Comércio eletrónico em Portugal vai crescer até 60% este ano

Os CTT perspetivam um crescimento entre 40% e 60% do mercado de comércio eletrónico em Portugal, impulsionado pela pandemia. É "cerca de três vezes o ritmo de crescimento" dos últimos dois anos.

O crescimento do comércio eletrónico este ano deverá acelerar para mais do dobro, depois de o mercado ter crescido 20% em 2019, para um total de 5,9 mil milhões de euros. Estas conclusões fazem parte de um conjunto de estudos elaborado pelo grupo CTT, que perspetivam um crescimento de 40% a 60% do e-commerce português neste ano de pandemia, “cerca de três vezes o ritmo de crescimento” dos últimos dois anos.

A aptidão dos portugueses para as compras na internet tem vindo a crescer, mas a tendência acelerou de forma significativa em 2019 e, principalmente, neste ano de 2020, marcado pela crise sanitária do novo coronavírus. Assim, para comparação, o crescimento de 20% do mercado calculado pelos CTT para 2020 representou apenas um aumento de três pontos percentuais face a 2018. Ora, se o mercado crescer pelo menos os 40% da metade inferior da estimativa para este ano, tal representará um aumento de 20 pontos percentuais, até um máximo de 40 pontos percentuais.

O cálculo do intervalo de crescimento para 2020 baseia-se nos dados do estudo CTT e-Commerce Report 2020, conhecidos esta segunda-feira, cruzados “com informações decorrentes de dois barómetros realizados junto de um painel de 40 experts [especialistas] da indústria de retalho e e-commerce“, apontou a empresa num comunicado. No entanto, a empresa não revelou o relatório completo.

A evolução é explicada pelos confinamentos resultantes da pandemia. Com os cidadãos a passarem mais tempo em casa, evitando os estabelecimentos físicos para não contraírem a Covid-19, as lojas digitais foram altamente beneficiadas, assim como as transportadoras de encomendas, onde se inserem empresas como os CTT e a DPD.

Numa altura em que boa parte da economia regista quebras significativas na faturação, na sequência dos condicionalismos à atividade económica, o grupo CTT conclui que “metade dos retalhistas” digitais duplicaram as vendas em contexto de pandemia.

“Em termos de perspetivas de crescimento por parte dos e-sellers portugueses neste ‘novo normal’ e em contexto de pandemia, e tendo por base as duas vagas do barómetro e-commerce (em maio e outubro) dedicado à Covid-19 e seu impacto no e-commerce, conclui-se que cerca de metade aponta ter duplicado as suas vendas no período mais crítico da crise, estimando-se que o crescimento médio global do painel se tenha situado entre 60% e 80%”, apontam os CTT na mesma nota.

Metade dos portugueses já compram online

Já quanto à tendência registada no ano passado, os dados apurados no estudo dos CTT apontam que “cada vez mais portugueses têm vindo a aderir à compra online”. Concretamente, o estudo refere que 51% dos portugueses com acesso à internet fizeram pelo menos uma encomenda na internet durante o ano passado.

“Estima-se que no final de 2020, e por via do efeito da pandemia, serão já 56%”, acrescenta a empresa postal, que salienta, ainda assim, que o valor apurado para o ano passado fica abaixo da média de 55% dos países do sul da Europa.

Segundo os CTT, “a adesão à compra online é comandada pela conveniência, pelo preço e pela mobilidade”. “O cliente destaca os fatores facilidade da compra (64%) e o poder comprar a qualquer momento (59%), muito influenciados pelo contexto sanitário durante o qual o estudo foi realizado, logo seguidos do preço e promoções, ambos com 58%”, referem, em comunicado.

As principais categorias de artigos adquiridos foram o vestuário e calçado, seguindo-se eletrónica e computadores, higiene e cosmética, livros e filmes, telemóveis, utensílios para o lar, material de desporto e produtos e acessórios para animais.

O comércio eletrónico tem vindo a suportar o crescimento do segmento de expresso e encomendas do grupo CTT, que promoveu estes estudos. Na apresentação do relatório, o presidente executivo da empresa, João Bento, afirmou que a empresa já entrega no país “praticamente” todas as encomendas, tanto as geradas no mercado interno como as geradas no estrangeiro.

“Hoje mesmo apurámos os dados de ontem [10 de novembro] e, quer em Portugal como em Espanha, batemos o recorde de sempre de entrega de encomendas, em números que seríamos incapazes de imaginar há um ano”, referiu, enaltecendo o impacto da pandemia no crescimento do negócio, num período de queda acentuada do volume de correio tradicional.

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Mais de metade dos trabalhadores expostos a riscos para saúde mental no emprego

54% dos trabalhadores que referiram a exposição a fatores de risco para a saúde mental no seu local de trabalho. Sobrecarga de trabalho, pressão dos prazos e maus colegas são as principais ameaças.

Há cada vez mais trabalhadores preocupados com as ameaças à sua saúde mental. Mais de metade das pessoas empregadas diz estar exposta a fatores de risco no seu local de trabalho que põe em perigo o seu bem-estar mental, como a pressão dos prazos, a sobrecarga de trabalho ou a convivência com pessoas problemáticas.

