Mais de 80 mil pessoas registaram-se na Segurança Social com a pandemia

  • ECO
  • 2 Julho 2020

Os últimos números dos inscritos nos centros de desemprego, relativamente ao final de junho, revelam que o crescimento do desemprego desacelerou, diz ministra do Trabalho.

O programa “Segurança Social na Hora”, criado em janeiro, abrangeu até ao momento 80.700 pessoas, de acordo com os dados divulgados pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), em entrevista ao Público (acesso condicionado) e à Rádio Renascença (acesso livre)

São “pessoas que estavam fora do sistema de Segurança Social e que entraram no sistema”, deixando a economia paralela, frisou Ana Mendes Godinho numa entrevista em que salienta ainda que os últimos números dos inscritos nos centros de desempenho têm vindo a desacelerar.

A restauração e alojamento são os setores que enfrentam mais dificuldades e prova disso são os pedidos de prorrogação de lay-off, explica Ana Mendes. A ministra avança ainda que, em termos de evolução de lay-off simplificado, houve “107 mil empresas abrangendo 860 mil trabalhadores”. “Nas prorrogações, verifica-se uma diminuição quer do número de empresas, quer do número de trabalhadores – temos menos 20%”, refere Ana Mendes Godinho.

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5 coisas que vão marcar o dia

O PS vai escolher o relator da audição de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal. Na Europa, o Eurostat divulga a taxa de desemprego de maio.

Em Portugal, o Conselho de Ministros poderá tomar uma decisão relativa à nacionalização da TAP, o PS vai escolher o relator da audição de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal e a Altice vai anunciar vários investimentos em fibra ótica. Na Europa, o Eurostat divulga a taxa de desemprego de maio.

Conselho de Ministros nacionaliza TAP?

É ainda incerto o desfecho do dossiê TAP com a possibilidade de nacionalização em cima da mesa. Caso esta venha a concretizar-se, perante a falha de acordo entre o Governo e os privados acionistas da transportadora aérea, a nacionalização da TAP poderá ser decidida esta quinta-feira em Conselho de Ministros.

Conhecido relator da audição de Centeno para governador

Esta quinta-feira a Comissão de Orçamento e Finanças reúne-se após o plenário, ao final da tarde. Nessa reunião, o Partido Socialista terá de indicar qual será o deputado responsável por elaborar um relatório sobre a audição que Mário Centeno terá de fazer no Parlamento, também na COF, antes de chegar a governador do Banco de Portugal. O relatório não é vinculativo, mas é votado pelo que os partidos poderão mostrar a sua oposição a esta transição do Ministério das Finanças para o BdP. Ainda não existe data para a audição.

Eurostat revela evolução do desemprego em maio

O Eurostat vai divulgar esta quinta-feira a taxa de desemprego da Zona Euro e da União Europeia em maio, passados cerca de dois meses desde que a pandemia começou a afetar a Europa. Em Portugal, a taxa de desemprego “oficial”, divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) com base na metodologia acordada a nível europeu, até recuou em maio para os 5,5%, mas este valor esconde 104 mil postos de trabalho destruídos, que se reflete no aumento expressivo dos inativos. Este universo inclui as pessoas que não procuram trabalho ou que não estão disponíveis para trabalhar no momento presente, o que é afetado pelas restrições à circulação por causa da pandemia.

Parlamento alemão vota moção a favor das compras do BCE

Depois de o Tribunal Constitucional alemão ter vindo afirmar que o programa de compra de dívida do BCE violava o princípio constitucional da proporcionalidade, o Parlamento germânico prepara-se para votar uma moção em que defende as compras realizadas pela autoridade monetária da Zona Euro. O objetivo do Executivo alemão, bem como do parlamento é, com esta moção, tentar colocar um ponto final no confronto entre os juízes alemães de Karlsruhe e a entidade liderada por Christine Lagarde.

