Covid-19: O que receiam as seguradoras no limiar da recessão

  • ECO Seguros
  • 15 Abril 2020

A Swiss Re estima recessão duplamente mais profunda do que a da crise financeira global iniciada em 2008. Neste contexto, um inquérito global recolhe preocupações e ameaças nos (re)seguros.

Entre as linhas de negócio – seguro e resseguro – mais expostas à pandemia, mais de dois terços dos inquiridos apontam as coberturas de cancelamento de eventos (68,7%) e o seguro de viagens (67%) como as categorias mais gravemente atingidas. Logo a seguir, com a Europa e os EUA a representarem mais de 50% das respostas ao inquérito, os seguros de crédito comercial e os ramos saúde e vida, respetivamente, com 41,6% e 40,6% das respostas, são as linhas de negócio mais penalizadas pela crise.

O encerramento forçado de atividade (BI-Business Interruption na gíria anglo-saxónica de seguros) lidera entre as questões-chave relacionadas com a pandemia do novo coronavírus (covid-19), além do cancelamento de eventos e projetos imobiliários. Enquanto 41% dos inquiridos afirmam estar um pouco preocupados com a questão do BI, quase 33% afirmaram estar muito preocupados e outros 18,5% afirmam estar extremamente preocupados.

Por outro lado, os resultados do inquérito global produzido em conjunto pela Artemis e a publicação Reinsurance News, indicam que a maioria dos inquiridos, 55% dos quais contribuem para decisões de compra de resseguros, classifica a diminuição dos investimentos e a saúde dos mercados financeiros com principal ameaça para o setor, em termos do “impacto potencial”.

Neste âmbito, a Swiss Re divulgou uma análise sobre o mercado dos ILS (insured linked securities ou instrumentos financeiros ligados a risco de seguros) em que projeta uma recessão atípica que será duas vezes mais profunda e mais do que duas vezes mais rápida do que a crise financeira global de 2007-2008.

Jérôme Jean Haegeli, economista chefe na área de research da Swiss Re: atividade económica mundial vai baixar 1,2% em 2020, com quebra estimada de 3% na taxa de variação real do PIB nos EUA e de 4,5% na zona do euro.

No documento, Jérôme Jean Haegeli, economista chefe na área de research da companhia suíça de resseguros, assume que a atividade económica mundial se contrairá em 1,2% em 2020, com quebra estimada de 3% na taxa de variação real do PIB nos EUA e de 4,5% na zona do euro. A paragem forçada da economia deverá manter-se durante a maior parte do segundo trimestre, assumindo que o pico de novas infeções na Europa e nos EUA ocorra nos meses de abril e maio seguido de um regresso gradual ao crescimento no terceiro trimestre.

Na vertente das taxas de juro, Haegeli espera que as obrigações de dívida soberana se mantenham com rendibilidade baixa e os bancos centrais continuem disponíveis para acomodar mais estímulos se necessário. Em termos de riscos a médio prazo, a Swiss Re sustenta a probabilidade crescente de se verificar uma estagflação (inflação com estagnação da economia) devido a estímulos orçamentais sem precedentes.

Ainda, de acordo com o inquérito cujos resultados são detalhados pela Artemis, o fecho de negócios, forçado pela situação de pandemia de covid-19, enquanto cobertura que poderá desencadear um número significativo de litígios, surge como segundo tema de maior impacto na indústria de seguros e resseguros em todo mundo.

Por outro, perto de 85% dos inquiridos reconhece que, face ao cenário atual, a atividade de resseguro registará um acréscimo de contratualizações.

O estudo mediu o pulso à indústria, auscultando centenas de responsáveis do setor, entre executivos de seguros e resseguros, incluindo 13 presidentes executivos, 20 diretores de departamentos de subscrição, 18 diretores operacionais, perto de 40 membros de conselhos de administração, compradores de resseguros, gestores de valores mobiliários ligados a (re)seguros (ILS- insured linked securities), corretores e diversos fornecedores de serviços.

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