De acordo com o inquérito do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativo ao segundo trimestre, 54% dos trabalhadores referiram a exposição a fatores de risco para a saúde mental no seu local de trabalho. Trata-se de um aumento de 17,2 pontos percentuais desde 2013, altura da crise económica e social provocada pelo programa de ajustamento da troika.

A “pressão dos prazos e a sobrecarga de trabalho” é a principal ameaça identificada pelos trabalhadores, afetando mais de 40% da população empregada. Mais de 27% indicou como fator de risco “o contacto no local de trabalho com pessoas problemáticas mas não violentas”, como clientes, pacientes, alunos, cidadãos, entre outros, de acordo com o INE. Cerca de 10% referiu o fator “insegurança no emprego”.

Estes fatores afetavam em 2020 ligeiramente mais mulheres (54,8%) que homens (53,3%) e mais frequentemente os grupos etários dos 35 aos 54 anos.

A região do Alentejo foi aquela em mais pessoas referiram a exposição a estes fatores, 56,7%, situando-se no outro extremo a Região Autónoma da Madeira, 51,2%.

Teletrabalho reduz acidentes de trabalho

O INE explica que o contexto do trabalho mudou de 2013 para 2020, também por causa da atual situação de pandemia. Isso ajuda a explicar alguns resultados do inquérito, como a queda no número de acidentes de trabalho.

“O funcionamento do mercado de trabalho apresenta características distintas [face a 2013], sendo de sublinhar o elevado volume de pessoas empregadas a trabalhar a partir de casa ou em regime de lay-off simplificado no segundo trimestre de 2020”, explica o gabinete de estatísticas.

Em particular, acrescenta o INE, a população empregada dos 15 aos 74 anos a trabalhar a partir de casa ascendeu a mais de 1 milhão de pessoas, quase ¼ da população empregada daquele grupo etário, “o que poderá ter constituído um dos fatores para a redução da incidência dos acidentes de trabalho em 2020”.

Em 2020, 165,1 milhares de pessoas dos 15 aos 74 anos empregadas referiram ter tido pelo menos um acidente de trabalho durante esse período, representando 3,2% da população empregada. Em 2013, esta percentagem foi 4,0%.

(Notícia atualizada às 11h59)

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Sonae compromete-se a ser neutra em carbono em 2040

Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, diz que "a descarbonização da economia deve ser vista pelas empresas como uma oportunidade de desenvolvimento".

A Sonae anunciou esta quarta-feira que todas as suas operações serão neutras em carbono em 2040. Para lá chegar, a empresa tem em curso um “conjunto alargado de medidas de transformação” que inclui o recurso a energias de fonte renovável em todas as operações, a eletrificação das frotas e das operações logísticas e e-commerce, a compensação carbónica no caso das emissões não evitáveis, entre outras.

A decisão de atingir a neutralidade carbónica no espaço de 20 anos enquadra-se na política de sustentabilidade da Sonae, nomeadamente no eixo de ação “CO2 e alterações climáticas”.

“A Sonae tem a ambição de contribuir para a resolução dos desafios ambientais mais urgentes. Este compromisso com a sustentabilidade implica uma transformação estrutural na forma de gerir as empresas, que terão impacto nos colaboradores, clientes, parceiros e demais stakeholders. Acredito que a descarbonização da economia deve ser vista pelas empresas como uma oportunidade de desenvolvimento, pois abre novos caminhos de crescimento com benefícios para todos a longo prazo”, disse Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, em comunicado.

Instalação de painéis solares na sede da Sonae

Desde há duas décadas que a Sonae integra o Conselho Económico Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, tendo integrado o grupo inicial de empresas que assinaram o “Paris Pledge for Action”, iniciativa no âmbito da Cimeira do Clima de Paris (COP21) . Foi também dos subscritores iniciais do manifesto lançado pela plataforma “Business for Nature”, que exige uma ação rápida e coletiva para proteger os recursos naturais e reverter a deterioração da natureza.

Recentemente, Cláudia Azevedo foi uma das promotoras do manifesto assinado por cerca de 30 presidentes executivos e representantes de multinacionais, que declararam o seu apoio ao European Green Deal, no âmbito do Grupo de Ação de CEOs do Fórum Económico Mundial para o Pacto Ecológico Europeu.

A presidente executiva da Sonae integra também a plataforma Champions for Nature do Fórum Económico Mundial. Cláudia Azevedo co-lidera com Svein Tore Holsether, presidente e CEO da Yara International, o trabalho de um conjunto de multinacionais que se propõem repensar o uso da terra e dos oceanos para fins da produção agrícola, fomentando um uso mais sustentável dos recursos naturais.

“Ao longo dos anos a Sonae e as suas participadas, em conjunto com os fornecedores e parceiros, tem vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas que fomentam a criação de cadeias de abastecimento responsáveis. Várias empresas Sonae têm promovido a adoção de padrões de consumo mais sustentáveis junto dos seus clientes, pela disponibilização de uma maior oferta de produtos e serviços com menor pegada ecológica”, referiu a Soane em comunicado.