Altice anuncia investimentos em fibra ótica

A comissão executiva da Altice vai percorrer o país para anunciar vários investimentos em fibra ótica. Anteriormente, o CEO da empresa, Alexandre Fonseca, tinha referido a importância do Estado de dar incentivos às empresas para estas instalarem fibra ótica em zonas do interior. “É importante o Estado compreender que este investimento [das operadoras nas redes de nova geração] tem agora de ser complementado. Se queremos garantir que temos casos de idosos, ou jovens que querem ter acesso a ensino de qualidade e não têm rede, os operadores privados não têm de fazer esses investimentos”, disse em maio.

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Ao fim de 11 anos, advogados oficiosos vão ter aumento de oito cêntimos

Tabela não era atualizada desde 2009, sendo que o Governo já leva um ano de atraso na publicação do diploma. Advogados criticam valor do aumento.

O Ministério da Justiça aumentou em oito cêntimos a tabela de referência que serve de base de pagamento aos advogados oficiosos, pagos pelo Estado para a defesa de cidadãos que não tenham possibilidade de pagar do seu próprio bolso. A portaria, publicada em Diário da República, concretiza a atualização da Tabela de Honorários do Acesso ao Direito e aos Tribunais, que não era atualizada desde 2009. Publicação essa que já chega com um ano de atraso.

Por cada processo que um advogado oficioso patrocina, é aplicada a tabela de unidade de referência (UR) correspondente a cada tipo de processo. Ou seja: os mais complexos correspondem a mais unidades de referência e aos mais simples correspondem unidades mais baixas. Sendo que cada unidade tem o valor de 25,50 euros. Agora, com este aumento, as UR passam a valer 25,58 euros. Concretizando: se um processo corresponder a oito unidades de referência, um advogado recebe 204,64 euros. Mais 64 cêntimos que antes de a portaria ser publicada.

Este ano, o Estado já gastou 30 milhões e 300 mil euros a pagar ao milhares de advogados que estão inscritos no Sistema de Acesso ao Direito enquanto advogados oficiosos. No total, são cerca de 13 mil e 500 advogados (de um total de 33 mil) que estão inscritos como advogados oficiosos.

No ano passado, de janeiro a dezembro, foram gastos 42 mil e 827 mil euros para pagar estes honorários. Em 2018 cerca de 49 milhões e em 2017 cerca de 55 milhões. No total, de 2010 a 2019 foram pagos pelo Estado cerca de 485 milhões de euros a advogados oficiosos.

Advogados atacam aumento. É um “desrespeito”

Na introdução da própria portaria é referida a “irrecusável natureza de direitos legalmente conformados que determina que o acesso ao direito constitui uma responsabilidade do Estado, que deve garantir uma adequada compensação aos profissionais que participem no respetivo sistema”, diz a portaria, fazendo a ressalvando, em jeito de justificação, que “essa garantia que, todavia, não pode desvincular-se, em absoluto, das condições sociais concretas, designadamente económicas, do país”.

“Com a publicação desta Portaria, mais uma vez, o Ministério da Justiça demonstra a saciedade que governa em função das magistraturas, a quem aumentou os respetivos salários em largas centenas de euros, parecendo esquecer-se que sem Advogados não se consegue formar um Tribunal e, por consequência, torna-se impossível administrar a Justiça”, defenderam Tânia Lima da Mota, Paulo Pita Soares, Maria da Costa Santos, membros do Conselho Geral da OA com o pelouro do Acesso ao Direito.

“Esta atualização é um desrespeito pela advocacia portuguesa. Não era esta a atualização que se esperava e que tem sido bandeira de inúmeras campanhas para as eleições da Ordem dos Advogados”, explica Lara Roque Figueiredo, advogada e que costuma realizar defesas oficiosas. “Certo é que de agora em diante o Ministério da Justiça pode dizer que em 2020 se a tabela de honorários do SADT. Agora cabe à OA fazer a pressão politica necessária para a tabela ser revista e para passar a prever o pagamento de todas as intervenções dos advogados e não continuarmos na situação atual em que muitas vezes pagamos para trabalhar”, sublinha. “Acaba por ser esta atualização o escape perfeito para a nossa classe política, que de agora em diante pode colocar este assunto na gaveta dos “resolvidos”, sem que os advogados e advogadas vejam o seu trabalho valorizado como deve ser”, concluiu a advogada.

