“Caixa negra” do GES escapou ao Fisco por causa de apagão fiscal

  • ECO
  • 17 Julho 2020

Um fundo com sede nas Ilhas Virgens Britânicas usado pela Eurofin, entidade suíça do GES/BES, para esconder prejuízos foi uma das entidades que escapou ao radar do fisco no apagão de 2011 a 2014.

O apagão fiscal relativo às transferências para offshores entre 2011 e 2014 envolveu uma das empresas do Universo Espírito Santo, segundo o despacho de acusação do Ministério Público relativo ao processo da queda do BES. O fundo Zyrcan era gerido pela Eurofin e estava vocacionada para emitir papel comercial que serviu para financiar o GES, tendo contribuído para a retirada de três mil milhões de euros do banco através da sociedade suíça.

Em causa está o fundo Zyrcan, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, que é apontado como um dos peões do esquema de financiamento fraudulento do GES, nomeadamente usado para esconder prejuízos, o que contribuiu para a queda do GES e do BES, segundo revela o Jornal Económico (acesso pago). Acontece que esta entidade foi também uma das entidades do apagão fiscal que foi denunciado em 2017.

O apagão fiscal de 10 mil milhões de euros foi noticiado pelo Público em 2017 e deu origem a uma auditoria da Inspeção-Geral das Finanças (IGF), mas as conclusões não conseguiram trazer um esclarecimento definitivo do que aconteceu. A IGF disse na auditoria que “não foi encontrada explicação para a singularidade estatística de este ‘erro’ afetar especialmente algumas instituições”, afirmando que a intervenção de mão humana era “extremamente improvável”.

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Hoje nas notícias: BES, TAP e banca

  • ECO
  • 17 Julho 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A acusação do Ministério Público no âmbito do processo do Banco Espírito Santo (BES) continua a marcar a atualidade nacional. Sabe-se agora que o “apagão fiscal” relativo às transferências para offshores entre 2011 e 2014 escondeu uma das empresas utilizadas no esquema de financiamento fraudulento do GES. A Águas de Portugal, por seu lado, perdeu mais de cinco milhões com o colapso do banco. Nota ainda para a TAP, que está autorizada a continuar a pagar salários privados, apesar do reforço da posição do Estado.

“Caixa negra” do GES escapou ao Fisco por causa de apagão fiscal

O apagão fiscal relativo às transferências para offshores entre 2011 e 2014 envolveu uma das empresas do Universo Espírito Santo, que foi usada pela entidade suíça Eurofin, segundo o despacho de acusação do Ministério Público relativo ao processo da queda do BES. Em causa está o fundo Zyrcan, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, que é apontado como um dos peões do esquema de financiamento fraudulento do GES, nomeadamente usado para esconder prejuízos. Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago).

Águas de Portugal perdeu mais de cinco milhões no BES

Entre a lista de clientes que compraram papel comercial ou obrigações ao grupo consta empresas como a Águas de Portugal, que a 28 de março de 2008 fez dois investimentos: um de 9,8 milhões de euros com um prazo de maturidade a 12 de agosto de 2014, e outro de 800 mil euros no mesmo âmbito. Contudo, com a venda do Novo Banco ao Lone Star, em 2017, as autoridades optaram por liquidar a operação lançada, levando a que o grupo perdesse metade dos 10,6 milhões de euros aplicados no GES, via BES. Leia a notícia completa no Jornal Público (acesso pago).

TAP tem “luz verde” para pagar salários privados

No diploma aprovado esta quinta-feira em Conselho de Ministros sobre a TAP, que concretiza a posição de 72,5% do Estado na companhia área, o Executivo aprovou regras para que a gestão da transportadora não fique sujeita às condições aplicadas aos gestores públicos, quer em termos de remuneração, quer na seleção. Deste modo, a companhia tem “luz verde” para pagar salários dos privados. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Miguel Maya queixa-se de regras para bancos com sede em Portugal

Para o presidente executivo do BCP, a concorrência entre os bancos não é justa. Em declarações ao Jornal Económico, Miguel Maya queixa-se: “As regras para os bancos com sede em Portugal são mais gravosas”. Por outro lado, Maya elogia o plano de António Costa e Silva divulgado na semana passada, apesar de relembrar críticas de uma “atuação inconsistente” que diz ter existido no poder legislativo. Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago).

Turistas britânicos entram em Portugal via Sevilha e fintam quarentena

O Reino Unido decidiu excluir Portugal dos países com os quais abriu os corredores aéreos, o que significa que os ingleses que viajem para Portugal têm de cumprir uma quarentena de 14 dias quando regressarem ao país. Contudo, há vários turistas britânicos a chegarem a Portugal via Sevilha, fintando a obrigatoriedade de quarentena. Leia a notícia completa no Jornal I (link indisponível).