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INE confirma que preço das portagens não mexe em 2021

Taxa de variação homóloga do índice de preços no consumidor, excluindo os preços da habitação, fixou-se nos -0,17%. Estando abaixo de zero, taxas de portagem não mexem, tal como aconteceu este ano.

O preço das portagens vai manter-se inalterado no próximo ano, à semelhança do que já aconteceu este ano. De acordo com os dados finais da inflação de outubro, sem habitação, que servem de referência para a definição das novas taxas, os utilizadores das autoestradas, mas também das pontes sobre o Tejo vão continuar a suportar o mesmo custo que até agora.

Em outubro, segundo os dados finais divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, a taxa de variação homóloga do índice de preços no consumidor, excluindo os preços da habitação, fixou-se nos -0,17%. Apesar de a taxa ser negativa, é assumido um valor zero.

É com base nesta taxa que a Brisa, tal como outras concessionárias, irão formular as propostas de atualização dos preços para entregarem ao Governo. Têm até dia 15 de novembro para o fazer.

Depois de entregues as propostas, o Executivo dará um parecer para que seja feita a atualização das portagens. Perante a “luz verde”, as novas tarifas (mesmo que sejam as mesmas), podem começar a ser cobradas aos condutores logo a partir das zero horas de 1 de janeiro do próximo ano.

A manutenção dos preços repete o que aconteceu este ano, depois de a taxa de inflação também ter ficado abaixo de zero no mês que serve de referência para o cálculo das novas taxas. E segue-se a vários anos de subida: aumentaram 0,98% em 2019, 1,42% em 2018, 0,84% em 2017 e 0,62% em 2016.

SCUT também não mexem. E ficam mais baratas para que utiliza mais

Tal como acontece na generalidade das autoestradas, também nas ex-SCUT as taxas de portagem vão manter-se. Contudo, neste caso o custo para os utilizadores deverá até baixar já que haverá descontos que até farão baixar os preços.

O Governo aprovou no mês passado a redução de 25% do valor da portagem para os veículos de classe 1 e 2, sendo este aplicado desde o oitavo dia de utilização num mês para todos os que utilizem identificador eletrónico.

Este desconto, que produz efeitos a partir de 1 de janeiro de 2021, vai incidir sobre determinados lanços ou sublanços de 10 vias: A22 – Algarve; A23 – IP; A23 – Beira Interior; A24 – Interior Norte; A25 – Beiras Litoral e Alta; A28 – Norte Litoral; A4 – Subconcessão AE transmontana; A4 – Túnel do Marão; A13 e A13-1 – Subconcessão do Pinhal Interior.

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Portugal registou quarta maior quebra no emprego no segundo trimestre na UE

A taxa de emprego em Portugal caiu mais de dois pontos percentuais no segundo trimestre, face ao período anterior à pandemia, segundo o Eurostat.

Portugal registou a quarta maior quebra no emprego, no segundo trimestre, entre os países da União Europeia (UE), quando comparado com o último trimestre do ano passado, antes de chegar a pandemia. Encontra-se também entre os Estados-membros onde o emprego jovem mais caiu, de acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat.

A quebra na taxa de emprego em Portugal foi ligeiramente superior a dois pontos percentuais (p.p.), no período entre abril e junho, altura marcada ainda pelo confinamento, face à época antes da pandemia. Com este número, o país fica apenas atrás da Bulgária (2,5 p.p.), Espanha (3 p.p.) e Estónia (3,8 p.p.).

Já para o total da UE, 187,3 milhões de pessoas com idade entre 20 e 64 anos estavam empregadas no período entre abril e junho, ou seja, cerca de 72% da população. Este valor compara com 190,1 milhões de cidadãos com emprego no primeiro trimestre de 2020 e 191,1 milhões no quarto trimestre de 2019.

No que diz respeito ao emprego jovem, Portugal encontra-se também entre os países com maiores quebras. Foi o quinto Estado-membro com a maior quebra, superior a quatro pontos percentuais, no emprego para os jovens entre os 15 e os 24 anos. Já na UE, a taxa de emprego diminuiu 2,1 p.p. para os jovens dos 15 aos 24 anos (de 33,3% para 31,2%).

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Já há regras para eleitores confinados votarem. Boletins vão ficar de quarentena dois dias

  • ECO
  • 11 Novembro 2020

Criado regime excecional e temporário de exercício de direito de voto para eleitores que estejam em confinamento obrigatório. Boletins vão ficar de quarentena durante dois dias nas autarquias.

Em ano de pandemia, tanto as eleições para o próximo ano como os votos vão ter um tratamento diferente. Foi aprovado um regime excecional e temporário de exercício de direito de voto para os eleitores que, por força da pandemia de Covid-19, estejam em confinamento obrigatório e votos de quarenta.

