ASF: seguradoras lucram 199 milhões no 1º semestre

  • ECO Seguros
  • 30 Agosto 2020

Foram 36 em 40 as seguradoras que deram lucro no 1º semestre da Covid-19, revela o Relatório de Evolução da Atividade Seguradora do primeiro semestre de 2020, divulgado pelo supervisor.

Os lucros das seguradoras atingiram os 199 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, revelou a ASF, entidade de supervisão de seguros e fundos de pensões, no seu Relatório de Evolução da Atividade Seguradora que é uma observação sobre as métricas essenciais que referenciam o negócio dos seguros.

Num primeiro semestre que teve um breve início positivo, apesar de um coronavírus dia a dia mais próximo de Portugal, logo em março a crise Covid-19 instalou-se trazendo turbulência a todas as atividades e exigindo resposta de linha da frente dos envolvidos nos seguros.

Numa primeira abordagem a ASF verifica que as empresas sob sua supervisão prudencial, que são as empresas nacionais (não as sucursais de companhias europeias, cuja supervisão compete aos Reguladores dos seus países de sede) os ramos Não Vida apresentaram um crescimento de 5,5%, enquanto o ramo Vida teve um decréscimo de 51,2%. As sucursais da UE registaram, no mesmo período, um decréscimo de 30,6% no ramo Vida tendo a produção dos ramos Não Vida apresentado um ligeiro crescimento de 0,9%.

Em geral, o primeiro semestre de 2020, a ASF observou relativamente à produção de seguro direto da atividade em Portugal, uma diminuição de 27,5% face ao semestre homólogo de 2019, para a qual foi determinante o decréscimo de 50% verificado no ramo Vida. Os ramos Não Vida registaram um acréscimo de 4,8%.

Os custos com sinistros verificaram um ligeiro aumento de 1,4%. No ramo Vida os custos com sinistros aumentaram 2,1%, mantendo-se praticamente inalterados nos ramos Não Vida.

O valor das carteiras de investimento das empresas de seguros totalizou 51 mil milhões de euros, um decréscimo de 3,7% face ao final do ano. Na mesma data o volume de provisões técnicas foi de 45,3 mil milhões de euros.

Os rácios de cobertura do Requisito de Capital de Solvência (SCR) e do Requisito de Capital Mínimo (MCR), em junho de 2020, situaram-se em 165% e 462%, refletindo variações de -13 e -33 pontos percentuais face ao final de 2019, respetivamente.

As observações mais relevantes da ASF, aqui reproduzidas à letra, são as seguintes:

Produção e custos com sinistros: efeitos da pandemia pouco visíveis

A produção global do mercado de seguro direto relativa à atividade em Portugal registou uma diminuição de 27,5% face ao período homólogo de 2019, situando-se acima dos 4,6 mil milhões de euros. Para este decréscimo foi significativo a descida de 50% verificada no ramo Vida. Os ramos Não Vida registaram um aumento de 4,8%.

A estrutura da carteira das seguradoras alterou-se relativamente à composição observada em junho de 2019, com os ramos Não Vida a aumentarem 18,3 pontos percentuais. Ramo Vida tem agora 40,6% Ramos Não Vida 59,4%

Os custos com sinistros de seguro direto apresentaram um acréscimo muito ligeiro de 1,4% face ao semestre homólogo do ano anterior. No ramo Vida, os custos com sinistros aumentaram 2,1%, mantendo-se praticamente inalterados nos ramos Não Vida. Em termos de peso, os custos com sinistros das empresas nacionais representaram 92,8% do total do mercado e as sucursais os restantes 7,2 %.

Ramo Vida: Quebra de 75% nos PPR

A produção de seguro direto do ramo Vida diminuiu 50%, tendo sido relevante, para este decréscimo, a diminuição verificada nos seguros de vida não ligados, em particular nos PPR (-80,1%), tendo estes diminuído o seu peso na carteira de 42,2% para 16,8%.

No total do mercado, os Planos Poupança Reforma (PPR) registaram um decréscimo de 75,1% face ao período homólogo de 2019, diminuindo o seu peso na estrutura do ramo Vida, representando apenas 24,4% da produção total, quando em junho de 2019 representavam 49,1% da carteira.

Os custos com sinistros de seguro direto do ramo Vida aumentaram 2,1% face a junho de 2019. Esta evolução é explicada pela saída de contratos por vencimento. Os resgates apresentaram uma diminuição de 8,2% face a junho de 2019, tendo representado 46,6% dos custos com sinistros do período em análise.

Por modalidade, verifica-se que apenas os seguros de vida ligados bem como os PPR não ligados (a fundos de investimentos), apresentaram taxas de crescimento dos resgates positivas.