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Miguel Maya: “As regras para os bancos com sede em Portugal são mais gravosas”

  • ECO
  • 17 Julho 2020

O CEO do BCP considera que as atuais regras dos bancos com sede em Portugal tornam a concorrência injusta.

Para o presidente executivo do BCP, cujo maior acionista é o fundo de investimento chinês Fosun, a concorrência entre os bancos não é justa. Em declarações ao Jornal Económico (acesso pago), Miguel Maya queixa-se: “As regras para os bancos com sede em Portugal são mais gravosas”. O banqueiro prevê ainda a consolidação do setor por causa do digital.

Por outro lado, Maya elogia o plano de António Costa Silva divulgado na semana passada por este reconhecer que o setor bancário precisa de lucros. “Considero que Portugal, para se afirmar na Europa e no mundo, tem que dispor de um sistema financeiro forte, inovador, rentável, alinhado com os interesses da sociedade, com uma governance robusta e empenhado na transição energética para um modelo de desenvolvimento económico mais sustentável”, argumenta.

Contudo, também relembra críticas de uma “atuação inconsistente” que diz ter existido no poder legislativo no passado. “A existência de vários operadores com características distintas, entre as quais a base de decisão, é muitíssimo relevante, como ficou bem evidenciado nas crises do passado”, defende, elogiando a decisão de se ter um “banco público forte” e também do país ter “operadores estrangeiros”.

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Pode a indústria têxtil ser inovadora e sustentável? We Sustain diz que sim

Nascida e criada em 2020, a We Sustain ajuda as empresas nacionais a definir estratégias para tornar as suas produções têxteis mais responsáveis e amigas do ambiente.

O caminho de transição para a sustentabilidade é inegável e faz parte da missão da We Sustain. A empresa nasceu este ano, no Norte, com o propósito de ajudar as empresas no desenvolvimento sustentável e na implementação de boas práticas, atuando maioritariamente no setor de têxtil e vestuário.

O projeto é liderado por uma nova geração da indústria têxtil: Ana Tavares de 32 anos e Daniel Pinto de 30 anos. Ana é especializada em sustentabilidade têxtil e nos últimos cinco anos liderou o departamento de sustentabilidade da Tintex. Daniel Pinto está ligado ao desenvolvimento sustentável no setor têxtil e é diretor de estratégia da Scoop, empresa portuguesa de confeção especializada em vestuário técnico.

Com um background partilhado, ambos perceberem que podia fazer sentido criar uma empresa que pudesse dar apoio à indústria neste âmbito de desenvolvimento responsável. “Existe uma lacuna quando nos referimos a recursos humanos qualificados que tenham a experiência na parte têxtil combinada com a sustentabilidade. A maioria das empresas nesta área são PME, o que não permite à própria estrutura da empresa despender recursos financeiros a contratar recursos humanos que sejam efetivamente qualificados nessa área. Decidimos prestar um serviço dentro da indústria que pudesse colmatar essa lacuna“, explica Ana Tavares. A We Sustain oferece serviços especializados de consultoria, educação e formação, gestão de cadeias de valor e projetos de Investigação e Desenvolvimento (I&D).

Esta é a hora de aliar a inovação à sustentabilidade têxtil

Devido à pandemia global de Covid-19, o consumo têxtil está em forte quebra, as fábricas estiveram vários meses fechadas, os níveis de exportações caíram brutalmente. Todo este cenário sublinhou a forte dependência da indústria portuguesa pensar face aos mercados externos, principalmente dos asiáticos.

“Com o avançar dos meses, vemos que todas as indicações vindas da União Europeia para os próximos quadros de financiamentos serão sempre com base na economia circular, na sustentabilidade, nas boas práticas. Isto vai ter que ser, quase, uma obrigatoriedade. A questão do Green Deal veio dar ainda mais foco a estas questões”, explica a fundadora da We Sustain.

A pandemia veio acelerar mais essa urgência. Até agora andávamos a dizer “temos que nos reinventar”, “temos que inovar”, nós agora vamos deixar de dizer que “temos de” e vamos fazer, destaca Ana Tavares.

Portugal tem sido identificado como ponta de lança nesta questão da inovação aliada à sustentabilidade. Nós estamos um passo à frente daquilo que pode ser os nossos competidores.