Com esta nova lei os eleitores que estejam em confinamento podem votar antecipadamente no respetivo domicílio ou noutro local definido pelas autoridades de saúde. “Os eleitores que, por força da pandemia da doença Covid-19, estejam em confinamento obrigatório, no respetivo domicílio ou noutro local definido ou autorizado pelas autoridades de saúde que não em estabelecimento hospitalar, podem votar antecipadamente, nos termos da presente lei, desde que se encontrem recenseados no concelho da morada do local de confinamento ou em concelho limítrofe”, lê-se no na portaria publicada em Diário da República (DRE), esta quarta-feira.

As câmaras municipais, a quem compete assegurar localmente a modalidade de voto antecipado prevista na presente lei, acedem às inscrições dos eleitores dos seus municípios em tempo real, através de meio eletrónico disponibilizado para o efeito, com vista a providenciarem a preparação e organização de toda a logística necessária, explica o diploma. Depois entre o quinto e o quarto dias anteriores ao do sufrágio ou referendo, o presidente da câmara desloca-se a casa de cada um dos eleitores, devidamente acompanhado dos delegados das candidaturas, partidos ou grupos de cidadãos eleitores, no dia e hora previamente definido. Mas, “em função do número de eleitores inscritos podem ser constituídas várias equipas para a entrega e recolha dos boletins de voto antecipado”.

Os eleitores recebem o boletim de voto e dois envelopes: um branco e um azul. O boletim deve ser metido no subscrito branco que, por sua vez, deve ser introduzido no azul que tem espaços destinados ao preenchimento do nome, número do documento de identificação civil, concelho, freguesia e posto de inscrição no recenseamento eleitoral. O envelope é selado com uma vinheta de segurança, “de modelo aprovado por despacho do secretário-geral do Ministério da Administração Interna” e o presidente da câmara municipal, ou quem o substitua no ato, entrega ao eleitor o duplicado da vinheta que serve de comprovativo do exercício do direito de voto. De sublinhar que o deve preencher o boletim de voto em condições que garantam o segredo.

Os boletins recolhidos são sujeitos a desinfeção e quarentena em instalações próprias da câmara municipal durante 48 horas. Durante a quarentena, os sobrescritos com os votos ficam à guarda do presidente da câmara municipal, que zela pela respetiva segurança.

A medida de confinamento obrigatório deve ter sido decretada pelas autoridades competentes do Serviço Nacional de Saúde, até ao décimo dia anterior ao sufrágio e por um período que inviabilize a deslocação à assembleia de voto. A lei aplica-se a todos os atos eleitorais e referendários a realizar no ano de 2021, com exceção de eleições para as assembleias legislativas das regiões autónomas.

Os eleitores que se encontrem nas condições previstas podem requerer o exercício do direito de voto antecipado, através do registo em plataforma digital disponibilizada pelo Ministério da Administração Interna.

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CTT entregam “praticamente” metade das encomendas de e-commerce em Portugal

O presidente executivo do grupo CTT disse que a empresa já entrega "praticamente 50% das encomendas" no país, tanto geradas em Portugal como no estrangeiro por via do comércio eletrónico.

O presidente executivo dos CTT CTT 0,52% calcula que a empresa seja responsável por entregar no país “praticamente 50% das encomendas” geradas em Portugal ou no estrangeiro por via do comércio eletrónico, e revelou que o grupo tem alcançado recordes neste negócio por causa da pandemia.

“Hoje mesmo apurámos os dados de ontem [10 de novembro] e, quer em Portugal como em Espanha, batemos o recorde de sempre de entrega de encomendas, em números que seríamos incapazes de imaginar há um ano”, frisou João Bento num evento sobre comércio eletrónico organizado pela empresa e transmitido pelo Dinheiro Vivo.

“Temos continuado a reforçar a nossa posição de liderança no comércio eletrónico. Somos claramente líderes no e-commerce“, reiterou o gestor, num dia em que se assinala também a campanha promocional do Dia dos Solteiros na China (Singles’ Day), uma das principais campanhas de descontos do mercado asiático, promovida pela loja AliExpress do grupo Alibaba.

Os CTT são parceiros do AliExpress para entregarem as encomendas vindas da China pelo terceiro ano consecutivo, revelou o grupo na terça-feira. A empresa portuguesa entregou em Portugal 420 mil encomendas no ano passado e 300 mil em 2018 relativas a esta ocasião.

“A par de outras áreas de negócio, como os serviços financeiros, o comércio eletrónico é um dos principais indutores de crescimento dos CTT, numa altura em que o correio convencional vai caindo. Acontece pelo impacto que tem no expresso e encomendas mas também em logística”, afirmou João Bento, destacando, ainda, que há “também muita atividade postal que é gerada com o comércio eletrónico”.

Numa altura em que o negócio do correio cai a dois dígitos, o grupo tem vindo a reforçar a aposta nos serviços financeiros e no segmento de expresso e encomendas. A pandemia acelerou a tendência das compras na internet em todo o mundo, puxando também pelas contas do grupo. No entanto, o crescimento de quase 20% deste negócio entre janeiro e setembro ainda não compensa a queda de cerca de 12% das receitas do correio tradicional, segundo os resultados trimestrais da cotada nacional.

