Passos Coelho: PS, BE e PCP só criticavam cortes na despesa quando era o PSD a fazê-los

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2019

"O PCP, o Bloco de Esquerda e o PS não se importam de cortar. Só se importavam que o PSD cortasse, quando são eles a cortar não tem problema nenhum", criticou Pedro Passos Coelho.

O antigo líder social-democrata Pedro Passos Coelho acusa o PS, Bloco de Esquerda e PCP de só se importarem com os cortes na despesa em setores como a saúde e educação quando o PSD era Governo.

Intervindo, na noite de sexta-feira, na Academia Política Calvão da Silva, que decorre até domingo em Coimbra, Passos Coelho avisou que devido a uma pior conjuntura externa – por exemplo, quando grandes economias para onde Portugal exporta entrarem em recessão – e com as receitas do Estado português a cair, o Governo terá de cortar na despesa, mas ironizou que isso “nem pensar, o Tribunal Constitucional não deixa”.

“Só se for na saúde, na educação, no investimento e noutras coisas, porque nessas o Partido Comunista português, o Bloco de Esquerda e o PS não se importam de cortar. Só se importavam que nós [PSD] cortássemos, quando são eles a cortar não tem problema nenhum”, alegou Passos Coelho, arrancando aplausos à assistência.

“Nessas eles cortam mais do que nós cortámos, portanto, a coisa vai funcionando”, acrescentou, questionando se a solução para a eventual queda das receitas passará por um aumento dos impostos “indiretos, os mais difusos” e se esses “chegarão”.

Passos Coelho disse ainda que a questão “não é de partidos ou de clubes partidários, é um problema nacional” e endereçou responsabilidades ao PS, argumentando que “sempre que estes problemas graves aconteceram, era o PS que tinha a responsabilidade de tratar destas coisas” porque estava no Governo.

“E mesmo na véspera das coisas correrem mal havia sempre ministros socialistas importantes a explicar que tinha sido o melhor ano do mundo, o maior crescimento da Europa, que estávamos numa trajetória fantástica e os outros eram Velhos do Restelo. Os mesmos ministros que levaram o país à pré-bancarrota, são os mesmos que hoje repetem o mesmo discurso de então, em 2009 e 2010. Os mesmos, é uma coisa notável“, acusou o anterior presidente do PSD, que deixou o cargo há cerca de um ano.

“Pelo menos poder-se-á dizer que o PS não aprendeu muito com isso”, declarou. Na sua intervenção, ao longo de cerca de duas horas, onde respondeu também a algumas perguntas da assistência, constituída maioritariamente por jovens militantes e simpatizantes do PSD, Passos Coelho insistiu na responsabilização de cada estado-membro da UE no futuro da Europa e avisou que esse exercício também se tem de fazer em Portugal.

“Não vale a pena andar sempre a arranjar pretextos e desculpas para contornar as regras, há muita esperteza saloia metida nisto, em todos os países, não é só portuguesa. É uma esperteza saloia que nos cai em cima da cabeça”, alegou Passos Coelho, reiterando que “toda a gente sabe” que as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento e do Tratado Orçamental têm de ser cumpridas.

“Mete dó, a cada semestre europeu, o exercício de tentar simular que o desvio [orçamental] face àquilo que é o desvio admissível, não será um desvio demasiado elevado, aquilo que se chama, na linguagem europeia, significativo”, enfatizou Passos Coelho.

Sobre esse tema, aludiu a países que “fazendo as contas de outra maneira”, prometem cumprir as regras orçamentais europeias e frisou que o ministro das Finanças Mário Centeno “também começou assim”.

“Depois em Bruxelas disseram-lhe ‘não, não há outra maneira, as contas são assim, faça lá’. Diga-se de passagem, o Conselho de Finanças Públicas cá e a UTAO [Unidade Técnica de Apoio Orçamental] cá também sabiam fazer as contas, leram pelos mesmos livros e disseram [ao ministro das Finanças] não é assim que se faz as contas’. E o dr. Centeno sabia muito bem como se faziam as contas mas não lhe dava jeito e, portanto, fez outras”, acusou Passos Coelho.

“E depois mudou-as. E agora está a ensinar a fazer contas”, afirmou, numa alusão à eleição de Centeno como presidente do Eurogrupo.

A academia política promovida pela JSD e batizada com o nome de Calvão da Silva – ex-ministro, antigo líder distrital de Coimbra e presidente do Conselho de Jurisdição Nacional na liderança de Passos Coelho, que faleceu há cerca de um ano, vítima de doença prolongada – começou sexta-feira e termina domingo, dia em que entre os oradores convidados estão previstas as presenças de Manuela Ferreira Leite e Rui Rio.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Centeno avisa que “não há margem para mais despesa”

  • ECO
  • 23 Fevereiro 2019

É ano de eleições, mas não há mais folga orçamental para satisfazer as reivindicações de funcionários públicos, professores ou enfermeiros. O aviso vem de Mário Centeno.

