“Erros” informáticos e férias na neve pagas com ações. Os casos de polícia na bolsa de Lisboa

A CMVM dá conta de vários crimes praticados mercado português e investigados pelos tribunais. Em 2018, houve sete decisões judiciais, mas a falta de provas levou à absolvição de três casos.

Os tribunais tomaram, em 2018, sete decisões judiciais sobre suspeitas de crime no mercado de capitais. Os suspeitos terão usado informação privilegiada para ganhar na bolsa, tentado difundir informação errada ou comprado e vendido as mesmas ações para gerarem ganhos. No entanto, em três casos as provas foram insuficientes para provar o crime.

Entre abuso de informação e manipulação de mercado, estes foram os casos de polícia na bolsa de Lisboa, revelados agora pelo relatório anual da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM):

Ganhos da manipulação de mercado ou férias na neve?

O primeiro caso, que resultou em suspensão provisória, diz respeito a duas ofertas públicas de aquisição (OPA) concorrentes lançadas em 2016. O supervisor não especifica os nomes, mas relata que dois investidores particulares adquiriram ações da sociedade (através do provisionamento de contas por um terceiro) nas vésperas da divulgação do primeiro de vários anúncios preliminares de OPA, que acabaram por vendê-las após revisão em alta da contrapartida.

“O montante do investimento acrescido das respetivas mais-valias auferidas foi transferido para contas do terceiro que havia provisionado as contas dos primeiros antes do início do investimento”, explica a CMVM, acrescentando que “os três investidores revelaram uma clara intenção de ocultar as transferências de dinheiro, fazendo-as com recurso a descritivos não relacionados com as operações (e.g. “Pagamento Férias Neve” ou “Adiantamento Casa”)“. O Ministério Público acabou por suspender o processo e os arguidos aceitaram devolver integralmente a mais-valia obtida.

“Erro informático” leva investidor a comprar e vender as mesmas ações

O segundo caso remonta a 2012, quando um investidor estrangeiro realizou, ao longo de três meses, operações em que uma sociedade por si controlada assumia, simultaneamente, a posição de vendedora e de compradora de uma ação, que não é especificada. “A atuação do investidor, pela sua frequência, quantidade envolvida nas operações e nas ofertas associadas fez com que o mercado registasse níveis de profundidade e de liquidez desse título superiores aos reais”, refere o relatório.

O Ministério Público abriu inquérito em 2017 e, no ano passado, o arguido acabou por requerer a abertura de instrução e reconhecer que fez as operações, mas alegou um “erro na plataforma informática de gestão da carteira de títulos”, “que não funcionava com a rapidez e sincronização que o arguido pretendia”. O Tribunal rejeitou a justificação e concluiu que se tratou de “uma prática suscetível de colocar em risco a transparência do mercado”.

Trocar de banco para cruzar ordens

Em 2016, houve novo caso de um investidor — com formação académica na área económica e que tinha até sido administrador de uma entidade supervisionada pela CMVM — acusado de manipulação de mercado. Apesar de o investidor até trocar de intermediário financeiro nalgumas ocasiões para lançar as ordens de compra e venda, o padrão de negociação atípico foi identificado pelo supervisor.

No ano passado, o Tribunal concluiu que o arguido atuou “ciente da ilicitude da sua conduta, e das consequências da sua atuação”, que existiu uma “formação artificial de preços” e que as operações “foram realizadas sem alteração do seu beneficiário económico”. O arguido foi condenado pelo crime de manipulação de mercado, com pena de multa, tendo sido declarada perdida a favor do Estado, a mais-valia auferida.

Dizia ao jornal que queria comprar… E vendia

A quarta decisão judicial diz respeito a um gestor. Apesar de o nome não ser incluído no relatório da CMVM, a história já era conhecida: o acionista da Inapa, Jorge Fazendeiro, anunciava na imprensa que queria reforçar a posição na papeleira, quando o valor dos títulos subia, afinal vendia. Foi feito duas vezes, entre 2008 e 2009, e o Tribunal concluiu que o arguido “demonstrou conhecer bem o mercado de valores mobiliários, percebeu como podia mexer com o mercado e obter mais-valias passando a mensagem aos investidores”.

O arguido foi objeto de condenação pela prática de um crime de manipulação de mercado (manipulação ruidosa), com pena de multa e declaração de perda a favor do Estado da mais-valia líquida, mas foi absolvido pela prática de um crime de abuso de informação.

Ações perderam todo o valor. Sabia e vendeu no dia antes

Abuso de informação foi também a acusação feita, em 2017, a um investidor, “especialmente habilitado”. O processo-crime teve origem numa comunicação da CMVM, de 2016, relativa a um investidor, que alienou todas ações detidas de uma sociedade no último dia de negociação antes de divulgação de informação privilegiada “de caráter muito negativo”.

O investidor pertencia a um grupo de colaboradores que preparavam o evento que gerou a perda total do valor das ações. No entanto, o arguido foi absolvido já que a informação já era conhecida do público, através dos jornais pelo que deixa “de ser considerada informação privilegiada”. O Ministério Público interpôs recurso da sentença.