Em maio deste ano, já com a pandemia instalada e o país a começar a desconfinar do primeiro estado de emergência, o presidente executivo dos CTT afirmou também estar a registar “valores de encomendas acima dos valores do Natal passado ou da Black Friday passada”.

Já no que ao correio diz respeito, os CTT encontram-se a negociar com o Governo português a renovação do contrato de concessão do serviço postal universal, sendo vistos como a única empresa com as condições e capilaridade necessárias para prestar esse serviço. As conversações estão em curso e o atual contrato termina no próximo dia 31 de dezembro.

(Notícia atualizada às 11h43 para clarificar que João Bento se referia a metade das encomendas de e-commerce, e não metade de todas as encomendas)

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Nas notícias lá fora: EUA, Tik Tok e Honda

  • ECO
  • 11 Novembro 2020

Biden prepara entrada na Casa Branca, enquanto Trump insiste em ações judiciais. Tik Tok desafia ordem de Trump e vai recorrer aos tribunais para contestar decisão. Honda produz automóveis autónomos.

Os Estados Unidos continuam a marcar a atualidade internacional. Joe Biden prepara a sua entrada na Casa Branca e já agendou reuniões para esta quarta-feira para apresentar parte da sua estratégia para o futuro dos EUA, enquanto Trump pressiona com ações judiciais. A ByteDance, empresa chinesa detentora da aplicação TikTok, desafia ordem de Trump e vai recorrer aos tribunais para contestar decisão. Nas empresas, o agravamento do malparado na banca e a produção em massa de carros automáticos na indústria estão em foco.

Reuters

Biden prepara-se para a Casa Branca enquanto Trump pressiona com ações judiciais

O Presidente eleito para os Estados Unidos, Joe Biden, está a planear novas reuniões esta quarta-feira para apresentar as bases da sua gestão, enquanto o presidente Donald Trump insiste que ganhou as eleições e prossegue com uma série de ações judiciais desafiando os resultados eleitorais.

Leia a notícia completa na Reuters (acesso pago, conteúdo em inglês).

Financial Times

Mecanismo de Resolução insta banca a preparar-se para malparado

Os bancos europeus devem preparar as folhas de balanço para o risco de que o impacto da pandemia na economia venha a ter na qualidade dos ativos ao longo do próximo ano, segundo avisa a diretora do Mecanismo Único de Resolução, Elke König. A entidade responsável pelos processos de resolução de bancos europeus alerta para um ressurgimento do crédito malparado. König rejeita a hipótese lançada pelo Banco Central Europeu de criação de uma rede de “bancos maus”, considerando que as entidades financeiras é que têm de fazer um trabalho intensivo na distinção entre empréstimos viáveis e não viáveis.

Leia a entrevista completa no Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Expansión

Espanha concede apoio ao emprego até nove mil euros por posto de trabalho

O Governo espanhol vai conceder subsídios diretos às empresas para promover o emprego, num apoio até nove mil euros por posto de trabalho. O objetivo desta medida é recrutar trabalhadores que sejam difíceis de reintegrar no mercado de trabalho pelo que será destinada ao emprego por tempo indeterminado e à conversão de trabalhadores temporários em efetivos. O executivo liderado por Pedro Sánchez está a aproveitar os fundos europeus para ajudar a criação de empregos e a financiar procedimentos de regulamentação temporária, uma medida que visa combater o desemprego e estimular a criação do mesmo.

Leia a notícia completa no Expansión (acesso pago, conteúdo em espanhol).

USA News

Tik Tok China desafia ordem de Trump e vai recorrer aos tribunais para contestar decisão

ByteDance, a empresa chinesa detentora da aplicação TikTok, recorreu a Tribunal para contestar a ordem da administração de Donald Trump, que entrou em vigor na quinta-feira, e que proíbe “qualquer” transação com empresa. “Face a novos pedidos contínuos e sem clareza sobre se as nossas propostas de soluções seriam aceites, solicitámos a prorrogação de 30 dias que é expressamente permitida na ordem de 14 de agosto”, disse TikTok numa declaração. Acrescentando que “sem uma prorrogação em mãos, não temos outra escolha senão apresentar uma petição em tribunal para defender os nossos direitos”, disse a empresa.

Leia a notícia completa na USA News (acesso livre, conteúdo em inglês).

Economic Times

Honda diz que é o primeiro fabricante a produzir em massa automóveis autónomos nível 3

A Honda Motor do Japão disse que será o primeiro fabricante de automóveis a nível mundial a produzir em massa automóveis autónomos de nível 3. “A Honda planeia lançar as vendas de um Honda Legend (segmento de luxo) equipado com o recentemente equipamento de condução automática” antes do final de março de 2021, diz a empresa. Existem seis níveis de autonomia de veículos, de 0 a 5, que vão desde carros manuais ou com funções simples como o controlo de velocidade de cruzeiro até veículos totalmente autónomos sem volante, nem pedais.

Leia a notícia completa na Economic Times (acesso livre, conteúdo em inglês).

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Portugueses já ouviram falar de 5G, mas maioria não sabe para que serve

A esmagadora maioria dos inquiridos numa sondagem da Ipsos para a Samsung admitem já ter ouvido falar de 5G. Mas 68% não sabe o que é ou para que serve.