É ano de eleições, mas o rigor orçamental é para manter. Numa altura em que António Costa procura conquistar eleitores, Mário Centeno avisa que não há mais dinheiro para gastar. O ministro das Finanças avisa que a despesa não pode aumentar, isto quando sobem de tom as reivindicações de funcionários públicos, professores ou enfermeiros.

Em declarações ao Expresso (acesso pago), Mário Centeno assume que “não há margem nenhuma para acomodar novos aumentos de despesa”. O ministro das Finanças descarta, assim, maiores aumentos para os funcionários públicos, apesar das críticas à dotação de apenas 50 milhões.

Ao mesmo tempo, esta é uma mensagem para António Costa de que as negociações com enfermeiros ou professores, estes últimos por recomendação do Presidente da República. As negociações com os professores relativamente à recuperação do tempo de serviço congelado serão retomadas na segunda-feira.

Não há espaço para aceitar quaisquer exigências, isto porque não se pode colocar em causa as metas definidas no Orçamento do Estado para este ano. Centeno não se desvia da meta do défice de 0,2% do PIB para este ano, afirmando ao Expresso que “a meta do défice é para manter”.

Centeno não vê margem para surpresas numa altura em que a economia europeia está a desacelerar, o PIB português fechou 2018 com um crescimento duas décimas abaixo da meta do Governo e o Estado deverá ser chamado a meter mais de mil milhões de euros no Novo Banco.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Despesas com educação e saúde feitas na UE também podem ser registadas no e-fatura

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2019

A Autoridade Tributária publicou este sábado um guia que explica que as despesas de saúde e educação feitas em outros países da UE podem ser registados no e-fatura.

As pessoas que em 2018 tiveram despesas de saúde ou educação em outros países da União Europeia podem registar as respetivas faturas no Portal das Finanças e somá-las às restantes deduções do IRS. Esta indicação consta de um conjunto de informações relativas à campanha do IRS deste ano – que arranca no dia 01 de abril – e que foi publicada, este sábado, pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) no Portal das Finanças.

“Caso as despesas de saúde, formação e educação tenham sido realizadas fora do território português e os encargos com imóveis tenham sido realizados noutro Estado membro da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu, em que exista intercâmbio de informação em matéria fiscal, pode o sujeito passivo comunicá-las através do Portal das Finanças, inserindo os dados essenciais da fatura ou documento equivalente que as suporte”, precisa o documento da AT.

Este processo de registo (e validação) das faturas tem de ser feito até ao final do dia 25 de fevereiro e deve incluir todos os titulares de despesas de cada agregado familiar, incluindo os dependentes que no ano passado tenham estado a estudar em outro país, por exemplo.

Como as faturas emitidas noutros países podem não ter todos os campos habitualmente exigidos pelo e-fatura, é possível pedir apoio junto dos serviços de Finanças ou dos Espaços Cidadão, sendo necessário estar munido de uma senha de acesso ao Portal das Finanças.

O Governo, através do Orçamento do Estado para 2019, procedeu a vários acertos no IRS, nomeadamente no prazo limite para registar e validar faturas que este ano termina dia 25 de fevereiro – e não no dia 15 deste mês.

A data de entrega da declaração anual também foi alterada, pelo que, este ano, em vez de estar limitada aos meses de abril e maio, vai prolongar-se por junho. No entanto, o prazo termina mesmo em 30 de junho, deixando de deslizar para o dia útil seguinte caso o último dia coincida com um fim de semana ou feriado.

Ao longo daqueles três meses podem ser entregues todas as declarações de IRS independentemente do tipo de rendimentos auferidos, sendo que o reembolso chegará mais cedo para quem também entregar mais cedo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Plano franco-alemão quer criar “campeões industriais europeus”. Estratégia pode ser “perigosa”

  • Vasco Gandra, em Bruxelas
  • 23 Fevereiro 2019

França e Alemanha consideram que as empresas europeias estão em grande desvantagem a nível mundial. Querem "campeões europeus", mas a proposta suscita preocupação.

Paris e Berlim decidiram avançar com uma nova estratégia para transformar a política industrial europeia e reformar as regras da concorrência da UE, por forma a permitir a emergência dos chamados “campeões industriais europeus”. Mas a proposta suscita preocupação. Pode ser “perigosa”.

Ainda que partilhando as preocupações sobre as dificuldades da Europa em desenvolver mais empresas líderes a nível mundial, a CIP rejeita a ideia do “regresso a políticas nacionais de aposta em ‘campeões'”. Por outro lado, vários observadores consideram “perigosa” a alteração das regras europeias que transfere para os governos o “controlo político” de decisões na área da concorrência — uma competência da Comissão –, e que poderá reforçar o poder dos Estados-membros com maior peso.

