Nos e Altice desmentem Anacom e negam ter subido preços. Vodafone fala em “ajuste”
A Nos e a Altice Portugal negam que tenham subido os preços das telecomunicações, no dia em que a Anacom revelou um aumento de 3,3% no pacote base de 3P.
A Nos NOS 0,00% e a Altice Portugal negam que tenham subido os preços das telecomunicações e reduzido a qualidade dos serviços, depois do regulador Anacom ter divulgado que as três principais operadoras portuguesas aumentaram as mensalidades nas ofertas triplas (3P) e diminuíram qualidade para “novos subscritores” e “anteriores subscritores no momento em que pretenderem renovar o seu contrato” por, por exemplo, estarem prestes a chegar ao fim da fidelização.
Já a Vodafone Portugal reconhece que foi feito “um ajuste” ao preço de “um pacote específico da oferta triple play” e que “representa pouco mais de 10% das subscrições”.
“Não é verdade que a Nos tenha subido os preços aos seus clientes, nem tão pouco reduzido a qualidade dos seus serviços”, garante a operadora de telecomunicações, criticando o comunicado da Anacom, “que indicia que tal aconteceu”, mas que “não passa de mais uma iniciativa para tentar enganar os portugueses”.
A Nos garante que “nenhum cliente” seu “viu ou verá os seus preços aumentados, em qualquer momento, como consequência do lançamento de novas ofertas” e aponta que “a afirmação do regulador é pura e simplesmente falsa” e acusa a Anacom de ter como “único objetivo” o de “denegrir o setor, recorrendo a uma narrativa conscientemente falsa”.
Em comunicado, o regulador tinha divulgado que, entre outubro e novembro, “os três principais prestadores de comunicações eletrónicas em Portugal (MEO, NOS e Vodafone) aumentaram as mensalidades das suas ofertas base triple play [3P] em 3,3% (mais um euro)”.
A Anacom apontou que, “na sequência deste aumento de preços, que surge ao mesmo tempo e na mesma proporção, e que é muito superior à taxa de inflação, a mensalidade mais baixa das suas ofertas triple play sobe para cerca de 31 euros”, salientando que desde 2018 que “não existem diferenças nas mensalidades deste tipo de ofertas, que incluem Internet fixa, telefone fixo e televisão por subscrição”.
E, “em simultâneo com o aumento de preços, registou-se também uma redução da qualidade deste tipo de ofertas nos três operadores, visto que a velocidade de ‘download’ anunciada baixou de 100 Mbps para 30 Mbps”, refere a Anacom.
“Lamentavelmente, o regulador não se congratulou nem tão pouco divulgou a redução de mais de 10% do preço na oferta de Internet fixa da Nos, oferta a que dá tanta relevância. Tal revela de forma inequívoca o seu enviesamento e processo de intenções”, salienta a empresa.
A operadora de telecomunicações do grupo Sonae considera que “o presidente da Anacom é incapaz de conviver com a verdade e demonstra um absoluto desprezo pelos factos” e que “tal comportamento é indigno do cargo que ocupa e manifesta um profundo desrespeito pela instituição e pelo Estado em geral”.
Referindo não serem “claros os interesses que patrocina”, a Nos prossegue apontando que “não serão certamente os das empresas ou dos consumidores portugueses”.
Para a empresa, “tudo o que o regulador pretende com este tipo de desinformação é criar uma nuvem de fumo para distrair os portugueses das consequências dramáticas que o regulamento do leilão 5G trará para o país”.
Em suma, “sejamos claros: não houve aumento de preços nem redução da qualidade, o que há é um regulamento 5G absolutamente inaceitável e um regulador que, sem argumentos, fabrica uma narrativa integralmente falsa para justificar o absolutamente injustificável”, salienta a Nos.
“Que tal abuso de poder, sem qualquer escrutínio e sem consequências, possa acontecer num estado de direito, deveria ser motivo de reflexão para todos”, remata a operadora.
Também a Altice Portugal nega que tenha havido um aumento de preços. “A afirmação da Anacom sobre o aumento de preços do pacote de telecomunicações nada mais é que uma pura e redonda falsidade”, aponta a empresa num comunicado, garantindo ainda que “de forma alguma se pode aferir que se tenha registado qualquer diminuição da qualidade do serviço na oferta que a empresa tem no mercado”.
A empresa explica também que “as condições referidas pela Anacom não se aplicam a clientes atuais”. A Anacom referia na nota que as condições eram apenas para “novos subscritores” e subscritores que estão a renovar agora os contratos.
“Lamentamos que, uma vez mais, baseado numa falta de evidências, venha o regulador do setor tentar manipular o país com declarações infundadas que apenas pretendem denegrir a imagem desta empresa que investe centenas de milhões de euros por ano no nosso país”, aponta a Altice Portugal, que critica a Anacom por não realizar “qualquer estudo de mercado ou de preços, antes recorrendo a dados completamente estranhos ao setor”.
Vodafone reconhece “ajuste”, mas lamenta atitude do regulador
Numa reação já esta terça-feira, fonte oficial da Vodafone Portugal reconheceu que “foi realizado um ajuste” num “pacote específico”, “em resposta ao movimento no mercado no início de outubro”. Quanto à alegação de que cortou na qualidade do serviço, a Vodafone explica que as velocidades de 100 Mbps oferecidas no pacote em causa “resultavam de uma promoção que terminou no final de outubro”.
“As alterações das ofertas são frequentes em mercados altamente concorrenciais, como é o mercado nacional das comunicações eletrónicas. Tal, contudo, não significa que estas alterações se traduzam automaticamente em aumentos de preço. Ainda no ano passado, um dos pacotes triple play mais relevantes da Vodafone (com box) sofreu uma redução de preço de 35,40 euros para 34,90 euros”, salienta a mesma fonte.
A Vodafone vai mais adiante, lamentando a atitude da Anacom: “É, assim, de lamentar que o regulador tenha optado, mais uma vez, por comparar o incomparável, concentrando-se num único pacote com condições promocionais. O seu único objetivo parece continuar a ser o de enviesar a perceção dos portugueses relativamente aos preços das comunicações em Portugal e alimentar a sua propaganda contra os operadores nacionais”, refere a empresa.
(Notícia atualizada a 17 de novembro, às 14h09, com reação da Vodafone)
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