“Reiteramos, no entanto, que a publicação da aludida portaria não silenciará a Ordem dos Advogados nem a desviará do firme propósito da concretização da revisão geral das tabelas, por referência aos critérios que estiveram na base do aumento salarial dos Senhores Magistrados, como aliás, se exige e se impõe desde há muitos anos”, concluiu o comunicado assinado pelos advogados com o pelouro do acesso ao direito da OA.

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Hidrogénio, sim, mas sem “onerar custos para os consumidores”

Matos Fernandes pede "compromisso" dos impostos dos portugueses com o hidrogénio. Siza Vieira não quer que sejam os consumidores a arcar com os encargos.

O hidrogénio verde é a nova aposta do Governo. Portugal, que em tempos apostou forte nas energias renováveis quer dar cartas nesta tecnologia, mas para isso serão necessários investimentos avultados. Pedro Siza Vieira está ciente do esforço e não quer que sejam os consumidores — nem os domésticos, como aconteceu no passado com as renováveis, nem os industriais — a arcar com os encargos.

Para o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, a estratégia para o hidrogénio é clara: “Visa assegurar que viabilizamos a concretização do objetivo de neutralidade carbónica”, disse, quando questionado sobre a Estratégia Nacional para o Hidrogénio que está em consulta pública até meados de julho. Contudo, defende que este objetivo deve ser alcançado “sem onerar o custo para os consumidores industriais e outros”, afirmou, no final da terceira sessão de esclarecimento promovida pelo Governo.

Quem pagou, e continua a pagar, o sobrecusto das renováveis foi o consumidor doméstico. Quando estamos a falar de um gás como o hidrogénio, a solução não pode ser a mesma.

Pedro Siza Vieira

Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital

“Quem pagou, e continua a pagar, o sobrecusto das renováveis foi o consumidor doméstico”, lembrou. “Quando estamos a falar de um gás como o hidrogénio, a solução não pode ser a mesma”. “Os destinatários principais desta fonte de energia são os consumidores industriais e não devem ser onerados com custos acrescidos de produção”, rematou.

Em entrevista ao ECO/Capital Verde, o ministro do Ambiente e Ação Climática, Matos Fernandes, falou em investimentos necessários de sete mil milhões de euros, dos quais 900 milhões virão dos sofres do Estado e 40 milhões de fundos comunitários do POSEUR. O restante será investimento privado de empresas portuguesas, holandesas e de outros países europeus.

Este “cheque” do Estado para o hidrogénio terá, contudo, de ser pago. Questionado sobre se fará subir a fatura da luz para famílias e empresas, João Pedro Matos Fernandes falou de um “compromisso que os portugueses têm com os seus impostos para potenciar este tipo de projetos”, garantindo que “o hidrogénio é fundamental”.

Passa fatura a quem? À Europa

Desta vez, contrariamente ao que aconteceu com as renováveis, a “solução tem de ser diferenciada”, diz Siza Vieira. “Se temos de trabalhar com responsáveis públicos e intervenientes privados, se temos de criar e regulamentar o mercado, desenvolver tecnologias, é claro que vamos precisar de uma grande articulação de políticas públicas e recursos financeiros públicos para fazer face aos custos muito grandes de investigação e desenvolvimento das tecnologias, na industrialização e adaptação de estruturas de consumo”, disse o ministro da Economia.

Estes recursos financeiros públicos virão, segundo o governante, do “novo quadro de recursos europeus”, com o “reforço dos recursos a alocar ao relançamento da economia”, o aumento significativo do Fundo para a Transição Justa, mas também novos recursos financeiros para Investigação e Desenvolvimento, apoio ao desenvolvimento industrial e apoio de financiamentos de longo prazo, com instituições europeias e também o Banco Português de Fomento.