A estratégia que Paris e Berlim propõem passa pelo investimento massivo na inovação, em particular na inteligência artificial, e pela revisão de algumas regras relativas à fusão de empresas. O objetivo é favorecer a criação de “campeões europeus” capazes de competirem com as grandes empresas norte-americanas e chinesas nos mercados mundiais. “Hoje, entre as 40 maiores empresas do mundo apenas cinco são europeias”, diz o Manifesto para uma Política Industrial Europeia adaptada ao século XXI, apresentado pelos ministros da Economia dos dois países.

Hoje, entre as 40 maiores empresas do mundo apenas cinco são europeias.

Manifesto fraco-alemão

A iniciativa surge após o “chumbo” de Bruxelas à fusão da Alstom (fabricante francês do TGV) com a Siemens (líder industrial sedeado na Alemanha) para criar um novo “campeão europeu” no setor ferroviário. A Comissão considerou que a operação teria um impacto negativo no mercado europeu e nos consumidores, reduzindo significativamente a concorrência.

Os governos alemão e francês consideram que a Europa só continuará a ser uma potência industrial em 2030 se os Estados-membros unirem forças em termos de financiamento, competências e know-how.

Paris e Berlim querem que a nova estratégia industrial europeia, baseada no Manifesto, seja executada já pelo próximo executivo comunitário — que deverá tomar posse até ao final do ano –, e esperam que os outros Estados-membros se associem. Pretendem apoiar a nível europeu projetos deep tech nas áreas da energia, clima, tecnologias digitais e segurança. Propõem uma estratégia no âmbito do InvestEU (conjunto de instrumentos financeiros para apoiar o investimento na UE) capaz de mobilizar fundos privados para financiar startup e empresas inovadoras.

Os governos alemão e francês apostam igualmente em reforçar a cooperação, entre ambos e na UE, no domínio da inteligência artificial através de uma rede comum de investigação e inovação sobretudo nas áreas da saúde, transportes e robótica, com ligação às empresas.

Em termos concretos, os dois países anunciaram um orçamento de 1,7 mil milhões de euros para desenvolver a produção de baterias para carros elétricos na Europa e diminuir assim a dependência em relação a fornecedores asiáticos. Os dois países querem identificar consórcios credíveis no setor automóvel e esperam que outros Estados-membros se juntem a este projeto.

Rever as regras da concorrência na UE

França e Alemanha consideram que as empresas europeias estão em grande desvantagem a nível mundial já que outros países “subsidiam massivamente” as suas próprias empresas. Enquanto não há “regras mais equitativas à escala mundial”, o manifesto franco-alemão propõe “modificações nas regras europeias da concorrência”.

Paris e Berlim sugerem atualizar as orientações relativas às concentrações de empresas por forma a terem em conta a concorrência a nível mundial, e não apenas na UE. E propõem uma alteração polémica que permite ao Conselho (governos) recorrer de decisões da Comissão — na área das fusões –, alterá-las “em casos bem definidos”, o que na prática sobrepõe o poder do Conselho ao da Comissão.

“Isto abre a porta a uma politização da política de concorrência e de fusões”, diz Guntram Wolff. O diretor do Bruegel, principal think tank económico em Bruxelas, tem “sérias dúvidas” sobre este “caminho perigoso” de “controlo político” da política de concorrência que deve ser exercida pela Comissão Europeia, e que é “independente”. A Comissão é garante a igualdade de tratamento, sublinha. Facilitar na política de fusões pode inclusive ter “consequências nos mercados”.

"A CIP rejeita a ideia de regresso a políticas nacionais de aposta em ‘campeões’, através da concessão de auxílios de Estado, na medida em que conduziria a distorções de concorrência no mercado único europeu.”

António Saraiva

Presidente da CIP

Em declarações ao ECO, o presidente da CIP concorda com “a necessidade de uma maior flexibilidade na avaliação dos mercados relevantes, nas orientações relativas às concentrações, por forma a ter mais em conta a concorrência a nível global”. Mas António Saraiva garante que “a CIP rejeita a ideia de regresso a políticas nacionais de aposta em ‘campeões’, através da concessão de auxílios de Estado, na medida em que conduziria a distorções de concorrência no mercado único europeu, particularmente prejudiciais para as empresas dos países com menor capacidade financeira”.

Para que o potencial do mercado único possa ser plenamente alcançado, António Saraiva defende “eliminar as barreiras que ainda subsistem quanto à livre circulação de mercadorias e à livre prestação de serviços, contrariar a introdução de medidas nacionais que prejudicam o seu bom funcionamento e avançar com determinação em domínios onde a fragmentação dos mercados é mais notória”, como a energia e a economia digital.

Já Johan Bjerkem, analista no European Policy Centre, defende que o manifesto franco-alemão tem “muitas coisas úteis” como a aposta na inovação e na inteligência artificial. Reconhece que a França e Alemanha, com mais empresas competitivas a nível mundial, “têm mais interesse” em criar campeões industriais. Em relação a uma possível alteração das regras da concorrência, antevê que “os países nórdicos e talvez outros, como Portugal, possam ser mais relutantes” e que poderá haver um “debate muito forte” entre os países com mais peso e outros que vão estar contra a proposta.

