Stilwell é sinal de continuidade. Analistas aplaudem escolha do novo CEO

A maior cotada do PSI-20 tem um novo líder provisório. Mesmo que se torne permanente, não está a preocupar os analistas. O preço-alvo das ações foi revisto em alta por duas casas de investimento.

A liderança na EDP mudou de forma pouco tradicional com o anterior CEO a ser suspenso devido a um processo judicial. A saída, que será interinamente preenchida pelo CFO Miguel Stilwell d’Andrade, levou a uma reação inicial de queda nas ações e de suspensão decretada pelo regulador, mas menos de 24 horas depois, a turbulência parece ter passado. E os analistas até reforçaram a confiança nas ações.

Miguel Stilwell tem um profundo conhecimento de todas as áreas da empresa, liderou as principais áreas de negócio e as principais operações estratégicas da empresa e é um gestor que ao longo dos últimos 2 anos angariou um enorme respeito por parte dos investidores“, afirmou Miguel Azevedo, head of investment banking do Citi. “Os investidores veem-no como o líder ideal para levar a empresa para esta nova fase iniciada no pós OPA”, acrescenta, em declarações ao ECO.

Mesmo num potencial cenário em que Stilwell se torne o CEO permanente, acreditamos que a EDP continuará a executar a sua estratégia de rotação e venda de ativos, de desalavancagem e de foco no crescimento nas renováveis”, revela o JP Morgan, numa nota de research assinada por Javier Garrido e divulgada aos clientes esta terça-feira.

“Assim, não vemos qualquer razão para incorporar novos drivers significativos nas nossas estimativas”, aponta. O JP Morgan foi um dos bancos de investimento que reviu em alta o preço-alvo das ações da EDP.

Potencial médio de valorização é de 6,3%

Vê agora os títulos a subirem até 4,50 euros (face à anterior projeção de 4,00 euros), o que confere à empresa um potencial de valorização de 3,6% face ao preço de fecho da última sessão. A revisão em alta deve-se a uma “simples atualização dos números para incorporar as mais recentes tendências operacionais e o anúncio da venda de ativos em Espanha”.

"Mesmo num potencial cenário em que Stilwell se torne o CEO permanente, acreditamos que a EDP continuará a executar a sua estratégia de rotação e venda de ativos, de desalavancagem e de foco no crescimento nas renováveis.”

Javier Garrido

JP Morgan

Ainda maior é o potencial que o Berenberg Bank vê nas ações. Também este banco de investimento subiu, esta terça-feira, o preço-alvo das ações da EDP, para 5,00 euros (contra o anterior 3,60 euros). A média das recomendações dos analistas que seguem a cotada aponta para “comprar” e coloca o preço-alvo em 4,62 euros por ação (ou seja, com um potencial de valorização de 6,3%). Há um mês, esta média situava-se em 4,44 euros, segundo dados agregados pela Reuters.

Tanto o JP Morgan como o Berenberg concordam que é na subsidiária EDP Renováveis que está o valor. O banco alemão, que também vê um impacto limitado na suspensão dos CEO da casa-mãe e da eólica, sustenta a revisão em alta na expectativa de que a EDP Renováveis registe ganhos de capital de 280 milhões de euros este ano e uma média de 350 milhões de euros anualmente entre 2021 e 2025.

Desempenho das ações da EDP no PSI-20

Novas fases do processo podem pressionar

Mais conservadora é a posição do CaixaBank / BPI. Os analistas do banco espanhol também não se surpreenderam com a suspensão dos CEO, lembrando que as medidas de coação tinham sido pedidas no início de junho. Sublinham ainda que todo o processo — que é direcionado aos gestores e não ao grupo — deverá ter um “impacto relativamente limitado” para a operação do grupo e esperam que a chegada de Stilwell de Andrade à liderança da EDP e de Rui Teixeira à liderança da EDP Renováveis seja “bem recebida pelo mercado”.

Esta avaliação é subscrita por Miguel Azevedo. “A EDP é de facto a única empresa portuguesa totalmente detida por investidores institucionais estrangeiros que sempre consideraram Miguel Stilwell como um garante do melhor governação da companhia e já manifestaram o seu apoio ao gestor“, afirma ao ECO.

Essa avaliação está a concretizar-se já na primeira sessão após a decisão judicial. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) levantou no início da sessão desta terça-feira a suspensão das ações e a EDP sobe 3% para 4,476 euros por ação. Já a EDP Renováveis ganha 2,9% para 12,90 euros por ação.

"O processo judicial está ainda em fase de instrução e, por isso, muito longe de uma decisão final. Antecipamos que se haja um sentimento negativo a rodear a história.”

Equipa de research

CaixaBank / BPI

O CaixaBank / BPI alerta, no entanto, que o processo está longe de ser concluído pelo que antecipa que as ações continuem sob pressão a médio / longo prazo. “O processo judicial está ainda em fase de instrução e, por isso, muito longe de uma decisão final. Em qualquer caso, apesar de acreditarmos que a suspensão de Mexia e de Manso Neto não venha a ter um impacto material no valor da empresa, antecipamos que se haja um sentimento negativo a rodear a história”, diz, apontando para as “distrações” geradas, bem como para o “custo reputacional” para a EDP.

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