A esmagadora maioria dos portugueses já terá ouvido falar de 5G. Porém, mais de metade não faz ideia do que é ou para que serve. Esta é uma das conclusões de um inquérito realizado pela Ipsos para a marca Samsung, divulgada no rescaldo da aprovação do leilão de frequências para a quinta geração de rede móvel de comunicações em Portugal.

“Os resultados hoje [quarta-feira] divulgados mostram que, apesar de 84% dos inquiridos já terem ouvido falar sobre o tema, mais de metade, cerca de 68% da amostra, desconhece os benefícios do 5G”, aponta a Samsung num comunicado. A marca recorda que “a quinta geração móvel irá permitir velocidades maiores e tempos de resposta menores e tudo, ou praticamente tudo, estará ligado entre si”.

Este estudo teve como objetivo “analisar o nível de perceção do utilizador da tecnologia 5G em Portugal”. “Para este efeito, foram inquiridos, através de um inquérito online, 750 indivíduos maiores de 18 anos, 48% do sexo masculino e 52% do sexo feminino”, oriundos de todas as regiões do país, entre 4 e 10 de agosto deste ano.

Portugueses querem velocidade, muitos estão satisfeitos com o 4G

Apesar de a maioria afirmar não conhecer muito bem as funcionalidades da tecnologia 5G, 49% dos inquiridos destacam como principal característica a velocidade de download, seguida pela melhoria de desempenho dos equipamentos. Ainda assim, uma “grande percentagem” admite estar satisfeita com a atual rede de quarta geração (4G).

Os inquiridos também têm uma ideia geral sobre os aspetos negativos. “O destaque vai para a falta de cobertura em zonas mais remotas”, refere a Samsung na mesma nota, salientando que “cerca de 16% refere que é um dos principais motivos de desagrado sobre o 4G”.

Numa altura em que as principais fabricantes já lançaram telemóveis com capacidade para 5G — incluindo, para além da Samsung, a Huawei e a Apple –, “a diferença de desempenho entre a rede móvel atual e a nova geração leva a que 45% dos inquiridos assuma a compra de um equipamento compatível com 5G nos próximos” meses. 35% dos inquiridos admitem comprar um terminal 5G só daqui a um ano.

Estes dados são conhecidos cerca de uma semana depois de a Anacom ter revelado as condições do leilão que atribuirá às operadoras as frequências necessárias para o 5G, que se espera que comece a ser lançado comercialmente no final do primeiro trimestre de 2021. No entanto, a Nos e a Meo já admitiram avançar para tribunal por estarem em desacordo com as regras do processo definidas pelo regulador.

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Especialista diz que número de casos diários na região Norte está a abrandar

  • Lusa
  • 11 Novembro 2020

O especialista da Universidade do Porto, alerta, contudo, que a incidência “ultrapassa quatro vezes” o limite estipulado por 100 mil habitantes.

O número de casos diários de infeção pelo novo coronavírus na região Norte está a “abrandar”, afirmou esta quarta-feira um especialista da Universidade do Porto, alertando, contudo, que a incidência “ultrapassa quatro vezes” o limite estipulado por 100 mil habitantes.

Em declarações à agência Lusa, Óscar Felgueiras, matemático especialista em epidemiologia da Universidade do Porto, explicou esta quarta-feira que os modelos matemáticos apontam para uma “estabilização na ordem dos 3.000 casos diários para a região Norte” nesta e na próxima semana.

“O cenário central prevê um valor médio próximo de 3.000 casos diários na região Norte e com eventual possibilidade de começar a haver uma descida no número de casos na próxima semana”, sublinhou, considerando “cedo para avaliar” se o “abrandamento no crescimento” é reflexo das medidas implementadas.

“Não é totalmente óbvia a associação de entrada em vigor das medidas com o efeito, mas eventualmente o comportamento das pessoas pode ter mudado de algum modo”, afirmou.

Apesar de ser ainda necessária uma “consolidação e avaliação dos dados”, os modelos estatísticos indicam que o “pico de infecciosidade já poderá ter passado”, isto é, que o momento com o “maior número de início de sintomas na região, eventualmente, já terá passado”.

“É arriscado fazer uma afirmação taxativa, mas o modelo que tenho seguido diz-me que o pico de infecciosidade já terá passado, mas ainda está em consolidação. Só daqui a uma semana é que será possível determinar se houve ou não esse pico e quando foi”, esclareceu. Embora o cenário indique alguma estabilização do número de casos de infeção pelo novo coronavírus, que provoca a covid-19, a “pressão sobre o sistema hospitalar é elevadíssima”.

“O que se espera nestas duas semanas é que a pressão sobre o sistema hospitalar seja máxima, nunca tivemos com os hospitais tão pressionados quanto agora (…). Nesse sentido, mesmo num cenário de eventual estabilização, poderão justificar-se medidas adicionais”, referiu o especialista, advertindo que a incidência na região é “elevadíssima”.