Ana Tavares

Fundadora We Sustain

“Não podemos basear-nos apenas em trabalhar para marcas ou para grupos que pensem apenas na produção em massa. Porque nós já percebemos que não temos vantagem competitiva em termos de preço para conseguirmos manter-nos como principais fornecedores no caso de uma pandemia como esta. Nunca vamos ser a primeira escolha pelo preço, isso faz-nos pensar que temos de trabalhar para acrescentar valor aquilo que fazemos e apostar na questão da inovação, na personalização e na sustentabilidade”, refere a fundadora da We Sustain.

Para a fundadora, Portugal está bem posicionado e pode até ser encarado com um exemplo nesta questão da inovação sustentável. “Portugal tem sido identificado como ponta de lança nesta questão da inovada aliada à sustentabilidade. Em relação ao resto do mundo temos alguma vantagem competitiva no sentido que nós conseguimos aliar a nossa rapidez de entrega, a nossa versatilidade na produção. Nós estamos um passo à frente daquilo que pode ser os nossos competidores”, conclui Ana Tavares.

Smartex, um exemplo nacional de inovação dentro do têxtil

“O nosso foco é aliar a questão da inovação à sustentabilidade. As empresas portuguesas e principalmente na indústria têxtil têm sido destacadas pela inovação e reconhecidas por isso”. Para Ana Tavares, a Smartex, startup de Barcelos criada pelos empreendedores portugueses António Rocha, Gilberto Loureiro e Paulo Ribeiro, é um exemplo de como se pode aliar a inovação à sustentabilidade. “Para mim é um dos projetos mais inovadores que tenho visto até ao momento”, destaca Ana Tavares.

“Eles desenvolveram um sistema que permite detetar defeitos na produção de malhas circulares, logo na tricotagem. Desta forma conseguem evitar o desperdício que de outra forma não seria possível”, conta a fundadora da empresa.

A Smartex é uma empresa nacional que utiliza a Inteligência Artificial para solucionar um dos principais problemas da indústria têxtil: a produção de defeitos em têxteis. A tecnologia consiste num sistema de deteção de defeitos que pode ser facilmente conectado a teares circulares, recolhendo imagens da malha, que são então analisadas por algoritmos através de Computer Vision. Através deste sistema, se for detetado um defeito, a produção é imediatamente parada e reduzir os resíduos têxteis defeituosos para perto de 0%.

Além de ser uma das indústrias mais poluentes do mundo, 30% da produção têxtil total é desperdiçada, sobretudo devido a produção defeituosa. Cerca de 33 mil milhões de dólares são desperdiçados todos os anos devido a defeitos têxteis invisíveis ao olho humano, que acabam por seguir para a cadeia de valor. Por isso, para a Smartex, “não se trata de reciclar ou reutilizar, mas sim evitar o desperdício de têxteis”. Ou seja, como os defeitos são detetados logo no início do processo, não há sequer necessidade de gastar matéria-prima, água (50.432 litros economizados), energia (gás natural para gerar calor e eletricidade, que emitem 684 kg de CO2 por cada rolo têxtil) e tempo no acabamento dos materiais têxteis.

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🎥 Foram assim os 10 anos de Carlos Costa no Banco de Portugal

Dez anos depois, chega ao fim a era de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal, uma década marcada pela falência do BES e do Banif, pelas ajudas à banca e pelos dividendos para o Estado.

Dez anos depois, chega ao fim a era de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal, uma década que foi marcada pela falência do BES e do Banif, pelas ajudas à banca em nome da estabilidade financeira e pelos dividendos milionários ao Estado. Pelo meio sobraram muitas polémicas. Sai agora do supervisor da banca como entrou: com o país (e o mundo) se encontra novamente a braços com uma crise e numa situação de incerteza sem precedentes. Segue-se Mário Centeno no cargo de governador do Banco de Portugal.

https://videos.sapo.pt/PIJsGw13LzWgI7bNeZHz

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Moody’s deverá cortar o outlook de Portugal para estável devido à pandemia

Agência de notação avalia dívida nacional. Analistas não esperam alterações no rating, mas antecipam uma revisão em baixa do outlook para incorporar os efeitos do coronavírus nas contas públicas.

Portugal prepara-se para enfrentar o primeiro exame das agências de rating desde que apresentou o Orçamento Suplementar, ou seja, desde que são as conhecidas as projeções do Governo para o impacto do coronavírus nas contas públicas. A única das maiores agências que ainda tem perspetiva “positiva” de rating positiva, a Moody’s deverá passar essa indicação para “neutra” esta sexta-feira.

Não podemos ficar muito surpreendidos se a Moody’s cortar a perspetiva de rating. As perspetivas de crescimento, o equilíbrio orçamental e o peso da dívida na economia mudaram completamente. O país pode não ter culpa, mas mudou tudo“, diz Filipe Garcia, presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros.

