Pandemia vai levar dívida pública de Portugal para 135% do PIB. É um recorde

O FMI prevê que a dívida do Estado português ultrapasse o anterior máximo histórico por causa do impacto da pandemia com o efeito conjugado da queda do PIB e da subida do défice.

O coronavírus também vai deixar a sua marca na dívida pública em Portugal: segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), o efeito conjugado da queda de 8% do PIB e da subida do défice para 7,1% em 2020 vai fazer disparar a dívida pública para novos máximos.

Segundo as previsões do Fiscal Monitor, divulgadas esta quarta-feira, a dívida pública do Estado português aumentará 17,4 pontos percentuais num só ano, passando de 117,6% para os 135% do PIB e colocando praticamente de parte o objetivo do Governo de baixar a dívida pública para os 100% até ao final da legislatura.

Apesar de ser um novo máximo histórico, os 135% previstos pelo FMI não ficam muito longe do anterior pico registado em 2014 de 132,9% do PIB. Desde então que o rácio da dívida pública tinha vindo a cair com o crescimento da economia e a melhoria das contas públicas, mas todo esse esforço será apagado pelo impacto da pandemia.

A boa notícia dentro deste panorama negro é que em 2021 a recuperação de 5% do PIB e a descida do défice para 1,9% levam a uma nova redução da dívida pública para os 128,5%, uma queda de 6,5 pontos percentuais num só ano.

Neste momento, ainda que a ação do Banco Central Europeu (BCE) impeça uma subida dos juros no mercado secundário, teme-se uma repetição da crise das dívidas soberanas tal como se assistiu após a crise financeira e que levaria ao pedido de ajuda externa em 2011. O indicador da dívida pública é o mais vigiado pelas agências de rating e pelos investidores pelo que uma subida desta dimensão poderá levantar dúvidas sobre a capacidade que o Estado português terá de reembolsar a dívida no futuro.

Contudo, a seu favor Portugal tem o facto desta crise, ao contrário da anterior, ser mais simétrica na medida em que afeta praticamente todos os países, inclusive os que partilham o euro, numa dimensão semelhante. Na Zona Euro, o rácio da dívida pública vai passar de 84,1% do PIB para 97,4%, mais 13,3 pontos percentuais num só ano.

Há é divergências muito significativas no ponto de partida. Como exemplo: a dívida pública da Alemanha passará para os 68,7% do PIB em 2020 enquanto a de Espanha sobe para os 113,4%, a de França para os 115,4% e a de Itália para os 155,5%. A da Grécia, onde o PIB deverá cair 10% e o défice aumentar para os 9%, irá superar os 200% pela primeira vez.

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