4900 anuidades de pensionistas da Maersk assumidas pela Seguradora L&G

  • ECO Seguros
  • 4 Janeiro 2021

O mercado britânico esteve particularmente dinâmico em operações de buy-in e buyout envolvendo anuidades de planos de pensões. Segundo a Willis 2020 será um ano significativo em valor transacionado.

A seguradora britânica Legal & General (L&G) acordou tomar os riscos associados a parte da carteira de um plano de pensões da Maersk, passando a assegurar as rendas vitalícias de 4.900 beneficiários de pensões da Maersk no Reino Unido, cujas responsabilidades de gestão foram, este ano, transferidas para terceiras partes, encontrando-se o plano de benefícios em processo de extinção no Reino Unido.

Através de uma transação buy-in, a seguradora britânica tomou os riscos a que o plano de pensões está exposto, ao mesmo tempo que irá assegurar o pagamento das prestações de reforma aos beneficiários.

As responsabilidades assumidas pela L&G, no acordo com a cedente – entidade gestora do plano de pensões (Maersk Retirement Benefit Scheme) – garantem o pagamento futuro das prestações devidas aos reformados (aproximadamente três mil) e aos 1900 ex-funcionários que, tendo saído da companhia de shipping (transporte marítimo) e logística, ainda não atingiram a idade da reforma.

Esta parte do universo de beneficiários e participantes do MRBS representa anuidades (rendas vitalícias) estimadas em 1,1 mil milhões de libras esterlinas (cerca de 1,2 mil milhões de euros).

Segundo afirma a L&G em comunicado, a entidade gestora do mecanismo de pensões da Maersk (“associada” na gíria da indústria seguradora e dos fundos de pensões) esforçou-se, nos últimos anos, em reduzir os níveis de exposição do fundo a fatores de risco. Em resultado desta evolução, o fundo tornou-se uma boa oportunidade para o buy-in.

Nas transações buy-in, envolvendo a transferência de risco de planos de pensões, os beneficiários de um plano de pensões mantêm o direito às prestações como se de uma apólice se tratasse, enquanto a cedente (Maersk) conserva os ativos mas, na ótica das responsabilidades, deixa de estar sob o efeito dos riscos decorrentes de alterações de taxas de juro, da inflação e de outros fatores como investimento, maturidade dos beneficiários.

A transferência de riscos para a seguradora confere maior segurança aos beneficiários do plano de pensões, uma vez que a incumbente assume gestão mais capaz de certos fatores, entre outros, como a volatilidade e variação taxas de juros.

Segundo salienta Laura Mason, CEO da L&G Retirement Institutional, citada num comunicado: “Sendo uma das maiores operações de transferência de risco de 2020, esta transação demonstra a resiliência do mercado e a capacidade de seguradoras – como nós – de concluir operações num contexto económico difícil.”

A entidade gestora do plano de pensões já havia informado os participantes do fundo que as contribuições passaram, desde 1 de setembro de 2020, a ser pagas à LifeSight. No mesmo aviso, indicava também que, após a transferência de todas as contas dos beneficiários e participantes para a LifeSight (até novembro de 2020), o Maersk Pension Scheme deixaria de existir.

Apesar da Covid-19 o mercado esteve dinâmico em 2020, diz WTW

O mercado britânico das anuidades concluiu em 2020 um ano significativo de transações, com um total estimado de 30 mil milhões de libras em compras de planos de pensões, sendo provável que os volumes se repitam em 2021, admite a Willis Towers Watson (WTW) em análise recente.

Apesar da perturbação no mercado, devido ao impacto da pandemia de Covid-19, a dinâmica de compras também animou os designados swaps de longevidade, com cerca de 24 mil milhões de libras esterlinas em operações concluídas.

O ano 2020 poderá concorrer com 2019 como o mais forte de sempre no mercado britânico de capitas em termos do “de-risking” (redução do risco) da longevidade, aproximando-se dos 56 mil milhões de libras esterlinas fixados como recorde em montante de passivos transferidos, refere a mesma fonte, admitindo que, em 2021, poderão ser alcançados outros 30 mil milhões em buy-in e buyout, acrescidos de mais 25 mil milhões de libras em contratos de troca (swaps) de risco de longevidade.

“Os nossos clientes reconhecem que as perspetivas da longevidade são hoje mais incertas” para a gestão de planos de pensões grandes ou de dimensão mais pequena. Isso significa que, “sempre que for possível fazê-lo a um preço acessível, será prudente transferir o risco para o mercado segurador”, afirmou Shelly Beard, diretora da equipa de operações na área de planos de pensões da WTW.

O risco de longevidade e as soluções do mercado financeiro para cobrir – ou ajudar a lidar com – este risco tornou-se, na última década, uma das questões chave para a indústria das pensões de reforma, em particular os planos de pensões profissionais ou ocupacionais, para os quais os mercados de capitais proporcionam atualmente veículos destinados a cobrir com maior eficácia o risco de longevidade e a transferência do risco.

Diversos instrumentos relacionados com a longevidade foram surgindo para gerir de forma mais eficiente o risco decorrente do aumento da esperança de vida, uma problemática associada à sustentabilidade dos sistemas de previdência, como acontece com a Segurança Social em Portugal. Esses instrumentos incluem obrigações de longevidade, swaps de longevidade e contratos forward.

 

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