Covid-19 provoca “forte redução da atividade económica” em março. Indicador dá maior queda de sempre

O INE divulgou esta segunda-feira a síntese económica de conjuntura de março e os números confirmam que houve uma "forte redução" na economia na sequência da luta contra a pandemia.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirma o que já se esperava: a informação já disponível para março indica que houve uma “forte redução da atividade económica”. Os dados constam da síntese económica de conjuntura de março divulgada esta segunda-feira.

“Em Portugal, não considerando médias móveis de três meses, a informação já disponível revela uma forte redução da atividade económica em março”, sintetiza o INE. Normalmente a média móvel é usada para alisar a série, eliminando movimentos irregulares, mas a crise pandémica obriga a uma outra análise dado que o seu impacto é “súbito, inesperado e potencialmente severo”, usando-se assim os valores mensais efetivos.

Assim, em março, o indicador de clima económico registou a maior quebra mensal da série, atingindo o valor mais baixo desde dezembro de 2014. A queda da confiança é transversal a todos os setores, com os índices a atingirem mínimos da anterior crise (2013/2014).

O INE dá três exemplos dessa quebra da economia: os levantamentos e pagamentos no multibanco baixaram 17%, a venda de carros caiu mais de 50% e o esperado “crescimento expressivo” do desemprego, de acordo com os dados do IEFP. A estes sinais acresce a informação do Inquérito Rápido e Excecional às Empresas, criado pelo INE e pelo Banco de Portugal para monitorizar o impacto económico da pandemia, onde já se identificar uma “forte redução” do volume de negócios.

O indicador de confiança dos consumidores registou uma “redução significativa”, atingindo o valor mais baixo desde fevereiro de 2016. “Esta evolução deveu-se sobretudo às expectativas relativas à evolução da situação económica do país que registaram o valor mínimo desde dezembro de 2013“, explica o INE, assinalando que o indicador qualitativo do consumo privado caiu a pique para mínimos de 2014.

Além disso, todos os indicadores de confiança das empresas diminuíram em março, “assinalando-se em particular as fortes reduções no Comércio e nos Serviços”. O mesmo aconteceu nos indicadores semelhantes ao nível da Zona Euro.

O gabinete de estatísticas explica que “embora a informação deste destaque traduza em certa medida o impacto da pandemia Covid-19, é de esperar que as tendências aqui analisadas se alterem substancialmente nas próximas divulgações“. “De qualquer modo, a informação hoje disponibilizada é útil para estabelecer uma referência para avaliar desenvolvimentos futuros”, argumenta.

Comércio e serviços são os mais afetados

Sem surpresa, e em linha com os restantes dados económicos que têm sido divulgados, o comércio e os serviços são os setores mais afetados.

O indicador de confiança do comércio caiu “de forma acentuada” de março para um mínimo de dezembro de 2014, refletindo o contributo negativo das “perspetivas de evolução da atividade e das opiniões sobre o volume de vendas”.

Na mesma direção, o indicador de confiança dos serviços diminuiu para um mínimo de outubro de 2013, ” em resultado do contributo negativo de todas as componentes, destacando-se a evolução negativa das opiniões e perspetivas sobre a evolução da carteira de encomendas”.

Já na indústria transformadora e na construção também se registaram descidas, mas menos expressivas. No caso da indústria, o problema está também nas perspetivas de produção face à queda da procura. No caso da construção, a queda do indicador de confiança refletiu “o significativo agravamento do saldo das opiniões sobre a carteira de encomendas”.

(Notícia atualizada às 11h36 com mais informação)

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