Champions arranca hoje em Lisboa. Impacto económico para Portugal supera os 50 milhões de euros

  • ECO
  • 12 Agosto 2020

Começa esta quarta-feira a fase final da Liga dos Campeões em Lisboa, um evento que deverá ter um impacto superior a 50 milhões na economia portuguesa. O que traz para Portugal?

Depois de a Turquia afirmar não ter condições devido à pandemia, Lisboa foi a escolhida para receber a fase final da Liga dos Campeões, levando a melhor sobre cidades como Frankfurt e Moscovo. A notícia foi bastante bem recebida pelo Governo português, mas os jogos não serão como nos demais anos. Haverá mais cuidados devido ao coronavírus e, claro, menos adeptos. Ainda assim, os impactos positivos para Portugal são muitos e só em termos económicos devem superar os 50 milhões de euros.

Era em Istambul, na Turquia, que deveria decorrer esta fase final da Liga dos Campeões da UEFA, mas o Governo turco anunciou não ter condições para receber este evento devido ao novo coronavírus. Perante este cenário, a União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) decidiu concluir a Champions a apenas uma mão e escolheu a capital portuguesa como palco, em detrimento de cidades como Frankfurt e Moscovo. Porém, o espetáculo será bem diferente de outros anos.

Desde o início que a ideia da UEFA era realizar os jogos à porta fechada, mas a decisão esteve por uns tempos em mãos portuguesas. Primeiro, o Presidente da República veio afirmar que quem o decidiria seriam os portugueses: “Se for uma situação que aconselha a que não haja público, não há público. Quer dizer, quem manda é o país onde se realiza”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. Depois, foi a vez de o primeiro-ministro dar também uma opinião, que acabou por levantar algumas esperanças: “Há uma coisa que estou convencido: cada um destes jogos vai ter menos público do que na sala do Villaret”, disse António Costa. Contudo, a decisão final acabou por ser mesmo da UEFA, que decidiu que todos os sete jogos decorrerão à porta fechada para mitigar o risco de contágio em plena crise sanitária.

Esta, que será uma final atípica, já deixou em alerta a Polícia de Segurança Pública (PSP), que se diz “preparada” para receber este evento. Apesar de os adeptos não poderem entrar nos estádios, as forças policiais estarão atentas aos espaços exteriores e interiores dos hotéis, locais de treino e estádios — Estádio da Luz e Estádio de Alvalade –, bem como o aeroporto. Tudo locais que poderão vir a ser procurados pelos mais curiosos.

O pontapé de partida, literalmente, vai ser dado esta quarta-feira em Lisboa, às 20h, no Estádio da Luz. A partilhar o campo vão estar os italianos do Atalanta e os franceses do Paris Saint-Germain, naquele que será o primeiro dos sete jogos finais para se apurar o campeão europeu. São muitos os aspetos positivos que este evento vai trazer o país, desde notoriedade e turistas, mas sobretudo económicos.

Impacto económico de 50,4 milhões de euros

De acordo com um estudo do Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM), a Champions vai ter um impacto de 50,4 milhões na economia nacional. Quase metade desse impacto (49%) beneficiará as refeições dentro e fora de casa, e 13% beneficiará o alojamento (com estadias mais longas). As viagens serão beneficiadas por 9% do impacto total e as atividades turísticas por 5%. As restantes percentagens serão divididas entre atividades publicitárias, eventos, compras e outras atividades comerciais.

16.000 adeptos sem bilhete e 3.300 visitantes

Os adeptos não poderão entrar nos estádios, mas o IPAM (assim como a PSP) acredita que o entusiasmo vai atrair muitas pessoas para junto destas instalações, bem como dos hotéis, aeroporto e locais de treino. Assim, o estudo antecipa a vinda de “16.000 adeptos dos clubes finalistas sem bilhete” e 3.300 visitantes “entre comitivas das equipas, jornalistas, organização ou staff”. “Mesmo sem público, esperam-se 600 elementos das comitivas das equipas, 400 jornalistas, 1.000 pessoas de staff de apoio à competição, 1.000 convidados da UEFA, 200 elementos de produção de TV e 42 elementos das equipas de arbitragem”, diz o IPAM.

Maior impacto é o “mediático”

Apesar dos impactos económicos já enumerados, o coordenador do estudo do IPAM acredita que o maior impacto é mesmo o “mediático”. “Os 50 milhões são muito importantes, mas não vão salvar a nossa economia. O maior impacto, na nossa opinião, é o mediático”, disse Daniel Sá, citado pela Lusa. O professor universitário recorda que, na final do ano passado, foram 400 milhões os telespetadores que assistiram às últimas partidas do campeonato em todo o mundo e mais de mil milhões as interações relacionadas nas redes sociais.

Marcelo Rebelo de Sousa também partilha da opinião de que a Champions vai trazer para Portugal muito mediatismo. Em junho, o Presidente da República afirmou que a escolha de Lisboa para ser palco deste evento é um caso “único e irrepetível”, principalmente pelo momento que o mundo está a viver, referindo-se à pandemia. O chefe de Estado notou que “ser a marca Portugal aquela que vence e que se vai afirmar” “não tem preço, é irrepetível, é uma vez na vida”.

Em junho, o ECO contactou vários especialistas e entidades que também salientaram a importância deste evento. Afirmam que “não vai salvar a economia” nacional, mas vai funcionar como uma “campanha publicitária estrondosa”. Entre as entidades contactadas está a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que salientou que a Champions em Lisboa é “muito importante para a promoção e posicionamento de Portugal como destino turístico e como país seguro, apto a acolher grandes eventos”.

Um “prémio merecido aos profissionais de saúde”

De resto, a vinda da Champions para Portugal já esteve envolvida em polémica. Em causa, declarações do primeiro-ministro, António Costa, que, no dia em que foi conhecida a escolha de Lisboa, disse ser um “prémio merecido aos profissionais de saúde”.

Depois de enaltecer que a decisão era exemplo da forma como “Portugal conseguiu controlar esta pandemia”, Costa disse: “É também um prémio merecido aos profissionais de saúde e à forma como provaram que o nosso Serviço Nacional de Saúde é robusto para responder a qualquer eventualidade.”

A declaração foi alvo de várias críticas nas redes sociais, algumas delas descontextualizado as palavras de António Costa, levando o chefe do Governo a ter de se explicar mais tarde: “É preciso muita má-fé para transformar um agradecimento aos profissionais de saúde num insulto”, disse, dias depois, à entrada de um concerto em Lisboa.

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