“O Norte está com uma incidência elevadíssima, superior a 1.000 casos por 100 mil habitantes em 14 dias e que é relativamente ao limite que impuseram para as limitações de concelhos [240 casos por 100 mil habitantes em 14 dias] quatro vezes superior”, acrescentou.

Segundo Óscar Felgueiras, os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicam que a incidência média de casos no Norte é de 1.042 por 100 mil habitantes, na região de Lisboa e Vale do Tejo de 446 casos, com a média nacional a fixar-se nos 610 casos por 100 mil habitantes em 14 dias.

À Lusa, o especialista afirmou que “são mais de 20 os concelhos na região” cuja incidência ultrapassa quatro vezes o limite estipulado pelo Governo e que tal é “motivo de preocupação”.

“É óbvio que no Norte há uma incidência fortíssima e que é motivo de preocupação, mesmo que se consiga estabilizar a situação. Se tivéssemos num patamar mais baixo, esta estabilização seria uma boa notícia, mas tendo em conta a elevada incidência e a consequência que isso tem na afluência aos serviços de saúde isto não é sustentável e tem de haver um travão”, assegurou, lembrando, contudo, que o “travão não vai atuar tão rápido” quanto o desejado.

“Temos de ter consciência de que o travão ao ser colocado não vai atuar tão rápido, ou seja, tivemos uma subida [de casos] muito rápida, mas a descida não vai ser tão rápida”, sublinhou.

A par da incidência, existe ainda outro fator que “não é reconfortante” para a região Norte: “a positividade dos testes de diagnóstico que ronda os 20%”. “Numa situação em que a positividade é tão elevada, significa que não há deteção de muitos casos, especialmente dos assintomáticos, que podem não ser muito preocupantes por si só, mas que têm potencial para transmitir e fazer propagar o vírus”, salientou.

Portugal contabiliza pelo menos 3.021 mortos associados à covid-19 em 187.237 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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Presidência portuguesa da UE terá tarefa de implementar bazuca anti-crise

  • Lusa
  • 11 Novembro 2020

Uma das principais responsabilidades da futura presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, no primeiro semestre de 2021, será a implementação do Fundo de Recuperação.

Uma das principais responsabilidades da futura presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, no primeiro semestre de 2021, será a implementação do Fundo de Recuperação para ajudar a Europa a superar a crise da Covid-19.

Em julho, os líderes dos 27 chegaram a um compromisso sobre um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros para relançar a economia europeia, que conhecerá este ano uma recessão sem precedentes, de 7,8% do Produto Interno Bruno na zona euro e de 7,4% no conjunto da UE, segundo as mais recentes previsões macroeconómicas de Bruxelas, divulgadas na semana passada.

Associado ao orçamento plurianual da União para os próximos sete anos, o Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027, no montante global de perto de 1,09 biliões de euros, o Fundo de Recuperação, que o primeiro-ministro António Costa classificou como “uma bazuca”, ainda deverá ser formalizado num compromisso que se espera para breve entre Conselho e Parlamento Europeu e, uma vez aprovado, caberá em parte à presidência portuguesa a sua implementação.

Isso mesmo foi assumido recentemente pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e também sublinhado pelo comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni.

O chefe da diplomacia portuguesa apontou que caberá à presidência portuguesa a “tarefa absolutamente essencial” de começar o longo e complexo trabalho da implementação do Fundo de Recuperação e, desde logo, a responsabilidade de alcançar a maioria qualificada dos 27 necessária para aprovar os planos nacionais dos Estados-membros para a libertação da primeira ‘tranche’ de empréstimos e subvenções do Mecanismo Europeu de Recuperação e Resiliência.

Um dos motivos para a maratona negocial em torno do fundo de recuperação no verão passado foi a instauração de um mecanismo de garantia – reclamado sobretudo pela Holanda, ‘desconfiada’ da execução dos fundos nos países do sul, designadamente Itália -, tendo ficado acordado que os planos nacionais de recuperação serão avaliados pela Comissão Europeia e depois validados por uma maioria qualificada dos 27 – 55% dos países (pelo menos 15) e 65% da população.

O acordo prevê um “travão de emergência”, através do qual um ou vários Estados-membros que considerem que os objetivos definidos num plano nacional de reformas não são atingidos podem pedir que o processo seja apreciado numa cimeira europeia.

Também Gentiloni, numa entrevista na semana passada à agência Lusa e dois outros órgãos de comunicação social europeus, apontou que a presidência portuguesa do Conselho da UE será responsável pela implementação dos planos de recuperação nos Estados-membros, e disse estar “muito confiante na capacidade política e diplomática do primeiro-ministro português, António Costa, neste ponto de vista”.

Penso que a presidência portuguesa da UE será também confrontada com a necessidade de completar o processo que a presidência alemã está a liderar na implementação das decisões que tomámos nos meses anteriores”, pois “nem tudo estará concluído” no início do ano, indicou o responsável italiano.