Em três anos, não muda posição. Na véspera de uma OPA, compra ações

Também o quinto caso alvo de decisão judicial em 2018 diz respeito a um anúncio preliminar de uma OPA. Era 2012 e a posição do investidor em questão no capital de uma empresa estava praticamente inalterado há três anos. Antes da publicação de um anúncio preliminar de OPA, comprou ações e, no dia seguinte, vendeu com imediata mais-valia. No entanto, não houve provas da prática de crime e o tribunal decidiu a favor do arguido.

Em 2017, o arguido foi absolvido na “ausência de verificação de pressuposto de informação privilegiada, como fator determinante da aquisição de ações feita pelo arguido” até porque a informação relativa ao lançamento de OPA “era já do conhecimento público”. Apesar do recurso interposto pelo Ministério Público, o Tribunal da Relação de Lisboa deu razão ao arguido no ano passado.

Administrador de banco põe 750 mil euros em ações porque ouviu na rádio

“Abuso de informação” foi a acusação feita a um investidor (à data administrador executivo de um banco) após o próprio e o cônjuge ter realizado uma “compra intensa de ações no dia em que foi anunciada uma proposta de operação de fusão de duas sociedades com ações admitidas à negociação na Euronext Lisbon e de venda dessas mesmas ações nas duas sessões subsequentes à divulgação do comunicado“. Foram 750 mil euros (com descoberto) que geraram “uma mais-valia relevante, apenas dois dias depois”.

O banco em que o investidor era administrador detinha também participação qualificada numa das sociedades cotadas envolvidas na fusão proposta. O investidor justificou, no entanto, que fez as transações depois de “uma notícia numa rádio — que ouviu durante uma viagem de carro — sobre um aumento do volume transacionado em mercado nessa manhã”. O Tribunal do Criminal do Porto absolveu os arguidos e respondeu: “Foi coincidência? Não sabemos. Foi com base em informação privilegiada? Também não o sabemos”. Após recurso do Ministério Público, o tribunal proferiu o terceiro e último acórdão a favor do investidor, em julho do ano passado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A tarde num minuto

Não sabe o que se passou durante a tarde? Fizemos um vídeo que reúne as notícias mais relevantes, em apenas um minuto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PS e PSD escolhem representantes para conversações sobre Lei de Bases da Saúde

O PSD já apresentou os pontos que quer revisitar na discussão com os socialistas sobre a Lei de Bases da Saúde. O PS deverá agora avaliar as propostas para avançar para negociações.

Já estão escolhidos os representantes do PSD e do PS para as conversações sobre a Lei de Bases da Saúde. O deputado Ricardo Baptista Leite foi escolhido pelo PSD e pela direção do grupo parlamentar para representar os sociais-democratas. Já os socialistas escolheram como interlocutora a vice-presidente da bancada, Jamila Madeira, com o apoio do coordenador da área da saúde, António Sales.

Depois de chegar a um impasse nas negociações com os partidos de esquerda, que se mostraram inflexíveis sobre a existência de parcerias público-privadas (PPP) na saúde, o PS vira-se agora para o PSD para tentar aprovar a Lei de Bases do setor. Perante este “desafio”, Rui Rio já veio apresentar os três assuntos que o partido está disposto a revisitar para dar o voto favorável à Lei.

A gestão e funcionamento do Serviço Nacional de Saúde, onde se incluem as PPP, as matérias ligadas aos direitos dos cidadãos e o capítulo sobre saúde pública e bem-estar são os três pontos que o PSD escolheu, a partir das propostas que viu reprovadas nas votações indiciárias do grupo de trabalho, para levar à discussão.

A bola estará assim do lado dos socialistas, que têm já uma ideia do que os sociais-democratas consideram essencial nestas conversações. De acordo com a informação recolhida pelo ECO, ainda não foi marcada nenhuma reunião oficial entre os partidos. As votações indiciárias do grupo de trabalho ainda terão de ser confirmadas na Comissão da Saúde, o que deverá acontecer no início de julho, e depois disso o documento final será votado em plenário. A 2 de julho o grupo de trabalho irá reunir para analisar e fixar o texto que vai a votos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Moody’s baixa rating do BPI para nível “lixo”

A Moody's baixou o rating do BPI em dois níveis. Banco liderado por Pablo Forero está agora no patamar considerado investimento especulativo, ou no jargão dos mercados, no patamar de "lixo".

A Moody’s baixou o rating do BPI em dois níveis, de “Baa2” para “Ba1”. Isto significa que o banco liderado por Pablo Forero está agora no patamar considerado investimento especulativo, ou no jargão dos mercados, no patamar “lixo”. O outlook (perspetivas de evolução) é agora estável.

Este downgrade concretiza a “ameaça” feita em dezembro passado pela agência, na sequência das alterações legislativas que vieram estabelecer preferência de depósitos sobre instrumentos de dívida sénior não garantida no caso de resoluções de bancos. Em comunicado, o banco dos espanhóis do CaixaBank adiantam que o montante de dívida sénior ordinária era de “apenas 12 milhões de euros em 31 de março de 2019”.

Ao mesmo tempo, a agência reafirmou o rating dos depósitos de longo prazo do banco em “Baa1”, dois níveis acima do patamar “lixo”.

Para justificar o outlook estável, a Moody’s adiantou a “melhoria esperada nos fundamentais financeiros do BPI já estão capturados nos atuais níveis de rating do banco”.