A última vez que a Moody’s avaliou Portugal foi em abril, tendo na altura mantido tanto o rating como o outlook inalterados em Baa3 positivo, nível para o qual tinha subido em agosto de 2019. A agência decidiu na altura não acompanhar as duas pares, Fitch e Standard and Poor’s, que em abril reviram em baixa a perspetiva de rating português devido ao impacto da pandemia.

A perspetiva sinaliza em que sentido poderá o rating ser alterado nos meses seguintes ou se é expectável que se mantenha. Se a Moody’s fizer o mesmo e revir em baixa o outlook esta sexta-feira, Portugal passará assim a ter outlook estável junto de todas as principais agências (as três norte-americanas e a canadiana DBRS).

Não podemos ficar muito surpreendidos se a Moody’s cortar a perspetiva de rating. As perspetivas de crescimento, o equilíbrio orçamental e o peso da dívida na economia mudaram completamente. O país pode não ter culpa, mas mudou tudo.

Filipe Garcia

Presidente da IMF - Informação de Mercados Financeiros

“Não espero que a Moody’s altere o rating, mas é provável que revejam em baixa o outlook“, concorda Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa. “Apesar de a última avaliação ter sido em abril, a situação de pandemia exige uma avaliação semana a semana, tal como fizeram bancos centrais e governos na resposta que foram anunciando”.

Os dois economistas apontam para a degradação das contas públicas como principal fator para que a Moody’s deixe de estar positiva em relação ao país. Na proposta de Orçamento do Estado Suplementar que entregou no Parlamento, o Governo apontava para uma meta de défice de 6,3% em 2020, mas já anunciou que o valor será revisto para 7%.

Para financiar esse buraco nas contas públicas, o Governo antecipa que a dívida pública dispare para o nível recorde de 134,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Em ambos os casos, os rácios serão castigados pelo tombo na economia, que é estimado em 6,9%. “Com estas projeções, é uma revisão que acaba por ser natural”, considera Filipe Silva. Já Filipe Garcia sublinha que “mesmo a nível político, o apoio do Governo não é o mesmo que era”.

Aliás, o próprio Governo não é o mesmo: Mário Centeno deixou o cargo de ministro das Finanças para passar para governador do Banco de Portugal. Apesar de o sucessor João Leão ser visto como continuidade, o que não deverá abalar a confiança das agências em Portugal, a saída de Centeno num momento de crise económica foi malvisto pelos partidos, lembra Filipe Garcia. O risco para a aprovação do Orçamento do Estado para 2021, que advém do facto de o Governo não ter maioria parlamentar, poderá ser apontada pela agência.

A parte positiva é que Portugal continua a financiar-se a níveis positivos com o apoio do Banco Central Europeu e podemos ter ainda mais apoio consoante a decisão que sair do Conselho Europeu.

Filipe Silva

Diretor de investimentos do Banco Carregosa

Outro ponto que poderá ser destacado é a TAP, que se prepara para receber apoio público no montante máximo de 1.200 milhões de euros. “Normalmente as agências só fazem referência quando já são factos consumados para não estarem a trabalhar na base de possibilidades, mas podem chamar a atenção nos riscos”, espera o presidente da IMF.

Os analistas consultados pelo ECO desdramatizam, ainda assim, a revisão em baixa já que está relacionada com os efeitos da pandemia e não estão a comprometer a capacidade de Portugal se financiar no mercado. Aliás, os juros da dívida portuguesa a dez anos já estão em níveis pré-Covid, a negociar próximos de 0,44%.

A parte positiva é que Portugal continua a financiar-se a níveis positivos com o apoio do Banco Central Europeu“, sublinhou o diretor de investimentos do Banco Carregosa sobre o programa de emergência com 1,35 biliões de euros para compra de dívida da Zona Euro. “E podemos ter ainda mais apoio consoante a decisão que sair do Conselho Europeu”, acrescentou sobre o fundo de recuperação da Comissão Europeia que poderá juntar mais 750 mil milhões de euros.

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Fidelidade já tem projeto para os terrenos da antiga Feira Popular. Falta a aprovação da Câmara de Lisboa

A Fidelidade já apresentou à Câmara de Lisboa o masterplan para os terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos. Projeto terá agora de ser aprovado pela autarquia.

Cerca de um ano e meio depois de ter comprado os terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos, a Fidelidade já tem idealizado o projeto que vai mudar o centro da cidade de Lisboa. O masterplan foi apresentado esta quinta-feira em reunião camarária aos vereadores da Câmara de Lisboa, que na próxima semana irão decidir se aprovam ou não, a construção da forma idealizada.