O Fundo de Recuperação, de 750 mil milhões, tem como principal instrumento o Mecanismo Europeu de Recuperação e Resiliência, composto por 672,5 mil milhões de euros em subvenções e empréstimos, só podendo os Estados-membros receber os montantes a que têm direito segundo a chave de distribuição acordada depois de apresentarem os seus planos nacionais de investimento, exercício ainda em curso e que entrará por 2021, o que leva Gentiloni a afirmar que esta será então “uma grande questão” da presidência portuguesa.

“As primeiras aprovações dos planos, ligadas à disponibilização de 10% do financiamento, são baseadas na proposta da Comissão, mas é uma decisão por maioria qualificada do Conselho. O Conselho terá vários planos nacionais para aprovar durante a presidência portuguesa da UE”, contextualizou Gentiloni, segundo o qual “isto irá requerer uma grande cooperação entre a presidência portuguesa da UE e a Comissão Europeia”.

“Estou muito feliz e disponível para o fazer com o primeiro-ministro e o ministro [das Finanças] João Leão e todos os gabinetes portugueses”, assegurou o comissário europeu.

Acordado pelos líderes europeus num Conselho Europeu histórico em julho, o Fundo de Recuperação é orçado em 750 mil milhões de euros. Deste montante, que a Comissão irá buscar aos mercados contraindo dívida comum – a reembolsar até 2058 -, 390 milhões serão canalizados para os Estados-membros através de subvenções (a fundo perdido), e os restantes 360 milhões através de empréstimos (opcionais).

De acordo com o compromisso alcançado, Portugal, que foi dos primeiros Estados-membros a apresentar em Bruxelas o respetivo plano nacional, receberá 15,3 mil milhões de euros em subvenções, incluindo 13,2 mil milhões de euros, até 2023, através do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, o principal instrumento do fundo, que visa o financiamento de programas de reformas e de investimentos.

O montante de 13,2 mil milhões de euros chegará a Portugal em duas tranches, uma de 9,1 mil milhões de euros e de 4,1 mil milhões.

No mês passado, e depois de inicialmente ter descartado o recurso a empréstimos, o Governo português indicou que pondera recorrer a esta variável do Fundo de Recuperação europeu para realizar investimentos de 4,3 mil milhões de euros em habitação pública acessível, apoio às empresas e material circulante ferroviário.

No primeiro esboço do Plano de Recuperação e Resiliência, entregue em outubro em Bruxelas pelo primeiro-ministro António Costa à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o Governo dedica um capítulo a “investimentos que requerem clarificação relativamente a empréstimos”, num total de 4,3 mil milhões de euros.

“O Governo Português tomou a decisão de maximizar a utilização de fundos europeus a título de subvenção e de minimizar a utilização de empréstimos que possam dar origem ao aumento da dívida pública”, lê-se no documento, mas, ainda assim, o executivo elenca três investimentos que merecem uma avaliação criteriosa da sua elegibilidade, e em que condições, para a componente de empréstimos do Mecanismo Europeu de Recuperação e Resiliência.

Uma boa notícia para a presidência portuguesa foi o acordo político alcançado na terça-feira entre os negociadores do Conselho – atualmente a presidência alemã – e do Parlamento Europeu em torno do próximo Quadro Financeiro Plurianual para 2021-27, que abre o caminho para que tanto o orçamento como o Fundo de Recuperação que lhe está associado estejam operacionais em 2021.

O compromisso alcançado entre Conselho e Parlamento Europeu prevê um reforço financeiro do orçamento plurianual em 16 mil milhões de euros e contempla um compromisso sobre novos recursos próprios que paguem integralmente a dívida que Bruxelas se apresta para contrair nos mercados para financiar a ‘bazuca’, que Portugal ajudará a olear.

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Mecanismo de Resolução avisa bancos para risco do malparado

  • ECO
  • 11 Novembro 2020

Em entrevista ao FT, Elke König diz esperar uma deterioração da qualidade do ativos no primeiro semestre de 2021 e incentiva as instituições financeira a precaverem o mais cedo possível essa situação.

Os bancos europeus devem preparar as folhas de balanço para o risco de que o impacto da pandemia na economia venha a ter na qualidade dos ativos ao longo do próximo ano, segundo avisa a diretora do Mecanismo Único de Resolução, em entrevista ao Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês). Elke König espera um agravamento no primeiro semestre de 2021 e deixa uma mensagem à banca: “O melhor a fazer neste momento é tratar do assunto cedo, porque depois é navegar no nevoeiro”.

A responsável pelos processos de resolução de bancos europeus alerta para um ressurgimento do crédito malparado em consequência da pandemia. König considera que é, no entanto, ainda cedo para avaliar quão grave será a situação dos non-performing loans (NPL) já que irá depender da dimensão da quebra e ritmo de recuperação. Sublinha ainda que, para já, as políticas de apoio público, como as moratórias, estão a “escudar” os clientes bancários, diz ao FT.

O Conselho de Supervisão do Banco Central Europeu (BCE) defendeu a hipótese de se estabelecer a nível europeu uma rede de entidades gestoras de ativos ou “bancos maus”. A diretora do Mecanismo Único de Resolução rejeita a hipótese, considerando que são as entidades financeiras que têm de fazer um trabalho intensivo na distinção entre empréstimos viáveis e não viáveis.

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