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Estes são os maiores bancos do mundo. CGD está no 179.º lugar

  • ECO
  • 2 Julho 2020

Os maiores bancos do mundo localizam-se na China, com quatro bancos no topo do ranking da "The Banker". Seguem-se os bancos americanos. A CGD é o maior banco português, no lugar 179 da lista.

A revista The Banker publicou esta quarta-feira a lista dos 1.000 maiores bancos do mundo. Os maiores são chineses e a seguir vêm os norte-americanos, de acordo com a publicação do grupo Financial Times. Também há bancos portugueses no ranking. O primeiro português da lista é a Caixa Geral de Depósitos (CGD), surgindo no lugar 179.

O ranking é medido em termos de capital Tier 1, um dos indicadores mais vitais sobre a solidez de um banco.

Nesta perspetiva, é o chinês ICBC quem apresenta o montante mais elevado: 380 mil milhões de dólares (cerca de 337 milhões de euros)… bem maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) anual de Portugal. Seguem mais três bancos da China: China Construction Bank, Agricultural Bank of China e Bank of China.

O top 10 conta ainda com quatro bancos norte-americanos: o JP Morgan Chase (5.º lugar), o Bank of America (6.º), o Wells Fargo (7.º) e o Citigroup (8.º). A fechar este ranking estão o britânico HSBC e o japonês (Mitsubishi UFJ).

Quanto à presença portuguesa na lista, a CGD surge na posição 179, registando um capital Tier 1 de 8.572 milhões de dólares, quase 45 vezes inferior ao capital do maior banco mundial.

“A classificação alcançada confirma a robusta posição de capital da Caixa, com um Capital Tier 1 de 8,6 mil milhões, um aumento de 5,95% face a 2018”, destaca o banco público em comunicado.

“Os resultados alcançados são o corolário de três anos de implementação bem-sucedida do Plano Estratégico 2017-2020, acordado entre as autoridades portuguesas e europeias”, acrescenta.

# Banco (País) Capital Tier 1

1. ICBC (China) 380.189 milhões de dólares
2. China Construction Bank (China) 316.121 milhões
3. Agricultural Bank of China (China) 277.607 milhões
4. Bank of China (China) 258.431 milhões
5. JP Morgan Chase (EUA) 214.432 milhões
6. Bank of America (EUA) 188.492 milhões
7. Wells Fargo (EUA) 158.949 milhões
8. Citigroup (EUA) 155.805 milhões
9. HSBC (Reino Unido) 148.359 milhões
10. Mitsubishi UFJ (Japão) 143.728 milhões
(…)
179. Caixa Geral de Depósitos (Portugal) 8.572 milhões

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Tesouro já esgotou 70% da dívida a emitir este ano. Faltam 10 mil milhões

Portugal já emitiu este ano 19,4 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro. Tem ainda outros 10 mil milhões de euros para usar, além de uma nova linha de obrigações para o retalho por lançar.

Portugal está a emitir mais dívida para responder à crise económica gerada pela pandemia de Covid-19. No Orçamento Suplementar, que considera já este efeito, o Governo autorizou o Tesouro a emitir até 29,3 mil milhões de euros em nova dívida na totalidade do ano. Deste montante “brutal”, o IGCP já arrecadou quase dois terços.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP voltou esta quarta-feira ao mercado de dívida para uma venda sindicada de obrigações do Tesouro (OT) a 15 anos. Portugal emitiu quatro mil milhões de euros e, devido à forte procura (mais de 10 vezes superior à oferta), conseguiu uma taxa de juro em 0,928%.

O ministro das Finanças, João Leão, atribuiu o juro à “melhoria significativa das condições de financiamento do Estado, refletindo a confiança dos mercados na retoma da economia portuguesa e no desempenho das contas públicas”, tal como a presidente do IGCP, Cristina Casalinho, que sublinhou a “forte e diversificada procura” dos investidores.