Em dezembro, a Moody’s colocou sob perspetiva negativa cinco bancos nacionais: Caixa Geral de Depósitos, BCP, Santander Totta e Novo Banco, isto depois de o Governo ter aprovado uma proposta de lei que reforça a proteção destes depósitos, em caso de resolução ou de insolvência de um banco.

(Notícia atualizada às 18h48)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal paga 0,62% por Panda Bonds após cobertura de risco cambial, segundo Centeno

  • Lusa
  • 26 Junho 2019

O ministro das Finanças admite que taxa de 0,62% corresponde a "um esforço muito grande da República Portuguesa", mas diz diversificação de fontes de financiamento justificam prémio.

O ministro das Finanças afirmou esta quarta-feira que a taxa da emissão de dívida em moeda chinesa, as ‘Panda Bonds’, que Portugal realizou em 30 de maio, é de 0,62% a três anos após aplicada a cobertura de risco.

“A taxa equivalente, e depois de devidamente protegida com ‘swaps’ do risco cambial, é de 0,62% a três anos, o que compara mal com a taxa a que a República se financia a três anos, é verdade”, afirmou Mário Centeno, sobre a emissão de ‘Panda Bonds’ de Portugal, ao falar na audição regimental da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) no Parlamento.

Em 30 de maio, Portugal colocou dois mil milhões de renmimbi (o equivalente a 260 milhões de euros) em ‘Panda Bonds’ a três anos, naquela que foi a primeira emissão em moeda chinesa de um país da zona euro e a terceira de um país europeu.

Segundo um comunicado divulgado no ‘site’ do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, a procura dos investidores pelos títulos “foi forte”, 3,165 vezes o montante colocado, tendo permitido rever em baixa a taxa de juro para 4,09%.

O ministro das Finanças admitiu esta quarta-feira, no Parlamento, que os 0,62% correspondem a “um esforço muito grande da República Portuguesa”, sublinhando que “o prémio que está a ser pago é exatamente” aquele, “para diversificar as suas fontes de financiamento”.

Mário Centeno admitiu que “se calhar [a decisão] é hoje mais questionável do ponto de vista estritamente financeiro do que quando foi tomada”, porque se trata de “um processo muito longo” e atualmente as taxas dos títulos de dívida de Portugal estão muito mais baixas no mercado.

O ministro referiu também que a operação foi “pequena do ponto de vista da dimensão”, mas foi “um sinal muito positivo da necessidade de diversificar os custos de financiamento”.

Em declarações à Lusa, Filipe Garcia, economista da IMF – Informação de Mercados Financeiros, explicou que, “a taxa relevante da operação são os 0,62% porque analisando os ‘cash-flows’ finais em euros, entre entradas e saídas, Portugal irá pagar o equivalente a 0,62% em euros”.

O economista adiantou que, “de uma forma sensata e como faz normalmente nos casos em que incorre em risco cambial, o IGCP recorreu a instrumentos derivados de cobertura de risco”, que refletem o diferencial de taxas de juro entre o euro e o yuan de uma forma inversa à da tomada do financiamento.

“De facto, Portugal paga uma taxa de juro mais alta na emissão em yuan, mas é beneficiado ao cobrir o risco cambial da operação, mitigando a maior parte dessa diferença. Portanto, a cobertura cambial compensou grande parte do diferencial de taxas de juro entre as duas moedas, o que acontece pelas tecnicidades do processo de cobertura”, adiantou Filipe Garcia.

Dito de outra forma, segundo o economista, “ao cobrir o risco, o IGCP também faz baixar a taxa de juro ‘implícita’ final a pagar”.

Filipe Garcia admitiu também, à Lusa, que o custo final em euros foi mais alto do que um financiamento que fosse realizado nos mercados mais habituais.

“Mas parece-me que a operação teve objetivos de cariz político e simbólico, deixando o ângulo financeiro para um segundo plano, até pelo montante da emissão”, frisou, acrescentando que “é uma forma abrir uma porta para diversificar fontes de financiamento e sinaliza ao mercado que Portugal tem flexibilidade nesta matéria”.

A presidente do IGCP, Cristina Casalinho, disse, na semana anterior à operação, que a emissão de ‘Panda Bonds’ surgiu como “uma oportunidade” para Portugal continuar a alargar a base de investidores e adiantou que a operação demorou dois anos a ser negociada.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rádio Observador arranca quinta-feira em Lisboa e online

  • Lusa
  • 26 Junho 2019

A rádio Observador vai arrancar inicialmente em Lisboa, podendo ser ouvida em 98.7 FM, ao mesmo tempo em que passa a estar disponível no site do jornal. O próximo passo é chegar ao Porto.

A Rádio Observador arranca esta quinta-feira em Lisboa, pelas 06:55, e no ‘online’, contando com uma “programação variada”, sendo que “brevemente” deverá também chegar ao Porto, garantiu o ‘publisher’ do jornal digital à Lusa. A Rádio Observador pode ser ouvido na zona de Lisboa em 98.7 FM.

“Nós vamos avançar amanhã de manhã [quinta-feira], a partir das 06:55, para já apenas em Lisboa, em FM, e ‘online’ em todo o Continente”, assegurou José Manuel Fernandes, em declarações à Lusa.

