Seis em cada dez portugueses estão a poupar mais por causa da pandemia

Pandemia afetou 34% dos rendimentos dos portugueses, que estão agora mais cautelosos. 67% tentam poupar mais do que anteriormente e estão preocupados com a estabilidade financeira.

A pandemia de Covid-19 teve um impacto sem precedentes nos consumidores e Portugal não é exceção. Mais de 30% dos portugueses viram os seus rendimentos serem afetados pela crise provocada pelo novo coronavírus, de acordo com os resultados de um inquérito divulgado esta sexta-feira pela consultora EY. Além disso, os portugueses estão mais cautelosos onde gastam o dinheiro, com 67% a tentarem poupar mais do que anteriormente.

O inquérito, realizado entre 28 de setembro e 31 e outubro deste ano, inclui 21 países a nível mundial, e tem como objetivo retratar o impacto da pandemia na vida dos consumidores. Em resultado desta crise sanitária, 91% dos portugueses dizem ter mudado a forma como compram, 82% a forma como trabalham e 54% os produtos que compram.

Intitulado “EY Future Consumer Index”, este inquérito revela que há, de facto, uma mudança no comportamento dos consumidores, não só à escala global, mas também a nível nacional. “Estamos, claramente, a assistir a uma economia que resulta de novos hábitos de consumo e que privilegia a diminuição do contacto social próximo, afasta-nos e aumenta as restrições de saúde sanitária. Tal terá impacto nas formas como vivemos, como trabalhamos, como compramos, como nos divertimos, movimentamos e usamos a tecnologia. Terá e já tem. Os resultados estão à vista”, sinaliza Sérgio Ferreira, diretor executivo do departamento de experiência digital e do cliente da EY Portugal, citado em comunicado.

Além disso, os portugueses viram os seus rendimentos serem afetados pela pandemia: 34% admitiram que têm agora rendimentos mais baixos. Por isso, estão também a ser mais cautelosos na forma como gastam o dinheiro. Oito em cada dez (80%) admitem pensar com mais cuidado onde gastam dinheiro, sendo que 67% estão a poupar mais e 66% a cortar em gastos desnecessários. E isto reflete-se já nas épocas festivas que estão à porta, com 71% a dizerem que vão gastar menos na festas de Natal e Passagem de Ano.

Maioria dos portugueses tem receio de andar de transportes

As restrições impostas pelo Governo para travar a propagação do SARS-CoV-2 — que agora são calibradas em função dos concelhos de risco vieram também, naturalmente, limitar os hábitos de consumo. Nesse sentido, a generalidade dos portugueses passou a gastar menos em atividades de lazer fora de casa, férias, produtos de luxo e outros prazeres. Em contrapartida, os serviços de entrega de supermercado ao domicílio ganharam força. Verificou-se ainda uma alteração nos hábitos alimentares dos portugueses, que passaram a comprar mais alimentos frescos, enlatados e secos, e congelados.

Grande parte dos inquiridos revela desconforto em viajar em transportes públicos e de avião, fazer um cruzeiro, ir ao ginásio e a eventos/espetáculos.D.R.

Quanto ao conforto que os consumidores sentem nas atividades do dia-a-dia há também algumas alterações. A maioria dos lusitanos (mais de 80%) sentem-se desconfortável em andar nos transportes públicos, isto apesar de um estudo apresentado por Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, numa das reuniões do Infarmed ter garantido que não há evidências de que estes locais são fatores de risco acrescido de infeção pelo novo coronavírus. Fazer um cruzeiro, viajar de avião, ir ao ginásios ou a eventos/ espetáculos são outras atividades que causam desconforto aos consumidores.

Em contraponto, este estudo conclui que, apesar das limitações impostas pela Covid-19, a maioria dos consumidores portugueses ainda se sente confortável a fazer compras em supermercados, a passear em público, ir para o seu local de trabalho e comer em restaurantes.

Estabilidade financeira é a maior preocupação

Quanto ao regresso à normalidade, as perspetivas são diferentes. Mais de seis em cada dez portugueses (64%), contam que o trabalho volte ao normal dentro de dias ou semanas, 26% dentro meses e apenas 10% em anos ou mesmo nunca. Quanto à vida social, 41% espera que volte ao normal dentro de dias ou semanas, 45% em meses e 12% em anos ou nunca.

Portugueses estão pessimistas quanto à rapidez da estabilidade financeira e à possibilidade de viajar no regresso à normalidade.D.R.

Mas é sobre a estabilidade financeira que os portugueses estão mais pessimistas, apenas 25% acreditam que vai voltar ao normal entre dias/ semanas, 45% em meses e 35% em anos ou nunca.

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