É com a assinatura dos arquitetos Eduardo Souto de Moura, Álvaro Siza Vieira e Ana Costa, que os terrenos localizados ao lado da estação ferroviária de Entrecampos vão ganhar uma nova vida. As três parcelas, com uma área total de 27 hectares, dos quais 2,5 hectares serão zonas verdes, foram adquiridas em hasta pública em dezembro de 2018 pela Fidelidade por 273,9 milhões de euros.

Agora, cerca de um ano e meio depois, a Fidelidade apresentou em reunião de Câmara o primeiro esboço do projeto, que não permite ainda perceber se vai corresponder às primeiras projeções. Contudo, pelas fotos cedidas ao ECO pelo vereador do PSD, João Pedro Costa, é possível perceber que o projeto deverá contemplar, pelo menos, cinco edifícios.

O ECO contactou a Fidelidade e a autarquia para saber mais detalhes, mas nenhuma das entidades quis fazer comentários. O ECO sabe, contudo, que este masterplan terá ainda de ser aprovado pelos vereadores da Câmara de Lisboa, uma votação que vai acontecer na próxima semana.

De acordo com a apresentação feita pela autarquia em 2018, o projeto teria 700 habitações de renda acessível e 279 habitações de renda livre, que seriam construídas na Parcela B (mesmo ao lado da estação), juntamente com comércio, serviços e dois parques de estacionamento. Contudo, em março deste ano, a Câmara de Lisboa anunciou a construção de apenas cerca de 500 casas de rendas abaixo do valor de mercado.

Fora do setor residencial, nestes terrenos vão nascer ainda outros edifícios e vários parques de estacionamento. Na altura falou-se num centro de serviços de referência internacional e vários edifícios sociais: três creches, um jardim-de-infância, uma unidade de cuidados continuados e um centro de dia.

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5 coisas que vão marcar o dia

A Moody's revê rating de Portugal. Inicia-se o Conselho Europeu dedicado ao Fundo de Recuperação. O INE publica a Síntese Económica de Conjuntura e o Eurostat atualiza inflação.

A agência Moody’s revê rating de Portugal. O Conselho Europeu começa a reunião dedicada ao Fundo de Recuperação e ao Quadro Financeiro Plurianual (2021-2027). No plano das estatísticas, o Instituto Nacional de Estatística (INE) publica a Síntese Económica de Conjuntura enquanto o Eurostat atualiza a evolução dos preços no consumidor no mês de junho e revela ainda o número de nascimentos fora do casamento. Prossegue a temporada de resultados em Wall Street com a BlackRock a prestar contas.

Moody’s avalia rating de Portugal

Com a dívida pública a disparar e as contas públicas em desequilíbrio por causa da resposta do Governo à crise da pandemia, a Moody’s avalia a notação de risco de Portugal. A agência de rating atribui atualmente uma notação de “Baa3”, um nível acima do que considera ser investimento especulativo, com perspetivas positivas. O que mudará na avaliação?

Fundo de Recuperação reúne Conselho Europeu

Inicia-se o Conselho Europeu Especial. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, convocou uma cimeira extraordinária, presencial, de chefes de Estado e de Governo dos Estados membros da UE, dedicada ao Fundo de Recuperação de 750 mil milhões euros e ao Quadro Financeiro Plurianual (2021-2027), revisto recentemente para 1,07 biliões de euros)

INE publica Síntese Económica de Conjuntura

Em que ponto está a retoma da economia após o confinamento? O INE publica a Síntese Económica de Conjuntura que apresentará um conjunto de indicadores sobre o estado da atividade económica no mês de junho. Após “uma forte contração” em abril, maio trouxe alguns sinais positivos sobre a economia portuguesa: a “contração foi menos intensa” e os índices de confiança sinalizaram uma “recuperação parcial”, segundo a anterior síntese.

Eurostat atualiza inflação

Já o Eurostat atualiza a evolução dos preços no consumidor no mês de junho. Além da taxa de inflação, o gabinete de estatísticas da União Europeia apresenta a evolução da produção no setor da construção em maio e revela ainda o número de nascimentos fora do casamento.

Wall Street continua a mostrar contas

Prossegue a earnings season em Wall Street, com as empresas a mostrarem as contas do segundo trimestre do ano. Entre as que vão apresentar resultados durante o dia está a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo.

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Aeroportos europeus só voltam ao normal em 2024

  • Lusa
  • 17 Julho 2020

Aeroportos europeus receberam apenas 16,8 milhões de passageiros em junho, face aos 240 milhões no mesmo mês em 2019.

