banco CTT quer, progressivamente, crescer e ganhar quota de mercado. Uma das metas do “benjamin” dos CTT, estabelecida já para 2020, é atingir o breakeven, ou seja, recuperar todo o investimento que foi realizado no projeto.

Além disso, o banco — que conta com quase meio milhão de clientes — tenciona também melhorar o rácio de transformação. Aliás, a conclusão da compra do capital da 321 Crédito, especializada em concessão de crédito automóvel a particulares, deverá ajudar nessa mesma intenção. Em comunicado o banco liderado por Luís Pereira Coutinho explicou que esta aquisição se enquadra “na estratégia de desenvolvimento do Banco CTT”, com uma nova linha de negócio, gerando sinergias e “otimizando o balanço consolidado do Banco CTT, através do aumento significativo da carteira de crédito e do rácio de transformação de cerca de 30% para mais de 70%”, referiu a empresa.

Pôr o plano de reestruturação a dar frutos

Por último, também o plano de reestruturação da empresa continua sem dar os resultados desejados. No final do mês passado, os CTT revelaram as suas contas relativas ao primeiro trimestre o ano e os lucros voltaram a cair. A empresa ainda liderada por Francisco Lacerda registou lucros de 3,7 milhões de euros, o que significa uma queda de 37,7% (menos 2,2 milhões de euros) face aos 5,9 milhões verificados no período homólogo.

O grande desafio aqui é dar a volta aos resultados e trazer, de novo, a empresa ao crescimento dos lucros. Recorde-se, também, que, no âmbito do programa operacional de transformação da empresa, em vigor desde novembro de 2017, mais de 400 trabalhadores saíram dos CTT, 268 dos quais já este ano. Os números foram anunciados no final de fevereiro pelo então presidente executivo dos Correios de Portugal.

O responsável revelou, ainda, na mesma conferência, que recentemente foram contratadas mais 200 pessoas para funções como a distribuição do correio, a “interface com os clientes” e para o banco, sublinhando que a empresa conta com um total de 12 mil funcionários.

Quanto à redução do número de lojas — que também faz parte do plano de reestruturação — Francisco Lacerda afirmou que, em 2018, fecharam 70 lojas. “O ano passado reduzimos o número de lojas em 70 e pode haver mais algumas, se são únicas em concelho ou não é uma coisa que se verá”, disse na altura.

Com o plano de reestruturação, os CTT acreditam poder vir a ter uma contribuição positiva de até 45 milhões de euros para o EBITDA recorrente a partir de 2020 e ajudar a contrariar a contínua queda estrutural do negócio de correio. A missão de concretizar as metas deverá, assim, passar a ser comandada por João Bento.

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