De acordo com este responsável, as emissões podem também ser acedidas através da aplicação do Observador, nos ‘smartphones’ e computadores, e conta com uma tecnologia que permite um consumo reduzido de dados móveis.

“Brevemente” esta rádio vai também chegar ao Porto, embora o seu arranque esteja dependente de algumas autorizações. “As expectativas para a estreia são grandes, mas vamos andando passo a passo, [uma vez que] a nossa cobertura inicial não nos permite, no arranque, estar em todo o país”, sublinhou José Manuel Fernandes.

O ‘publisher’ do Observador apontou ainda que esta “será uma rádio de informação, muito à imagem do que é o Observador – em cima dos acontecimentos, com um modelo centrado na cobertura da atualidade e na decifração dessa mesma atualidade”.

A cobertura será diária, ao longo de 24 horas, e a programação “variada”, com debates, entrevistas, revista de imprensa, espaço de economia, um programa de história, entre outros. “A equipa do Observador está integrada, todo o observador trabalha para o mesmo dentro do mesmo espírito”, concluiu José Manuel Fernandes.

(Notícia atualizada às 21:50 com informação da frequência da Rádio Observador na região de Lisboa)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Big Brother” fiscal: Mendonça Mendes admite correções à lei para não perder “muitos milhões de euros gastos”

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais admitiu correções na lei que dá acesso ao fisco a conjunto vasto de informação das empresas, mas pediu aos partidos para não deitar fora investimento feito.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais pediu esta quarta-feira aos deputados para não deitar fora todo o trabalho e investimento feito com as modificações aprovadas na lei à declaração de Informação Empresarial (IES). António Mendonça Mendes admite garantias adicionais na lei para ultrapassar as reservas do PCP e da direita relativamente ao acesso do fisco ao ficheiro de SAF-T de contabilidade das empresas, que inclui dados dos clientes e faturação, como a encriptação de dados.

O PCP pediu a apreciação parlamentar desta alteração à lei e o PSD e o CDS também mostraram as suas objeções ao poder que esta dá ao fisco, como noticiou esta quarta-feira o Jornal de Negócios, mas, numa audição regimental no Parlamento, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais pediu aos partidos para não deitar todo o trabalho fora, até porque estas mudanças já obrigaram a um investimento de milhões, tanto do lado do Estado como das empresas.

“Há muito trabalho feito, há muito investimento feito em software (….). Sem prejuízo das garantias adicionais que possam ser acrescidas na legislação, o que peço é que não deitemos fora todo o trabalho feito”, disse António Mendonça Mendes aos deputados.

O governante defendeu ainda as alterações dizendo que este ficheiro SAF-T contabilidade já existe e é algo a que a Autoridade Tributária já pode aceder no âmbito de uma fiscalização. O objetivo da mudança, diz, é tornar a entrega da Informação Empresarial Simplificada (IES) mais fácil, com pré-preenchimento, e dar informação a outras entidades que não o Fisco, como é o caso do Instituto Nacional de Estatística, do Banco de Portugal e do Ministério da Justiça.

Segundo António Mendonça Mendes, o que o Fisco pretende é “um automatismo para aumentar o pré-preenchimento da IES” e alertou para o “muito trabalho feito” e para os “muitos milhões de euros gastos com a adaptação dos sistemas”.

Sobre a informação a que o Fisco teria acesso, o secretário de Estado disse que está a ser feito um “trabalho muito sério” para analisar todos os campos que são necessários e os que não o são, uma verificação campo a campo, e admitiu que podem ser feitas melhorias que podem passar por “encriptar alguma informação” que possa ser sensível, como foi feito no caso do e-fatura.

Do lado do PCP, o deputado Duarte Alves reconheceu que, de facto, a Autoridade Tributária já pode aceder ao SAF-T no âmbito de uma fiscalização, algo que “faz sentido” e que o partido não pretende alterar, mas que a lei prevê a entrega do ficheiro completo, com um grande conjunto de informação — como informação sobre clientes e transações — de forma permanente à Autoridade Tributária, sem razão aparente. Ainda assim, o PCP demonstrou-se disponível para encontrar uma solução que não implique a revogação completa das alterações apresentadas, desde que garanta a proteção às empresas que entende essencial.

O deputado social-democrata António Leitão Amaro também pediu esclarecimentos à equipa das Finanças sobre esta alteração, dizendo que antes de se ter criado a obrigação das empresas de entregar esta informação, deviam ter sido criadas as salvaguardas, sugerindo até a criação de um período transitório, até esta questão estar resolvido. Nesta questão, também o PSD admitiu conversar com o Governo e os restantes partidos para que se encontre uma solução que responda a estas preocupações.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PS quer acelerar investimentos no interior com internet mais rápida

Se vencer as legislativas, o PS quer garantir que a banda larga chega em condições a todas as regiões do país. Acesso rápido à internet pode tornar o interior mais atrativo.

O PS quer reforçar a cobertura de redes de última geração em todo o país, levando a banda larga às zonas rurais e regiões do interior do país onde os acessos de alta velocidade à internet ainda não são uma realidade. A medida faz parte do projeto de programa eleitoral socialista para combater as desigualdades.