O Conselho Internacional de Aeroportos na Europa (ACI Europe) diz que a recuperação do tráfego aéreo de passageiros para os níveis registados em 2019, antes da pandemia de Covid-19, não deve acontecer antes de 2024.

A previsão deste organismo foi agora revisto para um ano mais tarde, face ao que tinha previsto há um mês, noticiou a agência Efe.

“Será um ritmo mais lento do que gostaríamos”, destacou o diretor do ACI Europe, Olivier Jankovec, em comunicado, responsabilizando um levantamento de restrições às viagens descoordenado.

O ACI assinalou também que o tráfego aéreo de passageiros em junho caiu 93% em comparação com o mês homólogo no ano passado, apesar de um ligeiro aumento face aos números de maio, que tiveram um decréscimo de 98%.

Os aeroportos europeus receberam apenas 16,8 milhões de passageiros em junho, face aos 240 milhões no mesmo mês em 2019.

Estas infraestruturas devem perder um total de 1.570 milhões de passageiros em 2020, o que significará um decréscimo de 64% em comparação com o ano passado.

Já a quebra de receitas estima-se num total de 32.400 milhões de euros, uma diminuição de 67%.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 585 mil mortos e infetou mais de 13,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

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Setor do vestuário só arranca em abril. “Não temos encomendas”, diz presidente da Anivec

Presidente da Anivec diz que o setor do vestuário só começará a dar os primeiros sinais de retoma a partir de abril de 2021 e que "o novo lay-off é pior para as empresas".

A indústria do vestuário, que emprega mais de noventa mil pessoas em Portugal, está a ser brutalmente afetada pela pandemia de Covid-19. No mês de maio as exportações registaram uma quebra de 44% em relação ao ano anterior. No total, nos primeiros cinco meses do ano, a indústria portuguesa de vestuário acumulou uma redução de 22,7% das exportações, o que equivale a menos 303,9 milhões de euros. Perante o cenário, o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (Anivec) considera que “o setor só começará a dar os primeiros sinais de retoma a partir de abril do próximo ano”, refere César Araújo.

César Araújo explica que o setor do vestuário ainda não arrancou porque existem países que estão confinados o que acaba por se traduzir na falta de encomendas. “O vestuário está em todo os setores, sejam restaurantes, hotéis, barcos, hospitais. É a indústria do vestuário que faz os uniformes para os trabalhadores, sempre que algum setor não arrancar, nós temos muita dificuldade em arrancar também”, conta ao ECO, o responsável.

O confinamento, as fábricas fechadas, os aviões parados causaram um prejuízo inigualável. César Araújo lembra que as “empresas de retalho não só não arrancaram como tiveram prejuízos elevadíssimos e a sua retoma vai ser muito tímida”.

São várias as dificuldades que a indústria enfrenta, para além de todos estes constrangimentos, César Araújo refere ainda que o recurso ao teletrabalho acabou por ser mais um desafio ao setor. “O facto de as pessoas estarem em teletrabalho não têm necessidade de comprar roupa. É o setor do vestuário e de moda que mais está a sofrer na Europa”, destaca.

César Araújo considera que mesmo que houvesse uma pequena retoma da atividade económica, o setor iria ter dificuldades de aprovisionamento porque quando fazem uma encomenda têm de esperar cerca de 12 semanas para receber o produto. “Nunca iríamos conseguir retomar antes do final do ano”, desataca.

“Este novo lay-off é pior para as empresas”, diz César Araújo

Mesmo com a retoma gradual da economia, a falta de encomendas está a impedir o setor de retomar. César Araújo alerta que as empresas estão a fazer um esforço económico muito grande e que existe uma necessidade absoluta do Governo manter os mecanismos de apoio, como o modelo de lay-off simplificado, “para evitar despedimentos e manter a sustentabilidade desta indústria, que representa uma parte significativa da economia do país”, refere.

A partir de agosto, estará disponível um novo apoio destinado para as empresas que ainda não consigam regressar à normalidade. César Araújo não concorda com este novo regime e destaca que, “se o lay-off simplificado já era penalizador para as empresas, este é muito mais. O lay-off simplificado é de longe melhor que o que vem aí”, contesta César Araújo.

“O novo lay-off implica que as empresas trabalhem no mínimo metade do tempo, se as empresas não tiverem trabalho que vão fazer?”, questiona César Araújo. O novo lay-off devia ter a mesma construção do lay-off simplificado. O nosso setor trabalha por estacões e os nossos clientes, neste momento, estão cheios de stocks de verão. Os stocks vão passar para a primavera/verão de 2021″, conta ao ECO.