A taxa de resgate das empresas nacionais, medida em função do valor das provisões e passivos financeiros dos produtos resgatáveis, foi de 3,3%, valor semelhante ao verificado em junho de 2019.

Ramos Não Vida: Saúde/doença cresce 9,5%

A produção dos ramos Não Vida do total do mercado ultrapassou 2 786 milhões de euros, cerca de mais 127 milhões que em igual período do ano anterior. De destacar o crescimento de 9,5% no ramo Doença, cujo peso relativo na produção passou a ser de 18,8% no final do período.

Os ramos Incêndio e Outros Danos e Automóvel, assim como a modalidade Acidentes de Trabalho, apresentaram igualmente acréscimos, de 6,2%, 3,9% e 5,5%, respetivamente.

Os custos com sinistros de seguro direto do total do mercado apresentaram um valor praticamente semelhante ao de junho de 2019.

O ramo Automóvel e a modalidade Acidentes de Trabalho apresentaram decréscimos de 9,9% e 6,5% respetivamente, ao contrário do ramo Incêndio e Outros Danos, cujos custos com sinistros aumentaram 36,8% no período em análise.

A estrutura dos custos com sinistros de seguro direto dos ramos Não Vida tem sido idêntica ao longo dos períodos homólogos. Saliente-se, contudo, que no período em análise o ramo Incêndio e Outros Danos viu o seu peso aumentar 4,2 pontos percentuais. Por seu lado, o ramo Automóvel registou um decréscimo de 4 pontos percentuais.

A produção de seguro direto de Acidentes de Trabalho apresentou, em junho de 2020, um crescimento de 5,5%, inferior ao verificado no período homólogo do ano anterior (11,4%). O rácio “Custos com Sinistros / Prémios Brutos Emitidos” diminuiu 9 pontos percentuais, situando-se em 69,6%.

A produção de seguro direto do ramo Doença (saúde) apresentou um aumento de 9,5% face a junho de 2019. O rácio “Custos com Sinistros / Prémios Brutos Emitidos” diminuiu cinco pontos percentuais, situando-se em 60,7%.

No primeiro semestre de 2020, a produção de seguro direto do ramo Incêndio e Outros Danos cresceu 6,2%, face ao semestre homólogo do ano anterior. Em termos relativos, verifica-se que a maioria das modalidades apresentou um acréscimo nos prémios brutos emitidos, em particular as modalidades de Riscos Múltiplos Habitação, Industrial e Comerciantes (8,3%), que no conjunto detêm um peso no cômputo do ramo de 87,4%.

Nos primeiros seis meses de 2020, o ramo Automóvel registou uma variação positiva de 3,9% nos prémios brutos emitidos de seguro direto, face ao período homólogo de 2019. O rácio “Custos com Sinistros / Prémios Brutos Emitidos” do mesmo período diminuiu, situando-se em 62%.

Decrescem as provisões técnicas e o valor dos ativos das seguradoras

Observou-se um decréscimo de 2,5% do valor total das provisões técnicas face ao final de 2019. As afetas a seguros PPR ascendiam a cerca de 18 mil milhões de euros, valor que representa uma redução de 3,3% face ao final de 2019.

O valor total dos ativos decresceu 3,7%, face a dezembro de 2019.

No primeiro semestre de 2020, os valores de mercado dos instrumentos de dívida continuam a ser predominantes, representando 72% do total dos ativos. Estes instrumentos representavam 81% das carteiras de investimento dos ramos Vida Não Ligados e Não Vida e 54% das carteiras de investimento do ramo Vida Ligados.

Verificou-se um acréscimo do peso relativo de Obrigações de dívida privada, por contrapartida das aplicações em Numerário e depósitos, Ações e Fundos de investimento.

Bons resultados líquidos mas rácios de solvência decrescem

No final do primeiro semestre de 2020, os resultados líquidos das empresas de seguros sob supervisão prudencial da ASF foram de cerca de 199 milhões de euros (das 40 empresas de seguros, 36 apresentam valores positivos).

O rácio de cobertura do Requisito de Capital de Solvência (SCR), Medida do montante de fundos próprios necessários para a absorção das perdas resultantes de um evento de elevada adversidade, do conjunto das empresas sob supervisão prudencial da ASF, em junho de 2020, foi de 165%, o que representa uma diminuição de 13 pontos percentuais face ao final de 2019.

No período em referência, a cobertura do Requisito de Capital Mínimo (MCR), Nível mínimo de fundos próprios abaixo do qual se considera que os tomadores de seguros, segurados e beneficiários ficam expostos a um grau de risco inaceitável, do mesmo conjunto de empresas registou uma quebra de 33 pontos percentuais, situando-se em 462%.

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