Ministro brasileiro diz que governo rejeitará ajuda financeira do G7 para a Amazónia

  • Lusa
  • 27 Agosto 2019

O ministro da Casa Civil teceu duras críticas a Macron dizendo que "poderá ter objetivos colonialistas" na ajuda financeira e criticou a atuação do presidente para evitar o incêndio de Notre-Dame.

O ministro da Casa Civil brasileiro, Onyx Lorenzoni, afirmou na segunda-feira que o governo rejeitará a ajuda de 20 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de euros) oferecida pelo G7 para combater os incêndios na Amazónia.

A informação foi obtida pelo portal de notícias G1, tendo sido confirmada pela assessoria do Palácio do Planalto, sede do governo brasileiro.

Agradecemos, mas talvez esses recursos sejam mais relevantes para reflorestar a Europa. Macron [presidente francês] não consegue sequer evitar um previsível incêndio numa igreja que é património da humanidade [incêndio na Catedral de Notre-Dame] e quer ensinar o quê para nosso país? Ele tem muito o que cuidar em casa e nas colónias francesas”, disse Onyx ao G1.

O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, anunciou na segunda-feira que o G7 fornecerá uma ajuda imediata de 20 milhões de dólares para combater o incêndio na maior floresta tropical do mundo.

Na cimeira do G7, dos países mais industrializados do mundo, participaram durante o fim de semana os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Porém, Onyx Lorenzoni acredita que Macron poderá ter “objetivos colonialistas” na ajuda atribuída pelo G7. “O Brasil é uma nação democrática, livre e nunca teve práticas colonialistas e imperialistas como talvez seja o objetivo do francês Macron”, acrescentou o ministro da Casa Civil.

As declarações de Onyz assemelham-se às do chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro, que quando confrontado com a oferta de ajuda do G7 mostrou ter dúvidas acerca da intenções desses países. “Será que alguém ajuda alguém, a menos que seja pobre, sem retorno? Isto é, sem esperar por algo em troca”, questionou Bolsonaro, junto à entrada do Palácio da Alvorada, sua residência oficial.

O chefe de Estado do Brasil mostrou a capa do jornal brasileiro “O Globo”, cuja manchete principal dizia: “Macron promete ajuda dos países ricos para a Amazónia”. Com o jornal nas mãos, Jair Bolsonaro insistiu e perguntou: “O que eles querem na Amazónia por tanto tempo?”.

Sem mencionar qualquer país em particular, o Presidente brasileiro disse que, no final da semana passada, falou com “líderes excecionais” sobre a grave situação gerada pelos incêndios na Amazónia, que na sua opinião realmente desejam colaborar com o Brasil na luta contra as chamas.

No entanto, numa aparente alusão a Macron, acrescentou que não conversou com aqueles que, no seu entender, querem “continuar vigiando o Brasil”.

Posição diferente teve na segunda-feira o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, que afirmou que a ajuda anunciada pelo G7 aos países atingidos pelos incêndios da Amazónia é “sempre bem-vinda”. “Acho uma excelente medida, é muito bem-vinda”, disse Salles, citado pelo portal de notícias G1.

O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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