Bruxelas não mostra entusiasmo. Numa declaração ao ECO, um porta-voz da Comissão lembra que a “política da concorrência rigorosa, equilibrada e efetiva é um dos pilares do mercado interno”. “O controlo europeu das fusões é uma história de sucesso”, sublinha. Ainda assim, a Comissão está disponível para debater com os Estados-membros propostas que possam surgir.

Entretanto, alguns países estão já a marcar terreno. O primeiro-ministro da Letónia afirmou esta sexta-feira que a ideia de criar campeões europeus “não faz sentido” porque isso não cabe aos políticos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Facebook debaixo de fogo. Há várias apps que estão a enviar dados sensíveis dos utilizadores à rede social

O The Wall Street Journal descobriu que várias aplicações enviam ao Facebook informações sensíveis cedidas pelos utilizadores. Em causa, dados dos batimentos cardíacos ou do ciclo menstrual feminino.

O Facebook tem sido acusado de vender os dados pessoais dos utilizadores. Mas está novamente debaixo de fogo, desta vez pelo oposto: uma investigação jornalística descobriu que a empresa recebe e armazena informação sensível de utilizadores de algumas aplicações populares para Android e iOS. Mesmo dos que não têm conta na plataforma.

A partilha deste tipo de informação sensível foi denunciada por uma investigação do The Wall Street Journal (acesso pago). Em causa estão dados sobre o ciclo menstrual de utilizadoras de aplicações de controlo, ou o número de batimentos cardíacos por minuto no caso de aplicações que controlam wearables.

O jornal concluiu que, num conjunto de 11 aplicações independentes que agregam dados sensíveis dos utilizadores, introduzidos voluntariamente pelos próprios, são imediatamente enviados por esses serviços ao Facebook. Essa partilha não só não é identificada pelas aplicações como não é dada ao utilizador qualquer forma de a travar. Juntas, as aplicações investigadas contam com dezenas de milhões de utilizadores.

Entre as aplicações investigadas esteve a popular aplicação de controlo do ciclo menstrual Flo Period & Ovulation, que o jornal descobriu que envia diretamente os dados do calendário menstrual das mulheres diretamente à rede social fundada por Mark Zuckerberg.

O The Wall Street Journal garante mesmo que a informação enviada, em muitos dos casos, permite identificar o utilizador em causa e podem ser usadas pelo Facebook para exibir publicidade mais direcionada, um negócio em franco crescimento e que tem rendido à empresa dezenas de milhares de milhões de dólares em receitas.

O Facebook já negou ter qualquer controlo ou usar estas informações sensíveis para efeitos de publicidade. E disse que iria tomar medidas para travar essa partilha de informação, se as próprias aplicações não tomarem medidas para corrigir o problema. Pouco depois da divulgação da notícia, foram já solicitadas às autoridades norte-americanas pelo menos duas investigações às alegações, por parte do governador do Estado de Nova Iorque.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Crise na Kraft Heinz em dia de máximos em Wall Street

Foi um dia negro para a Kraft Heinz, que viu o preço das suas ações afundar mais de 27%, isto num dia de ganhos em Wall Street. O S&P 500 atingiu máximos.

As ações da Kraft Heinz caíram mais de 27% esta sexta-feira, dia em que as bolsas dos EUA registaram ganhos, com o índice de referência a fechar em máximos do início de novembro. O valor da empresa de bens alimentares precipitou-se depois de anunciar que está a ser alvo de uma investigação da SEC.

Apesar da queda expressiva, o sentimento negativo não contagiou os mercados financeiros do outro lado do Atlântico. As bolsas mantiveram-se bem acima da linha de água durante toda a sessão e o principal índice, o S&P 500, fechou com a cotação mais elevada desde a sessão de 8 de novembro, de 2.792,46 pontos, uma subida de 0,63%. Já o industrial Dow Jones somou 0,69%, enquanto o tecnológico Nasdaq valorizou 0,90%.

Wall Street beneficiou de mais uma vaga de otimismo em torno das negociações entre China e EUA, num dia em que o Presidente norte-americano, Donald Trump, recebeu o vice-Presidente da China, Liu He, na Sala Oval da Casa Branca. Os investidores aguardam que seja alcançado um acordo que ponha fim à guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Contribuíram para os ganhos, acima de tudo, grandes empresas mais expostas às tarifas e às questões comerciais. É o caso da Boeing, cujos títulos avançaram 1,51%, fechando a semana a valerem 424,05 dólares, cada.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EMEL admite vir a fiscalizar estacionamento de trotinetas

  • Lusa
  • 22 Fevereiro 2019

"Estaremos sempre à disponibilidade do município [de Lisboa] para sermos solução" para a fiscalização das trotinetas, diz o presidente da EMEL.

O presidente da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) admitiu que a empresa participe da solução sobre o eventual estacionamento indevido de trotinetes, já que tem competências de fiscalização de estacionamento.