No documento, publicado no site do partido, os socialistas incluem um conjunto de medidas para corrigir as assimetrias territoriais. Entre elas está a promessa de assegurar “uma cobertura de redes de conectividade digital nos territórios de baixa densidade, incluindo as de novas geração”.

Portugal não compara mal com os restantes países da União Europeia no que toca às redes de comunicação, mas ainda existem regiões do interior do país com cobertura de banda larga deficitária, impedindo acessos fixos e móveis e deixando uma parte da população de fora da nova economia digital. Dados da Comissão Europeia mostram que cerca de um quinto das zonas rurais não tem acesso à internet de banda larga.

O objetivo do PS não passa só por assegurar “a acessibilidade das populações” mas, também, por garantir que estes territórios do país permanecem competitivos em relação ao litoral. O partido fala mesmo em garantir “uma vantagem competitiva para a atração de investimento empresarial em atividades relacionadas com serviços e desenvolvimentos digitais”.

Com a transformação digital, e a aposta a nível mundial da digitalização das empresas no âmbito da Indústria 4.0, cada vez mais empresas necessitam de bons acessos às redes de comunicações. Nas zonas do litoral e nas grandes cidades portuguesas, este já não é um problema, na medida em que o investimento permitiu que os cidadãos e empresas tivessem não só uma boa cobertura de rede móvel banda larga como uma boa infraestrutura de fibra ótica.

Mas isto acontece, sobretudo, nas zonas concorrenciais. Nas zonas rurais, o investimento não tem sido tão expressivo e ainda existem regiões do país sem qualquer cobertura de rede, ou ainda sem acesso à quarta geração — o 4G –, numa altura em que as operadoras, o regulador e o Governo já preparam a chegada do 5G, a quinta geração de rede móvel, que poderá acentuar ainda mais as desigualdades territoriais identificadas pelo PS e já amplamente discutidas a nível internacional.

Socialistas focam combate às desigualdades

Por tudo isto, não é estranho que esta medida proposta pelo PS esteja incluída no capítulo das desigualdades, que o partido começou a divulgar na semana passada, ainda que não seja claro o caminho que o partido pretende seguir para alcançar este objetivo. Na base da ideia estão dados que mostram que a distribuição de internet pelo território não é igual.

“Apesar de Portugal apresentar um dos níveis mais elevados de cobertura de banda larga ultra rápida, subsistem diferenças significativas entre as regiões na cobertura da rede de acesso da próxima geração. Em 2017, o Alto Minho era a única região onde a disponibilidade da rede de acesso da próxima geração era inferior a dois terços das famílias (56,4%)“, diz o resumo do projeto de programa do PS, citando o Relatório da Comissão Europeia para Portugal no âmbito do semestre europeu.

“Além disso, as regiões do Alentejo Litoral e de Tâmega e Sousa dispunham de uma cobertura da rede de acesso à banda larga da próxima geração inferior a 80%. A cobertura nas zonas rurais, correspondente a 78,5%, é consideravelmente inferior à existente nas zonas mais densamente povoadas, embora se situe muito acima da média da UE”, frisa o mesmo documento. Ou seja, 21,5% das zonas rurais, cerca de um quinto, não estão servidas pela banda larga.

Da digitalização das empresas ao entretenimento

Os últimos dados divulgados pela Anacom, referentes a 2018, mostram que os portugueses estão cada vez mais adeptos da internet, mas que a penetração na população ainda não é total. No final do ano, existiam 7,6 milhões de portugueses com internet móvel, ou 73,6 por cada 100 habitantes. Em julho do ano passado, porém, a penetração de banda larga móvel estava “muito abaixo da média europeia”, com Portugal a ocupar a 27.ª posição entre os países da UE, segundo informações de Bruxelas, citadas pelo regulador no mesmo relatório.

Ao mesmo tempo, no final de 2018, os dados relativos à penetração de banda larga fixa, para residências, mostravam que apenas 76,3% das famílias portuguesas subscreviam este tipo de acesso. Quase 72% dessas famílias tinham acessos de alta velocidade, com débitos superiores a 100 Mbps (megabits por segundo) e 79,7% tinham pelo menos 30 Mbps.

Apesar de serem bons indicadores no geral, mostram que ainda existe uma fatia relevante dos acessos que não têm velocidades muito rápidas, essenciais para o desenvolvimento de uma das bandeiras do atual executivo: a iniciativa Indústria 4.0, que visa levar as empresas, nomeadamente micro e médias empresas para o próximo nível de desenvolvimento.

A digitalização das empresas, que passa pela criação de produtos e serviços inovadores com base em dados e informação e pela integração em ecossistemas digitais com os vários fornecedores da cadeia de valor, por via de Plataformas de IoT (Internet das Coisas), análise de Big Data, tecnologias de localização geográfica ou cloud computing, entre outros, exigem redes que permitam acessos à internet de alta velocidade.

Por outro lado, e numa altura em que, por exemplo, os serviços de streaming de filmes e séries, são cada vez mais populares, a ausência deste tipo de ligações excluiria dos mais recentes produtos culturais parte significativa da população.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Isto é tudo o que precisa de saber sobre o Programa de Arrendamento Acessível

A dias de arrancar o Programa de Arrendamento Acessível, o Governo preparou um conjunto de respostas que procuram descodificar tudo o que precisa de saber se estiver interessado em candidatar-se.