“Esta é a terceira venda sindicada realizada pela República Portuguesa em 2020 e, com esta emissão, a República completou 69,1% da meta brutal de emissões, de 29,3 mil milhões de euros, a serem executadas através de leilões e vendas sindicadas em 2020″, anunciou a presidente do IGCP, Cristina Casalinho em comunicado.

O Tesouro costuma fazer uma grande venda sindicada de OT no início de cada ano. Por causa da pandemia, já fez três este ano: além da realizada esta quarta-feira, colocou 5 mil milhões a sete anos em abril e 4 mil milhões a dez anos em janeiro. Através destas operações, Portugal colocou 13 mil milhões de euros em OT no mercado com a ajuda de sindicatos bancários, aos quais acrescem 6.421 milhões de euros em títulos emitidos em leilões.

Linha de OTRV ainda à espera de ser lançada

O maior recurso ao endividamento deve-se às necessidades geradas pelo Covid-19, que o Governo antecipa que leve o défice até 6,3% este ano e a dívida pública para o máximo histórico 134,4%.

Em termos nominais, esse agravamento já se está a fazer sentir. A dívida pública, na ótica de Maastricht (a que interessa a Bruxelas), subiu 2.333 milhões de euros para os 264.379 milhões de euros, em maio. Os dados também conhecidos esta quarta-feira mostram que o stock do endividamento público subiu para o valor mais elevado de sempre.

A tendência de agravamento não deverá alterar-se proximamente até porque o país está a aproveitar o Programa de Compras de Emergência Pandémica (PEPP, na sigla em inglês) do Banco Central Europeu (BCE). A instituição liderada por Christine Lagarde vai comprar 1,35 biliões de euros em dívida pública e privada até, pelo menos, meados de 2021.

A bazuca do BCE para combater o impacto do vírus na economia do euro ficou com mais de 4 mil milhões de euros em dívida portuguesa durante a pandemia. A estas compras realizadas entre março e maio, acrescem quase 2 mil milhões em obrigações do Tesouro que o BCE comprou desde o arranque do ano.

Além de aproveitar as regras mais flexíveis do programa de emergência do BCE, Casalinho deverá ainda procurar financiamento junto das famílias. No Orçamento Suplementar, Governo antecipava o lançamento de uma nova linha de Obrigações do Tesouro Rendimento Variável (OTRV), num montante de 1.500 milhões de euros. Esta ainda não foi lançada.

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Acordo na 25ª hora. TAP escapa à nacionalização

As negociações prolongaram-se pela madrugada desta quinta-feira, mas a Azul abdicou da opção de converter 90 milhões de empréstimo à TAP em capital. Nacionalização afastada na 25ª hora.

Na 25ª hora, depois de longas horas de negociações pela noite e madrugada desta quinta-feira, o Governo e a companhia aérea Azul já têm um acordo de princípio que permite evitar a nacionalização da TAP, faltando apenas os últimos pormenores para o anúncio formal. A Azul, participada por David Neeleman, já terá abdicado de uma exigência do Governo, a extinção do direito de converter de 90 milhões de euros de um empréstimo feito à TAP em capital social.

Com esta condição ultrapassada, e sem nacionalização, o Estado vai passar a ter 70% da companhia, Humberto Pedrosa 25% e os trabalhadores os outros 5%. E vão chegar os 1.200 milhões de euros de ajuda pública à TAP, essenciais para a retoma da operação.

Oficialmente, nenhuma das partes faz comentários, mas diversas fontes contactadas pelo ECO já na madrugada de quinta-feira garantem que já existe um acordo de princípio. Ainda faltavam os últimos pormenores para as partes assumirem que o acordo está totalmente seguro. Mas, tudo indica, só mesmo uma rutura de última hora poderá impedir a assinatura de um acordo que evita o que estava anunciado para esta quinta-feira em conselho de ministros: A aprovação do decreto-lei de nacionalização da TAP.