“Enquanto empresa municipal de estacionamento, no que diz respeito ao estacionamento desses veículos, ou de outros, poderemos e estaremos sempre à disponibilidade do município para sermos solução”, disse o presidente da EMEL, Luís Natal Marques.

Natal Marques falava na comissão de Transportes, Mobilidade e Segurança da Assembleia Municipal de Lisboa (AML), em resposta a uma pergunta do deputado municipal do PAN Miguel Santos.

Desde o início do mês que a Câmara de Lisboa exigiu às operadoras de trotinetes da capital que o Bairro Alto e a Colina de Alfama fossem consideradas “zonas vermelhas”, nas quais passou a ser impossível abandonar os veículos.

"Enquanto empresa municipal de estacionamento, no que diz respeito ao estacionamento desses veículos, ou de outros, poderemos e estaremos sempre à disponibilidade do município para sermos solução.”

Luís Natal Marques

Presidente da EMEL

O município admitiu, no futuro, obrigar os utilizadores de trotinetes a colocá-las num sítio designado, numa altura em que a rede daqueles veículos tenha uma densidade mais elevada que permita operacionalizar esta medida, segundo informou à Lusa fonte do gabinete de Miguel Gaspar, vereador da Mobilidade na Câmara de Lisboa, no início do mês.

Na audição da administração da EMEL na comissão de Mobilidade da AML, o presidente da Junta de Freguesia do Beato, Silvino Correia, exigiu a instalação de estacões de bicicletas de uso partilhado Gira e também a construção de ciclovias, sublinhando que “o Beato foi, desde a primeira hora, um contribuinte para esta ideia”.

“Ficámos muito desagradados quando percebemos que se instalaram estações em todo o lado e o Beato ficou de fora”, afirmou perante a administração da EMEL, que estava convocada para falar sobre os novos estatutos, que alargam os seus poderes para contratar obras e gerir a rede de semáforos da cidade, mas acabou por ser questionada sobre outros assuntos.

O vogal do conselho de administração da EMEL Jorge de Oliveira respondeu que, apesar de a freguesia não estar contemplada nos 40 quilómetros de ciclovias previstos para 2019, “seguramente quando o ‘hub’ criativo do Beato abrir” terá uma estação Gira.

“A nossa intervenção mais global na freguesia do Beato não deixará de contemplar ciclovias e estações Gira. Seguramente que no ano que vem encontraremos forma de fazer as ciclovias que o Beato considerar necessário”, declarou.

A EMEL prevê construir 40 quilómetros de ciclovias em 2019, num investimento total de 3 milhões e 298 mil euros.

Em causa está a criação da rede ciclável Avenidas Novas – Arroios (100 mil euros), a rede ciclável Oriental (180 mil euros), o eixo ciclável entre Alvalade e a avenida Gago Coutinho (200 mil euros), o eixo ciclável entre a avenida dos Combatentes e a Lima Basto (350 mil euros), a rede ciclável do Parque das Nações (400 mil euros), a rede ciclável complementar Alvalade – Areeiro (850 mil euros), o eixo Manuel da Maia – Afonso Costa (1 milhão de euros) e projetos de rede ciclável avaliados em 218 mil euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Cavaco Silva avisa que Portugal arrisca ser “lanterna vermelha” da Zona Euro

Cavaco Silva, antigo Presidente da República, avisou que se o país continuar a seguir as políticas seguidas até aqui, arrisca vir a ser "lanterna vermelha" da Zona Euro, "mais ano, menos ano".

Aníbal Cavaco Silva está insatisfeito com o “caminho” que tem vindo a ser seguido pelo Governo socialista liderado por António Costa. Num discurso proferido em Coimbra, o ex-Presidente da República alertou que Portugal arrisca vir a ser “lanterna vermelha do pelotão da Zona Euro”, se o país continuar as mesmas políticas seguidas até aqui.

“Por este caminho, mais ano menos ano, Portugal será lanterna vermelha do pelotão da Zona Euro. E, então, pode faltar-nos o ânimo para recuperar”, disse o ex-chefe de Estado, no âmbito da Academia Calvão da Silva, uma homenagem ao antigo ministro João Calvão da Silva, que morreu no ano passado, vítima de doença oncológica.

Para Cavaco Silva, o seu antigo ministro da Administração Interna “não deixaria de ficar chocado ao ouvir vozes de satisfação relativamente ao crescimento económico, quando Portugal continua a ser ultrapassado pelos países do centro e leste europeu em termos de desenvolvimento medido pelo rendimento per capita, e quando entre os 19 países da Zona Euro, só a Letónia e a Grécia ainda estão atrás de nós”, afirmou.

Por este caminho, mais ano menos ano, Portugal será lanterna vermelha do pelotão da Zona Euro.

Aníbal Cavaco Silva

Ex-Presidente da República

Cavaco Silva deixa alertas para uma inversão de ciclo após anos de recuperação económica. Anos esses que se seguiram à maior crise financeira desde a década de 30 e que, na Europa, acabou por se transformar numa crise da dívida soberana, arrastando Portugal para um programa de resgate.

