Estado garantiu num mês mais de um quarto do financiamento para todo o ano

Duas emissões de novas obrigações de Tesouro realizadas este ano foram ambas históricas pelos baixos juros e procura recorde. Portugal já tem 4.250 milhões de euros em dívida de médio e longo prazo.

Portugal já arrecadou mais de um quarto do total de obrigações do Tesouro (OT) que prevê emitir na totalidade do ano. Em duas emissões históricas — um leilão e uma venda sindicada — a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) captou um total de 4.250 milhões de euros, 28% do total de 15 mil milhões de euros planeados para 2021.

O país arrancou o programa de financiamento deste ano com um leilão de dívida, mas voltou esta quarta-feira ao mercado com uma operação realizada com recurso a um sindicato bancário. Colocou três mil milhões de euros em dívida com maturidade a 30 anos, tirando partido do contexto de juros muito baixos. Ordens no valor de 40 mil milhões de euros colocaram a taxa da emissão ligeiramente acima de 1%.

“Capitalizando o contexto favorável nos juros e no seguimento de recente procura mais longa em outros países europeus, a transação atraiu ordens recordes para a República de Portugal“, disse a presidente do IGCP, Cristina Casalinho, em comunicado sobre a venda sindicada. Já o ministro das Finanças João Leão falou de uma “emissão histórica”, que “comprova o trabalho e a política económica e financeira que Portugal tem conseguido executar“. O governante apontou ainda as poupanças para o país.

Num contexto de juros muito baixos, negativos até, títulos com rating de investimento como são os portugueses tendem a ser bem recebidos pelos investidores. E é preciso contar também com a procura do Banco Central Europeu (BCE). Mais de 400 investidores participaram na operação, sendo que a maior parte é de França, Itália, Espanha e Reino Unido. Quanto ao tipo de investidor, gestoras de ativos e bancos foram os principais.

Fonte: IGCP

A venda sindicada sucedeu-se ao leilão de títulos a 10 anos realizado a 13 de janeiro, em que Portugal se financiou, pela primeira vez neste prazo, com uma yield negativa. Nesta operação, em OT a dez e a 15 anos, o país captou 1.250 milhões de euros, colocando assim o total deste ano em 4.250 milhões de euros. Mesmo com juros negativos a 10 anos, Portugal resolveu financiar-se num prazo mais longo, com custos, uma decisão que Leão justificou com o benefício de alongar a maturidade da dívida sem encargos adicionais.

Na estratégia para o ano, o IGCP prevê emitir 15 mil milhões de euros em Obrigações do Tesouro. Esse dinheiro irá servir não só para contribuir para as necessidades de financiamento do Estado (que totalizam 14 mil milhões de euros em 2021) como para reembolsar os investidores que têm títulos que atingem as maturidades em 2021: há 8.727 milhões de euros a devolver já em abril.

A agência liderada por Cristina Casalinho conta igualmente com 2,9 mil milhões de euros vindos da União Europeia e irá também tirar 6,7 mil milhões de euros que estão nos depósitos do Estado. As emissões de Bilhetes do Tesouro (BT) servirão apenas para reembolsar investidores de títulos antigos que atinjam as maturidades. Estes montantes poderão, no entanto, ter de ser ajustados devido à evolução da pandemia.

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