A cinco dias de entrar em vigor o Programa de Arrendamento Acessível (PAA), a Secretaria de Estado da Habitação preparou um conjunto de perguntas e respostas que procuram explicar todos os pormenores desta iniciativa. E para quem continuar com dúvidas, a partir da próxima segunda-feira, 1 de julho, haverá um simulador, onde poderão saber o intervalo de renda que podem suportar.

O que é o Programa de Arrendamento Acessível?

O objetivo do PAA é “promover uma oferta alargada de habitação para arrendamento abaixo dos valores de mercado”, ajustando os valores das rendas aos rendimentos das famílias. O programa foi concebido para “apoiar os agregados habitacionais que, embora tendo rendimentos médios, atualmente têm dificuldade em arrendar uma habitação adequada, face aos preços praticados no mercado”.

Como funciona?

É uma iniciativa de adesão voluntária, tanto da parte dos inquilinos como dos senhorios, e aplica-se aos novos contratos de arrendamento e às suas renovações. A lógica, diz o documento, é de uma “contrapartida com vantagens para ambas as partes”. Os senhorios que queiram colocar os seus imóveis ao abrigo deste programa “têm garantida a isenção de IRS ou IRC sobre as rendas” e os arrendatários “têm acesso a uma habitação a custos mais acessíveis, compatíveis com o seu rendimento”.

Quem pode ter acesso?

No caso dos senhorios, “qualquer pessoa singular ou coletiva, pública ou privada” pode colocar os seus imóveis no PAA. Já no caso dos arrendatários, qualquer pessoa ou conjunto de pessoas pode inscrever-se, desde que o total do seu rendimento anual bruto seja inferior a um valor máximo definido pelo programa.

Se se tratar de uma só pessoa, o rendimento máximo admitido é de 35 mil euros brutos anuais, aumentando para 45 mil euros no caso de duas pessoas. A partir daí, aumenta 5.000 euros brutos anuais por cada pessoa extra que integre o agregado. Os estudantes ou pessoas inscritas em cursos de formação profissional também se podem candidatar, “mesmo que não possuam rendimentos próprios”, mas desde que o pagamento das rendas seja assegurado por uma pessoa com rendimentos.

Quais são as condições exigidas para a casa?

Para inscrever um imóvel no PAA, estes têm de ter “condições mínimas de segurança, salubridade e conforto”, tais como iluminação e ventilação natural, quartos com mais de seis metros quadrados, cozinha e casa de banho, e ausência de anomalias que constituam um risco para a segurança/saúde dos moradores, ou que prejudiquem a normal utilização da habitação. Estas condições têm de ser declaradas pelos proprietários e “confirmadas expressamente” em documento anexo ao contrato — ficha de alojamento.

Pode ser arrendado um quarto no âmbito do PAA?

O PAA prevê duas modalidades de arrendamento: “habitação”, ou seja, uma moradia ou um apartamento; e uma “parte de habitação”, ou seja, um quarto, com direito de utilização das instalações sanitárias, da cozinha e das áreas comuns.

Qual é o valor da renda que pode ser praticado no PAA?

A renda máxima a ser praticada pelos proprietários ao abrigo do PAA “depende das características específicas de cada habitação”, não existindo um “valor único de renda acessível por tipologia, nem uma tabela de rendas para este efeito”.

Contudo, está estipulado que a renda máxima para cada casa deve ser, pelo menos, 20% inferior ao Valor de Referência de Arrendamento (VRA), um critério apurado com base em fatores como a área, qualidade, localização, certificação energética e mediana por metro quadrado de preços de arrendamento para a localização em causa divulgada pelo INE. Ou seja, terá de ser inferior a 80% do VRA.

Além disso, há uma tabela com um limite geral de renda por tipologia e por concelho, limite esse que “nunca poderá ser ultrapassado”.

Qual é o valor de renda que cada agregado pode pagar?

A renda não pode ser inferior a 15% nem ser superior a 35% do rendimento médio mensal bruto do agregado. Desta forma, “garante-se que cada agregado tem uma taxa de esforço adequada, isto é que, os custos suportados com a habitação não colocam em causa a capacidade de satisfação de outras necessidades básicas”.

As casas com rendas mais baixas ficarão disponíveis para os agregados com rendimentos mais modestos, diz o documento. A partir de 1 de junho, ficará disponível uma plataforma online no portal da habitação com um simulador para que os agregados possam saber qual o intervalo de renda que poderiam contratar.

Qual é a tipologia que cada agregado pode arrendar?

O PAA exige apenas uma ocupação mínima das habitações, isto é, “uma pessoa por quarto”. Por exemplo, um agregado composto por um casal com um filho pode arrendar, no máximo, um T3.

Qual é a duração do contrato?

Os contratos de arrendamento no âmbito do PAA têm um prazo mínimo de cinco anos mas, no caso de se tratar de uma habitação para residência temporária de estudantes do ensino superior deslocados, o prazo mínimo é de nove meses.

O senhorio pode exigir um fiador? E caução?

“Regra geral não é possível exigir fiador ou caução”, refere o documento, isto porque vão existir seguros obrigatórios que dispensam essa necessidade. Esse seguros vão garantir indemnização por falta de pagamento de renda, por quebra involuntária de rendimentos e por danos no imóvel.

