Morreu a escritora Agustina Bessa-Luís. Governo decretou dia de luto nacional

  • ECO e Lusa
  • 3 Junho 2019

A escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís faleceu aos 96 anos. O Governo decretou um dia de luto nacional para terça-feira, 4 de junho.

A escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís morreu esta segunda-feira no Porto, aos 96 anos. A notícia foi avançada pela TSF, que cita a biógrafa da escritora, Isabel Rio Novo. Natural de Amarante, a autora, cujo nome verdadeiro era Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa, terá sido vítima de doença prolongada.

O funeral realiza-se esta terça-feira, no Porto, adiantou a família à Lusa. Um comunicado será emitido nesta segunda-feira, pelas 15h00, através do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, segundo a família da escritora. A escritora Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas.

O Governo, por indicação do primeiro-ministro, decretou na terça-feira um dia de luto nacional pela morte da escritora Agustina Bessa-Luís, disse à agência Lusa fonte do executivo. António Costa reagiu à morte da escritora portuguesa na sua conta oficial do Twitter, onde escreveu que “Portugal perdeu uma das suas mais notáveis escritoras contemporâneas”.

O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, que constam de uma lista de galardões que inclui igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os Meninos de Ouro”, e que voltou a receber em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”.

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Agustina recebeu ainda os Prémios Camões e Vergílio Ferreira, ambos em 2004.

Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”.

Presidente da República lamenta morte do “génio”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou esta segunda-feira a morte da escritora, reconhecendo o seu génio, a sua criação e expressando as mais sentidas condolências aos seus familiares. Numa nota publicada do site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que “há personalidades que nenhumas palavras podem descrever no que foram e no que significaram para todos nós”.

Para o Presidente da República, Agustina Bessa-Luís evidenciou-se “como criadora, como cidadã, como retrato da força telúrica de um povo e da profunda ligação” entre as raízes dos portugueses e “os tempos presentes e vindouros”. Na nota, Marcelo Rebelo de Sousa “curva-se perante o seu génio”.

Agustina ocupa “lugar sem par na narrativa portuguesa contemporânea”, diz ministra

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, considera que a escritora Agustina Bessa-Luís “ocupa um lugar sem par na narrativa portuguesa contemporânea, sempre preocupada com a condição social e cultural em Portugal“. Em nota de imprensa, Graça Fonseca afirma que a autora de “Sibila” é uma das “grandes romancistas e mestre de um dos mais originais processos criativos da ficção portuguesa”.

“Autora de uma obra tantas vezes virada para o passado mas sempre contemporânea, sempre presente”, Agustina Bessa-Luís inaugurou “um novo espaço ficcional, à imagem de outras grandes mulheres e que, em conjunto com ela, revolucionaram radicalmente a prosa em português, como Maria Velho da Costa ou Maria Gabriel Llansol”, afirmou a ministra da Cultura.

Com uma dedicação inabalável e intransigente à criação literária, o legado de Agustina é vasto, composto por personagens, visões da história, lugares e, acima de tudo, um percurso pessoal e autoral únicos e exemplares”, sublinhou Graça Fonseca.

Um dos nomes mais geniais da literatura portuguesa, diz Ferro Rodrigues

O presidente da Assembleia da República afirmou que recebeu com “grande consternação” a notícia da morte de Agustina Bessa-Luís, considerando que foi uma “prosadora excecional” e “um dos nomes mais geniais” da literatura portuguesa. “É com grande consternação que acabo de tomar conhecimento do falecimento de Agustina Bessa-Luís. Agustina Bessa-Luís, que nos deixa aos 96 anos, depois de uma longa ausência de mais de dez anos por motivos de saúde, foi um dos nomes mais geniais da literatura portuguesa“, escreve Ferro Rodrigues, na sua mensagem de pesar.

Na mensagem, refere que a obra da escritora “compreende a ficção, o teatro, os ensaios e até a literatura infantil, “sempre em torno de um universo romanesco de riqueza incomparável” — como bem identificou o júri que, em 2004, lhe atribuiu o Prémio Camões”. “Agustina foi uma prosadora excecional, dotada que era de uma inteligência rara, como rara era a sua escrita. O mundo pelos olhos e pela pena de Agustina era um mundo diferente. E um pouco desse mundo também nos deixa hoje”.

Neste contexto, Ferro Rodrigues deixa depois um apelo: “No momento em que somos confrontados com o seu desaparecimento, evoquemos a sua memória e o seu legado, que tanto honra e enobrece a cultura e a língua portuguesas”. “Em meu nome e em nome da Assembleia da República, endereço à sua família e amigos a manifestação do mais sentido pesar”, acrescenta o antigo ministro e ex-líder do PS na sua mensagem.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h44 com reação de Ferro Rodrigues)

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