“A reestruturação do Novo Banco acabou em 2020”

António Ramalho garante que a reestruturação do Novo Banco terminou em 2020 e não pedirá mais fundos públicos em 2022. E os 476 milhões do orçamento 2021? "Os números do OE não são meus", responde.

António Ramalho, CEO do Novo Banco, em entrevista ao ECO - 08JAN21
António Ramalho, CEO do Novo Banco, em entrevista ao ECO, em Lisboa.Hugo Amaral/ECO

A reestruturação do Novo Banco terminou em 2020, garante António Ramalho em entrevista ao ECO. O gestor recorda o acordo com Bruxelas, que impunha uma reestruturação até ao final do ano, e assume que não quer voltar a discutir novas injeções de capital em 2022. Mas Ramalho não revela o valor dos prejuízos de 2020 nem a ‘call’ que vai apresentar ao Fundo de Resolução ao abrigo da garantia de Estado. O Governo inscreveu 476 milhões de euros no Orçamento do Estado para 2021 para a transferência do Fundo de Resolução para o Novo Banco, valor que foi chumbado no Parlamento e para o qual ainda não há solução. “Os números dos orçamentos não são meus, nunca foram. Dos [orçamentos] anteriores e o deste ano“, esclareceu António Ramalho, nesta entrevista, em que também participaram Pedro Santos Guerreiro e Paulo Ferreira.

A nossa relação é exclusivamente com os acionistas, que são dois: o Fundo de Resolução e a Lone Star. Eles chegam às nossas contas, conhecem as nossas estimativas e sabem os nossos orçamentos. (…) Seguramente que eu nunca diria nada que pudesse influenciar a decisão orçamental. À banca o que é da banca, ao Estado o que é do Estado”, acrescentou o presidente executivo do Novo Banco, sem revelar quaisquer dados sobre os prejuízos de 2020 e a referida ‘call’ ao Fundo de Resolução. O Novo Banco pode ainda aceder a cerca de 900 milhões de euros da garantia pública, apesar de o Governo ter orçamentado 476 milhões de euros no orçamento.

Neste momento, o Governo encontra-se a desbloquear o travão que o Parlamento colocou a novas injeções do Fundo de Resolução no Novo Banco, ao abrigo do mecanismo de capital contingente criado em 2017, aquando da venda ao fundo americano Lone Star, pelo menos enquanto não houver resultados da auditoria do Tribunal de Contas.

O CEO do Novo Banco apenas garante que será o último pedido ao fundo gerido por Máximo dos Santos e que é financiado por contribuições dos bancos do sistema e ainda por empréstimos do Estado. “Esse é claramente o objetivo, no sentido de dizer: terminam aqui os efeitos que existiram neste tipo de ativos, neste problema de capital que nós tínhamos“, disse Ramalho.

O que eu garanti, desde a primeira hora, foram duas coisas: que a reestruturação seria realizada até 2020, e que a partir de 2021 o banco já não absorve capital, é ele criador de capital. O que significa que espero que essa discussão [de novo pedido ao Fundo de Resolução] não se coloque“, frisou o gestor na entrevista que teve lugar num balcão em Lisboa já com o novo modelo de agências que o banco está a lançar para o novo ciclo.

António Ramalho, CEO do Novo Banco, em entrevista ao ECO - 08JAN21

O Novo Banco fechou os primeiros nove meses do ano com prejuízos de 853 milhões de euros.

De acordo com António Ramalho, o banco encerrou 2020 com um rácio de crédito malparado (NPL, non performing loans) acima dos 5%, ficando aquém do seu objetivo mas bastante abaixo dos 12% registados em 2019.

“Gostaria de chegar com um nível de NPL mais baixo no final de 2020, mas não chego. Mas julgo que o meu balanço está bem ‘preçado’. O rácio de NPL vai ficar num valor superior aos 5%, que era o objetivo, que é um objetivo das regras europeias. Em 2016 era o quinto pior banco da Europa, com um rácio de 36%. Era uma honra ter chegado no final do processo de reestruturação aos 5%”, afirmou Ramalho, lamentando que o Fundo de Resolução tenha travado algumas vendas de malparado, designadamente o “Projeto Nata 3”.

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