Olhando para trás, o antigo Presidente aproveitou para pedir desculpa por algumas críticas que fez a “líderes políticos” na altura da crise financeira de 2008. “Face às muitas críticas que foram dirigidas aos líderes políticos de então, penso que eu próprio me devo redimir de algumas palavras menos justas”, disse. Cavaco Silva enalteceu a coragem que estes tiveram para adotarem medidas impopulares, como as que foram tomadas pelo Executivo liderado por Pedro Passos Coelho.

Brexit? Portugal não é dos mais prejudicados

Questionado no final do discurso acerca do Brexit, Cavaco Silva garantiu que “os custos para o Reino Unido serão muito, muito maiores do que os custos para os 27” Estados-membros da União Europeia (UE). Ainda assim, avisou que “a UE, com certeza, também suportará alguns custos” com a saída do Reino Unido do bloco, nomeadamente ao nível “da Defesa” e da “força do mercado financeiro”.

Também relativamente ao Brexit, Cavaco Silva confessou que, com ou sem acordo, o Reino Unido deve sair da UE, uma vez que os britânicos já invocaram o artigo 50 do Tratado de Lisboa. “Eu lamento profundamente que se tenha chegado a esta situação, mas não sei se neste momento não serão muitos aqueles que pensam, ao alto nível político, que o melhor é deixar o Reino Unido sair mesmo”, revelou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo força regulador dos seguros a avaliar idoneidade de Tomás Correia

José Almaça diz não ter competências para avaliar o presidente da Associação Mutualista que foi condenado pelo Banco de Portugal a uma coima de 1,25 milhões. Mas Governo entende o contrário.

O Governo diz que cabe ao regulador dos seguros abrir um procedimento de avaliação de idoneidade a Tomás Correia, atual presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) que foi condenado pelo Banco de Portugal ao pagamento de uma coima de 1,25 milhões de euros por irregularidades cometidas quando estava no banco do Montepio. O esclarecimento surge depois de José Almaça ter dito que a ASF (Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões) não tinha competências para fazer essa avaliação, uma vez que decorre um período de transição do novo regime de supervisão de 12 anos.

É entendimento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Ministério das Finanças que o regulador dos seguros já dispõe desses poderes de avaliar se determinado gestor preenche os requisitos para exercer funções numa associação mutualista. E aponta para uma das alíneas do número 5 do artigo 6 do novo Código das Associações Mutualistas (CAM), que entrou em vigor em setembro:

  • f) Analisar o sistema de governação e os riscos a que as associações mutualistas estão ou podem vir a estar expostas e a sua capacidade para avaliar esses riscos, por referência às disposições legais, regulamentares e administrativas em vigor para o setor segurador.

Para os dois ministérios, que assinam o comunicado conjunto, “estas disposições incluem, no entendimento do Governo, a análise sobre matéria da idoneidade dos membros dos órgãos de administração das associações mutualistas abrangidas pelo regime transitório de supervisão previsto no CAM”.

Ao ECO, José Almaça faz uma interpretação diferente da respetiva alínea: “Nessa alínea diz-se analisar, e não decidir sobre o que quer que seja. É analisar para recomendar as associações mutualistas para que corrijam e para que convirjam para aquilo que é exigido às seguradoras”.

“Não está dentro das nossas competências. O nosso papel é de acompanhar como se portaram as mutualistas para que daqui por 12 anos, que é o período máximo que está na lei e que pode ser antecipado, a partir daí podermos atuar. Até lá não”, frisou ainda.

Com este comunicado, Governo e regulador dos seguros abrem uma frente de batalha em pleno espaço público e em relação a um tema já de si particularmente sensível: a AMMG que conta com mais de 620 mil associados que têm poupanças aplicadas numa instituição que não tem tido supervisão financeira adequada do ministério.

A questão da idoneidade de Tomás Correia emergiu novamente esta sexta-feira, depois das notícias sobre a condenação do líder da AMMG por parte do Banco de Portugal. Vai pagar uma coima de 1,25 milhões de euros por irregularidades cometidas durante o tempo em que foi presidente do agora designado Banco Montepio, entre 2009 e 2014. Com ele, foram também condenados ao pagamento de coimas inferiores mais sete administradores. Também o banco vai ter de pagar uma coima de 2,5 milhões de euros.

Tomás Correia já disse que vai recorrer da decisão do supervisor e adiantou que não vê razões para sair da liderança da mutualista. “O recurso é um direito a exercer. E exercerá os seus direitos e recorrerá”, disse fonte oficial da AMMG.

António Godinho e Fernando Ribeiro Mendes, que concorreram nas últimas eleições à AMMG, adiantaram ao ECO que Tomás Correia deve afastar-se imediatamente para proteger a instituição aos riscos reputacionais que podem advir de uma condenação do Banco do Portugal.