A este novo lay-off só se podem candidatar empresas com quebras de faturação de pelo menos 40% em relação ao período homólogo. Uma percentagem que o presidente da associação não está de acordo e explica o porquê: “Uma empresa que tenha uma quebra na faturação de 20% já tem muita dificuldade em arrancar, quando chegar a uma redução de 40% elas encerram”.

“Se as empresas não têm trabalho como é que vão pagar à Segurança Social?”, questiona o presidente da Anivec, reforçando a ideia que o cenário do setor de vestuário não é nada promissor e que o estímulo na produção de máscaras foi uma ajuda para a indústria, caso contrário, “o cenário era bem pior”, conclui.

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China Three Gorges tem de pagar 219 milhões para não perder poder na EDP

Maior acionista está presente no conselho de supervisão da elétrica que deu luz verde à operação, mas tem vindo a desinvestir na empresa pelo que não é certo que queira acompanhar o aumento de capital

A EDP vai pedir aos acionistas que reforcem o investimento, através de um aumento de capital de cerca de mil milhões de euros. Pouco mais de um ano após ter falhado uma oferta pública de aquisição, o maior acionista, a China Three Gorges terá de pagar 220 milhões de euros se não quiser ver a posição diluída.

A elétrica (interinamente) liderada por Miguel Stilwell d’Andrade anunciou, esta quarta-feira, que vai realizar um aumento de capital — o primeiro desde 2004 — de 1.020 milhões de euros para financiar a aquisição do negócio da Viesgo em Espanha.

A oferta pública de subscrição de 309.143.297 novas ações (aproximadamente 8,45% do capital) é reservada a acionistas e outros investidores que adquiram direitos de subscrição. O preço de subscrição por cada nova ação é de 3,30 euros, o que representa um desconto de 23% face ao preço de fecho das ações na última sessão antes do anúncio.

Se a China Three Gorges quiser manter a posição de 21,47% do capital terá de comprar quase 66,4 milhões de ações, o que implica um investimento de 219 milhões de euros. Mas não é certo que o queira fazer, já que a estratégia tem sido a contrária.

A operação de aumento de capital acontece um ano depois do fim da Oferta Pública de Aquisição (OPA), na qual a empresa detida pelo Estado chinês tentou ficar com a totalidade da elétrica. Desde disso, os acionistas chineses reduziram a posição para 21,47% (face aos anteriores 28,25%). Ainda assim, o gestor que está a substituir António Mexia, enquanto o mandato estiver judicialmente suspenso, sinalizou que (pelo menos) não haverá oposição da China Three Gorges ao aumento de capital.

Questionado numa conference call com analistas após o anúncio ao mercado sobre a perspetiva de subscrição, em especial pela China Three Gorges, o novo CEO Miguel Stilwell d’Andrade lembrou que não pode responder pelos acionistas, mas afirmou a CTG está presente no conselho de supervisão que já deu luz verde à operação. “Podem tirar daí as vossas conclusões”, disse aos analistas.

Quanto a outros acionistas, a maior percentagem de capital está dispersa entre investidores com posições minoritárias. Se todos os restantes acionistas na bolsa (que representam 52,33% do total) aumentarem a posição, poderão representar 533,87 milhões de euros do total da operação. A Oppidum Capital teria de investir 73,4 milhões de euros e a BlackRock cerca de 46 milhões. Os outros investidores com posições qualificadas têm de colocar entre 30 e 20 milhões de euros para não verem as posições diluídas no aumento de capital.

Mesmo que os acionistas não acompanhem a operação, o sucesso está garantido. Stilwell d’Andrade explicou que a EDP tem um acordo com um sindicato bancário para que subscrevam a totalidade das ações, caso a operação não tenha sucesso. BCP, JP Morgan, Morgan Stanley, BNP Paribas, Bank of America e Goldman Sachs são os underwriters.

Ainda não há, no entanto, data para a operação avançar. “A EDP tenciona iniciar a emissão de ações assim que seja possível, após receção da aprovação por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), e publicação de um aviso para o exercício dos direitos de subscrição e de um prospeto, de acordo com a lei aplicável”, explicou a elétrica no comunicado enviado ao mercado na quarta-feira.

Após a entrada do pedido de avaliação do prospeto na CMVM, o supervisor tem dez dias úteis para responder, sendo que caso sejam necessárias mais informações este prazo é suspenso. Até à conclusão do aumento de capital, a EDP não irá apresentar resultados trimestrais ao mercado, tendo adiado a divulgação de contas do segundo trimestre do ano para o dia 3 de setembro. O CEO sinalizou, apesar disso, não esperar “surpresas” nesse campo.

