Há novos grupos prioritários no acesso à vacina. Sete perguntas e respostas sobre o acesso à vacinação

Numa altura em que a pandemia não dá descanso aos profissionais de saúde, o Governo quer acelerar o processo de vacinação e, por isso, reviu os grupos prioritários.

Portugal, à semelhança da Europa, está a tentar acelerar o processo de vacinação. Para tal, houve uma mudança nos grupos prioritários de acesso à vacina, como anunciou esta quinta-feira o coordenador do plano de vacinação contra a Covid-19, Francisco Ramos. Assim, o Governo espera ter cerca de 810 mil portugueses com a vacinação completa (duas doses) em março. Quem são os novos portugueses a ser vacinados na primeira fase? Quando vão ser vacinados? O ECO preparou algumas perguntas e respostas sobre o processo de vacinação. A atualização ao plano de vacinação pode ser consultada no site do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Quem faz parte dos novos grupos prioritários que são vacinados na primeira fase?

Entre as pessoas que passam a estar incluídas na primeira fase de vacinação, encontram-se aqueles com mais de 80 anos, independentemente de terem, ou não, alguma patologia preexistente. Além do mais, também os titulares de órgãos de soberania, pessoas com altos cargos com funções no quadro do estado de emergência, responsáveis da Proteção Civil e responsáveis da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público.

Porque é que se criaram novos grupos prioritários?

As pessoas com mais de 80 anos, com ou sem comorbilidades, passaram a ser incluídas por duas razões. Primeiro, porque a evolução da pandemia tem-se agravado, sendo ainda mais importante proteger este grupo de risco, mesmo quando não têm outras doenças, evitando assim uma maior taxa de mortalidade. Segundo, para ir ao encontro dos objetivos da União Europeia “de até ao final de março vacinarmos 80% das pessoas com mais de 80 anos e os profissionais de saúde”.

Quanto à vacinação dos líderes e decisores políticos, os especialistas já vinham alertando há semanas que era algo que teria de acontecer, pois estas pessoas mantêm a funcionar as instituições democráticas, e consequentemente, o país e a sociedade. A ministra da Administração Pública, Alexandra Leitão, partilha desta opinião. A 19 de janeiro explicou ao ECO que a vacinação das altas figuras do Estado “é importante porque é preciso haver uma liderança num contexto tão difícil (…) é importante que estejam protegidos, porque se estiverem doentes ou limitados na sua atividade por isolamento, acaba por ser toda esta condução que fica prejudicada”.

Quantas pessoas vão ser vacinadas nesta fase?

A primeira fase de vacinação divide-se agora em cinco grupos. Importante relembrar que esta fase já começou, em dezembro. Já quase 74 mil pessoas tomaram as duas doses da vacina e 178 mil uma das doses necessárias, das quais 168 mil em lares ou cuidados continuados, segundo indicou esta quinta-feira o primeiro-ministro. Contudo, ainda há muitos portugueses para vacinar. No total, entre os cinco grupos, o Governo estima estes valores:

  • Profissionais e residentes em lares e instituições similares e profissionais e internados em unidades de cuidados continuados: 250 mil pessoas;
  • Profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados a doentes, dos contextos primários e profissionais essenciais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos, com destaque para órgãos de soberania: 300 mil pessoas;
  • Titulares de órgãos de soberania, pessoas com altos cargos com funções no quadro do estado de emergência, responsáveis da Proteção Civil e responsáveis da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público: 1.000 pessoas;
  • Pessoas entre os 50 e os 79 anos com patologias associadas (doenças respiratórias sob suporte ventilatório ou oxigenoterapia de longa duração, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, doença coronária: 400 mil pessoas;
  • Pessoas com 80 ou mais anos: 670 mil pessoas

Assim, o Governo espera que, na primeira fase, sejam vacinadas 1,621 milhões de pessoas.

Quando vão ser vacinados?

A vacinação já começou nos profissionais de saúde, nos lares e na rede de cuidados continuados. Esta semana também já 12 mil pessoas do grupo com mais de 50 anos com patologias associadas iniciaram a vacinação. As restantes deverão começar a ser vacinas nas próximas semanas.

Até ao final de março, o Governo espera ter cerca de 810 mil pessoas com a vacinação completa (duas doses tomadas) e 520 mil com a primeira dose tomada.

Há vacinas para toda a gente?

No total, Portugal tem quase 30 milhões de vacinas contratadas. Se a vacina da AstraZeneca for aprovada esta sexta-feira, Portugal deve receber, até ao final de março, 2.214 mil doses, segundo indicou esta quinta-feira Francisco Ramos. “Para atingir este objetivo [810 mil pessoas totalmente vacinadas] vamos precisar de 1.642 mil doses e 520 mil para iniciar a vacinação em 520 mil pessoas” explicou. Só será possível com as doses que o país deverá receber da AstraZeneca, uma vez que, entre a Pfizer/BioNTech e a Moderna, até ao final de março, estão previstas chegar cerca de 1.500 mil.

Há ainda a esperança que a vacina da Janssen seja aprovada no primeiro semestre (ainda sem data marcada), podendo estes valores aumentarem.

O resto da população será vacinado logo de seguida?

Não será tudo ao mesmo tempo. O plano de vacinação compreende ainda mais duas fases. Na segunda fase serão vacinadas as pessoas entre os 50 e 64 anos que tenham uma patologia de risco (numa lista mais abrangente do que a primeira fase, que inclui diabetes, obesidade e hipertensão arterial) e todas as pessoas com mais de 65 anos que ainda não tenham sido vacinadas. De acordo com o calendário inicial, a segunda fase deverá começar a partir de abril, mas as datas podem sofrer ligeiras alterações tendo em conta o ritmo de produção de vacinas.

Já a terceira fase contempla a restante população do país, sendo que os grupos nesta terceira fase poderão ser revistos consoante os calendários e ritmo de entrega das vacinas.

Como é feito o agendamento da minha vacina?

Para receber a vacina as unidades de vacinação irão contactar por SMS (preferencialmente), por chamada telefónica (quando acharem necessário ou não houver resposta ao SMS) ou por carta (quando não existirem contactos telefónicos disponíveis). O utente terá que responder se quer, ou não, tomar a vacina. De lembrar que a vacina não é obrigatória, mas é altamente recomendada para travar a propagação do SARS-CoV-2 (vírus que provoca a Covid-19).

Depois, o agendamento será realizado para a primeira data disponível a partir do quinto dia seguinte. Na véspera do dia agendado será enviada uma mensagem a lembrar que tem agendada a vacina. Este sistema entra em vigor na sexta-feira, 29 de janeiro, e será alargado a todo o país no dia 4 de fevereiro.

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