Eleven Sports adaptou-se ao vírus. E há formatos que vão ficar “depois de o Covid passar”

Sem "bola" a dar no pequeno ecrã, a Eleven Sports teve de reduzir a equipa e a adaptar as grelhas dos canais. Está a experimentar novos formatos e alguns vão manter-se "depois de o Covid passar".

Jorge Pavão de Sousa, diretor-geral da Eleven Sports Portugal.

“Passar por um momento de lock down, trabalhar remotamente sete semanas com uma organização na sua totalidade e no meio de uma pandemia global, creio que é uma história que vou ter a sorte de contar aos meus netos.” Quem o diz é Jorge Pavão de Sousa, diretor-geral da Eleven Sports Portugal, a empresa que detém os direitos televisivos da Liga dos Campeões no mercado português.

Com três canais no ar e grelhas para preencher 24 horas por dia, sete dias por semana, a Eleven Sports teve de se adaptar a um contexto em que não há futebol nem a generalidade dos desportos que transmitia habitualmente. “Estamos a utilizar muito o que é o produto de arquivo dos nossos parceiros e dos right holders [titulares dos direitos]. Estamos a trabalhar com eles intensivamente, semana após semana, para otimizar todo o catálogo e todo o arquivo que eles colocaram à nossa disposição. Muitas vezes mediante pedidos nossos”, explica.

Mas nem só de conteúdo de arquivo se fazem os canais da Eleven Sports. A empresa teve de “adaptar processos de produção” e passar a “trabalhar remotamente”, dando a alguns dos colaboradores a possibilidade de fazerem locução a partir das respetivas casas. Outra parte do plano passou por “transformar o produto de estúdio” e apostar em debates com recurso a videochamadas, ou em entrevistas com os jogadores, que estão “mais disponíveis e com maior capacidade” de interagirem com os fãs nas redes sociais.

Um último fator da estratégia de adaptação em curso é a aposta nos desportos eletrónicos (e-Sports). O mercado está a ganhar expressão também em Portugal e a Eleven Sports quer tentar captar das plataformas digitais para a televisão o público mais jovem e os aficionados dos jogos de vídeo, que antes da pandemia já arrastavam milhares de entusiastas para pavilhões e muitos milhões em sites como o YouTube ou o Twitch.

Em suma: “Já fizemos algumas coisas que provavelmente não vamos arriscar voltar a fazer e fizemos muitas outras, dois formatos no digital, que depois de o Covid passar, teremos mais trabalho no nosso colo”, remata Jorge Pavão de Sousa.

Já fizemos algumas coisas que provavelmente não vamos arriscar voltar a fazer e fizemos muitas outras, dois formatos no digital, que depois de o Covid passar, teremos mais trabalho no nosso colo.

Jorge Pavão de Sousa

Diretor-geral da Eleven Sports Portugal

Corte na equipa, serviço gratuito até fim de maio

Porém, como em todas as crises, também há decisões difíceis a tomar. Sem “bola” para transmitir”, o grupo viu-se forçado a reduzir custos. Por isso, a Eleven Sports cortou a equipa em 25% de forma a poder enfrentar a pandemia, contando agora com 25 colaboradores. Num cenário mais “extremo”, em que o futebol não regresse até ao fim de maio, outras decisões terão de ser tomadas, não estando afastado o recurso ao lay-off ou aos apoios criados pelo Governo.

“Estamos a avaliar todos os cenários. Já fizemos redução de equipa em duas áreas e estamos a considerar outras hipóteses caso o período de gratuitidade tenha de ser estendido para além de maio e caso se as ligas não regressem. Num cenário extremo, de as ligas não regressarem, e até setembro não haver futebol nas televisões e os campeonatos terminarem abruptamente, como é óbvio medidas adicionais terão de ser tomadas e vamos avaliar todos os instrumentos e recursos que existam”, admite o diretor-geral, que prefere apostar num regresso do desporto-rei já no final de maio, tal como antecipou, esta quinta-feira, o Governo.

Entretanto, à semelhança dos canais concorrentes da Sport TV, os serviços da Eleven Sports Portugal estão gratuitos. Até ao final de maio, os clientes podem subscrever a oferta da Eleven Sports nas boxes de televisão paga ou na plataforma de streaming proprietária da empresa.

A decisão serviu para proteger a “base significativa de clientes” que a empresa angariou ao longo de 2019 e já lhe valeu um aumento de 25%, registado em meados de abril e comparativamente com o período homólogo, no número de utilizadores da plataforma da Eleven Sports em Portugal. Destes, 65% são pessoas que nunca tinham experimentado o serviço e que a empresa espera conseguir converter em clientes pagos depois do fim da pandemia.

Quando a atual situação passar, ergue-se outro tipo de trabalho no horizonte. Os contratos de direitos televisivos no portefólio da Eleven Sports “não previam situações de pandemia” e a empresa considera que estes terão de ser reajustados, diz o líder da Eleven Sports Portugal: “Não estamos a dialogar ainda a revisão porque neste momento o mais preocupante é termos a capacidade de entender em que condições de segurança [os desportos podem regressar]. Depois disso, acho que temos, de facto, todos, de avaliar impactos, e perceber como é que isto é gerido”, afirma.

Não quer isso dizer que a Eleven Sports vá procurar indemnizações, mas espera, por exemplo, uma extensão do prazo dos contratos: “Faz sentido. O acerto de condições pode ser o facto de fazer extensão de contratos”, conclui Jorge Pavão de Sousa.

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