Como o ECO tinha revelado em primeira mão, na sequência do acordo com a Azul, o Estado vai assim comprar 20% das ações que a Atlantic Gateway tem hoje na TAP (45%) e, em simultâneo, Pedrosa compra a participação de David Neeleman naquela sociedade, e passa a ser o acionista privado de referência. O empresário receberá 55 milhões de euros para sair da TAP e, com esta reestruturação acionista, o Estado passa a controlador da companhia, mas isso tem outra consequência. A TAP volta a ser uma empresa pública por ter mais de 50% do capital nas mãos do Estado, e passa por isso a ter impacto no défice público se o Eurostat considerar que, neste quadro, o Estado tem a gestão da empresa. Neste momento, como referiu já a Parpública nos seus relatórios, apesar de o Estado ter 50%, não tem a gestão e isso permite evitar o impacto das contas da TAP no défice, mas ‘apenas’ na dívida pública.

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Costa perdeu a aposta? Futuro da TAP definido hoje

As negociações para o acordo entre o Estado e a TAP decorrem até ao último minuto. Se não houver consenso, nacionalização vai ainda hoje a Conselho de Ministros.

Ainda não há sinal de acordo entre os acionistas privados e o Governo por causa da TAP. Esta quarta-feira, o primeiro-ministro afirmou que “se tivesse de apostar, diria que hoje [ontem] será o dia da solução da TAP, negociada com os nossos sócios privados e não com imposição do Estado”. Ainda não há notícia de acordo e é provável que António Costa tenha perdido a aposta, pelo menos em relação ao timing.

O Governo entretanto deixou a porta aberta até ao último minuto para que os privados possam mudar de ideias e tentar chegar a um acordo, sendo que o prazo termina esta quinta-feira, quando se reunir o Conselho de Ministros, que poderá aprovar já a nacionalização da companhia aérea.

Hoje será o dia decisivo. Afinal, o que pode acontecer com a transportadora?

O Governo delineou um plano para o empréstimo de até 1.200 milhões de euros, que chegou até a ser aprovado pela Comissão Europeia. Bruxelas validou, mas determinou que esta ajuda só pode ser concedida por um período de seis meses para dar tempo à empresa de encontrar soluções para a situação de emergência.

Tudo parecia encaminhado, no entanto, a acionista privada da companhia aérea, a Atlantic Gateway, detida pelos empresários Humberto Pedrosa e David Neeleman, que tem 45% da TAP, rejeitou as condições impostas pelo Estado para injetar dinheiro na companhia.

Esta quarta-feira, as partes ainda tentaram chegar a um acordo que poderá passar pela saída de David Neeleman da empresa. Segundo apurou o ECO, o novo modelo poderia passar por o Estado aumentar a sua posição para 70% na TAP, a Atlantic Gateway ficar com 25% e os trabalhadores com os atuais 5%. Isto sem Neeleman, sendo que Pedrosa compraria a participação deste na sociedade, passando a ser o acionista privado de referência.

Mas há um obstáculo ainda a transpor. A exigência do Estado para que a Azul, companhia brasileira fundada por Neeleman, renuncie à possibilidade de converter o empréstimo obrigacionista de 90 milhões de euros, feito à TAP em 2016 e que vence em 2026, em capital.

Perante a dificuldade em chegar a um consenso, a nacionalização é uma forte hipótese em cima da mesa, tão real que se avançou para a preparação do decreto de nacionalização, para levar a Conselho de Ministros. Ainda assim, o Governo deu até esta quinta-feira à Azul e à Atlantic Gateway para evitarem a nacionalização.

António Costa mostrou-se confiante de que seria encontrada uma “solução estável”. “Se tivesse de apostar diria que hoje [ontem] será o dia da solução da TAP, negociada com os nossos sócios privados e não com imposição do Estado. Se for necessário cá estaremos para isso, mas espero que não seja necessário”, disse, esta quarta-feira, na abertura da fronteira com Espanha, em declarações transmitidas pelas televisões.

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