(Notícia atualizada às 20h36)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Completamente irresponsável”. Varandas ataca gestão de Bruno Carvalho

Auditoria financeira ao período em que Bruno de Carvalho foi presidente revelou uma dívida a fornecedores de mais de 40 milhões de euros.

A atual administração do Sporting herdou uma dívida a fornecedores de mais de 40 milhões de euros, e acusa a gestão que foi feita em 2018 de ter sido “completamente irresponsável”. A maior parte da dívida dizia respeito ao pagamento de metade do plantel profissional do clube dos leões.

“Quando tomámos posse encontrámos um clube numa situação de tesouraria muitíssimo difícil“, revela Francisco Salgado Zenha, administrador da SAD do Sporting com o pelouro financeiro, em conferência de imprensa, na apresentação da auditoria financeira ao período em que Bruno de Carvalho foi presidente. Para além da tarefa de “fazer o revolving da emissão de empréstimo obrigacionista“, a SAD herdou uma dívida, até junho de 2019, de mais de 40 milhões de euros, indicou.

A maioria da dívida era para com clubes e agentes dos jogadores profissionais, ou seja tiveram que “pagar este ano metade do plantel do Sporting“, numa dívida que inclui pagamentos a jogadores como Acuña, Coentrão, Battaglia e Piccini, explica Salgado Zenha. “Nada disto estava pago”, acusa o administrador.

“A gestão que foi feita em 2018 foi completamente irresponsável”, critica. Mesmo assim, Salgado Zenha garante que têm “um plano financeiro feito, que vai permitir o Sporting ser sustentável a muitíssimo longo prazo“. Quanto à contratação de novos jogadores, o administrador explica que fizeram “uma redução significativa da massa salarial dos jogadores de futebol profissional”, e o que pouparam aí permitiu cobrir os salários e transferências.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

90% dos funcionários públicos vão ter aumento inferior a 30 euros, garante Frente Comum

Segundo as contas da Frente Comum, 90% dos funcionários públicos abrangidos pelo aumento remuneratório não terão aumentos de 55 euros, mas de menos de 30 euros, porque já estavam a receber 607 euros.

Para a grande maioria dos trabalhadores do Estado, o aumento da base remuneratória da Administração Pública para 635,07 euros implicará uma subida salarial inferior a 30 euros e não de 55 euros, avançou, esta sexta-feira, a dirigente da Frente Comum. Em declarações aos jornalistas à saída de uma reunião com a secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, Ana Avoila sublinhou que 90% dos funcionários públicos abrangidos por esta valorização remuneratória não estavam a receber 580 euros (valor do salário mínimo nacional fixado em 2018), mas 607 euros e 609 euros, estando na segunda fase das progressões do segundo e terceiros escalões da Tabela Remuneratória Única (TRU), respetivamente, para o quarto escalão.

De acordo com os cálculos da Frente Comum, cerca de 63 mil dos 70 mil trabalhadores que o Ministério de Mário Centeno já disse serem abrangidos por esta elevação da base remuneratória tinham reunido, em 2018, as condições de antiguidade necessárias para progredir. Assim, no último ano, partindo do segundo (580 euros) e do terceiro (583,58 euros) escalões, esses funcionários começaram o seu caminho rumo à quarta posição da TRU, estando o pagamento a ser feito de forma faseada.

Até dezembro de 2018, esses trabalhadores já estavam a receber 50% do valor devido, ou seja, estavam a receber respetivamente 607 euros e 609 euros, daí que o aumento salarial agora aprovado pelo Governo não implique um salto de 55 euros, como se tem sido enfatizado (e que resulta da diferença da nova base face ao antigo salário mínimo nacional), mas de menos de 30 euros.

De notar que esses funcionários públicos só chegariam ao valor total do quarto escalão da TRU — os tais 635 euros — no final de 2019, o que foi antecipado com a publicação do decreto-lei que eleva a base remuneratória da Administração Pública. À semelhança dos trabalhadores que chegam a esta posição pela via administrativa, também estes funcionários começarão a receber os 635 euros mensais a partir deste mês, com retroativos a 1 de janeiro.

Por outro lado, Ana Avoila fez questão de sublinhar que esta medida tomada pelo Governo, ao apagar todos os pontos dos trabalhadores abrangidos, faz com que uma futura revisão da TRU — que tem sido muito reivindicada — parta de uma base que “prejudicará” os trabalhadores. “Se o Governo fizer a revisão da TRU, quando a fizer, parte de uma base em que vai prejudicar os trabalhadores porque acaba de roubar aos pontos de entrada na Administração Pública através deste diploma”.

Recorde-se que em causa está o decreto-lei que eleva a base remuneratória da Administração Pública para 635 euros, concentrando assim apenas nos escalões mais baixos os 50 milhões de euros que estavam reservados no Orçamento do Estado para 2019 para valorizações salariais da Função Pública. O diploma foi promulgado pelo Presidente da República e publicado em Diário da República esta semana.

