Juros baixos do BCE aumentam “riscos para a estabilidade financeira”, alerta Carlos Costa

Governador do Banco de Portugal e membro do conselho de governadores do BCE, Carlos Costa alertou esta terça-feira para a ameaça que os juros baixos pode representar para a estabilidade financeira.

Na abertura da Conferência sobre Estabilidade Financeira, o governador do Banco de Portugal e também membro do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) alertou que as autoridades macroprudenciais devem aumentar a sua vigilância e o foco na estabilidade financeira que pode ser ameaçada pelo atual contexto de juros baixos. Carlos Costa também sublinhou que assegurar a estabilidade financeira não significa impedir a falência dos bancos, mas antes proteger a economia e a confiança dos depositantes.

“Devemos notar que o ambiente de baixas taxas de juros dos anos recentes poderá requerer uma abordagem mais ativa das autoridades macroprudenciais uma vez que contribuiu para a acumulação de vulnerabilidades e riscos à estabilidade financeira“, referiu o governador do Banco de Portugal esta manhã numa conferência que teve lugar no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

“Estamos num tempo onde o foco da estabilidade financeira precisa de ser aumentado, de forma a acompanhar a situação atual em que a acomodação monetária e baixas taxas de juro estão a proporcionar a tomada de riscos”, acrescentou depois.

Carlos Costa é membro do conselho de governadores do BCE, que, sob a liderança do italiano Mario Draghi, tem por missão conduzir a política monetária na Zona Euro. Têm sido várias as críticas de banqueiros e outros responsáveis em relação ao facto de o banco central ter decidido no mês passado prolongar por mais tempo os juros baixos na região, o que vai continuar a pressionar o negócio dos bancos, aumentando riscos para o sistema financeiro.

Estabilidade não significa impedir falência de bancos

Na sua intervenção, o governador do Banco de Portugal abordou sobretudo aquilo que deve ser o mandato de um banco central no que diz respeito à estabilidade financeira e às políticas macroprudenciais que procuram assegurar esse objetivo.

Neste âmbito, Carlos Costa adiantou que a assegurar a estabilidade do sistema não significa “prevenir a falência de bancos”, mas significa antes “salvaguardar a confiança dos depositantes e preservar o financiamento regular da economia”. Foi durante o seu mandato no Banco de Portugal que se decidiram as resoluções dos bancos BES (2014) e Banif (2015), medidas que implicaram resgates com dinheiros públicos.

Proteger a estabilidade financeira não tem como objetivo evitar falências de bancos em si. O foco principal da supervisão macroprudencial é proteger as instituições financeiras de riscos idiossincráticos e evitar que tomem demasiados riscos”, declarou o governador.

Sustentando o seu argumento, Carlos Costa socorreu-se do Mecanismo Único de Supervisão, que diz que os bancos “podem e devem sair do mercado se forem geridos de uma maneira arriscada e não sã, ou se forem estruturalmente incapazes de manter a sua competitividade através de um modelo de negócio são”.

Carlos Costa sublinhou ainda que a eficácia da supervisão macroprudencial “está muito dependente das políticas económicas, mas também de outras políticas, como a política orçamental“.

(Notícia atualizada às 10h46)

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