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Euro a euro, como a queda do BES gerou prejuízo de 11,8 mil milhões

O Ministério Público concluiu que os 25 acusados obtiveram produto de crimes e causaram prejuízos num valor superior a 11,8 mil milhões de euros. E faz o levantamento desta fatura. Euro a euro.

Durante o primeiro semestre de 2014, para prover liquidez à Espirito Santo International (ESI), Ricardo Salgado, Manuel Fernando Espírito Santo e José Manuel Espírito Santo colocaram a Rioforte a emitir mais de 3.600 milhões de euros em obrigações e notes para financiar a casa mãe que, sabiam eles, já se encontrava em situação de insolvência técnica. Não foi preciso esperar muito tempo até a ESI implodir, arrastando consigo quem participou naquelas emissões da Rioforte, como a Portugal Telecom, que em abril daquele ano tinha aplicado 900 milhões.

De acordo com o despacho da acusação, esta foi a operação mais ruinosa de todas que encontrou na investigação ao “Universo Espírito Santo”: dos 3.600 milhões de euros em títulos de dívida emitidos pela Rioforte, 1.845 milhões de euros ficaram por desembolsar junto dos clientes e investidores.

No total, o Ministério Público concluiu que os 25 acusados — 18 personalidades e 7 empresasobtiveram produto de crimes e causaram prejuízos num valor superior a 11,8 mil milhões de euros.

A acusação de mais 4.000 páginas faz o levantamento desta fatura. Euro a euro. Eis alguns exemplos:

  • “Pelos factos imputados no separador 5.2.1.4 (Obrigações ESI stand-alone agenciadas pelo BPES 2009-2014), deverá ser declarado perdido a favor do Estado o valor de 894.511.048,94€, e condenados, solidariamente, no seu pagamento, os arguidos Ricardo Salgado, Francisco Machado da Cruz e ESI.”
  • “Pelos factos imputados no separador 5.4.7 (BRAX 1), deverá ser declarado perdido a favor do Estado o valor de 1.190.134.174,83€, e condenados, solidariamente, no seu pagamento, os arguidos Ricardo Salgado, Amílcar Pires, Isabel Almeida, António Soares, Alexandre Cadosch, Michel Creton, Nuno Escudeiro, Pedro Pinto e Eurofin.”
  • “Pelos factos imputados no separador 5.4.7.2 (BRAX II), deverá ser declarado perdido a favor do Estado o valor de 1.033.481.150€, e condenados, solidariamente, no seu pagamento, os arguidos Ricardo Salgado, Amílcar Pires, Isabel Almeida, António Soares, Nuno Escudeiro, Pedro Pinto, Pedro Serra, Cláudia Faria, Alexandre Cadosch, Michel Creton e Eurofin”.
  • “Pelos factos imputados nos separadores 5.5.1 a 5.5.13 e 7.1.4.1 a 7.1.4.4 (SPV’s 8.2013 a 31.07.2014), deverá ser declarado perdido a favor do Estado o valor de 813.833.070€, e condenados, solidariamente, no seu pagamento, os arguidos Ricardo Salgado, Amílcar Pires, Isabel Almeida, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Pinto, Pedro Costa, Francisco Machado da Cruz, Alexandre Cadosch, Michel Creton e Eurofin”.

Como estas operações há mais algumas dezenas semelhantes, umas com maior e outras com menor impacto na derrocada do império da família Espírito Santo, em muitos casos com prejuízo para pequenos investidores e aforradores.

Além destas, o Ministério Público inclui também na fatura de 11,8 mil milhões os pagamentos feitos a Ricardo Salgado, Manuel Fernando Espírito Santo e José Manuel Espírito Santo, além dos que foram feitos a outros 11 ex-administradores do GES e BES acusados.

O ex-presidente do BES e o principal acusado neste processo, por exemplo, recebeu 12,8 milhões de euros em rendimentos obtidos no estrangeiro, feitos a “título de pagamento de alegados prémios, ou honorários, auto atribuídos em total desconsideração pela situação patrimonial do GES“. Este valor “deverá ser declarado perdido a favor do Estado” e “condenado no seu pagamento o arguido Ricardo Salgado”, diz o Ministério Público.

Quanto aos ex-gestores, incluindo Francisco Machado da Cruz (antigo supervisor das contas da ESI e das holdings não financeiras do GES) e Amílcar Morais Pires (ex-CFO do BES), obtiveram rendimentos no estrangeiro no montante de cerca de 34 milhões.

A acusação considera ser uma “recompensa patrimonial” de Ricardo Salgado para que “não cumprissem as funções para que foram contratados pelas diversas instituições do grupo”. E pretende que os montantes sejam devolvidos em caso de condenação.

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