“Não estamos disponíveis para show off político”

Ana Avoila, dirigente da Frente Comum, em declarações à imprensa à saída da reunião no Ministério das Finanças onde se discutiram os aumentos salariais da função pública.Hugo Amaral/ECO

À saída da reunião com o Governo (a primeira desde a publicação do diploma referido), Ana Avoila disse: “Pela primeira vez, o Governo chama-nos para uma reunião para ensinar como se aplica um decreto-lei. É inadmissível”. A sindicalista acrescentou: “Não estamos disponíveis para nos sentarmos para fazer show off político. Não sei qual é a intenção, mas seguramente [o Executivo] quis dar o sinal de que está a fazer alguma coisa, quando não está a fazer nada”.

A dirigente da Frente Comum garantiu também que só voltará às reuniões com o Ministério das Finanças quando forem negociadas as matérias que os sindicatos querem discutir, isto é, os aumentos salariais para os trabalhadores que há dez anos não os têm e a revisão da TRU, que “ficou toda desfigurada” com a elevação da base remuneratória.

Também esteve reunido com o Governo, esta tarde, o Sindicato de Quadros Técnicos e Dirigentes da Função Pública (STE). À saída, Helena Rodrigues afirmou: “Apesar de já ter acabado a austeridade, nós continuamos a empobrecer. Esta é a questão e nós consideramos que o Governo deve fazer um esforço para dizer aos trabalhadores portugueses que a remuneração do trabalho deve ser a fonte essencial para a sua sobrevivência”.

A sindicalista deixou também um recado ao Executivo de António Costa: “Não são os trabalhadores da Administração Pública os causadores do défice. Fazer depender o défice das remunerações dos funcionários da Administração Pública é claramente uma opção do Governo”.

O último sindicato a ser ouvido, esta tarde, foi a Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP). À saída, o dirigente José Abraão considerou esta reunião “desnecessária” e manifestou “uma enorme frustração” pela “forma como decorreu todo este processo”.

Ainda sobre os aumentos salariais e especificamente em relação ao “apagão” dos pontos já referido, o sindicalista aproveitou a ocasião para novamente reforçar que a FESAP irá “recorrer a todos os meios ao seu dispor” sobre esta matéria, nomeadamente “apoiando os associados que queiram ir para tribunal” e fazendo queixa à Provedora de Justiça nacional e europeia, uma intenção que o ECO já tinha avançado.

“Não se podem deitar os pontos fora e não é de aceitar que, com esta engenharia, o Governo a curto e médio prazo poupe dinheiro, porque evita as mudanças de posição remuneratória ao fim de cada ciclo de avaliação”, assinalou o dirigente.

“Dissemos à senhora secretária de Estado que, independentemente dos atos eleitorais, o Governo vai continuar a governar e tem de continuar a haver negociação na Administração Pública. Foi-nos dito que sim. Durante o mês de março já discutiremos outras matérias“, rematou Abraão, referindo, por exemplo, a formação dos funcionários públicos e o custo da Função Pública.

(Notícia atualizada às 19h18 com as declarações da FESAP).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Além da CGD e BPI, Santander Totta também passa teste do BCE

Ao banco liderado por Pedro Castro e Almeida foram exigidos rácios mais baixos quando comparado com a CGD e o BPI que já revelaram o resultado da avaliação do Banco Central Europeu.

O Santander Totta também superou o teste do Banco Central Europeu (BCE) em matéria de requisitos mínimos de capital que tem de ter este ano. O banco liderado por Pedro Castro e Almeida, juntou-se assim ao BPI e à Caixa Geral de Depósitos (CGD) que também já tinham anunciado terem superado a avaliação da entidade liderada por Mario Draghi. Ao Santander Totta são exigidos níveis mais baixos do que àquelas duas outras instituições financeiras.

Em causa está a divulgação pública dos rácios mínimos de fundos próprios exigidos pelo BCE para este ano, isto na sequência dos testes do SPREP — supervisory review and evaluation process — conduzidos pelo supervisor europeu e que fazem uma avaliação banco a banco e tem em conta variáveis como o modelo de negócio, fundos próprios e liquidez para determinar os requisitos de capital.

No que respeita ao Totta, a instituição informou nesta sexta-feira ao mercado que as autoridades exigem rácios fully loaded (totalmente implementados) CET1, T1 e Total de 9%, 10,5% e 12,5%, respetivamente, a partir de 1 de março de 2019. No final do ano passado, estes níveis não só eram cumpridos como largamente ultrapassados pelo banco liderado por Pedro Castro e Almeida. Estavam em 14%, 17% e 17,1%, respetivamente.

O BCE exige assim ao Santander Totta rácios mais baixos do que aqueles que pediu tanto ao BPI como à CGD. Ao banco liderado por Pablo Forero foram pedidos rácios de CET1, T1 e Total de 9,5%, 11% e 13%, respetivamente. Já à CGD foram exigidos os rácios mais elevados: 10,25%, 11,75% e 13,75%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.