Riscos solvabilidade e rendibilidade nas seguradoras agravam-se para nível médio-alto

  • ECO Seguros
  • 1 Novembro 2020

Apesar da quebra homóloga dos resultados líquidos das empresas de seguros nacionais no 1º semestre, os riscos específicos em Vida e Não Vida mantiveram-se inalterados. Macroeconomia é a preocupação.

Os riscos macroeconómicos da análise ao setor mantêm-se no “vermelho”, equivalendo ao nível máximo da escala e a refletir o quadro na eurozona e o andamento da economia nacional. Na categoria rendibilidade e solvabilidade, os riscos para a indústria seguradora foram revistos, de médio baixo para médio-alto, com tendência ascendente, “refletindo a quebra acentuada do rendimento integral durante o primeiro semestre do ano, em resultado das perdas de valor dos ativos financeiros”, revela o Painel de Riscos do 2º trimestre, publicado pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

PAINEL DE RISCOS DO SETOR SEGURADOR

Fonte: ASF

 

Em matéria de rendibilidade, detalha o documento, “verificou-se uma deterioração homóloga dos resultados líquidos das empresas de seguros nacionais no final do primeiro semestre de 2020, bem como o agravamento do rendimento integral que, apesar de positivo, posicionou-se materialmente abaixo dos resultados líquidos. Não obstante a melhoria do rácio global de solvência em 11,2 pontos percentuais, para 168%, durante o segundo trimestre, as evoluções citadas “justificam o incremento da classificação do risco de rendibilidade e solvabilidade do painel para médio-alto”.

No que respeita à evolução do negócio Vida, “registou-se uma compressão adicional de 37,3% do valor anualizado dos prémios brutos emitidos face ao mesmo período em 2019”. Em paralelo, observou-se uma “redução homóloga de 8,8% do montante de resgates”, uma evolução que contrariou o aumento registado no trimestre anterior e que se deveu a um “episódio de aumento visível em março, principalmente na categoria de seguros Ligados Não PPR”.

Quanto aos riscos específicos de seguros de Não Vida, observou-se uma “desaceleração do crescimento da produção” no segundo trimestre. No mesmo período, os custos com sinistros globais “sofreram um ligeiro acréscimo”, convergindo para a manutenção da taxa de sinistralidade do global do mercado. No entanto, “a análise por linha de negócio revela melhorias da sinistralidade nos segmentos Automóvel e Acidentes de Trabalho, e uma evolução oposta em Incêndios e Outros Danos, e que refletem os efeitos temporários do período de confinamento”, lê-se no relatório do Painel de Riscos do 2º trimestre.

O Painel de Riscos do Setor Segurador considera os dados reportados pelas empresas de seguros com referência a 30 de junho de 2020, conjugados com a informação das variáveis financeiras relativas a 15 de outubro de 2020. Estes efeitos, explica o organismo de supervisão, “justificam nomeadamente a conservação da categoria de riscos macroeconómicos no nível mais alto da escala, refletindo, em particular, as projeções negativas de evolução do PIB Português e da Área do Euro”. As políticas monetárias de caráter profundamente acomodatício têm-se mostrado fundamentais para a estabilização dos mercados financeiros desde as fortes quebras de março, patente na colocação da tendência dos riscos de crédito e mercado no nível constante, lê-se no documento trimestral.

No que respeita à posição do negócio segurador no final de junho de 2020, “a classificação e tendência dos riscos específicos de seguros Vida e Não Vida mantiveram-se inalteradas”. Por sua vez, os riscos de rendibilidade e solvabilidade “foram revistos para médio-alto, refletindo a quebra acentuada do rendimento integral durante o primeiro semestre do ano, em resultado das perdas de valor dos ativos financeiros”. A redução do rácio de entradas sobre saídas no ramo Vida, provocada pelo “decréscimo acentuado do volume de prémios”, motivou a colocação da tendência dos riscos de liquidez para inclinado ascendente, “ainda que mantendo-se no nível de risco baixo”, refere a ASF.

Finalmente, para os riscos de interligações, a tendência foi colocada em inclinada descendente pela ligeira redução observada na exposição das empresas de seguros ao setor bancário, “embora permaneça significativa”, considera ainda o relatório.

O Painel de Riscos é uma das ferramentas utilizadas pela ASF para a identificação e a aferição de riscos e vulnerabilidade do setor na perspetiva da preservação da estabilidade financeira, tendo por base um conjunto de indicadores e considerando 6 categorias de risco: macroeconómico; crédito, mercado, liquidez, rendibilidade e solvabilidade, interligações, específicos de seguros Vida e específicos de seguros Não Vida.

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