PCP e PAN querem explicações sobre lítio em Matosinhos
A autarquia de Matosinhos rejeita à partida a instalação de uma refinaria de lítio nas instalações da Galp em Leça da Palmeira, que serão desativadas em 2021.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, classificou como “um crime económico” a intenção de encerrar a refinaria da Galp de Matosinhos, e criticou o Governo por dar “cobertura a falsos argumentos e mentiras que têm sido projetadas, procurando ligar esta decisão aos impactos da pandemia de Covid-19 ou a supostas preocupações ambientais”, da empresa.
Na sua opinião, encerrar a refinaria de Matosinhos “não tem qualquer impacto no ambiente global”, se apenas se tratar de uma deslocalização da produção, podendo até prejudicar o meio ambiente por aumentar a necessidade de transporte pesado para levar combustíveis para o norte do país.
“O encerramento é realizado por opção económica da Galp e dos seus acionistas, a etiqueta ‘ambiente’ serve para que a operação seja financiada com fundos públicos”, apontou, alertando que será o Estado a suportar os custos das indemnizações aos trabalhadores.
Além das críticas à administração da Galp, Jerónimo de Sousa salientou que “o Governo é o segundo maior acionista da Galp e tem os instrumentos necessários para travar” este encerramento, apelando à luta dos trabalhadores pela nacionalização da Galp. Vários representantes sindicais e dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos apelaram à mobilização dos trabalhadores num plenário marcado para esta quarta-feira. O PCP já tinha requerido, no parlamento, a audição urgente do ministro do Ambiente Matos Fernandes, iniciativa que o deputado Duarte Alves – também presente no encontro – espera ver concretizada na primeira quinzena de janeiro.
A Galp anunciou na semana passada que vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir do próximo ano. Em causa estão, segundo os sindicatos, 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos.
No mesmo dia, o partido PAN – Pessoas-Animais-Natureza exigiu ao Governo esclarecimentos sobre a eventual conversão da Galp de Matosinhos numa refinaria de lítio e perguntou se essa opção garante os postos de trabalho afetados pela descontinuação da refinação petrolífera. O PAN sublinha que a unidade da Galp “tem acumulado passivos ambientais gravíssimos ao nível da contaminação de solos”.
Autarca de Matosinhos não quer refinaria de lítio, mas admite hipótese desde que não seja poluente
A Câmara de Matosinhos, liderada pela socialista Luísa Salgueiro, escreveu uma carta ao gabinete de João Pedro Matos Fernandes, na qual exige saber que medidas excecionais serão ativadas pelo Governo para “prevenir o colapso” de empresas que dependem da refinaria da Galp localizada há 50 anos no concelho. A autarquia assinalou, por outro lado, que rejeita a instalação de uma refinaria de lítio nas instalações da Galp em Matosinhos. Já o ministro do Ambiente já considerou que a Galp “está obrigada a fazer mais do que a lei” no que diz respeito à situação dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos, cujas operações serão descontinuadas a partir do próximo ano.
“Estamos a reunir todas as condições técnicas para podermos tomar uma posição informada sobre as diferentes opções que se coloquem, quando e se se colocarem, mas não admitiremos soluções poluentes”, disse Luísa Salgueiro, Luísa Salgueiro, em declarações ao JN.
“Não permitiremos que seja instalada nos terrenos da Petrogal qualquer solução que possa ser poluente. Do que conhecemos do lítio, é que pode de facto ter um impacto poluente. E isso não vamos permitir. E, portanto, a Câmara de Matosinhos não emitirá as licenças necessárias para que uma solução dessa natureza possa avançar”, afirmou, ao JN, a presidente da Autarquia, Luísa Salgueiro. “Agiremos dessa forma determinada perante a Galp e o Governo, se necessário. Estamos preocupados naturalmente com a manutenção dos postos de trabalho, mas não a qualquer custo. Não aceitaremos que haja prejuízo para a qualidade de vida dos matosinhenses nem que se agravem os níveis de poluição no concelho”, acrescentou a autarca socialista.
Mais tarde, às televisões, a autarca garantiu no entanto que não tem “nenhuma posição de princípio contra a atividade A ou B. Temos o compromisso de lutar contra as alterações climáticas. Temos de ter garantias da defesa da qualidade ambiental. Se essas garantias forem prestadas não vejo razões para não estar de acordo com isso”, disse Luísa Salgueiro, não excluindo por isso o futuro da refinaria da Galp de Matosinhos como refinaria de lítio.
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