Banco Mundial alerta para possibilidade de uma “década de desapontamentos”

  • Lusa
  • 5 Janeiro 2021

É necessário "um esforço abrangente de políticas" para "reavivar um crescimento robusto, sustentável e equitativo", alerta a instituição liderada por David Malpass.

O Banco Mundial (BM) alertou esta terça-feira para a possibilidade de os próximos dez anos serem uma “década de desapontamentos”, devido aos efeitos económicos associados à pandemia de Covid-19, segundo as Perspetivas Económicas Globais divulgadas.

“Se a História serve de guia, a menos que existam reformas substanciais e efetivas, a economia global está a dirigir-se para uma década de números de crescimento desapontantes“, pode ler-se no terceiro capítulo do documento hoje divulgado.

De acordo com a instituição liderada por David Malpass, “especialmente dadas as fracas posições orçamentais e dívida elevada, são particularmente importantes reformas institucionais para estimular o crescimento”, sendo necessário “um esforço abrangente de políticas” para “reavivar um crescimento robusto, sustentável e equitativo”.

O Banco Mundial assinala que, mesmo antes da pandemia, “as tendências nos fatores fundamentais do crescimento sugeriam que o produto potencial anual médio iria abrandar 0,4 pontos percentuais” a nível mundial.

Com a pandemia de Covid-19, “o abrandamento no crescimento potencial nos 2020’s poderá ser 0,3″ pontos percentuais mais acentuado para a economia mundial.

Comparativamente com o passado, as recessões “foram tipicamente seguidas por vários anos de números de crescimento desapontante e rebaixamentos de expectativas de crescimento a longo prazo”.

“Depois da crise financeira mundial de 2008, as projeções a longo prazo (a dez anos) para a economia mundial foram repetidamente revistas em baixa, para 2,4% em 2019, 0,9 pontos percentuais abaixo das projeções de 2008”, exemplifica a instituição sediada em Washington.

Assim, o Banco Mundial considera que, “para evitar uma repetição do padrão histórico de demasiado otimismo inicial, seguido de desapontamentos subsequentes, é necessário um esforço de políticas abrangentes para promover uma recuperação que fortaleça as fundações para o crescimento“.

Como exemplos, o Banco Mundial aponta “reformas para melhorar os climas de governança e negócios”, o aumento de “competitividade e condições equitativas para as empresas”, o encorajamento de “investimento que fomente a produtividade do capital humano e físico”, o fomento de “flexibilidade económica” e ainda “diversificar as economias onde a atividade está concentrada em poucos setores”.

Nos efeitos da pandemia, a instituição liderada por David Malpass considera que “o maior desemprego deverá erodir o capital humano, enquanto disrupções na educação e formação podem obstruir a acumulação de capital humano”.

“As cadeias de oferta e contratos de trabalho em muitas indústrias poderão atravessar reconfigurações custosas, à medida que as empresas tentam acomodar o distanciamento físico dos empregados e clientes e diversificar as fontes de receita e o destino da produção”, sendo este último um processo que “pode já ter começado como resultado do aumento das tensões comerciais nos últimos anos”, assinala também o BM.

A instituição assinala ainda que “poderão existir mudanças duradouras no comportamento dos consumidores, incluindo na sua composição de gastos“, com as famílias a optarem por “um aumento das poupanças por precaução em vista de uma maior incerteza acerca dos custos dos cuidados de saúde, emprego e rendimentos”, com implicações também no investimento de negócios, aspetos que “podem sofrer com declínios sustentados na confiança”.

O Banco Mundial salienta ainda as “já grandes perdas de produção” especialmente nas economias emergentes e em desenvolvimento, o “aumento da desigualdade“, com 60% dos países a terem reportado quebras de rendimento entre abril e julho, e ainda um abrandamento mais acentuado do crescimento potencial.

Nas componentes da perda do crescimento potencial, o Banco Mundial salienta as quebras no investimento, na educação, na saúde e na participação feminina na força de trabalho.

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