Coronavírus põe bolsas a caminho da pior semana desde a crise de 2008

Principais bolsas acumulam perdas superiores a 10% e várias entidades poderão estar já a preparar respostas ao surto. Investidores antecipam cortes na produção de petróleo e nas taxas de juro do BCE.

É preciso recuar até outubro de 2008, no pico da crise financeira e pouco depois da falência do Lehman Brothers, para encontrar uma semana mais negra do que a que se vive nas bolsas. Com um surto de coronavírus a ameaçar a economia global e o risco de um conflito armado a aumentar, a bolsa de Lisboa já afundou mais de 11% e prepara-se para a maior queda semana em 12 anos, em linha como o sentimento negativo por todo o mundo.

“No início desta sessão europeia, os ’touros’ [investidores que apostam na subida das bolsas] ainda procuraram alguma recuperação, depois do pandemónio da sessão asiática. Mas estão a ter muitas dificuldades. O receio dos investidores leva-os a abster-se de investir nos mercados, à medida que o número de casos fora da China aumenta dramaticamente“, diz André Neto Pires, analista da corretora XTB.

O número de casos de infetados fora da China aumentou em quase mil pessoas e o total para 83.381. O número de vítimas mortais subiu para 2.858. Com o vírus a espalhar-se por todo o mundo, aumenta a probabilidade de viagens diminuírem, bem como volumes de negócios das empresas.

Os principais índices em Wall Street caíram mais de 4,4% na quinta-feira e entraram em território de correção. A queda do S&P 500 foi a maior num só dia desde agosto de 2011 e o Dow Jones afundou 1.191 pontos, no maior tombo diário de sempre. Na Ásia, as bolsas desvalorizaram mais de 3%.

A agravar o sentimento, durante a noite, “o risco de conflito entre a Turquia e a Rússia aumentou depois que 33 soldados turcos terem sido mortos num ataque aéreo na Síria, conduzido pelo regime de Assad, apoiado pela Rússia”, sublinha o analista da XTB.

Na Europa, as quedas das bolsas são expressivas, com o Stoxx 600 a perder quase 4% esta manhã. O português PSI-20 recua 3,11%, pressionado pelo tombo de 5,8% do BCP para 16,25 cêntimos por ação, no valor mais baixo em quase três anos. A Ibersol é a única cotada que negoceia no verde.

Lisboa não escapa às perdas generalizadas

As energéticas também estão a pressionar o índice português, com a Galp Energia a desvalorizar 3,15% para 12,60 euros. As petrolíferas estão entre as empresas mais afetadas (atrás dos setores ligados ao turismo) devido às quebras nos preços da matéria-prima. O crude WTI perde 4% para 45,20 dólares por barril, enquanto o Brent de referência europeia recua 3,4% para 50,40 dólares por barril.

O Financial Times noticiou que a Arábia Saudita já está a pressionar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para implementarem um corte adicional na produção de mil barris por dia na próxima reunião.

Esta reação poderá juntar-se aos estímulos da China, enquanto outros planos poderão estar em curso. A Comissão Europeia já disse que está a preparar, caso se torne necessário, “medidas de apoio” aos setores económicos enfraquecidos. Já o Banco Central Europeu (BCE) disse estar a seguir “muito cautelosamente” a epidemia de coronavírus. A presidente Christine Lagarde afastou, para já, medidas de política monetária que respondam à propagação deste surto, mas os futuros do mercado monetário indicam que os investidores esperam um corte das taxas de referência em junho.

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