Devem ser os senhorios a contratar os seguros que garantem a falta de pagamento das rendas, enquanto os restantes devem ser contratados pelos inquilinos. Os seguros terão preços e condições “significativamente mais favoráveis do que as atualmente disponíveis no mercado” e estarão listados na Plataforma do Arrendamento Acessível.

Ainda assim, há exceções quanto à necessidade de fiador ou caução, tais como no caso de arrendamento a estudantes ou a pessoas inscritas em cursos de formação profissional, e “quando não estiverem disponíveis no mercado ofertas relativas aos seguros obrigatórios”.

Como podem os senhorios aderir ao programa?

A partir de 1 de julho, os proprietários vão poder simular as condições nas quais podem arrendar a sua habitação, designadamente, o limite máximo de renda que vão poder aplicar. Na plataforma do portal da habitação, os interessados podem inscrever o seu alojamento através do preenchimento de uma ficha de alojamento, onde constará a informação necessária para a determinação da existência das condições mínimas de habitabilidade e do preço de renda máximo (por exemplo, localização, tipologia, área, estado de conservação, etc.). Os proprietários devem ainda anexar a caderneta predial e o certificado energético.

Com base nesta informação, a plataforma emitirá um certificado de inscrição que indica as condições que o contrato tem de cumprir para ser enquadrado no programa em termos de ocupação mínima e a renda máxima possível. A emissão deste certificado não obriga à celebração de qualquer contrato de arrendamento, mas é imprescindível que o certificado seja anexo ao contrato.

Como se podem inscrever os arrendatários?

Assim como os proprietários, também os arrendatários poderão, a partir de 1 de julho, simular na plataforma online as condições nas quais podem arrendar uma habitação, designadamente, o limite máximo de renda que poderão pagar contratar. Nessa plataforma, os interessados deverão registar-se e indicar as características do agregado (dimensão e rendimentos), e o tipo de alojamento que procuram (um quarto ou uma habitação, em arrendamento habitacional ou residência temporária de estudantes).

Com base nesta informação, a plataforma emitirá um certificado de candidatura com as condições que o contrato tem de cumprir para ser enquadrado no programa em termos de tipologia máxima e intervalo de renda. A emissão deste certificado também não obriga à celebração de qualquer contrato de arrendamento, mas é obrigatório que o certificado seja anexo aos contratos de arrendamento.

Como se processa o contrato e se garante o acesso ao benefício fiscal?

O senhorio e o arrendatário podem encontrar-se diretamente ou através de mediador imobiliário. O contrato é celebrado livremente e deve cumprir os requisitos explícitos em ambos os certificados bem como as regras do PAA em termos de duração mínima dos contratos.

Os certificados e a ficha do alojamento assinados pelas partes são anexos ao contrato, confirmando as informações prestadas pelas partes na plataforma. Para ter acesso ao benefício fiscal, o contrato de arrendamento é submetido na plataforma online do programa, acompanhado dos anexos respetivos e dos comprovativos da contratação dos seguros obrigatórios e do registo do contrato no Portal das Finanças.

Síntese do processo de adesão ao Programa de Arrendamento Acessível

Fonte: Secretaria de Estado da Habitação

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Proteção de dados estimula mercado segurador no Brasil

  • ECO Seguros
  • 26 Junho 2019

A nova lei de proteção de dados, a que as empresas brasileiras terão de adaptar-se até 2020, leva as seguradoras a mapear os riscos da carteira e a incluir riscos informáticos nas apólices.

A nova lei de proteção de dados constitui um desafio para o mercado segurador brasileiro, fazendo com que tenha de lançar novos produtos que contemplem um ritmo intenso de mudanças. Num workshop sobre o tema, organizado pela Federação Nacional de Seguros Gerais brasileira, os participantes reconheceram que a nova legislação exige mais investimentos, devendo as apólices prever danos recorrentes de riscos informáticos em função da própria evolução tecnológica e, em particular, da introdução da robótica.

As empresas seguradoras brasileiras terão até agosto de 2020 para se adaptarem à nova lei de proteção de dados, pelo que, admitiram os participantes no encontro, é necessário mapear os riscos em cada carteira.

Se, por um lado, constitui um repto para o setor segurador, por outro, a legislação sobre a proteção de dados já impulsionou o mercado de seguros no Brasil no domínio dos riscos informáticos e a expectativa é de que o crescimento venha mesmo a ser, em breve, muito significativo. Para isso contribui, além do novo quadro legal, a rapidez com que está a emergir este novo mercado. Diversos estudos indicam que os riscos informáticos, face ao aumento do número de ataques de ‘hackers’, constituem atualmente uma das maiores preocupações dos subscritores de seguros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Aplicativo automóvel pode reduzir prémio de seguro

  • ECO Seguros
  • 26 Junho 2019

O seguro automóvel tende a ficar mais barato com a adoção de tecnologias que antecipam defeitos e falhas nos veículos e complementam a proteção.

