Um em cada dois professores portugueses terá de ser substituído na próxima década

De acordo com a OCDE, quase metade dos professores portugueses têm 50 anos ou mais, o que deixa antever que será necessário substituir um em cada dois desses docentes, na próxima década.

Em apenas cinco anos, a fatia de professores portugueses com 50 anos ou mais subiu de 28% para 47%. Tal envelhecimento do corpo docente luso foi o mais acentuado dos 31 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para os quais há dados disponíveis e deixa antever que, na próxima década, um em cada dois professores portugueses terá de ser substituído. Estes dados constam do relatório “Teaching and Learning International Survey” (TALIS), divulgado esta quarta-feira.

Ainda que também se tenha registado em outros países um aumento do número de professores nesta faixa etária, foi por terras lusitanas que se verificou a maior dilatação desta fatia. Em causa está um aumento de 19 pontos percentuais (p.p.) de 28% em 2013 para 47% em 2018. Este valor compara, além disso, com os 34% que constituem a média da OCDE e levou a organização a deixar um alerta: “Isto significa que Portugal terá de renovar um em cada dois membros do seu corpo docente, na próxima década”.

Depois de Portugal, a Lituânia (7,6 p.p.), o Brasil (7,4 p.p.) e a Geórgia (6,3 p.p.) foram os países que mais viram subir o número de docentes com 50 anos ou mais. Em sentido contrário, a Austrália (-7,2 p.p.), a Croácia (6,2 p.p.) e a Holanda (4,8 p.p.) registaram um recuo do número de professores nesta faixa etária.

Portugal é o sexto país da OCDE com mais professores com 50 anos ou mais

Fonte: OCDE

Tudo somado, Portugal passou do meio da tabela, no que diz respeito ao número de docentes com 50 anos ou mais, para o sexto lugar, sendo antecedido pela Estónia, Geórgia, Lituânia, Bulgária e Itália.

Ainda que este envelhecimento do corpo docente português implique, nos próximos tempos, um esforço para rejuvenescer o setor, esta tendência também pode ter uma leitura positiva. Por exemplo, nos cinco anos considerados, Portugal foi o segundo país dos Estados-membros da OCDE que mais viu o tempo despendido na preparação das aulas recuar.

Em 2018, os professores lusos gastaram menos 1,7 horas do que tinham gasto em 2013 com esta preparação, o que pode ser explicado não só pelo recurso a ferramentas tecnológicas, como pelo envelhecimento do corpo docente, uma vez que a preparação das lições “é tipicamente mais longa para os professores com menos experiência. Ainda assim, a OCDE revela alguma preocupação, já que alguns estudos anteriores sublinharam a ligação do tempo de preparação das aulas à qualidade do ensino.

Por outro lado, é importante notar que 84% dos professores portugueses assumiram o ensino como sua primeira opção profissional, percentagem que compara com os 67% registados na generalidade da OCDE. De referir ainda que Portugal tem uma maior percentagem de mulheres nesta profissão que a média da OCDE (74% frente a 68%), mas menos dessas docentes são diretoras das escolas do que no resto dos países (43% frente a 47%).

No que diz respeito aos problemas do ensino português, os diretores denunciam a falta de pessoal de apoio e queixam-se das infraestruturas físicas e tecnológicas.

Em relação às remunerações, os professores portugueses são dos que mais ganham e, ainda assim, são dos que mais assumem a valorização salarial como prioridade. Tal confirma o que já tinha sido adiantado pelo relatório “Education at a Glance 2018″, que indicara os docentes como dos mais velhos e aquelas que apresentavam os rendimentos mais elevados entre os países da OCDE.

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