Lançada há pouco menos de um ano no Brasil, a aplicação VAI surgiu como uma alternativa para diagnosticar e antecipar defeitos e falhas no veículo, utilizando um dispositivo ligado à mesma porta utilizada pelos “scanners” das oficinas mecânicas. O produto incorporou funcionalidades centradas na segurança e assume-se como um complemento à proteção, com potencial de, no futuro, reduzir o valor pago pela cobertura da apólice. Para João Marcelo Barros, sócio e co-fundador da Wings, empresa proprietária do VAI, que tem a sua sede no Recife, no nordeste brasileiro, citado pelo portal UOL, “a grande pedra no sapato do brasileiro é a segurança. Em geral, no Brasil, as pessoas preocupam-se muito mais com o roubo e o furto do que com a manutenção”, diz o empresário.

O dispositivo do VAI traz embutido um localizador GPS, além de sensor de movimentos e de um chip para transmissão de dados com ligação 3G. Com estes sensores, pode funcionar, por exemplo, como um ‘rastreador’, tornando possível o acesso à localização da viatura em cerca de três segundos, através do smartphone e por um valor inferior ao que se paga na contratação de um dispositivo de rastreio convencional. A aplicação prepara-se para oferecer também um alerta de tentativa de arrombamento, utilizando o sensor embutido, capaz de detetar movimentos bruscos no veículo. Terá, ainda, um alerta de colisão, recorrendo à mesma tecnologia.

A aplicação já permite criar uma “cerca virtual”, na qual o cliente delimita num mapa o perímetro dentro do qual o veículo pode circular — se os limites preestabelecidos forem ultrapassados, a aplicação emite um alerta. O programa incorporou recentemente a função “estacionamento seguro”: quando esta é acionada, o condutor é avisado se houver uma tentativa de ligar o motor. Também é possível limitar a velocidade do automóvel. O VAI possui ainda a função de diagnóstico de falhas e também gera relatórios sobre o perfil de condução do motorista, utilizando os sensores instalados no dispositivo OBD (de diagnóstico). Para disponibilizar estas funções o programa recorre à inteligência artificial (o acrónimo inglês VAI, que dá nome à aplicação, corresponde a ‘vehicle artificial intelligence’).

O sócio e cofundador da Wings esclarece que a empresa não possui atualmente qualquer tipo de contrato com empresas de seguros e destaca a questão da privacidade: “O VAI não partilha os dados do cliente com terceiros. Este tem de autorizar previamente a partilha dessas informações, ao contratar o seguro, por exemplo”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BlockClaim consegue levantar mais 550 mil euros

  • ECO Seguros
  • 26 Junho 2019

A tecnológica britânica prossegue o investimento num produto para o sector segurador que, garante, reduz o custo dos sinistros em 20%, agilizando o processo de reclamação.

A tecnológica britânica do setor segurador BlockClaim recebeu um novo financiamento de 500 mil libras (cerca de 550 mil euros) dos fundos de capital de risco que a apoiam, sobretudo o Amadeus Capital Partners e a empresa de software Pragmatica. O fundo Amadeus é conhecido por se centrar em áreas como a inteligência artificial, a cibersegurança e os cuidados de saúde.

A BlockClaim é uma empresa britânica especializada em tecnologia para o setor segurador que utiliza uma combinação da tecnologia ‘blockchain’ (a qual assenta a segurança na partilha em cadeia, sendo conhecida como um protocolo de segurança) e inteligência artificial (AI, ‘artificial intelligence’) para automatizar o processo de reclamações. O produto, de acordo com a BlockClaim, reduz o custo dos sinistros em 20% e torna mais rápido o processo de reclamação de indemnização. A tecnologia blockchain está muito associada à criação da Bitcoin, não permitindo falsificar um livro de registos, dada a existência de várias cópias.

A originalidade reivindicada pela BlockClaim assenta no facto de combinar o poder da inteligência artificial com a tecnologia ‘blockchain’, o que lhe permite, além de acelerar processos de reclamação de indemnizações de sinistros, detetar fraudes. Pode recorrer, por exemplo, a um módulo de inteligência artificial de reconhecimento de imagem para verificar se as imagens apresentadas em reclamações decorrentes da colisão de veículos descrevem com precisão os veículos danificados. O produto apresenta-se, inclusive, como uma solução ‘não intrusiva’ que aperfeiçoa os dados do cliente.

Esta combinação da ‘blockchain’ com a inteligência artificial inclui recursos como o rastreamento inteligente de declarações e a deteção de fraudes com ‘machine learning’.

Refira-se que a seguradora do Reino Unido Legal & General recorreu recentemente ao Amazon Managed Blockchain para criar um sistema ‘blockchain’ para a subscrição de sistemas corporativos de pensões. A Legal & Geral optou por usar uma solução ‘blockchain’ face à necessidade de um registo seguro de transações. Para Thomas Olunloyo, CEO do Legal & General Reinsurance, a solução “permite que dados e transações sejam assinados, registados e mantidos de forma permanente e segura durante a vigência dos contratos, que pode ir além de 50 anos.”

A BlockClaim nasceu em 2017 num concurso conceptual realizado pelo Imperial College de Londres. Desde então a sua equipa tem vindo a crescer, reunindo engenheiros de talento e especialistas em seguros. Conta com o suporte internacional de ‘hubs’ de inovação em seguros e é apoiado por fundos de investimento como o Amadeus’ Capital e Pragmatica.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.